Capítulo 27

"O tempo foi passando, corações estão acelerando
Acho que o cupido está tramando algo
Você me perguntou como eu me sinto, eu não disse nada
Mas, ultimamente as cores parecem tão brilhantes
E as estrelas iluminam a noite
Meus pés se sentem tão leves
Eu estou ignorando todos os sinais
Eu continuo fingindo
Sim, eu continuo blefando
Eu continuo imaginando
Mantendo você procurando pelo meu amor
Mas eu anseio pelos nossos abraços"
-I think i'm in love
Kat Dahlia

Abro os olhos lentamente.

A claridade me impede de continuar dormindo, bem como o toque quente das pontas dos dedos de Jhonatan sobre a minha bochecha.

Ele respira fundo e sorri de canto quando encaro seu rosto com a mente ainda nublada pela maravilhosa noite de sono que tive.

Fazia um bom tempo que não dormia tão bem. Os pesadelos constantes e o medo não me deixam descansar e se não fosse pelos remédios receitados pelo psiquiatra, não sei se conseguiria estar tranquila ou voltar a confiar em alguém ao ponto de compartilhar uma barraca com essa pessoa no meio do nada.

— Bom dia, meu amor. -Seus dedos deslizam até o meu pescoço e fico arrepiada no mesmo instante.

— Bom dia... -Respondo em um bocejo. — Que horas são?

Jhonny procura o celular no meio das nossas coisas e franze o cenho irritado depois de alguns segundos.

— Acho que fiquei sem bateria. -Revela. — Mas não deve passar das oito.

— Uau, você é do tipo que acorda cedo então...

— Na verdade não sou não, - seus lábios se curvam para cima — é que você é tão linda, que queria ficar te olhando.

Balanço a cabeça lentamente para um lado e para o outro com um sorrisinho no rosto.

Deslizo os dedos pelo seu braço, passo pelo pescoço e subo até o queixo segurando-o com delicadeza.

— Um conquistador nato, quase me convenceu. -Brinco sem deixar de sorrir.

— Não estou mentindo, Ava, eu já disse que gosto de você. - Engulo em seco.

Cada vez que ele fala esse tipo de coisas, sinto que vou me desmanchar ali mesmo na sua frente.

Ainda não consigo assimilar que dormimos juntos, fazia muito tempo que não me sentia assim: querida.

E para ser sincera, estou morrendo de medo.

Desvio o olhar do seu e observo o interior da barraca como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

Minha bolsa está jogada em um canto qualquer, a bolsa de Julieta está no mesmo lugar que ela deixou e sorrio novamente ao ver as roupas de Jhonny espalhadas por todos lados.

— Olhe para mim, por favor. -A voz hipnotizante me faz virar o rosto imediatamente.

Sou puxada para mais perto até que estamos abraçados pele contra pele, seus batimentos cardíacos acelerados se sincronizando com os meus.

— Eu estou queimando por dentro, Ava. Por você. Quando não está por perto, só penso em você e quando estamos juntos, minha única vontade é que as horas não passem. Que isso -ele faz um gesto entre nos dois- não se acabe.

— Jhonny... -Abro tanto os olhos que eles começam a doer.

Não sei como responder. Nada parece suficientemente correto e um calafrio percorre meu corpo nu.

Sua confissão me deixou completamente sem palavras, mas ao mesmo tempo eu quero gritar que me sinto exatamente da mesma maneira.

Que só de ver o seu rosto, meu dia melhora significativamente e que quando ele está ao meu lado, por alguns minutos eu acredito que vou ficar bem.

Agora é Jhonatan quem segura o meu rosto, acaricia meu queixo com uma mão enquanto a outra descansa sobre a minha coxa me fazendo sentir aquele tremor na boca do estômago.

— Sei que parece loucura, mas eu não consigo mais esconder. - Ele completa sério.

— Mas que droga, garoto, assim fica difícil não gostar de você! E eu que pensava que era apenas mais um bad boy mimado. -Sussurro com a voz trêmula e ele abre um enorme sorriso.

