Capítųlo 20 - Onde há fumaça...
Leon tinha dito o mesmo para Sharice, que eu e Glodrel éramos os filhos da Lua, talvez porque sejamos irmãos? A tal Rosemary pôs a mão sobre o quadril
- então me prove. - disse ela desconfiada - mostre-me sua marca.
Virei de costas para ela,senti que as duas estavam ansiosas, peguei o maior número de mechas loiras possíveis e juntei-as num coque alto, deixando visível a marca de um dragão quase transparente
- porquê está ficando invisível? - perguntou Rosemary um pouco frustrada - está tentando me enganar?
- é que me enganaram. - balbuciei as palavras - um tal de Malrak me fez tomar um veneno, que apaga marcas.
- maldição da escuridão. - sibilou Elena - é feito por bruxas do outro lado.
- Malrak é um cafajeste. - disse Rosemary num rangido - engana as pessoas e não tem escrúpulos.
- você o conhece? - perguntei - sabe algo dele?
- entrem para minha casa. - disse ela apontando para o casarão - eu e minha irmã iremos ajudá-la.
Seguimos para a enorme casa,em volta, grandes árvores vermelhas cresciam sobre o gramado azulado,e flores laranjas feito fogo brotavam chamas. Caminhamos pelo chão de concreto, e subimos uns três degraus até pararmos em frente á porta, ela irradiou chuviscos ardentes do seu dedo e a porta foi destrancada
- Quer algo para beber? - perguntou Elena gentilmente - temos café, refrigerante...
- e água? - perguntei, minha garganta estava seca - vocês tem água?
-infelizmente não. - disse Rosemary - ela evapora em nossas mãos.
Dei de ombros,e enquanto nós sentamos numa das poltronas, olhei para o teto, e parecia um daquelas pinturas de igrejas antigas, pareciam pequenos anjos sobrevoando um rosa. A decoração era simples e modesto,o chão era coberto por carpete de cor acinzentada, e um abajur iluminava sobre a pequena suspensão, atrás de nós, duas escadarias cresciam para ambos os lados e se juntavam no alto, e em nossa frente, uma lareira acesa estalava pedaços de carvão
- eu não sei se sabe... - disse ela baixinho - mas eu já tive um relacionamento com ele, Malrak, ele dizia que gostava de mim, mas na verdade, sua intenção era roubar Givena de mim.
- quem é Givena?
- Givena é nosso dragão fêmea de estimação.
Respondeu Elena me dando uma xícara de café
- Malrak tentou me matar com uma fireblood, o que eu achei ridículo pois essa arma só funciona com anjos.
- e como vocês escaparam dele?
Pergunto perplexa imaginando suas situações, elas se entreolham, como se conversassem mentalmente,e quando Rosemary hesitou continuar, foi interrompida pelo telefone a tocar
- com licença - disse ela - nestante eu volto.
Elena e eu nos olhamos, ela tinha um sorriso sincero estampado em seu rosto, e seus olhos laranjas brilhavam a luz do abajur, de repente, Rosemary gritou ao longe
- Elena! - eu olhei para a garota que já pousava a xícara sobre a bandeja - venha aqui por favor.
Ela se levantou e sorriu, fiquei lá sozinha em frente á lareira, o fogo estalando, e chuviscos sobrevoavam ao redor, meus olhos se prenderam ao lugar,fiquei perplexa quando a imagem de um garoto transpareceu em frente ao fogo
- Garota? - disse ele ríspido - saia daqui o mais rápido possível. Elas não são boas pessoas, estão te enganando...Elas vão te atacar...
Ele repetiu a frase mais um vez e um vulto negro atravessou a chama tão rápido que ela foi apagada, hesitei em levantar quando uma voz ecoou pela sala
- aonde pensa que vai? -perguntou Rosemary - garota nephilim?
