Capítulo 6
Amélia
Antes da aula acabar Nathan me deu seu endereço e falou que era pra ir lá por volta das 16 horas, eram 15:30 e eu estava me perguntando se eu realmente deveria ir, eu não era tão ruim em biologia que não pudesse estudar mais em casa, e também a Tereza tem me ajudado bastante desde que nos conhecemos, a sugestão de Nathan tinha me pegado de surpresa e eu não sabia como falar não pra ele e desconfio que eu nem queria dizer não a ele. Sem escolha me levantei e comecei a me arrumar pra ir para a casa dele, ela ficava um pouco afastada pelo o que eu entendi, tia Maggie não tinha chegado ainda, então deixei um bilhete dizendo que iria sair, e comecei a caminhar, fui a pé mesmo aproveitando a vista, Mindale era uma cidade cercada por floresta, tem até uma reserva florestal, para não chamar tanta atenção de casos sobrenaturais eu presumo.
Cheguei na casa dele depois de um tempo, não foi difícil achar a casa, parece que todo mundo sabe onde o prefeito e sua família mora, toquei a campainha e uma senhora atendeu a porta, ela devia estar na faixa dos 60 anos.
Em que posso ajudar? - Ela me perguntou em um tom gentil com um sorriso polido.
— Estou procurando o Nathan. — Respondi e ela abriu um sorriso me deixando entrar. Era uma casa bonita, em tons de madeira deixando tudo meio rustico, se assentando com a paisagem das arvores da lá fora, tinha até uma lareira feita de tijolos
— Como se chama senhorita? — Me perguntou me tirando da inspeção que estava fazendo na casa dele.
— Amélia. — Respondi me virando para encara-la.
—Me chamo Maria Helena, mas pode me chamar de Male se quiser, é como as crianças me chamam. — Ela me disse com um sorriso no rosto. — Nathan está no quarto dele, vou leva-la até lá, por aqui por favor. — Maria Helena, ou Male como ela falou se dirigiu para as escadas e eu fui junto, a casa é maior ainda na parte de cima, tinha várias portas e o corredor era extenso. Ela parou em uma porta e antes dela me falar de quem era o quarto eu já sabia, o cheiro de madeira com hortelã impregnava atrás daquela porta, quando Male ia bater na porta ela foi aberta por Nathan e ele olhava para mim, desviando os olhos ele olhou para a senhora do meu lado e deu um sorriso pra ela dizendo:
— Obrigada Male, você é a melhor. — Ele disse a ela com um sorriso de carinho.
— Que isso menino! — Ela disse abrindo outro sorriso, dessa vez verdadeiro pra ele. — Vou estar na cozinha, qualquer coisa pode chamar senhorita Amélia. — Ela me disse e virou para descer as escadas indo para a cozinha.
— Entra. — Ele convidou e entrei olhando ao redor, era uma típico quarto masculino, com cores em azul escuro, cinza e branco, tinha uma cama de casal, um guarda-roupa grande, uma mesa para estudos com um notebook ligado.
— Achei que não iria vir mais. — Ele disse, me virei para olha-lo.
— Eu vim andando olhando a vista, devo ter perdido a noção do tempo. — Respondi a ele.
— Veio andando da sua casa até aqui? — Ele me perguntou com o cenho franzido — É um pouco longe não acha? — Ele me perguntou. — Por favor, senta. — Ele disse tirando algumas almofadas da cama dando espaço para me sentar na cama perto da mesa.
— Não me importo muito, gosto de andar. — Respondi me sentando e olhando pra ele, ele se sentou na cadeira da mesa virando-se pra mim respondendo:
— Ah sim. — Ele disse pensativo. — Bom, vamos começar? Eu comecei separando a matéria que o professor passou no início do semestre e não é tão difícil. — Ele disse pegando o livro em cima da mesa se aproximando com a cadeira para mais perto de mim, peguei o meu livro dentro da bolsa também e abri na página que ele falou.
Depois de um tempo Nathan me explicou a matéria em resumo que ele fez até agora, pelo o que eu pude perceber ele era bem inteligente e eu estava me sentindo o ser mais burro do planeta por não saber diferenciar células eucariontes das células procariontes e os citoesqueletos delas, mas graças a deusa eu estava aprendendo. Em minha defesa eu nunca tinha visto isso na vida, no meu colégio na Flórida estávamos aprendendo outra coisa totalmente diferente.
