Minhas pernas trêmulas parecia quebrar a cada passo que eu dava, imaginei o cansaço em que Glodrel e Leon devem estar; como eu e Rachel nos recusamos a segurar as mochilas, os garotos ficaram com a carga pesada, de tempos em tempos, pausávamos para um descanso, mas o sol escaldante do crepúsculo não ajudava, suas luzes alaranjadas batiam em nossos olhos a ponto de cegar-nos. E aí foram-se as horas, andando por aquela trilha sem fim, às vezes, Rachel tentava fazer uma nuvem de chuva para nos refrescar,mas como sempre, as tentativas falharam, ela disse que não tinha poder suficiente, e que precisava ter a autorização de um líder, ou seja, o tal Jaziel, que tinha sido assassinado pelo que diz os fatos. Bem que eu poderia chama-lo de pai, mas não sinto emoção alguma quando me falam seu nome, é como dissessem o nome de qualquer pessoa.
Finalmente, a noite havia chegado, e o calor escaldante tinha sido trocado pelo frio, rajadas de vento gélido batia em nosso rosto

- falta quanto? - perguntou Rachel segurando os sapatos nas mãos - está longe?

- já estamos perto. - disse Leon observando o caminho - só falta alguns minutos.

Olhei para o lado, Glodrel segurava a bolsa na mão direita, e suas mechas douradas grudavam em sua testa, os olhos azulados brilhando em meio à escuridão, ao vê-lo, uma pequena lembrança me veio a mente, aqueles dias em que brincávamos frente a casa da minha avó, as noites em claro fazendo trabalhos escolares com interrupções obviamente. mesmo que tenhamos esclarecido tudo,confesso que ainda sinto fortes emoções por ele, como se chamas ardentes corressem pelas minhas veias,ele virou o rosto para mim e deu um sorriso desajeitado; eu não podia me auto-flagelar daquele jeito, é impossível dar-lhe um sorriso sincero que não seja mostrando afeto amoroso, é literalmente impossível, então, ao invés de retribuir, virei o rosto para a trilha em frente, focando-me no céu estrelado pouco acima de nós.

- agora é só entrarmos aqui. -instruiu Leon contente - então haverá uma ponte e é só atravessar.

Rachel deu de ombros e entrou na pequena entrada em meio as moitas e arbustos esverdeados,e Leon foi atrás dela, Quando eu tentei entrar; inevitavelmente o meu ombro se bateu ao de Glodrel,uma chama invisível correu do espaço e cobriu todo meu braço,senti minhas bochechas queimarem, então ele se afastou para o lado e disse

- damas primeiro.

Assenti com a cabeça e susurrei algo como um "obrigado", logo depois ele me seguiu, tivemos que nos abaixar um pouco pela falta de espaço, mas de acordo em que adentravamos, o corredor se expandia, até que então, chegamos ao lugar exato, de longe, deu para ver a pequena casinha feita com troncos de árvores, e por trás dela, pinheiros se alastravam, altos e num tom verde-escuro. A ponte era feita com tábuas de madeira unidas, formando uma pequena corrente, no início me senti confortável, era apenas atravessar a ponte, o problema era que, não tinha algo onde se apoiar,seguer uma corda. e abaixo dela, uma neblina tapava a visão do que talvez seria um abismo.

- Eu não vou passar aí. - falei prontamente - irei cair com certeza.

- não vai não. - exclamou Leon - é a coisa mais fácil do universo passar por essa ponte, só precisa ter concentração e o mais importante, equilíbrio.

- sim, mas é exatamente isso. - retruquei nervosa - não tenho equilíbrio.

Leon pôs as duas mãos em meu ombro, e me olhou no fundo dos olhos, talvez queresse ver minha alma, no entanto, seus olhos dourados resplandeceram e chamas flamejantes saltaram de seus olhos

- você, Alexia Constantine - disse ele ríspido como se pudesse me forçar - irá atravessar essa ponte.

- sim - repeti como se estivesse num transe - eu irei atravessar a ponte.

Na verdade, eu queria fugir dali e voltar, tenho pânico de altura, sinto medo, pavor, mas como ele, o feiticeiro Leon me hipnotizou, fui literalmente obrigada a atravessar, eu olhava para baixo e meu coração disparava, o frio na barriga, meus lábios trêmulos, já minhas pernas, se mantinha firmes e fortes, dando passos rígidos. olhei para o céu na esperança de aliviar a situação.
Depois de alguns lentos minutos, percebi que, Leon e Rachel, que tinha ido em minha frente, já estavam do outro lado,os olhos de Leon se destacavam sobre a luz fraca vinda da casa, mas então,seus olhos começaram a diminuir o brilho, a luz enfeitiçada foi enfraquecendo até se apagar; e minhas pernas fraquejavam igualmente. Subitamente, o desespero tomou conta de todo meu corpo, e eu já não conseguia manter o equilíbrio, olhei para baixo para me certificar que o abismo não era fundo, mas a neblina não permitia tal desejo,então,para meu horror, uma rajada de vento abateu-se sobre mim,balançando a ponte fortemente. Tentei me apoiar em algo, mas não havia nada, sim, ali era meu fim, num tropeço,despenquei para a morte certa,fechei os olhos para evitar a horrível visão,e a imagem de Glodrel tomou meu pensamento, seus cabelos loiros esvoaçando ao vento, os olhos cor-de-mar brilhantes como dois diamantes, era a única coisa que me diminuiu o meu desespero, pensar nele me dava forças para encarar a morte, foi quando senti uma mão agarrar ao redor do meu pulso,logo após, uma voz se seguiu

