Capítulo 7
Amélia
O resto da semana passou voando, hoje já é domingo a tarde e eu tinha acabado de almoçar com minha tia e subi para meu quarto, a convivência com ela é um pouco estranha, nós não conversamos sobre nada até agora e ela parece que está sempre ocupada e nunca sobra tempo pra nada. Fiquei pensando em tudo o que aconteceu até agora, foi um choque encontrar meus pais daquela forma, depois vim com a tia Maggie até essa cidade, e por incrível que pareça eu fiz amigos, não que eu não tivesse na Flórida, mas esses parecem diferentes. Sinto que posso confiar neles, mesmo sendo o começo da amizade e eu não tenha contado nada importante a eles. Na Flórida eu só podia confiar totalmente na minha família, muitos dos amigos que eu tinha lá só estavam comigo por eu ser quem eu sou então eu não levava nenhuma amizade realmente a sério.
Fui tirada dos meus pensamentos com uma batida na porta, me levantei pra ver quem era, tia Maggie não estava em casa, isso era outra coisa, ela nunca esta muito em casa. Abri a porta e dei de cara com Tereza
— Oie — Ela comprimentou animada, ela estava sempre animada.
— Oi. — Respondi — O que faz aqui? — perguntei achando estranha a visita dela.
— Vim te ver. — Ela respondeu simplesmente e entrando dentro de casa.
— Ata. — Respondi fechando a porta, ela estava parada no meio da sala olhando ao redor — Porque? — Perguntei olhando pra ela.
— Porque o que? — Ela me perguntou de volta se virando pra mim.
— Porque você veio aqui me ver. — Falei.
— Ah, bom eu estava sem nada pra fazer em casa, então vim aqui conversar com você. — Ela explicou como se fosse a coisa mais normal do mundo.
— Mas porque você fez isso? — Eu sinceramente não estava entendendo.
— Porque é isso que amigos fazem? —Ela me respondeu em forma de pergunta — E se você me falar que eu não sou sua amiga eu vou te bater. — Ela disse apontando um dedo pra mim e tentando fazer cara e brava, não sei porque, mas acho que Tereza não é capaz de fazer mal a uma mosca então eu só concordei.
— Tá bom — Ela deu um sorriso e voltou a olhar a casa com uma mão na cintura. — É tão estranho estar na casa da diretora, me sinto como se estivesse na diretoria esperando uma bronca dela e me avisando que iria chamar minha mãe. Pode não parecer, mas a minha mãe só tem cara de boazinha, porque aquela mulher é uma fera. — Ela disse, me limitei a assentir.
— Você quer beber alguma coisa? — Perguntei por educação mas ela acabou aceitando, então fomos para a cozinha, que já estava limpa, peguei um copo e enchi e fui entregar a ela achando que ela estava atrás de mim mas ela estava na mesa olhando um livro que estava lá, fui até ela que estava tocando o livro com um certo cuidado e olhava pra ele com uma certa admiração, olhando de perto ele nem era tão bonito assim, ele era de couro marrom escuro, bem grande com páginas amareladas e grosso, estava trancado com cadeado diferente, era do tamanho de uma mão humana, tinha uma coroa bem bonita no centro da capa em cima do nome Morrigan, coloquei o copo do lado do livro e olhei para Tereza.
— Santa mãe, me diz que eu morri e dei uma sorte bem grande e estou vendo o grimório das Morrigans no paraíso? — Ela me perguntou.
— Ham, não. Você esta na minha cozinha. — Respondi, ela me deu um olhar feio.
— Foi uma pergunta retórica. — Mas logo os olhos verdes dela estavam brilhando olhando o livro de novo. — Eu não acredito no que os meus olhos estão vendo, é realmente o grimório das Morrigans. — Ela disse mais pra si mesma do que pra mim. — Mas o que ele está fazendo jogado assim nessa mesa?
Ela me deu um olhar de ultraje, dei de ombros porque eu não fazia ideia do que era um grimório e o porquê dela estar tão entusiasmada com isso.
— Ele deveria estar em um altar e muito bem protegido. Muitos dariam a vida para poder ter esse livro em mãos, os feitiços mais poderosos de uns dos maiores clãs de bruxas do mundo. — Ela disse baixinho, como se fosse um segredo.
— Você é uma bruxa? — Perguntei a ela surpresa.
— Claro que eu sou uma bruxa. — Ela disse como se fosse óbvio. — Não tão forte e famosa como uma bruxa Morrigan, mas minha avó era umas bruxas mais importantes da comunidade bruxa de Mindale junto com a sua tia. — Eu estava realmente surpresa com isso, olhamos de novo para o livro. — Nós podemos ler? — Ela me perguntou.
— Que? — Olhei pra ela de volta.
— A sua tia nem vai saber que mexemos nele, vai ser só uma olhadinha rápida. Por favor Amy? — Ela tinha os olhinhos brilhando de emoção e ansiedade, sinto isso que isso era muito errado mas concordei, ela deu um pulinho de alegria e me abraçou de lado.
— Ta bom, agora abre logo antes que ela volte. — Ela falou.
— Porque você não abre? — Perguntei.
— Porque eu não sou uma bruxa Morrigan. Só elas podem abrir. — Quase respondi pra ela que eu também não sou uma bruxa Morrigan, eu só carrego o sobrenome por parte de mãe, mas aí ela iria perguntar o porque e eu teria que explicar tudo pra ela. Estava pensando em como começar essa conversa quando ela pegou minha mão e levou até o cadeado, ele se me mexeu um pouco, se ajustando a minha mão como se ele estivesse me reconhecendo, logo depois ouvi um clique e ela tirou minha mão de lá e o livro estava aberto.
