Capítulo 18

"Estou sonhando, mas estou bem acordado
Outra noite no The Midway
Procurando por um escape
Estou saltando como um pinball
Procurando uma beira para me apoiar
Coberto de neon roxo
Então, você entrou na sala
E eu fui cegado por você
Não vá embora tão cedo."
-Iris
Diplomacy

Não sei o que estou fazendo aqui.

Para ser bem sincero, não queria vir a essa festa em primeiro lugar, mas Arthur encheu tanto o meu saco que eu acabei aceitando apenas para que ele parasse de falar no meu ouvido.

Esse é o preço que pagamos por ter amigos.

Desde de o dia em que conversamos na academia do meu tio, Arthur não parou de me perguntar como estava Ava, se eu já tinha conseguido conquistá-la ou qualquer outra idiotice que lhe ocorresse.

E a cada vez que ele me perguntava, eu ficava mais irritado pois lembrava de que não, eu não consegui ter nenhum avanço com a garota.

Ela é uma pessoa bastante arisca e depois do nosso beijo, as coisas ficaram meio estranhas entre nós dois.

Nem preciso dizer como me senti quando ela pediu que mantivéssemos apenas a nossa amizade.

Amigos.

Porra, eu não quero ser o seu amigo.

Eu quero poder beijá-la a qualquer instante, segurar suas mãos e abraçar seu corpo minúsculo até que ela entenda que não adianta negar a atração que oscila entre nós.

Quero que ela pense em mim tanto quanto eu penso nela e que ao me ver ela sinta seu coração batendo tão rápido como se acabasse de correr uma maratona.

Porque é dessa maneira que eu me sinto quando ela está por perto.

O problema é que ao mesmo tempo eu não quero forçar nada.

Quero que ela venha até mim e me diga se quer ter algo mais comigo. Porque depois de observá-la durante essas semanas, percebi que com Ava funciona desse jeito.

Ela precisa dar o primeiro passo para se sentir segura.

Foi assim com o beijo e tenho quase certeza de que é assim com todo o resto.

É quase como se ela precisasse disso para não perder o controle.

E entender isso só me deixa ainda mais curioso para saber o que diabos lhe fizeram.

Sim, eu posso até estar errado, mas tenho uma sensação de que algum imbecil tem muito a ver com essa atitude arisca da garota.

— E aí, como anda essa vida na friendzone? -Arthur se materializa na minha frente e levanto uma sobrancelha inclinando a cabeça.

— Para começo de conversa, não estou em porra de friendzone nenhuma. -Resmungo irritado.

Arthur solta uma gargalhada como se não acreditasse em mais nenhuma palavra que sai pela minha boca.

Talvez isso se deva ao fato de que ele viu com os próprios olhos como Ava vem me evitando descaradamente.

Ela pensa que eu não percebi, mas sei muito bem que ela está se controlando tanto quanto eu para não ceder. O problema é que eu não sei até quando vou aguentar esse jogo ridículo. Estou quase no meu limite e realmente não quero estragar tudo.

Posso tê-la beijado só uma vez, no entanto, sinto falta do sabor dos seus lábios e do calor do seu corpo contra o meu.

— E segundo: não deveria estar vendo se alguém não vomitou na sua cozinha ou se não estão transando em cima da sua cama?

Meu amigo cruza os braços emburrado e roda os olhos como um garotinho mimado.

— Caramba, pelo visto alguém precisa de uma boa noite de sexo para acabar com esse mal humor. -Ele retruca sério e agora é a minha vez de dar risada.

Se ele souber que não consegui transar com mais ninguém desde aquele dia na boate, aí sim que eu seria motivo de chacota por pelo menos uns quatro anos seguidos.

— Infelizmente você tem razão. Fique à vontade, já volto para continuar nossa conversa. -Bem nessa hora um barulho de vidro quebrando seguido de alguns gritinhos assustados chamam a sua atenção e Arthur corre pela casa tentando ver o que está acontecendo.