— Eu posso ser o que você desejar, linda, desde que queira ficar comigo.

— Eu... -aperto as pálpebras e puxo uma longa respiração deixando qualquer vestígio de medo para trás — sim. -digo baixinho.

Jhonny me abraça apertado e ficamos nessa posição por mais alguns minutos.

Suas mãos percorrem meu corpo em um carinho sincero e não consigo parar de pensar que pela primeira vez na vida, estou me sentindo verdadeiramente feliz.

— O que significa essa tatuagem? -Ele pergunta depois de um tempo.

Olho para o meu braço e sinto novamente um aperto na boca do estômago.

— A flor de lótus representa resiliência... e recomeço. -Explico com a voz embargada.

Jhonny não diz nada, em vez disso, ele levanta meu braço e deposita um beijo demorado em cima do desenho em um gesto que para muitos poderia ser somente um simples beijo, mas dentro de mim eu sei que ele entende perfeitamente o valor sentimental dessa tatuagem e está me dizendo, mesmo que sem palavras, que está aqui comigo.

Que está cumprindo o que me prometeu na noite anterior.

Ele está me fazendo esquecer de tudo.

— Acho melhor a gente se vestir, estou morrendo de fome. -Respiro fundo mais uma vez.

Ele me ajuda a me levantar e colocamos nossas roupas em um silêncio confortável.

Jhonny não para de sorrir e de uma forma ou de outra, essa alegria acaba me contagiando.

— Vai acabar ficando com a mandíbula doendo de tanto rir. -Provoco segurando seu rosto com ambas mãos.

Ele me beija rápido como se realmente não pudesse ficar longe.

O mais engraçado é que me sinto exatamente da mesma maneira.

— Não me importo. Prefiro ficar com todo o rosto doendo, mas não vou parar. Estou feliz Ava e quero que você veja o quanto.

Jhonatan Cross definitivamente é um fofo com aparência de garoto mau.

— Eu também estou feliz, Jhonny. Eu também estou feliz. -Repito para mim mesma em um tom que beira à incredulidade.

Como é possível que esteja me sentindo assim depois de passar apenas uma noite ao lado desse cara?

Minha mente calejada insiste em me dizer para ir devagar, para me proteger e não me deixar levar pelo momento, mas meu coração grita todo o contrário.

Abraço seu corpo musculoso, o seu perfume me deixa mais tranquila assim como suas mãos que apertam as minhas costas e deslizam para cima e para baixo.

— O café da manhã já está na mesa, pombinhos! -Julio grita do lado de fora da barraca e ambos caímos na risada.

— É melhor irmos antes que venham nos buscar aqui dentro. -Sussurro sem me mover.

— É...-Ele parece sentir o mesmo que eu.

As pontas dos dedos de Jhonatan descem até a minha cintura e pressionam a minha barriga com cuidado.

— Jhonny. -Choramingo ofegante.

— Humm?

— Você ama me torturar, não é mesmo? -Engasgo quando ele introduz dois dedos por dentro do cós da minha bermuda folgada.

Meu corpo inteiro se arrepia com a risadinha rouca que ele solta no meu pescoço.

— Não estou fazendo nada, amor... -Ele afirma com falsa inocência.

— Arram.

Engulo em seco ao senti-lo cada vez mais perto...

— Qual é, vocês são coelhos ou o quê? -Dessa vez é Julieta que resmunga divertida.

Para a minha infelicidade, Jhonny se afasta com aquele maldito sorriso no rosto e caminha lentamente em direção à saída.

Pego minha nécessaire e vou até o banheiro sem ter coragem de olhar para os meus amigos.

É claro que a essa altura eles devem saber o que fizemos, mas isso não me impede de me sentir levemente envergonhada.

Lavo meu rosto, escovo os dentes e guardo tudo de volta na mochila antes de ir até a mesa recheada de guloseimas.

— Onde conseguiram tudo isso? -Indago surpreendida.

