Capítulo 06

"Me prepare um caminho a seguir
E eu trilho qualquer estrada perigosa
Vou implorar e vou roubar, vou pegar emprestado
Se eu puder fazer, se eu puder fazer do seu coração a minha casa."
- Can I Get It?
Adele

Ava Rice.

Esse é o nome da garota que não sai da minha cabeça desde o dia em que a vi pela primeira vez.

Tive que chegar mais cedo na faculdade para encontrar o professor antes dela chegar e assim poder pedir informações sobre a aluna nova.

Ele obviamente ficou desconfiado, no entanto, me disse o que eu queria saber para ser deixado em paz. Digamos que posso ser um pouco... insistente quando quero.

É só que eu realmente precisava dar um nome para a garota de cabelos castanhos.

Só de vê-la pilotando aquela moto maravilhosa, tive vontade de beijá-la ali mesmo.

É engraçado como sequer a conheço tão bem e mesmo assim sinto algo dentro de mim. Como se devesse protegê-la do mundo.

Eu sei, sou um maluco.

Principalmente pelo fato de que provavelmente são minhas bolas falando por mim.

Ava é linda, não há como negar isso. Mas tenho quase certeza de que ela só chamou a minha atenção por ser a novidade.

E não por ostentar uma tatuagem na pele bronzeada.

Muito menos por ficar tentadoramente sexy quando está irritada, ou em cima da Mabel, um nome curioso para uma moto.

É, não é nada disso.

Preciso sair e me divertir um pouco, quem sabe assim eu pare de pensar em como gostaria de apertar a sua cintura contra o meu corpo e fazê-la gemer meu nome sem parar.

Apoio a cabeça no meu travesseiro e aperto as pálpebras com força para tentar tirar a sua imagem da minha mente. Uma missão bastante difícil.

Um barulho de porta batendo chama a minha atenção e me sento na beirada da cama em um movimento rápido.

Meus pais estão trabalhando a essa hora, então provavelmente é Liv quem chegou.

Vou até o seu quarto e abro um enorme sorriso ao mesmo tempo em que me jogo na cama ao seu lado.

— E aí, como foi? -Pergunto curioso.

Sei muito bem que ela e Nick não se suportam a um bom tempo, mas o que os dois não percebem, é que estão caidinhos um pelo outro, porém são tão orgulhosos que vão levar alguns dias até que percebam o que está acontecendo.

Confesso que esse era o meu principal medo ao ouvir a sua ideia maluca, mas ao mesmo tempo sei também que Nick jamais faria algo para machucar a minha irmã, caso contrário ele não viveria para contar a história.

— Cansativo. -Liv responde encostando a cabeça no meu ombro. — E embora eu não tenha de fato tatuado nenhuma pessoa, consegui aprender bastante apenas por observar Nick. -Levanto uma sobrancelha em curiosidade.

— Então você e ele se entenderam?

Liv imita quase perfeitamente a minha expressão e solta uma gargalhada.

— Que eu não tenha lhe dado uns tapas, não significa que mágicamente virei amiga do babaca do seu amigo.

Não consigo conter a risada. Ela acha mesmo que odeia Nick. Coitadinha.

— Afinal de contas, qual é o motivo de toda essa raiva? -Tento tirar alguma informação dela sem que ela perceba que eu sei bem mais do que ela imagina. — Porque até onde me lembro, ele não fez nada para você. Pelo menos é o que Nick me disse tipo... um milhão de vezes.

Sem perceber acabo soltando mais informação do que deveria e minha irmã me observa desconfiada.

Acabo tendo que explicar a briga que tive com Nick anos atrás sobre como ele estava se comportando como ela.

Meu amigo sempre teve uma queda por Olívia e quando eu o escutei falando aquelas coisas para um idiota que ela estava saindo, pensei que ele estava zombando dela. Então Nick me garantiu que era todo o contrário, que ele só estava tentando proteger a irmã do seu melhor amigo. É óbvio que não engoli essa história. Nick estava morrendo de ciúmes, só não queria admitir.