Me encosto outra vez no balcão e bebo a segunda, ou talvez terceira lata de refrigerante.

Como vim de carro, pelo menos posso usar isso como desculpa para a minha falta de vontade de ingerir álcool nos últimos dias.

Enquanto engulo gole atrás de gole da bebida gaseificada, várias pessoas começam a chegar. Uma onda de jovens cuja única missão para essa noite é ficar tão bêbados que não vão lembrar nem mesmo os próprios nomes.

O mais engraçado é que eu deveria ser um desses jovens.

Deveria estar me acabando em cerveja e fazendo idiotices, mas não, ao contrário disso, estou encostado em um balcão pegajoso observando cada pessoa que entra por essa maldita porta na esperança de que uma delas seja ela.

— Mas vejam só o que temos aqui, Jhonatan Cross. -Giro a cabeça ao escutar meu nome e dou de cara com Jéssica me olhando com um enorme sorriso no rosto.

Jéssica Levine. -Abraço seu corpo esguio sentindo o seu perfume adocicado. — O que a traz por essas bandas da cidade? -Bebo mais um longo sorvo de Coca-Cola enquanto aguardo a sua resposta.

— Uma amiga me convidou. Segundo ela, o dono dessa casa dá as melhores festas da cidade.

Sorrio divertido.

— Sua amiga tem razão. -Confirmo. — Se tem uma coisa que Arthur sabe fazer, é embebedar pessoas.

— Então você o conhece.

Afirmo com um movimento de cabeça.

— O que está bebendo hoje? -Abro a enorme caixa de isopor e analiso as marcas de cerveja cobertas por uma boa quantidade de gelo.

— Qualquer uma... não sou muito exigente com o álcool. -Jessica responde com um piscar de olhos.

Pego a cerveja menos horrível das que sobraram, abro-a com cuidado e lhe entrego em gesto rápido.

— Obrigada, Jhonny. E você, não está bebendo nada? -A pergunta é feita com curiosidade genuína.

— Hoje não. -Mostro a chave da minha picape e ela assente em compreensão.

Jéssica se coloca ao meu lado e bebe em silêncio por alguns minutos, observando a pequena multidão de pessoas enfiadas dentro da casa assim como eu.

A música retumba pelos alto falantes a um volume tão elevado que as janelas chegam a tremer.

Tenho quase certeza de que vou sair daqui com uma puta dor de cabeça. Ou surdo.

Quando Jess termina a primeira latinha, conversamos sobre várias coisas como de costume.

Curiosamente depois do nosso beijo na Devil's, acabamos ficando amigos e mantivemos contato.

Ela é uma garota legal e tenho certeza que chamou a atenção assim que pisou nesta casa, no entanto, nenhum desses idiotas a merece.

Falamos por vários dias e descobri muitas coisas sobre ela. Como por exemplo, no dia que nos beijamos, ela tinha acabado de descobrir que o seu namorado desde o colégio a traiu durante quase todo o seu relacionamento. E naquela noite, ela só queria sentir que ainda podia ser bonita para alguém.

Babacas como esse são os que fazem as garotas pensarem que não valem nada.

— Mas me diga, bad boy, como andam as coisas com a sua amiga. -Oh certo, também lhe falei sobre Ava. Várias vezes.

Bebo mais um gole do refrigerante para atrasar a minha resposta.

Por que de repente todos querem saber da minha relação, ou da não existência dela com Ava?

— Digamos que não estão andando. -Reconheço desanimado. — Ela ainda não cedeu e como vamos, vai ser difícil conseguir isso. -Murmuro a última frase para mim mesmo e percebo que Jéssica escutou tudo pela sua risadinha nasalada.

— Bom, talvez as coisas fiquem um pouquinho complicadas para o seu lado, pois uma garota está quase nos fuzilando com o olhar e tenho um noventa por cento de certeza de que é a sua garota. -Jéssica sussurra no meu ouvido e não consigo evitar abrir um enorme sorriso com a simples menção da sua presença.

— Ela continua nos olhando? -Pergunto baixinho.