— Enquanto vocês dormiam ou faziam o que quer que fosse, fomos até uma pequena padaria que vimos no caminho. -Julieta explica dando de ombros.

Jhonatan se senta ao meu lado segundos depois e descansa sua mão em cima da minha coxa me deixando completamente desnorteada.

Ele serve um prato para mim e outro para ele mesmo com vários quitutes.

Observo a cena sem saber como reagir.

Na minha casa, esse tipo de comida era estritamente proibida e Beto jamais me permitiu comer coisas com teor calórico alto.

Segundo ele, eu deveria manter a minha figura esbelta para não ser criticada pelas dondocas da alta sociedade, pela sua família ou até mesmo amigos.

Eu odiava cada jantar, almoço ou lanche que fazia com ele ou com os meus pais. E odiava ainda mais permitir que eles me dominassem daquele jeito.

— Está tudo bem? -Viro o rosto dando de cara com o olhar atento do garoto ao meu lado.

— Sim. -Respondo em um sorriso amarelo. — Só estava pensando que talvez seja muita coisa para comer. -Falo baixinho. A insegurança me atinge em cheio e ele franze o cenho por alguns segundos.

— Coma o que tiver vontade, servi um pouco de tudo porque não quero que fique com fome no caminho de volta. -Recebo um beijo na bochecha.

Balanço a cabeça para cima e para baixo me controlando para não chorar estragar nossa manhã.

É incrível como Jhonatan parece ler cada uma das minhas reações e responde sempre do mesmo jeito: com cautela e carinho.

Conversamos animadamente enquanto comemos, Julieta não para de me olhar com um sorrisinho desconfiado e sei muito bem que uma vez que estivermos sozinhas, ela vai querer saber tudo o que aconteceu entre eu e o meu... e Jhonatan.

Ao pensar nisso, uma sensação estranha me invade ao perceber que ainda não sei o que somos.

Amigos com benefícios?

Ficantes?

Ou algo mais...

Não.

Não quero me iludir.

Vou deixar as coisas fluírem no seu tempo. Já aprendi muito no passado e não quero cometer os mesmos erros outra vez.

— Não acredito que já temos que voltar. -Julieta resmunga pela décima vez enquanto guardamos nossas coisas e levamos pouco a pouco para os carros.

Não quero admitir, mas me sinto da mesma forma, também queria passar mais tempo com Jhonatan, nem que fosse para ficar dentro da barraca abraçados até o sol se por.

— Aposto que você também gostaria disso, não é mesmo? De ficar a sós com o seu bad boy tatuado. -Minha amiga completa e rodo os olhos aproveitando o fato de que estou de costas para ela.

Escuto sua risadinha diante do meu silêncio e de repente seu rosto aparece bem na minha frente me fazendo pular de susto.

— Você gosta dele. -Seus olhos brilham intensamente e respiro fundo sabendo que não adianta negar.

Seria uma perda de tempo dizer que não sinto meus batimentos cardíacos acelerarem cada vez que ele me toca ou que penso nele o dia inteiro.

Que seus beijos me incendeiam e que agora que fizemos amor, só consigo pensar em como foi bom e no quanto quero repetir uma e outra vez.

Me viro de costas novamente sentindo minhas bochechas ficarem quentes e ela caminha até a entrada da barraca onde suas coisas acabaram ficando largadas depois de toda a confusão de ontem a noite. Julieta vai e volta para levar tudo ao seu carro, e quando ouço seus passos novamente, a confissão acaba escapando pelos meus lábios sem que eu consiga me conter.

— Sim, Julieta, eu gosto do Jhonatan mais do que quero admitir, satisfeita? -Resmungo com a voz trêmula e espero sua reação animada como sempre, no entanto, o único que escuto é o som do silêncio cortante seguido por uma uma longa respiração que faz minha cabeça girar e o ar escapar dos meus pulmões.

Me viro lentamente e no momento em que meu olhar encontra as íris castanhas de Jhonny, é como se o tempo parasse ali mesmo e só existíssemos nós dois.