Olhei assustada quando o pequeno dragão sobrevoou as duas, ele cuspia chamas fortes sobre elas
- eu preciso ir. - falei nervosa - obrigada por tudo.
quando hesitei em correr, as duas garotas juntaram seus corpos em um único, menos suas cabeças,logo escamas azuis do tamanho de pratos cresceram sobre sua pele, e suas orelhas cresceram e se tornaram pontudas,suas faces se esticaram enquanto as escamas tomavam o rosto, logo asas gigantescas pularam de suas costas, sua aparência se tornou igualmente ao pequeno dragão que segurava anteriormente,talvez fosse a mãe dele,enquanto elas se transformavam, eu dava passos para trás, trêmula, quando me aproximei da porta, corri o mais rápido que pude e abri-la, ao fundo, ouvi um rugido estridente ecoar por toda a avenida
- Volte aqui filha da Lua! - a voz gritou - Volte para suas amigas!
Depois, outra voz um pouco mais suave, e ao mesmo tempo estrondosa disse
- Lexi! - gritou - nós iremos te ajudar!
Meus dedos se atrapalhavam ao tentar girar a chave que tinham deixado presa ao cadeado, meu corpo estava formigando e minha respiração ofegante, quanto mais eu tentava, mais meu coração disparava, quando eu finalmente consegui abrir o portão, uma explosão eclodiu o teto do casarão, e pedaços de madeira voaram pelo ar, em chamas,então sobre o céu nublado e escuro,o enorme dragão de duas cabeças batia suas asas sobre a casa, lançando chamas pelos céus. Numa confusão de desespero e adrenalina corri rapidamente para o asfalto, gritando por socorro, foi então que senti uma mão agarrar meu braço, me virei rapidamente, pronta para correr, se fossem comparsas das irmãs? Mas antes que eu gritasse, fui acalentada por dois olhos de ouro cintilante
- Leon?
perguntei confusa, ele usava roupas da época da cavalaria, uma calça de linho marrom e uma camisa de seda branca, ele estava sentado num cochete de uma carruagem preta com letras em prata escrito "Stars and the Moon";num impulso, Leon me puxou para seu lado,ajeitei meus cabelos que estavam colados a nuca
- onde vocês estavam? - perguntei ainda ofegante - eu procurei vocês...
Antes que eu terminasse a frase, ele pôs o dedo perto dos meus lábios carinhosamente, como se pedisse silêncio
- você quer conversar agora e ser devorada por duas irmãs dragões?ou quer esperar um pouco?
Assenti com a cabeça e ele bateu o chicote sobre um dos cavalos, e logo eles aceleraram; eu iria brigar com ele por maltratar o cavalo, mas antes que eu dissesse mais alguma coisa,ouvi um batido de asas pelo vento,era as irmãs,de repente, senti outro puxão em meu braço, levando-me para dentro da carruagem
- Oi Lexi? - perguntou o garoto de olhos azuis e cabelos loiros que antes eram um pouco grandes e agora estava bem curto, com as laterais cortadas - pode por favor ficar quieta?
Atrás dele, uma garota morena de olhos verdes revirou os olhos
- Por favor! - repreendeu ela - calem a boca!
Logo ouvi o som do chicote acertar os cavalos novamente, Leon estava acelerando, e o som das asas ao vento era bem próximo
- se segurem.
Disse ele;rapidamente nos seguramos em uma barra de ferro na lateral,enquanto a carruagem inclinou-se para a direita; devíamos estar passando por uma esquina. Foi então que algo iluminou a avenida enquanto pessoas corriam apavoradas desviando-se da carruagem que corria agressivamente, meu coração disparado, não conseguia parar de imaginar aquele dragão enorme nos devorando, fechei meus olhos e pensei em minha avó, Tina, a escuridão do pensamento se tornava iluminado,depois, ouvi uma voz terna e materna
- Filha? - era Cristina, e agora? Pensei, ela já não está bem com minha cara, imagina agora? - Alexia?
-oi mãe?
Respondi em pensamento
- agora eu iria gritar com você, mas, a protetora do lago noturno te deu uma moeda?
- sim, mas não sei para que serve.
- dê a Norleon, o feiticeiro, ele saberá o que fazer.
Quando abri os olhos novamente, gritei
- Leon! - peguei a moeda no bolso da minha calça - pega!
