5 - MIRA PERFEITA
𝗙𝗔𝗦𝗘 𝟭 — 𝗗𝗜𝗩𝗘𝗥𝗚𝗘𝗡𝗧𝗘
𝙇𝙤𝙘𝙖𝙡𝙞𝙯𝙖𝙘̧𝙖̃𝙤: 𝘈𝘶𝘥𝘢́𝘤𝘪𝘢
Eu estava apaixonada. Mil vezes apaixonada pelo modelito que eu vestia.
A calça justa fora feita em um tom de azul cinzento com detalhes num mais claro. O cropped era do mesmo conjunto, do mesmo estilo. A cintura da calça chegava a poucos centímetros da parte de cima de mangas compridas sem nenhum decote. Nos pés, um tênis preto. Além disso, meu cabelo havia sido feito tranças boxeadoras.
Chegue bem a tempo do treino começar, talvez um pouco atrasada. Quando cheguei no telhado da Audácia, Quatro e Eric surpreendentemente não estavam se matando. Ou eles estavam atrasados para começar, ou me esperando. Corri para o lado deles, os dois me recebendo com sorrisos raros e levemente arrogantes.
- Finalmente chegou - disse Eric. - Podemos começar?
- Dormiu bem, Juliett? - Perguntou Quatro, passando por mim. - Você parece tão radiante hoje.
Quatro seguiu para frente, não sem antes de dar uma piscadinha. Os iniciados tomaram sua ação como um aviso para se reunirem.
- Aprenderam como usar uma arma hoje. Depois, como vencer uma briga. - Quatro caminha até Beatrice, a única que não havia pegado uma arma. - Felizmente, se chegaram aqui é porque saber subir e descer de um trem em movimento. Uma coisa a menos para aprender.
Beatrice segura a arma sem jeito, quase não conseguindo suportar seu peso.
- Já te disse que está linda hoje? - Sussurrou Eric em meu ouvido. - Parece até uma princesa.
- Eu sempre estou linda - respondi, sorrindo. - Sério, o que há com você e Quatro? Por que estão de bom humor?
- Não podemos estar felizes por te ver?
Demorei para pensar em uma resposta, enquanto isso, Peter interrompeu a explicação de Quatro.
- O que atirar com uma arma tem a ver com coragem?
Quatro foi mais rápido, apontando o cano contra a testa de Peter e a engatilhando. Peter, antes entediado, agora estava com medo.
- Você está segurando uma arma carregada. Acorde - mandou Quatro. - Mas respondendo a sua pergunta, você terá menos chance de borrar as calças ou chorar para a mamãezinha se souber se defender. E essa informação poderá ser útil no final do primeiro estágio. Vamos lá! Cada um pega um alvo!
Os iniciados, desajeitadamente, tomam seuslugares. Colunas tortas, pés em posição de desequilíbrio, mãos tremendo.
- Aposto que um deles vai atirar em si mesmo - falei. Quatro voltou para onde estávamos. - Vocês dois são péssimos instrutores.
- Por que tal acusação, Juliett? - Perguntou Quatro.
- Não é óbvio? Vocês dão uma ordem e eles obedecem sem nem saber como fazer, só porque vocês causam medo neles.
Beatrice, ao lado de Will e Christina, ainda não havia conseguido acertar o alvo. Os barulhos agudos do chumbo acertando o metal dos bonecões denunciava quando alguém acertava. Poucos realmente acertaram em um lugar que dá para matar. Só uma não havia conseguido acertar o alvo com mais de dez tentativas.
- Olha ali - falei, indicando a garota. - Ela não acertou nenhuma vez. Falando de probabilidade, ela já deveria ter acertado o alvo pelo menos uma vez.
- Vamos ver a sua probabilidade de acertar - disse Eric, caminhando até onde mais armas estavam. - Vamos, Juliett.
- Como é? - Perguntei, surpresa. - É brincadeira, não é?
- Você fala que a sua mira é a melhor, Juliett, mas se você perdeu a prática, eu adoraria te ajudar a lembrar dela.
- Eu não faço parte da Audácia, caso tenha esquecido. Não preciso saber atirar.
Eric e Quatro deram de ombros.
- Ordens superioras.
Encarei Quatro que parecia não saber do que ele estava falando. A única opção que tive era caminhar até onde Eric estava.
Os iniciados pararam de atirar, encarando a mim e Eric. Ele, arrogante e sem paciência gritou:
- Eu mandei alguém parar?!
Os iniciados logo voltaram a atirar, mas ainda distraídos conosco.
Eric colocou a arma em minha mão, eu o encarando com tédio. Ele deu um sorrisinho sínico, ajeitando a arma na posição correta.
- Você era boa com o arco e flecha, isso aqui vai ser fácil.
- Eu era boa anos atrás - retruquei. - Nunca mais pratiquei.
- Que desperdício de talento - resmungou. - Vai, posiciona a arma com a mira na altura do seu olho. - O fiz.
- Por que está perdendo tempo tentando me ensinar? Você tem iniciados de verdade que precisam de instruções.
- Quatro pode cuidar deles. Afasta as pernas, vai te dar estabilidade.
Afastei a pernas, virando para o alvo. Eric se posicionou atrás de mim, colado em minhas costas. Seu rosto parou por cima do meu ombro, com ele sussurrando.
- A arma está engatilhada, use a mira para se localizar.
- Eu sou míope - falei. Eric revirou os olhos.
- Então tenta enxergar o alvo.
- Pode se afastar? - Pedi, incomodava com a proximidade.
- Desconfortável, Juliett? - Sussurrou, os lábios quase grudados em minha bochecha. - Você gostava disso, anos atrás.
- Anos atrás você não era um escroto - respondi, vendo ele recuar. - Tá, agora é só puxar o gatilho?
- Basicamente.
Atirei.
A arma ricocheteou para trás, atingindo meu ombro com força. Ficaria roxo mais tarde. Eu não tinha problema nenhum com armas, eu só odiava o barulho ensurdecedor que elas faziam. O estalo ao lado do meu ouvido foi alto, me fazendo pensar se eu não acabara de ficar surda.
Mas eu havia acertado a cabeça de metal do boneco.
- Até que isso foi bom - disse Eric, atrás de mim com os braços cruzados. - Para quem diz que não praticava há anos.
- Minha mira é perfeita.
Quando Eric foiresponder, provavelmente negando minha afirmação, ouvimos um grito. Um dos iniciantes estava jogado no chão, uma poça de sangue se formava embaixo de seu pé esquerdo. Não me lembrei do nome dele, mas seu que Al foi uma das pessoas a irem ajudá-lo. Quatro mandou que amarrassem um pedaço de pano em cima do ferimento, estancando o sangue temporariamente enquanto ele era levado a enfermaria.
- Vamos fazer uma pausa.
Com outro sorriso sínico, empurrei a arma para Eric, caminhando tranquilamente até Quatro que me esperava na porta para as escadas. Ouvi o cascalho atrás de mim, iniciados passando para descer.
- Realmente, deveríamos ter apostado - disse Quatro.
Olhei uma última vez para trás. Eric me encarava, sem expressar emoção alguma. Me perguntei sobre o que ele remoía em sua mente.
Quatro segurou a porta para eu passar, e juntos nos apresamos a descer para o refeitório. E, talvez, uma rápida ida a enfermaria.
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
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