Ele se aproxima a passos lentos com um brilho nos olhos que jamais tinha visto e de repente me sinto perdida outra vez.

Aperto a barra da minha blusa tentando me acalmar, mas conforme ele chega mais perto, fico ainda mais nervosa.

Esfrego meus braços olhando para todos os lados, menos para o garoto que me faz suspirar.

— Hã... já estou quase acabando de arrumar aqui e poderemos ir... -Começo a divagar e para a minha surpresa, ele para bem na minha frente e encosta seus lábios nos meus tão devagar, como se quisesse se controlar para não me assustar e depois de muito tempo, desejo com todas as minhas forças que faça exatamente o contrário.

Mas infelizmente não é hora nem lugar para isso.

Nos beijamos por vários minutos até que eventualmente nos afastamos em busca de ar e ele apoia sua testa na minha com a respiração acelerada e aquele sorrisinho de canto que ele esboça cada vez que me vê.

— Só para que saiba, embora já tenha te falado várias vezes, eu também gosto de você, Ava. Muito.

Novamente fico sem palavras.

Ainda não me acostumo com a facilidade com a que ele expressa seus sentimentos.

Durante toda a minha vida, meus pais nunca me disseram um te amo sequer.

Sempre insinuavam que me faziam um favor ao me dar um teto, comida ou roupas, como se eu tivesse pedido por isso. Parecia que eles não viam o quanto aquilo me machucava.

Ou simplesmente não se importavam comigo o suficiente para notar como eles me destruíram pouco a pouco com os seus atos, ou com a falta deles.

E isso me levou a ter medo de me abrir.

Medo de ser rejeitada ou de que pensem que sou uma idiota egoísta.

— Jhonny eu... eu não sei o que te dizer, me desculpa. -Sussurro cabisbaixa.

Me preparo para uma possível reação negativa, no entanto, como sempre ele me surpreende ao levar os dedos até o meu queixo e levantar meu rosto até que eu seja capaz de ver o seu sorriso carinhoso.

— Não é necessário, eu já sei tudo o que preciso. -Recebo um beijo rápido na testa. — Agora vamos antes que o trânsito fique pesado. Sua avó vai me matar se eu não te levar no horário que combinamos e ainda não quero descobrir se ela realmente foi ao exército ou não. -Ele pisca um olho e sorri divertido.

Nos despedimos de Julio e Julieta ali mesmo e em seguida cada um entra no seu carro em direção às suas respectivas casas.

Durante todo o caminho de volta, conversamos sobre a faculdade, tatuagens entre outras coisas, e cometo o erro de comentar que a pomada que ele me deu logo quando nos conhecemos está quase acabando.

O garoto insiste em me comprar outra e por mais que eu recuse a oferta, ele parece não ouvir e paramos no que parece ser uma loja de produtos para tatuagens.

Ele desce primeiro e dá a volta para abrir a minha porta e praticamente me pegar no colo para que possa sair do carro.

— Sabe que consigo fazer isso sozinha, não é mesmo? -Digo com a boca a centímetros da sua.

— Eu sei, mas aí não seria tão divertido. -Jhonny brinca antes de me beijar novamente.

Balanço a cabeça para um lado e para o outro e nossos corpos chacoalham com as suas risadas.

Nos separamos minutos depois e entramos na loja de mãos dadas.

Jhonny vai direto até a prateleira onde estão todos os cremes, pomadas e todas as tralhas para cuidado pessoal como se ele soubesse exatamente onde procurar.

Ele pega uns três potes da mesma pomada que me deu e arregalo os olhos.

— Não precisa de tudo isso, Jhonny. É sério. -Olho para os lados sem querer chamar a atenção.

— Está tudo bem, além do mais, pelo que vi, você gostou da experiência e não para de se tatuar. -Sorri abertamente.

— Eu sei, mas e-eu posso comprar as pomadas, não quero te dever nada. -Murmuro envergonhada.