- Lexi! - gritou a voz terna e suave - não me solte!

Abri os olhos e vi que Glodrel me segurava, seus olhos azuis me despertavam um força escondida, então, num impulso;fui puxada para cima, lentamente, para piorar a situação.
Quando finalmente estava sentada sobre os feixes de madeira, vi que Leon e Rachel tinha voltado para ajudar Glodrel,ambos respiramos fundos, aliviados

- então? - perguntou Leon ofegante - podemos continuar com o trajeto?

Terminamos de atravessar, desta vez com mais cuidado, os garotos me deram suas mãos como apoio. Ao chegamos em frente á moradia, era de se admirar o tamanho da pequena que era sustentada por um rochedo enorme. Algumas aves voavam por cima de tal,Leon sorriu ao sentir o cheiro de biscoitos recém-assados flutuar junto ao vento, ele lambeu os beiços e bateu a porta, ninguém respondeu, ele bateu novamente e então, uma garota formidável a-abriu, tal garota tinha cabelos curtos em tons roxos, combinando com seu traje de mesma cor, apenas mais escuro e sobre o cabelo, tinha um chapéu típico de uma bruxa, ela olhou para Leon, da cabeça aos pés, e logo após, fechou a porta fortemente

- Sharice! - gritou ele - Sharice abre essa porta agora!

Depois de alguns minutos, a porta se abriu novamente e a menina apareceu

- o que você quer Norleon? - perguntou ela com uma expressão nada convidativa - veio me atormentar novamente?

- infelizmente não. se fosse por mim, seguer estaria aqui, mas é por eles.

Ele apontou com o polegar para nós que estávamos atrás dele , ela levantou o olhar,parecia frustrada,Rachel manteve sua rigorosa seriedade e Glodrel coçou a nuca

- quem são eles? - perguntou ela como uma interrogação judiciária- o que querem?

- são os filhos da Lua,estão a procura das relíquias.

- entrem por favor.

Sharice abriu um sorriso inesperado, e entramos na moradia, era pequena e organizada, logo na entrada, tinha uma poltrona e dois mini-sofás, adiante, havia uma pequena mesa de madeira simples,e o chão era coberto por cutículas brilhantes,com sua permissão, nos sentamos num dos sofás e ela afundou na poltrona

- antes de tudo - começou ela - preciso que mostrem suas marcas.

Antes que eu e Glodrel mostrassemos as marcas translúcidas, Leon exclamou

- é sobre isso mesmo que queria falar. -balbuciou ele - Malrak, o seu tio, deu-lhes a maldição da escuridão sorrateiramente.

- então prevejo que queiram um antídoto. - ela cruzou as pernas - não é?

Balancamos nossas cabeças em confirmação, ela se levantou e caminhou até uma prateleira de livros, pegou um deles e pousou sobre a mesa

- eu só lhes dou o antídoto com uma condição - falou ela folheando as páginas - deverão buscar a primeira relíquia da noite, a lua de prata.

- o que é uma lua de prata?

Perguntou Glodrel confuso

- é um precioso colar que pertenceu a Merlinda Jackson,mulher de uma família que fugiu da União soviética na época da guerra fria, ela era uma mulher coragosa e por isso; pôs um feitiço poderoso nele, para que todas as coisas más que ameaçasse sua família, ambos fossem destronados.

Depois de ouvirmos Sharice, Leon perguntou

- e como nós podemos achar esse colar? - perguntou ele - seguer sabemos onde está.

- não se preucupem agora. - falou ela sorrindo - vocês tem mais três semanas antes que a marca desapareça.

- então o que quer que nós façamos?

Perguntou Rachel roendo as unhas e lançou uma expressão tediosa

- se faltar algum ingrediente para a poção, como uma escama de Trevis...

Antes que eu perguntasse o que era uma Trevis,hesitei em falar mas Leon e Sharice disseram em uníssono

- Nem queira saber!

Já estamos em 17? Como o tempo passa rápido não? Fiquem ligados aí, e não esqueçam os votos e comentários.para ajudar o Angel 😜😜😜😜