Estávamos concentrados nos estudos quando a porta do quarto foi aberta de repente nos fazendo olhar quem tinha entrado, era o amigo dele que sempre estava junto com ele.
— Dylan. —Nathan disse em um rosnado baixo.
— O que estão fazendo? — Ele perguntou olhando de Nathan para mim. Dylan tinha os olhos tão azuis celeste que chegavam a ser brilhantes, tinha um cabelo escuro e era da altura do Nathan. Poderiam facilmente ser confundidos como irmãos se não fossem os olhos.
— Estudando. — Nathan respondeu. —Você já fez essa matéria, então pode ir embora.
—Ah que isso cara. Eu posso ajudar, sou muito bom em biologia. — Ele disse pegando o livro das mãos do Nathan e olhando para mim. —A propósito, eu sou o Dylan. Melhor amigo do Nat. — Ele me se apresentou estendendo a mão. —Você é aluna nova certo? — Ele me perguntou.
— Amélia. — Respondi apertando sua mão.
— Prazer Amy. Posso te chamar de Amy certo? — Ele me perguntou. — Gosto de dar apelidos aos meus amigos. — Ele me disse com um sorriso de lado.
— Tudo bem. — Respondi, mesmo me sentindo um pouco desconfortável. Só tinha uma pessoa no mundo que me chama assim até agora e eu estava morrendo de saudades do Andrew.
— Ótimo, vamos lá pra baixo? aqui não tem muito espaço para eu te ajudar. — Ele disse se virando para a porta e começando a sair do quarto. Olhei para o Nathan pra saber o que ele achava, ele deu um suspiro se levantou me perguntando:
—Vamos?
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Estávamos sentados na mesa da sala de jantar e eu estava tentando prestar atenção no que o Dylan falava mas com o Nathan do meu lado não estava conseguindo, pelo o simples fato de ele não conseguir segurar o riso. Ele tentava com todo o esforço, mas parecia impossível.
— Você vai falar pra ele que essa não é a matéria certa? — Sussurrei perguntando para ele. Nathan teve um princípio de ataque de riso mas ele logo se recuperou, não muito bem na minha opinião porque ele teve que colocar a mão na boca pra isso, quando Dylan o olhou feio chamando sua atenção.
— E estragar esse momento? Não mesmo. — Ele me respondeu dando um sorriso lindo. Porque ele só tem sorrisos lindos mesmo? Estava divagando quando o Dylan me chamou a atenção:
— Você não está prestando atenção Amy. — Ele me disse.
— Desculpe, pode continuar. — Respondi e ele voltou a explicar a matéria, ele falava de fenótipo e genótipo e explicando suas características:
— Bom, como eu estava dizendo, o termo genótipo serviria para atribuir características morfológicas, fisiológicas ou mesmo relacionadas ao comportamento do ser vivo estudado.— Ele continuou.
— Você quis dizer fenótipo não? — Perguntei achando isso um pouco estranho.
— O que? — Ele me perguntou não entendo o que estava dizendo.
— Genótipo são as características internas, a constituição genética do indivíduo ou a sequência de genes herdados dos pais, os quais somados ás influências ambientais formam o fenótipo. O que você acabou de explicar foi o fenótipo. — Expliquei. Teve um momento de silencio que foi quebrado pela gargalhada de Nathan, ele chegava a se dobrar na cadeira de tanto que ria
— Achei que estavam estudando biologia. — Ele disse tentando ver onde errou.
— E estávamos, mas não isso que você falou. — Nathan respondeu parando um pouco de rir. —Você quis dar uma de sabichão pra cima dela e acabou saindo como otário. —Disse voltando a rir. A situação era um pouco engraçada mas não tanto a esse ponto. Tenho a impressão de que tem alguma coisa por trás disso.
— Então você já sabia disso? — Ele perguntou se virando pra mim
—Sim. Aprendi ano passado. — Respondi sem saber o que falar.
— Porque não me disse antes? — Ele me perguntou um pouco cabisbaixo, Nathan que ainda ria do amigo se virou pra mim também pra ver o que eu ia falar.