— Viu, não foi tão difícil. — Ela disse e abriu o livro, eu estava olhando a minha mão me perguntando como isso era possível, porque a final das contas eu era uma lobisomen e não uma bruxa quando ela deu outro gritinho de alegria, olhei pra ela — É a história da santa guerra bruxa? — Ela falou maravilhada.
— Santa guerra bruxa? — Perguntei, nunca tinha ouvido falar dessa história.
— É simplesmente a maior guerra que as bruxas enfrentaram em milênios, todas bruxas e bruxos sabem dela. É a minha história favorita. — Ela disse e depois deu um suspiro e rolou os olhos. — Francamente, nunca ouviu essa história? — Ela me perguntou.
— Desculpe, não. — Respondi. Ela deu outro suspiro, mas se recompôs e puxou uma cadeira e se sentou.
— Bom, então eu vou te contar. Senta ai e preste atenção. Vai ser tão gratificante ler de um livro de uns dos clãs que participou dela. — Ela disse.
— O que? Como assim participou dela? — Perguntei a ela.
— Shiu, vou começar e não me interrompa. — Ela pediu e começou — A muito tempo atrás, bruxas, vampiros e lobisomens estavam lutando por território, era uma guerra sangrenta onde haviam perdas de todos os lados, mas as bruxas estavam perdendo, por não termos o dom da imortalidade como as outras espécies e sermos somente frágeis humanos. Depois de ter sua família morta por uma matilha de lobisomens, um bruxo chamado Mallaki saiu em busca de mais poder para derrotar os lobisomens depois que seu clã deu as costas a ele, mas o que ele achou foi um poder totalmente diferente. Mallaki topou com uma criatura que ele só tinha vistos em livros, uma criatura com um poder maligno e obscuro. — Um demônio, eu pensei. — Mallaki se aliou a essa criatura, não se importando com o que aconteceria, sua sede de vingança contra aqueles que tinham tirado sua família era maior o perigo que ele colocaria as criaturas em perigo. Eles fizeram um acordo, a criatura queria o corpo de Mallaki emprestado porque estava fraca para fazer o que Mallaki pediu, mas era uma armadilha. A criatura se apossou do corpo de Mallaki e quando o poder de o poder maligno e as habilidades de um bruxo se juntaram foi criado o primeiro bruxo das trevas. Mallaki e a criatura vendo que eram mais fortes juntos fizeram então outro acordo, Mallaki traria outros bruxos para seu lado e a criatura chamaria seus irmãos para que fizessem o mesmo com os outros, o que era pra ser um plano de vingar uma família se tornou em conquistar o mundo, tendo Mallaki como líder, os outros bruxos das trevas se tornaram seus seguidores e começaram a matar todos aqueles que entrassem em seu caminho.
As outras espécies vendo que não sobreviveriam se continuassem assim fizeram um acordo entre si. Bruxas, Vampiros e Lobisomens se uniram para poder derrotar um inimigo maior, cada um deles estavam proibidos de matarem qualquer outra espécie e viverem sem conflitos, mas o ataques continuaram. As bruxas vendo que não eles não parariam fizeram um plano, os líderes dos quatro maiores clãs: Morrigan, Hartamann, Feingold e Ehrich se uniram para aprisionar Mallaki e os vampiros e lobisomens exterminariam seus seguidores. E assim se fez, os líderes dos clãs deram tudo o que tinham para poder aprisionar Mallaki em um lugar secreto e destruir seu corpo. Somente os herdeiros dos clãs Morrigan, Hartamann, Feingold e Ehrich sabiam onde Mallaki foi aprisionado. — Tereza acabou de contar a história e eu não sabia o que pensar disso tudo, era horripilante. — E aí, o que achou? — Ela perguntou.
— Bizarra. — Eu disse e ela riu — Isso realmente aconteceu? — Eu perguntei. Ela assentiu fechando o livro e colocando ele de volta no mesmo lugar.
— Sim, por isso você é tão famosa aqui, é uma das últimas Morrigans. Vovó vivia falando pra diretora Maggie que era pra ela ter cuidado porque os vampiros e lobisomens não cumpriram totalmente sua parte no acordo e os seguidores de Mallaki estavam atrás dos herdeiros para saber onde aprisionaram ele, mas vovó era maluca e dizia coisa com coisa. — Ela disse bebendo finalmente a água.
— Como assim era maluca? Ela não está mais viva? — Perguntei.
— Ah sim, ela morreu ano passado, fazendo com que a diretora Morrigan agora seja a principal bruxa da alcateia. — Isso explica o porque dela quase não parar em casa. — Agora tranca o grimório antes que leia os feitiços que tem nele e seja severamente punida por isso. — Me levantei e coloquei a mão no mesmo lugar, senti ele se trancando e retirei a mão. — Quer ir lá pra casa? Não tem nada pra fazer aqui e eu tenho Netflix. — Ela perguntou, aceitei, era melhor do que ficar em casa sozinha. Calcei um tênis, peguei um casaco e deixei um bilhete pra tia Maggie caso ela chegasse e não me encontrasse.
— Cadê seu celular? — Tessa me perguntou quando me viu deixando o bilhete na mesa.
— Esqueci de trazer pra cá. — Respondi, o que não deixava de ser verdade, eu nem lembrei de celular na hora.
— Temos que providenciar outro urgente. — Ela disse e saímos pra sua casa.
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