Ele segurou e ao ver a moeda; deu um sorriso confiante para mim, depois, ele resmungou algumas palavras, que não consegui entender por causa dos ruídos e gritos das pessoas nas ruas, no mesmo instante,a moeda cresceu, e se tornou um escudo, ele era grande e prateado, com um brasão em formato de um corvo.Leon pôs o escudo frente á cabeça e resmungou novamente, desta vez, um arco de prata foi retirado do escudo, ele entregou a Rachel
-Será que você consegue acertar?
Ela assentiu com a cabeça, logo depois, uma espada apareceu de trás do escudo, Leon entregou a Glodrel e balançou a cabeça levemente
- Alexia. - disse ele ansioso - fique atrás de mim.
Assenti e então, os cavalos pararam de correr,senti meu coração disparar apenas em pensar no enorme dragão de duas cabeças; tentei hesitar, mas não tinha como voltar atrás, Rachel já tinha saído e atirava flechas flamejantes, e a cada flecha que voava, um riscos laranja cortava o ar e dificilmente acertava no alvo, muitas vezes, o monstro se desviava; Glodrel se aproximou de uma das cabeças, e lutava com sua espada prateada, enquanto a cabeça se esquivava,num golpe de sorte, ele conseguiu ferir uma das patas da criatura, que fugiu de dor; enquanto o sangue negro fluia do ferimento, eu olhava imobilizada, tentei mover minhas pernas, mas elas seguer se mexiam, a cena era um tanto, assustadora. Logo senti braços envolver meu corpo, como num abraço,olhei para o lado, e vi os olhos dourados de Leon ficado no dragão, ele tinha posto o escudo frente á meu rosto e deu um sorriso desajeitado
- temos que ir - susurrou ele - você corre perigo.
- mas... mas e Glodrel? - gaguejei- e Rachel? Como vão conseguir...
- eles vão conseguir. - disse ele rígido - e vão nos encontrar.
Não falei nada a mais, apenas fui levada á pressas para o mais longe que pude, quando estávamos próximo a outra esquina; uma sombra gigante cobriu nossas cabeças,e então, uma cabeça completa de escamas se chocou contra o asfalto,engoli em seco,os olhos do monstro ficaram profundos, para minha felicidade
- venha - falou Leon observando Glodrel segurando a espada coberta de sangue negro - por aqui.
Corremos em direção contrária e seguimos em frente,minhas pernas doíam muito, foram horas correndo, quando já estávamos numa certa distância, paramos em frente á um edifício pequeno
- vamos esperar-los aqui.
Disse Leon dizendo alguma coisa e o escudo diminuiu seu tamanho, voltando a proporção de uma moeda, sentei sobre a calçada, meus cabelos loiros estavam bagunçados, suor escorria pela minha testa, minha linhas corporais diminuíram e minhas roupas estavam sujas de sangue,terra,folhas... pensei em gotas de água caindo sobre meu corpo, a refrescante sensação de poder limpar as preocupações apenas com gotículas de água,meu coração palpitava rapidamente, minha garganta seca,como eu queria água, apenas um copo de água, pensei, foi então que uma voz conhecida soou bem distante
- Alexia! - gritou a voz grave - Leon!
Levantei minha cabeça e lá estavam, Rachel e Glodrel vindo, ambos tinham sangue negro grudados em suas roupas, os cabelos loiros de Glodrel agora, tinha voltado ao normal, esvoaçantes, Rachel segurava o arco numa das mãos, e o saco de flechas em outra
- onde vocês conseguiram esses trajes? - perguntei curiosa - quem ajudou vocês?
Glodrel e Rachel lançaram um olhar para Leon, que deu de ombros
- encontrei meus pais aqui. - disse ele - podemos ir até lá, e você aproveita para conhecê-los.
Balanço a cabeça
- mas antes - falei sorrindo - podemos ficar mais um pouco?
Eles assentiram, e então Glodrel e Rachel se juntaram á nós, ficamos olhando o nascer do sol despontando através dos prédios e edifícios azuis.
- Pai? - perguntou Leon frente á casa branca,o telhado vermelho que era destacado pela grama verde - mãe?