Depois de quase ser assassinado por Olívia Cross, sou expulso do seu quarto e volto para o meu com um enorme sorriso no rosto.

Me jogo outra vez na minha cama sem deixar de pensar na minha irmã e em como ela é ingênua e inconscientemente procuro o perfil de Ava nas redes sociais.

Preciso saber mais dela, descobrir tudo sobre seus gostos, seus amigos, suas paixões...

Contudo, não encontrei absolutamente nada.

Estranho.

Procuro seu nome em todos os aplicativos que conheço e obtenho sempre o mesmo resultado: perfil não encontrado.

O que será que essa garota esconde?

Sorrio para mim mesmo. Provavelmente ela deve ser do tipo que não gosta de sair mostrando toda a sua vida para desconhecidos.

E isso só me deixa ainda mais curioso para saber mais dela.

Depois de vários minutos olhando para o teto, ajudo Olívia a cozinhar algo para comer e recuso sua oferta para ver um filme mais tarde. Marquei de sair com uma garota e embora já não esteja tão animado para esse encontro, preciso me distrair um pouco.

Termino de fazer minha refeição, tomo um banho rápido, me visto e pego as chaves da minha picape, minha carteira com documentos e algo de dinheiro e deixo minha irmã sozinha no apartamento.

Sei que deveria ter ficado com ela e tudo mais, mas droga... realmente preciso de uma boa rodada de sexo sem amarras.

Reconheço que não sou nenhum santo, mas pelo menos eu não finjo ser um idiota bonzinho apenas para conseguir o que eu quero. As meninas já sabem como são as coisas comigo e que não devem esperar nada mais do que isso.

Olho as horas no painel do carro e franzo o cenho desanimado.

Marquei com Stefanie às oito em ponto e como sempre, elas chegam tarde.

Odeio isso. Não que eu seja como Nick que tem literalmente uma coisa com atrasos, mas caralho, quando o comportamento se repete uma e outra vez, chega a ser algo irritante. Acho que elas pensam que me fazer esperar vai me deixar mais interessado, só que na verdade é todo o contrário.

Abro o aplicativo de mensagens para lhe perguntar se ela está a caminho, porém não consigo enviar o texto.

Imediatamente olhos castanhos e uma maldita tatuagem em forma de flor de lótus invadem minha mente me deixando alheio a qualquer coisa que esteja acontecendo ao meu redor.

Definitivamente preciso descobrir quem é essa garota.

Que se foda. Não vou conseguir nada hoje, não estou com cabeça para isso.

Dou partida no carro e dirijo para bem longe do barzinho onde me encontraria com Stef.

Vago sem rumo pela cidade, apenas desfrutando a paisagem e chegando à conclusão de que sou um babaca.

Meu telefone toca algumas vezes e não me dou sequer o trabalho de atender ao ver o nome do meu encontro na tela.

É como se de repente eu não quisesse ser incomodado. Como se eu precisasse desse momento comigo mesmo.

É isso, estou virando uma garotinha sentimental.

Estaciono na frente de um parque e caminho até o lago que o divide em dois.

Avisto um banco vazio dentre muitos e me jogo na madeira gelada pela brisa noturna.

Hoje a lua cheia ilumina quase todo o lugar e respiro fundo sentindo o ar puro.

Lembro que meus pais nos traziam aqui quando éramos crianças e passávamos quase o dia todo brincando e comendo. Eles chamavam de o piquenique dos Cross e era a coisa mais legal que um garotinho de nove anos podia desejar. E quando minha prima aparecia de surpresa e nos deixava pilotar sua moto, mesmo que ela estivesse parada, era o máximo.

Continuo mastigando as memórias e sentindo o seu sabor doce nos meus lábios até que o barulho de uma moto me faz dar um sobressalto e viro a cabeça com o coração batendo acelerado.

