Prólogo
As folhas secas das árvores caíam sobre as calçadas,e a brisa fria do fim de outono flutuava sobre as ruas do Centro de Brandcaster.
Eu caminhava a contemplar cada detalhe da metrópole imensa. Prédios altos e estruturas magníficas cresciam ao redor.
Próximo a um dos monumentos de Son Sliguen - fundador da cidade - estava a pequena casa.
As rachaduras já tomavam as paredes finas e em mau estado. E algumas flores que cresciam num canteiro exalava seus perfumes. Me aproximei do lugar e deparei-me com um pequeno grupo de pessoas que olhavam apreensivas e aflitas.
Principalmente minha mãe, que no momento, estava sentada numa das poltronas acolchoadas.
- Mãe? - Suspirei aflita - precisa de algo?
Ela balançou a cabeça. Estava cabisbaixa. Chorando talvez
- sua avó disse que quer te ver - informou ela - está no quarto.
Engoli em seco e segui para o quarto. A casa era uma das mais simples, mas nunca vi uma casa com tantos enfeites. Eram flores, molduras, quadros por todos os lados, todos alegres e admiráveis. Virei a esquerda e lá estava meu pai sentado com Nina em seu colo e um pouco mais longe, estava Jonh com as mãos entrelaçadas. Ele também não dizia nada. Apenas continuava cabisbaixo.
- papai, por quê o vovô John está tristinho?
sua voz era de um anjo. Nina sempre teve um jeito simples e inocente. Meu pai engoliu em
seco
- Por nada filha. por nada.
- pai - eu sussurrei - mãe disse que vovó quer falar comigo?
- sim, ela está aí dentro. Disse que só... vai... quando você falar com ela.
Bati a porta e minha tia Linda foi quem abriu. Balancei a cabeça e ela fez o mesmo
- Lexi, minha neta linda! - exclamou ela esboçando um sorriso gentil. Já sua voz, era trêmula e fraca - você continua bonita como uma fada.
Sempre gostei quando ela me dizia que eu pareço uma fada, pois daí veio meu gosto por livros.
Foi ela que me influenciou a leitura.
Na verdade, meu primeiro livro foi Cinderela, Opção dela me recomendar. tanto que costumávamos passar o fim de semana tomando chá e lendo. Mas esse fim de semana talvez seria o nosso último.
- Oi vó, a senhora está melhor?
perguntei segurando as lágrimas nos olhos. Era difícil encarar-la sem pensar que a qualquer minuto, ela poderia se afastar eternamente
- Com você aqui tudo fica melhor - ela tossiu - magicamente melhor.
Dei um pequeno sorriso
- é como a senhora está ? - indaguei - está bem?
Ela hesitou e respondeu
- não vamos falar de mim - Tina sorriu de lado - me diga, e glodrel?
Dei uma leve risada. Faz tantos anos que glodrel morou aqui na região, e Tina ainda tem lembranças dele.
Talvez seja porque ela descobriu nosso namoro.
- está bem - respondi - mas está morando sozinho.
- vá até minha escrivaninha. - ela exclamou, e eu a-obedeci - está vendo essa caixinha cinza com um laço vermelho? Então, abra!
Quando eu desatei o laço e abri, havia três objetos, um colar de diamante, um livro chamado Rettory, e um pequeno anel de Esmeralda.
Voltei para ela, que estava deitada sobre a cama, e sentei ao seu lado
- muito obrigado vó.- respondi - vou guarda-lo pra sempre.
-Espera, eu nem terminei de falar! - ela reclamou - esse livro irá te ajudar muito. E esse anel
e o colar, nunca tire, nem perca. Me prometa!
Afirmei com a cabeça
- prometo.
De repente seus olhos se distanciaram e foram ficando profundos. Meu coração disparou e
o desespero tomou conta de meu corpo. Minha voz não ousava sair. minhas mãos trêmulas
tentava acordá-la. Sua respiração ofegante me trazia aflição e tudo piorava ainda mais
- avó! Acorda! - gritei em desespero, e muitas pessoas correram para o quarto - vó! Não! Por favor acorda!
Sinto que depois desse dia, meus dias se tornaram tristes e aflitos. Como um verão sem
sol. Uma parte de mim havia sido levada por ela. Minha infância tinha sido retirada bruscamente dos meus braços.
Era inverno e a chuva forte e fria caía lá fora. O silêncio tomava conta do espaço. Mas logo quebrado pelos estalos das gotas batendo na janela. O cheiro de terra molhada exalava no meu quarto. Mesmo que a janela estivesse fechada, ainda era de dia, mas como as nuvens tapam os raios do sol, deixando todo o gramado num tom escuro,aparentava a escuridão noturna.
A lâmpada tava apagada e apenas o abajur sobre a escrivaninha iluminava. Mas eu ainda conseguia ver a capa daquele livro.