De repente um homem ,de estatura média e cabelos negros ondulados apareceu frente á nós, ele aparentava ter uns trinta e poucos anos, mas não duvidei que tivesse mais, fora a mesma situação com Leon
- Norleon? - disse ele e direcionou o olhar para mim, senti minhas bochechas ficarem vermelhas - é esta a garota que vocês procuravam?
Leon assentiu com a cabeça, um pouco tímido
- mas que bela garota - disse seu pai - mas está um pouco mal cuidada.
Logo outra pessoa apareceu por trás dele
- Jacques - disse a mulher - deixe a menina em paz.
Ele deu de ombros, a mulher tinha uma aparência jovial, os cabelos castanhos que caíam sobre o tecido marron de seu vestido, ela usava um batom vermelho que me lembrou o telhado da casa
- vamos entrem.
Quando adentramos a casa, fiquei surpresa ao ver as cabeças de animais empalhados presos a parede, mas não eram animais normais, alguns tinha cinco chifres em sua cabeça, outros parecia um cachorro mas com os olhos vermelhos, engoli em seco e manti o foque no rosto sorridente de Leon, tentando evitar o medo e ao mesmo tempo, fascínio, era incrível saber que alguém poderia ter matado tantas criaturas, às vezes eu ficava fitando um que tinha um dos olhos de um tom esverdeado néon,pêlos esbranquiçados se alastrava da cabeça a nuca, ele tinha um chifre perto de sua boca, de repente; senti alguém se aproximar, me virei rapidamente e então, vi o rosto da mulher observando os restos mortais
- este aqui foi o que mais lhe deu trabalho. - disse ela baixinho - ele mordeu o tornozelo e Jacques teve que amputa-la.
Foi então que percebi a prótese de metal em sua perna, por isso que ele mancava, antes que eu dissesse algo, a mulher pegou em meu braço
- vamos á cozinha, vocês devem estar com fome.
Nós deixamos os garotos conversando com Jacques, que contava os dias de caçada na savana de Moonlight, o Reino dos Lycans, ele disse que tinha encontrado um grupo de lycans que ajudou a encontrar alguns Dafipt, e que tal quase arrancara sua perna; me lembrei do que a esposa disse. Ela se apresentou a mim,levou-me até o banheiro quando disse que precisava de um banho, depois, ela comentou que procurava novas receitas, um pouco mais atual no mundo dos mortais, talvez para impressionar o marido, Rachel perguntou se não havia livros de receitas,mas a mulher negou.
Então,nós três juntas, preparamos panquecas de carne salgada da minha mãe, tive que convencê-la que não iria prestar com carne de Lorg,ela disse que se parecia com lagarto, e me segurei para não vomitar, depois de algumas horas preparando tudo, fiz uma salada com verduras normais; finalmente algo normal; lavamos nossas mãos e colocamos a mesa, era difícil lembrar a ordem exata dos talheres, mas enfim, conseguimos.
- O jantar está na mesa. - gritou Lessamine, esse era o nome dela - venham antes esfrie.
Os garotos sentaram-se frente á mesa,Jacques esfregou as mãos ansioso, não tive como segurar o sorriso quando ele piscou pra mim, Lessamine foi até a cozinha junto a Rachel e trouxeram o prato principal da noite, quando puseram sobre a mesa, ouvi os suspiros deles, continuei quieta, apenas observando, a mulher pegou uma das panquecas e levou até o prato, e entregou ao homem, que deu um selinho agradecendo. Com o garfo, ele levou o pedaço até a boca
- quem foi o anjo que fez essa dádiva? - perguntou ele - é um pedaço do paraíso.
Lessamine sorriu e respondeu
- Foi Alexia. - ela pegou outro prato - ela que me ensinou.
Jacques engoliu a segunda garfada
- você é solteira? - Ele piscou o olho novamente e sorriu - porquê bem que poderia casar com meu filho.
Gente, este capítulo foi maior pelo fato de o book ter em sua reta, a busca pela primeira relíquia está acabando,e o que vocês acham que irá acontecer a Lexi? Continuem ligados. Votem e comentem, para ajudar o Angel 😜😜😜😜
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