Jess confirma disfarçadamente e balanço a cabeça para cima e para baixo me contendo o máximo para não olhar para ela.

Espero alguns minutos, então finalmente procuro Ava na pista e quando a vejo dançando de olhos fechados com uma garota, é como se houvesse apenas ela alí.

Caralho, ela está tão linda que minha boca fica seca e quase termino mais uma lata de refrigerante em segundos.

Não consigo parar de observá-la. Seu corpo está coberto por uma blusa verde de alças e a saia que chega até a metade da coxa deixando à mostra algumas tatuagens que me deixam maluco.

Sua amiga sorri enquanto se mexe com desenvoltura e quando ela se vira de frente para mim, reconheço-a de imediato. É Julieta, a garota que quase derrubei na porta daquela maldita casa de chá.

— Então elas se conhecem. -Penso alto e Jessica solta uma risadinha, mas não diz nada.

Continuamos olhando para a pista e respiro fundo algumas vezes.

Droga, Ava. Por que tem que dificultar tanto as coisas?

Arthur se aproxima minutos depois com uma carranca no rosto.

— Escuta Jhonny, ou você vai até a pista e tira a sua garota para dançar, ou eu vou fazer isso. -Meu amigo ameaça e levanto uma sobrancelha.

— Faça o que quiser, não sou dono dela. Ava pode dançar com quem ela bem entender. -Resmungo a contragosto.

— Qual é, cara? O que te impede de ir até lá? -Dessa vez é Jess que exclama indignada.

Ok, pelo visto os dois decidiram estar do mesmo lado.

— Por certo, meu nome é Arthur, mas pode me chamar de thur, porque o ar eu perdi quando te vi, gata. -Quase engasgo com a bebida e Jessica fica com as bochechas tão vermelhas que por alguns segundos chego a ter pena dela, mas a garota se recupera rapidamente aproximando seus lábios até parar a centímetros dos dele.

— Me chamo Jessica e se quiser recuperar o ar, posso te ajudar com isso. -Minha amiga responde e balanço a cabeça para um lado e para o outro.

Arrumem um quarto. -Reclamo e Arthur me dá um soco de leve no braço.

— Se eu fosse você, me preocuparia com Ava ou vai acabar perdendo-a para um idiota qualquer. -Ele aponta para a pista e giro meu corpo rapidamente dando de cara com Ava sendo abordada por um babaca com um sorriso ridículo no rosto distorcido provavelmente pela quantidade de álcool que ele deve ter ingerido.

Ela parece extremamente desconfortável e chega a afastá-lo algumas vezes.

Onde será que Julieta se meteu?

Espero um tempo para não acabar me precipitando e fazendo besteira.

Continuo olhando-a de longe esperando que o imbecil entenda suas indiretas e vá embora, mas no momento em que ele segura seu braço em uma tentativa de beijá-la, meu sangue ferve e sem conseguir me conter, caminho a passos firmes até parar do seu lado.

— Você está bem? -Pergunto para Ava sem desviar o meu olhar do seu.

— Vá procurar outra garota para você, cara. -Escuto o babaca reclamando e minha pele inteira se arrepia ao perceber que sua mão ainda está sobre o pulso fino de Ava.

Seguro suas mãos e puxo-a para perto de mim sem me importar com o que ela que pense.

— Toque-a mais uma vez e vou arrancar seus dedos um por um. -Ameaço com a mandíbula apertada e seus olhos se arregalam, não sei se de medo ou surpresa.

NOTA DO AUTOR

Helloooo meus amores.
Como estão nesse sábado maravilhouser?
Como puderam perceber, só consegui postar hoje pois 

estou de viagem na casa dos meus pais, então já aproveito para 

avisar que enquanto eu estiver no brasil, os horários de postagem
serão meio malucos, mas vou tentar postar sempre que puder.

Espero que tenham gostado, não se esqueçam de votar e comentar.

Amo vcs,🥰
Bjinhooossss BF🖤🖤🖤

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