Cada vez que Beto me dava um presente, ele fazia questão de deixar bem claro que eu deveria agradecer por isso. Quer dizer, que eu teria que retribuir o favor de uma forma ou de outra.

— Mas o que está dizendo? -Jhonny franze o cenho. — Estou comprando porque eu quero, Ava, não pense que... -De repente ele para de falar e puxa uma longa respiração.

Droga, eu estraguei tudo, de novo.

— Escuta, eu não sei o que o seu ex namorado fazia que te deixa assim tão na defensiva, mas você deve saber que eu não sou assim. Se te dou algo, ou faço algo por você, jamais pediria algo em troca, ok? Jamais. -Fico de costas para que Jhonny não veja como só o fato de nomear Beto me deixa abalada. Ele puxa uma longa respiração e me abraça por trás apertando meu corpo contra o seu.

— É... é melhor irmos para casa. Agora que já sei onde fica a loja, posso voltar depois. -Desconverso com a voz embargada, mas em vez de fazer o que digo, ele me solta, pega os potes de creme que eu tinha devolvido na prateleira e vai até o caixa onde um garoto todo tatuado e sorridente o recebe com uma animação inusitada.

— Mas olha só, o grande Jhonatan Cross, visitando minha humilde loja. A que devo a honra da sua presença? -O cara diz com a sobrancelha levantada.

Tento manter distância, no entanto, Jhonny segura meus dedos e sorri ainda mais quando o garoto do caixa finalmente me nota.

— Como se não viesse aqui praticamente todos os dias, seu babaca.

Ok, então eles se conhecem.

Ótimo.

— Ava, esse é meu amigo, Pedro. -Sou apresentada e cumprimento-o com a mão livre.

— É um prazer, Pedro. -Balanço seu braço rapidamente.

O prazer é todo meu, gata. -Ele sorri com sinceridade e acabo espelhando sua animação contagiante.

Pedro parece ser um cara legal.

— Qual é cara, já vai dar em cima da minha garota? -Jhonatan resmunga em tom aparentemente de brincadeira, no entanto, as últimas palavras parecem ser ditas com tanta seriedade, que rodopiam na minha cabeça sem parar.

Minha garota. Minha garota. Minha garota.

— Pode ficar tranquilo, bebezão, que meu coração pertence apenas à minha musa. -Pedro retruca com as mãos no peitoral musculoso e solto uma risadinha.

Será que todo mundo nessa cidade é assim? Uns galãs incorrigíveis.

— É melhor mesmo, ou serei obrigado a te dar umas bofetadas.

Oh, Deus.

Meu corpo inteiro treme com a conversa entre os dois amigos e por um milésimo de segundos penso que isso não é real.

Pisco os olhos várias vezes e me obrigo a acreditar no que acabou de acontecer.

Jhonny ainda segura a minha mão e alterno o olhar entre ele e Pedro, que em vez de ficar bravo ou com medo, cai na risada enquanto soma o valor dos produtos e passa o cartão de Jhonny sem nem se abalar.

Por mais que saiba que ele não está fazendo isso para me chantagear quando lhe for conveniente, mesmo assim ainda não me sinto confortável com toda essa atenção.

Mas ao mesmo tempo, ao ver o sorriso no seu rosto, entendo que essa é a sua maneira de cuidar de mim. De dizer que se importa comigo.

E confesso que estou começando a gostar da sensação.

Nos despedimos de Pedro ao terminar de pagar e voltamos para a estrada.

Estranhamente, o trânsito até que não está tão caótico quanto das outras vezes e não demoramos muito para chegar no portão do lugar que aprendi a chamar de lar.

Jhonny estaciona com o mesmo cuidado de sempre e assim como fez na loja de Pedro, ele abre a minha porta e me ajuda a descer.

Pego a minha mochila e a sacolinha com os cremes e me viro ficando de frente para ele sendo observada atentamente.

— Obrigada pelo passeio, Jhonatan, fazia tempo que não me distraía assim. -Deixo tudo na entrada de casa e passo os braços no seu pescoço atraindo-o para mais perto.