— É que você estava tão fofo aí me explicando que eu não tive coragem de te interromper. — Respondi. O sorriso de Nathan sumiu na hora, mas em compensação Dylan abriu um enorme.
— O que? — Nathan me perguntou. Quando eu ia responder uma garota entrou na sala.
— Olá, a Male disse que temos visitas, achei que era o Dylan porque ela sempre trata ele visita mesmo ele morando mais aqui do que na casa dele, mas aí ela me falou que era uma garota então vim correndo ver quem era. — Ela falou se dirigindo a mim. — Prazer, sou a Dafne, irmã do Nathan. — Ela se apresentou. Tinha o cabelos escuros e olho do mesmo tom, uma versão feminina do Nathan.
— Sou a Amélia, prazer. — Respondi apertando a mão dela que estava estendida pra mim. Ela estudava meu rosto com atenção.
— Porquê não disse que traria visitas? Teria chegado mais cedo e poderíamos conversar. — Ela perguntou se virando para o irmão.
— Viemos estudar Dafne. — Ele respondeu apenas.
— E porque ele o Dylan está aqui? Achei que já tivesse passado em biologia. — Ela fez outra pergunta olhando em em cima da mesa o livro.
— Porque ele é intrometido. — Nathan respondeu. Dylan fez um ar de descaso para o amigo e respondeu
— Só estava tentando ajudar.
— Não liga muito pro Dylan não Amélia, ele é intrometido de natureza. Parece até que não recebeu educação da tia Rebeca. — Dafne disse em uma implicância clara.
— Eu tenho educação sim Amy, diferente de certas pessoas. —Ele disse olhando para o amigo.
— Quer resolver isso em outro lugar? — Nathan perguntou em tom de desafio.
— Claro. —Dylan aceitou o desafio com um brilho no olhar —Estava mesmo atrás de uma revanche da última vez. — Ele disse já se levantando. Eu não estava entendo nada, que conversa era essa? Olhei para a Dafne do meu lado e perguntei a ela quando Nathan também se levantou indo atrás do amigo.
— O que foi isso?
— Coisas de meninos. — Ela disse revirando os olhos — Dylan e Nathan tem dezessete anos mas as vezes parecem que tem oito anos, vivem se implicando mas um não vive sem o outro. — Ela disse sorrindo e continuou — Vem, vamos atrás deles antes que se matem acidentalmente.
Dafne me levou para a parte de trás da casa onde tinha uma academia com tudo o que se tem direito, mais a frente tinha um tatame onde os dois estavam em uma luta meio duvidosa, parecia mais que estavam brincando do que de fato lutando. Paramos em frente ao tatame e ficamos olhando eles lutarem, Nathan deu um soco no estomago de Dylan que ficou sem ar mas que revidou na hora dando no rosto dele, a luta durou mais um pouco onde não saiu nenhum vencedor, eles estavam arfantes e suados
— Satisfeitos? — Dafne perguntou com as mãos na cintura os encarando.
— Na verdade não. — Dylan respondeu ela com um sorriso maroto no rosto, ele virou pra mim e me perguntou:
— Você quer aprender a lutar Amy? — Fui pega de surpresa, não sabia o que responder, Dylan respondeu por mim pegando minha mão e levando até o tatame.
— Vem, não é difícil. Eu vou te ensinar. — Ele me disse quando subimos no tatame e piscou o olho sorrindo pra mim.
— Não acho que é uma boa ideia. — Nathan falou, ele tinha uma carranca de desagrado que ficava fofa nele e foi aí que eu entendi tudo. Eles estavam tentando chamar minha atenção.
— Tudo bem. — Respondi, queria ver aonde ele iria.
— Ótimo. — Ele me sorriu mais uma vez, Nathan se juntou ao lado da irmã onde eu estava a minutos para assistir. —Bom Amy, você vai colocar as duas mãos na frente do rosto com os punhos esquerdos que para você e defender. — Ele disse colocando os próprios punhos em modo de ataque para me mostrar como faz, fiz o que ele pediu e ele continuou —Agora você tem que manter a postura assim e afastar um pouco os pés. — aprumei o corpo e afastei os pés, me distraí um pouco com a voz da Dafne conversando com o irmão
— Ele é um idiota convencido isso sim.— Ela disse com os braço cruzados e uma cara nada boa nos olhando.