Por alguns minutos imagino que seja algum maluco como eu que só quer alguns minutos de paz e franzo o cenho com a ideia de estar acompanhado de um desconhecido, contudo, um enorme sorriso se forma no meu rosto quando o piloto retira o capacete e revela uma enorme cabeleira castanha que surpreendentemente reconheço de imediato.

Ava desce da moto com uma agilidade impressionante e não consigo parar de observá-la em silêncio como um maldito psicopata.

Sua postura ereta e os punhos cerrados são uma indicação clara de que ela não está de bom humor e minha teoria se confirma quando ela chuta uma pedra qualquer no estacionamento e solta um grito estrondoso, não sei se pela dor do impacto ou pelo que quer que ela esteja sentindo nesse instante.

Como se meus pés tivessem vida própria, saio correndo até parar ao seu lado e ela me lança um olhar intenso. Uma mistura de surpresa, vergonha e raiva.

— Era só o que me faltava para completar esse dia! -Uma gargalhada amarga ressoa pelo parque vazio e fecho a cara sem entender nada.

— Está tudo bem? Se machucou? -Aponto para o seu pé e ela nega lentamente com a cabeça.

Seus dedos penteiam os cabelos bagunçados pelo vento em uma tentativa de domá-los e me controlo para não impedi-la de fazer isso.

Se ela soubesse como fica ainda mais linda assim...

— Olha cara, se estiver me seguindo eu vou ser obrigada a chamar a polícia. -Ava resmunga depois de alguns minutos.

— Para a sua informação, eu estava aqui primeiro. -Cruzo os braços. — Por acaso não viu meu carro estacionado? -Indago em um sorriso nervoso.

Seus olhos agora se arregalam de surpresa. Ela gira o corpo para trás em busca da minha picape e quando a encontra, suas bochechas adquirem um tom avermelhado e ela fica ainda mais envergonhada.

— E-eu não... quer saber, que se foda. -A garota vai até o banco que eu ocupava minutos antes e se senta desajeitadamente.

Ocupo o lugar ao seu lado e não ouso olhar para outro lugar que não seja o rio à nossa frente para não me perder ainda mais na intensidade dos seus olhos.

— Se quiser conversar fique à vontade, prometo que não vou dizer nada para ninguém. -Ofereço sem me mover.

Escuto apenas um suspiro resignado como resposta e me levanto de supetão.

— Olha, se preferir ficar sozinha, eu posso ir embora. -Continuo e pela primeira vez desde que nos conhecemos, ela olha para mim.

As íris castanhas brilham sob a luz da lua e percebo que é por conta das lágrimas não derramadas. Meu peito se aperta e de repente sinto falta de ar.

Quero saber o que está acontecendo, descobrir o que fizeram para ela e arrebentar a cara de quem for o responsável.

Quando eu perguntei o nome do babaca que quebrou o seu coração, eu estava apenas zombando com a garota nova, mas agora depois de vê-la nesse estado, percebo que há muito mais por trás dessa sua máscara de indiferença.

E me surpreendo ainda mais ao escutar as palavras que deslizam pelos lábios carnudos depois de vários minutos de hesitação.

Fique por favor. 

NOTA DO AUTOR

Simmmm eu sei que demorei pra postar, mas tive meus motivos.
Não precisam me bater ahahahah
Antes de mais nada, quero desejar um feliz ano novo adiantado pra todos
E agradecer a vcs por me acompanharem durante esse ano que não 

foi fácil pra ninguém. 
Quero que saibam que cada leitura, cada voto e cada comentário é muito importante
para mim e sem vcs eu não seria nada.
Obrigada mesmo por todo o carinho!

Espero que tenham gostado,
Não se esqueçam de votar e comentar.

Amo vcs🥰
Bjinhosssss BF🖤🖤🖤

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