— De nada, linda, foi todo um prazer. -Ele sussurra sério. — Da próxima vez, vou alugar o local por um final de semana inteiro... quero ficar mais tempo a sós com você.

— O-ok. -Engulo em seco. Ele não faz ideia de como eu desejo o mesmo.

Uma noite com ele pareceu tão pouco, mas ao mesmo tempo tudo foi tão mágico que será inesquecível.

Continuamos na mesma posição e Jhonny coloca uma porção de cabelo atrás da minha orelha me encarando com um semblante estranho.

Seus olhos adquirem um tom tempestuoso e ele aperta os lábios em uma linha fina, como se quisesse dizer algo, porém estivesse se controlando para não fazê-lo. Consigo sentir a indecisão no seu olhar.

— Ava, eu... -ele engole em seco algumas vezes — eu sei que você não se sente preparada para me contar toda a verdade sobre o que te aconteceu no passado, contudo, preciso que saiba que eu jamais vou te julgar. Quando sentir que confia em mim o suficiente para se abrir, eu vou estar aqui para te ouvir, está bem? -Seus lábios pousam com suavidade na minha testa e aperto as pálpebras completamente emocionada.

— Obrigada, Jhonny. Não faz ideia do quanto isso significa para mim. -Respondo com a voz embargada.

Abraço seu corpo com toda a força que possuo, meu coração batendo tão rápido que sinto-o na minha garganta.

Suas mãos acariciam as minhas costas e de repente não consigo parar de sorrir.

Finalmente estou começando a aceitar que eu mereço tudo isso.

Eu mereço ser feliz.

— Ava meu amor, que bom que chegou... precisamos conversar. -Vovó aparece na porta com uma postura eriçada e o medo dela estar achando ruim a minha interação com Jhonny me invade novamente.

Me afasto do garoto com certa relutância e ela se aproxima para um abraço rápido que pega nós dois de surpresa.

— Oh, querido, me desculpe, não quis te assustar. -Vovó acaricia seu rosto com carinho. — Acontece que recebi uma ligação sobre alguns inconvenientes do banco e preciso que Ava me ajude a solucioná-los. -Agora seu olhar recai diretamente sobre mim e infelizmente sei muito bem do que ela está falando.

— Tudo bem, Beth, de todas formas eu preciso ir para casa. Me comprometi a ajudar a minha irmã com algumas coisas e se não quiser levar uma bronca é melhor eu ir logo. -Jhonatan abre aquele sorrisinho de canto e balança a cabeça para os lados. — Te ligo mais tarde, Ava. -Beija minha bochecha. — E como sempre, foi um prazer te ver, Beth.

Ele segura a mão da minha avó e beija seus dedos como todo um cavalheiro.

Como qualquer mulher rendida aos encantos de Jhonatan Cross, ela solta uma risadinha emocionada quando ele entra na picape e parte para longe nos deixando sozinhas.

Espero que ele desapareça por completo dos nossos campos de visão para criar coragem de falar.

— O que aqueles malditos querem dessa vez? -Rosno apertando os punhos fincando minhas unhas na palma da mão até sentir a pele doer.

— Eles disseram que se você não voltar, eles virão te buscar. Te deram um mês, mesmo eu insistindo que você não está aqui. -Vovó suspira entristecida. — Seus pais não são bobos, eles devem saber que estou te acobertando, filha, é questão de tempo para que apareçam. 

NOTA DO AUTOR

Hellooo amores da minha vida, sentiram a minha falta?
Eu sei, eu sei, demorei bastante pra postar, mas é que vcs sabem né?
feriado e tudo mais kkkkk
Agora sim, vou deixar esse capítulo mega fofo pra vcs como recompensa pela espera,
porém já sabem né? Qdo tudo começa a ficar fofo demais, isso só significa uma coisa...
Enfim, espero que tenham gostado.
Não se esqueçam de votar e comentar!

Amo vcs, 🥰
Bjinhossss BF 🖤🖤🖤

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