— Você não está prestando atenção Amy. — Dylan me chamou a atenção, me virei e me lembrei dessa mesma frase:
Você não está prestando atenção Amy.
Podia ouvir a voz do Andrew me chamando a atenção. Peguei o punho que estava vindo em minha direção e rodei o braço dele, me abaixei pegando impulso e joguei o corpo dele por cima do meu o jogando com força no chão, ouvi um arquejo de dor do corpo a baixo do meu e quando olhei não era o Andrew e sim Dylan, o soltei na hora dando dois passos para trás com os olhos arregalados.
— Uwoolll. — Ouvi Nathan exclamando e uma risada feminina, de Dafne aposto.
— Pela deusa! Me desculpe Dylan, eu não sei o que me deu. — Disse me juntando a ele para o ajudar a levantar.
— Tudo bem gata, relaxa. — Ele se levantou com uma mão na costela fazendo graça —Mais que mãozinha pesada essa hein. — Ele riu mas o riso se transformou em careta de dor, coloquei muita força no golpe.
— Acho melhor eu ir embora. — Disse quando o ajudei a descer, eles poderiam descobrir que eu era uma lobisomem e o Derek e tia Maggie iam falar no meu ouvido.
— Eu te levo. — Nathan disse, eu já ia falar que não precisava quando ele me interrompeu — Já está escuro lá fora e não vou deixar você andar sozinha até sua casa de noite. — Ele alegou. Eu posso muito bem cuidar de mim, mas ele não sabe disso então eu aceitei. Me virei para Dylan e Dafne e disse:
— Foi um prazer conhecer você Dafne e me desculpe de novo Dylan. — Dafne me sorriu e Dylan fez um ar de pouco caso como se não estivesse doendo mais.
— Nos vemos na escola amanhã. — Ele me disse me dando um tchauzinho junto com Dafne.
— Até amanhã Amélia. — Ele me disse também, me afastei e fui para dentro da casa, Nathan estava lá com minha bolsa na mão e as chaves de carro.
— Vamos? — Ele me perguntou e eu acenei.
Nathan
Estávamos no carro, Amélia olhando a vista perdida em pensamentos, se remoendo talvez pelo o golpe que deu no Dylan, foi um belo golpe e eu me senti extremamente feliz pelo Dylan ter sido noucateado por uma garota e fiquei impressionado também, nunca imaginei que ela saberia um golpe de judô e o executasse com perfeição usando o tamanho de seu oponente contra ele. Chegamos na casa dela e eu não queria que ela saísse do carro, então perguntei:
— Onde você aprendeu aquele golpe? — ela me olhou e pensou um pouco antes de responder com um sorriso de lado:
— Meu primo. — Ela disse apenas com aquele sorriso. Era um sorriso de quando nos lembrávamos de alguém ou alguma coisa boa, um sorriso rápido e saldoso mas que não chegava aos olhos, eu nunca vi ela sorrindo de verdade, ela está sempre com uma cara séria e a expressão tristonha, então perguntei:
— Não deve estar sendo fácil pra você se acostumar aqui não é? — Perguntei, ela se virou para frente de novo olhando para casa da tia que estava com a luz da varanda acesa.
— Não, não está. — Ela respondeu — A verdade é que eu não gosto muito de pensar no que houve. É muito fora da realidade ainda, gosto de pensar que estou visitando minha tia por um tempo e que depois eu irei pra casa e encontrarei eles lá. — Ela começou a falar depois de um tempo, me ajeitei no banco para olha-la melhor quando ela continuou —Muitas pessoas devem estar achando que sou insensível e que não sinto falta deles, mas só que eu não tinha parado pra pensar sobre isso até agora. — Ela falou, os olhos triste se viraram para mim e me senti um idiota por ter tocado nesse assunto.
— Sinto muito. — Falei olhando pra ela, ela acenou com a cabeça. Ela ia dizer mais alguma coisa mas desistiu e saiu do carro.
— Obrigada por me trazer até aqui e me ajudar hoje Nathan, Boa noite. — Ela disse e entrou correndo para dentro de casa nem me dando a chance de responder.
Ótimo, assustei ela.
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