Tinha ilustrações em preto e branco. Eram pequenos borrões, parecidos com insetos,e isso me trouxe uma dúvida. "o que era aquilo? " me perguntei. Levantei da cadeira e peguei uma lupa que estava sobre o criado-mudo.
Depois de alguns minutos, percebi que aqueles "insetos" na verdade eram dragões. Pequenos dragões. E eram engraçados. de repente, ouço uma voz familiar
- Lexi, você pode vir aqui me ajudar?
Coloquei meu livro de lado e fui para a cozinha. No momento, Cristine estava arrumando os talheres à mesa. Peguei os pratos que estavam sobre a lava-louça e levei para a mesa
- mãe, não sei porque a senhora é tão perfeccionista? - falei enquanto ela ajeitava cada
talher- vô só vai vir aqui. Como ele sempre veio.
Logo ela resmungou
- precisamos ter total concentração nas palavras, saiba que... - ela engoliu em seco - minha
mãe morreu a pouco tempo. John irá repartir a herança hoje...
Antes que ela terminasse de falar, eu indaguei franzindo o cenho
- então essa preocupação toda é apenas por interesse? - ela suspirou e ficou cabisbaixa -
Você nem ligou pra morte de Tina?
Ela se sentiu mau. Também,se preocupar apenas com a herança da minha vó? Desde pequena, minha avó dizia que eu era a luz da vida dela. Me influenciou a ler livros. Então acabei pegando o costume. E até hoje. Sempre que leio algum livro de contos de fadas. Me lembro dela. Do jeito que ela acariciava. De seus conselhos. E confesso que sempre a sinto como se estivesse me vendo. de algum lugar.
- Pai, o senhor veio? - disse ela com uma pequena entonação aguda - o senhor está bem?
Ele tinha a expressão razoável. Parecia triste e certamente estava. Seu olhar era aflito.
O que me deixou desajeitada
- Jonh? - eu perguntei séria - quanto tempo?
Meu avô era aquele tipo de pessoa que vive calado e guardar tudo para si mesmo. Minha vó dizia que eu tinha puxado a ele. Mas no entanto, sempre tive maior simpatia com Tina.
Ela era única.
- Oi Lexi. Sim. Quanto tempo. - Ele disse sem desviar o olhar das molduras colocadas nas paredes - que molduras lindas. Quem foi que fez?
- Foi eu! - gritou nina, minha irmã mais nova - O senhor gostou?
Ela saltou e ele a pegou nos braços. Muitas pessoas dizem que Nina é a minha cópia.
Apenas pelos cabelos loiros, a pele extremamente branca e alguns rastros. Pode até ser.
Mas nossas características são absurdamente diferentes.
- Sim. Gostei e muito. - John respondeu fazendo um esforço para sorrir - Você é muito talentosa. Como sua irmã.
Senti meu rosto ficar vermelho. Meu avô quase nunca falava comigo. Pois a maioria das vezes em que eu fui lá. Passava a maior parte do tempo, lendo, ou lendo com minha avó. Vi que atrás dele vinha Linda, com Lisa e Larry nos braços. Ela é minha tia e irmã mais nova da minha mãe.
- Linda! Você veio? - gritou minha mãe alegremente. Ela diz que eram amigas-irmãs - quanto tempo? E esses fofos, Tem quantos anos?
- Um ano e três meses.
- e o outro? - todos se chocaram,minha mãe era a pessoa mais responsável da família, e com isso, ela tem informações gravadas em seu cérebro - brincadeira, eu sei que são gêmeos, mas, venham, vamos todos sentar.
O aroma estava ótimo. Cristine repartia a lasanha colocando no prato e dando para cada um. O silêncio tinha se estabelecido. meu pai sequer ousava abrir a boca.
só observava.
- Nina. - disse John - Você pode me fazer um favor? Tú leva os gêmeos para brincar no seu quarto?
Ela balançou a cabeça e levou os bebês para o quarto
- Eu sei que faz pouco tempo que Tina morreu. - ele respirou fundo - Mas eu queria repartir logo a herança com vocês. Alguns dias antes, eu conversei com ela. E decidimos dar a maior parte para a pessoa que mais nos ajudou...
Vi que minhas tias encheram o busto, convencidas de que seriam essas pessoas
- e quem foi que mais ajudou a vocês?
Perguntou Cristine com uma leve curiosidade
- Essa pessoa foi como um anjo para nós. Nunca se importou com coisas materiais. - minha mãe voltou a compostura - E também nunca se aproveitou do nosso dinheiro. - minha tia engoliu em seco - Essa pessoa é a fada mais linda desse mundo. Lexi? -
Eu olhei atenta confusa por meu nome ser citado - Lexi. Essa pessoa é você.
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