𝗙𝗔𝗦𝗘 𝟭 — 𝗗𝗜𝗩𝗘𝗥𝗚𝗘𝗡𝗧𝗘
𝙇𝙤𝙘𝙖𝙡𝙞𝙯𝙖𝙘̧𝙖̃𝙤: 𝘈𝘶𝘥𝘢́𝘤𝘪𝘢

De volta ao complexo da Audácia, uma espécie de festa da vitória foi organizada rapidamente. Não apenas para comemorar os jogos de guerra, mas sim pelo fim do primeiro estágio.

Em breve, o ranking daqueles que passaram seria liberado. Mas até lá, todos comemoravam em torno das fogueiras que aqueciam a noite fria.

Eric se gabava entre os colegas sobre a vitória de seu time. Entretanto, a cada cindo minutos eu sentia seu olhar sobre mim, checando se eu estava bem. Toda vez que eu o pegava fazendo isso, eu sorria involuntariamente, lembrando do que acontecera uma hora atrás.

— Juliett — ouvi Quatro me chamar. — Ei!

— Precisa de algo? — perguntei, assim que ele se distanciou dos amigos.

— Só queria dizer que jogou bem hoje a noite — disse ele. — Foi corajosa, até demais para um erudita.

Quatro me encarou desconfiado, seus olhos se cerrando minimamente. Eu quase conseguia ver as engenhocas de seu cérebro funcionando a todo vapor.

— O que posso dizer? — dei de ombros. — Alguém precisava usar o cérebro como um todo, não é?

— Acho que sim — concordou. — Max já vai falar como ficou o ranking. Vamos lá.

Max, diferente das outras vezes, foi breve em seu discurso, querendo logo divulgar quem tinha passado e quais, no dia seguinte, virariam sem-facção.

Era uma pena quando isso acontecia. O Governo às vezes parecia hipócrita com essas decisões. Eles queriam acabar com os sem-facção e na verdade estavam aumentando seu número.

Sorri, estando na parte mais afastada, quando os nomes acima da linha vermelha haviam aparecido.

Parabéns, Beatrice Prior, você sobreviveu sozinha ao estágio 1. Agora, é a minha vez de te ensinar a passar pelo 2.

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Na tarde da manhã seguinte, os iniciados e alguns membros mais velhos foram mandados os galpões de estoque para ajudar a Amizade a abastecer os caminhões de suprimentos que seriam transportados para outras facções.

Infelizmente, eu fui mandada junto com os poucos eruditos selecionados para checar as proporções de entrega, quais precisavam de mais e se estavam dentro dos padrões estipulados.

— Passamos no 1º estágio e esta é a nossa recompensa — reclamou Christina ao passar ao meu lado carregando uma sacola de grãos. — Um luxo.

— Se melhora algo, minha "formatura" foi hoje de manhã — falei. — Ouvi um discurso da Jeanine e só. E, bom, cá estou eu: trabalhando.

— Pelo menos isso explica o porquê desse vestido. Parece que foi num casamento.

— Esse nem é o meu melhor vestido — afirmei, encarando-o em meu corpo.

Por mais que o vestido azul fosse curto, as mangas compridas e caídas dele me protegiam parcialmente do frio. Algo que todos estranharam ao me ver foi a escolha de botas de salto pretas. E como uma doença, eu começava a acreditar que o tempo que eu passava na Audácia me contaminou de forma irreversível.

Alguns dos eruditos que vieram discutiam sobre os sem-facção e como eles estavam requisitando cada vez mais mantimentos. Outros reclamavam, e diziam que isso estava saindo do controle.

Olhei para o lado, onde o reflexo de brilho causado por um espelho atingia um dos sacos de grãos. Beatrice notou o mesmo, logo caminhando até onde caixotes e sacos escondiam fossem quem estivesse ali.

Conforme ela desapareceu entre eles, verifiquei se ninguém prestava atenção em mim e andei cautelosamente até onde a garota estava. Ouvi outra voz, sendo ela familiar, mas me escondi atrás dos sacos, não querendo ser vista.

— Você não passou mal no dia do seu teste, não é? — perguntou a outra pessoa. — Qual foi o resultado? Pode me contar.

— Inconclusivo.

— Divergente? — Beatrice assenti, já que continuou. — Não pode contar para ninguém. Nem seus amigos, instrutores. Não pode confiar em ninguém.

O alarme soou, indicando que já estavam prontos para ir embora.

— As pessoas sempre tiveram medo dos Divergentes. A Erudição está os caçando por toda parte

— Por quê? — perguntou Beatrice. — Mão, o que eu sou?

— Ninguém te controla — respondeu. — Sua mente trabalha de forma diferente. Eles têm medo de você. Filha, no estágio 2 do treinamento, é quando corre mais risco. Eles vão entrar na sua cabeça e ver como responde ao medo.

— Como assim?

— É um novo soro — disse ela. — Ele foi projetado pela filha da Jeanine. É diferente de todos os outros, esse não tem falhas. É perfeito, dizem que a Juliett Syrus é uma Divergente, for isso conseguiu fazer algo tão perfeito.

— Isso é impossível — disse Beatrice, não acreditando.

— Ninguém sabe ao certo. Por que acha que ela foi mandada a Audácia, filha? — perguntou. — Mas você pode conseguir passar por ele, está bem? Eu já vi acontecer.

— Como sabe tanto sobre isso? Você era da Audácia?

— Não importa! Só não deixe que te peguem!

Mal sabia ela que eu ajudaria a própria filha.

𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:

Espero que estejam todos bens nesse momento de crise e que todos vocês fiquem bem, que fiquem seguros. Se estiverem mal, por favor, saibam que sempre podem contar comigo para conversar, sempre.

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