Capítųlo 14 - Indesejáveis

  - Quem? - perguntou Rachel fazendo alguns gestos com as mãos para sairmos - Não conheço.

- podemos entrar? - perguntou o guarda quase adentrando com seus dois companheiros, mas Rachel o impediu - se você fazer isso novamente, seremos obrigados a levá-la presa.

Me levantei rapidamente e fui na cozinha, peguei uma mochila indo o mais rápido que pude, Glodrel abriu a porta dos fundos onde tinha escadas que davam para o estacionamento, Norleon pegou umas garrafas de água e enfiou na bolsa térmica, depois jogou alguns refrigerantes e comidas congeladas, sua rapidez era impressionante, eu coloquei algumas frutas e salgadinhos, o desespero era tanto que nem nos preucupamos em ajeitar, tentei fechar o zíper, mas não consegui, Leon segurava a bolsa nas costas, se aproximou

- deixe que eu levo - susurrou - vai em frente que acompanho vocês.

Excitei em deixar os dois, era desesperador, mas antes que eu desse conta, já estava descendo os degraus espaçosos, minhas pernas trêmulas doíam, de longe, consegui ouvir o estrondo da porta sendo arrombada,apressei o passo, o suor frio na testa deixava minha visão embasada, logo vi a luz estonteante no final, era resplandecente, quando finalmente cheguei no estacionamento, já avistava o carro cor néon de Rachel,mas então senti uma mão em meu ombro, me virei rapidamente para dar um ataque de golpes e gritos, quando vi os olhos esverdeados da garota morena, sorrimos aliviadas, percorremos o espaço, pisando no cimento seco, nunca tinha me sentindo tão bem em ver aquele rosto, por um momento, senti uma pequena adrenalina percorrer minhas veias

- onde está Norleon? - perguntou Glodrel confuso - ele não vem?

- temos que busca-lo. - falei decidida - ele não pode ir preso.

Naquelas horas em que passei com o bruxo, acabei deixando rios de afeto correrem em mim,confesso que ele me parecia sorridente demais, tinha humor em excesso, mas quando fui ao quarto pegar meu pijama, senti algo diferente em relação á ele, ele não era sempre alegre, tinha alguns momentos em que ficava sério, aquela face sorridente é apenas uma máscara, tenho certeza absoluta, pois aquele bruxo envergonhado e sério é o verdadeiro Leon.

- Está bem - Falou ele - mas como pegaremos ele?

- espera! - exclamou Rachel - eu vou ligar pra ele!

Ela bateu os dedos no Orion, após alguns minutos, ele atendeu

- Rachel? Onde vocês estão?

- Leon, nós estamos no estacionamento, você está em qual parte do apartamento?

- Na sala, mas não interessa - Falou ele sério - vocês devem ir rapidamente.

- não iremos sem você. - retruco decidida - já sei, tem como você ir para a janela da sala?

-entendi - sorriu ele - pena que meu poder está acabando.

Pedi a Glodrel que dirigisse para a janela, ele não insistiu, sabia que meus planos não falham, então num solavanco, Glodrel fez a curva, e o automóvel lançou as ondas invisíveis no chão, impulsionando-o para cima, mas o problema foi, Glodrel não sabe dirigir esse carro, em outro impulso o carro balançou para a frente, depois inclinou para o lado, Rachel pegou mais um pouco de seu pó e colocou na nuca de glodrel, que começou a dirigir perfeitamente

-o que você fez? - perguntei surpresa - é feitiço?

- feitiço é -sorriu ela - mas do bem.

Ele dobrou um dos lados do edifício, com uma manobra perfeita, parou em frente á uma das vidraças, me levantei do banco para ver melhor,aquela cena era surpreendente, os três homens que usavam vestimentas escuras seguravam lâminas luminosas que refletiam a luz do sol, e á alguns centímetros, Leon liberava uma luz estonteante da sua mão, algo que fazia um campo de proteção impedindo que os guardas se aproximassem, sua expressão era exausta, então o automóvel deu outro solavanco, e quase caí para fora, me aconcheguei novamente no banco, Glodrel tinha as mãos firmes no volante, por um instante, ouvi a voz de Leon, Rachel tinha ligado para ele, a garota me entregou o Orion

- Leon, você está bem?

Perguntei quase gritando

- estou! - respondeu ele num tom de voz baixo - mas não por muito tempo, como a maldição foi quebrada recentemente, não tenho tanto poder ainda.

- olha, já estamos aqui.

Nesse momento ele desligou, entreguei o Orion para ela, senti meu corpo formigando, aquela adrenalina estava me matando, olhei para Glodrel, e vi que ele tinha a expressão extremamente calma, e quão inveja eu tenho dele, pois em qualquer coisa, fico ansiosa.

- avancem mais! - gritou um dos guardas - se conseguimos se aproximar vai ser mais fácil!

Leon soltou um grunhido se esforçando para que o campo continuasse ali, de sua mão, raios se alastravam formando a camada de luz, o suor descia pelo rosto, e cada vez mais, os três homens que seguravam as lâminas empurravam, se eles ultrapassassem, com certeza iria imobila-lo por milhões de anos á mais, sendo obrigado a viver á serviços de Malrak, antes que percebesse, os raios foram diminuindo, e agora estavam translúcidos, era tarde demais

- chegou sua hora bruxinho!

Gritou um dos homens, ele segurou a lâmina pronto para ataque, Leon deu um sorriso torto

-sinto muito - disse ele sarcástico - mas não poderei acompanha-los, grandes senhores.

Ele percorreu o pequeno espaço do cômodo, e com um golpe de sorte, estraçalhou o vidro e se lançou edifício abaixo, os guardas ficaram boquiabertos, surpresos com o que ele acabara de fazer, após alguns minutos mobilizados, um veículo apareceu na janela

- Olá Caros Senhores? - gritou Leon - foi um prazer conhecer vocês, e como sou educado, peço que mandem isso para Malrak!

Ele levantou o dedo do meio, e os guardas grunhiram enraivados pela missão fracassada.

- estou morta! - gritei levando a mão até a testa dando gargalhadas - eles devem dizer "Malrak irá me matar, o que poderei fazer?"

Leon riu junto a Rachel, ambos estavam sentados no banco de trás do carro conversível, enquanto Glodrel dirigia ao meu lado

-deve ser assim mesmo que eles devem estar! - sorriu Leon novamente - foi engraçado a cara que eles ficaram.

- a única coisa ruim disso tudo, foi que eu tive prejuízo -bufou Rachel - ter que consertar duas vezes a mesma janela.

Glodrel sorriu de lado,havia passado a maior parte do tempo em silêncio, apenas observava,sem nenhuma intenção, me virei para Glodrel, e minhas bochechas queimaram quando percebi, ele estava olhando pra mim, sem jeito,deu um sorriso e voltou a atenção na caminho, estávamos passando pelos edifícios altos e iluminados, as luzes néon cintilantes e coloridas alegravam a metrópole,logo Glodrel pousou o automóvel flutuante

- O combustível acabou - disse ele sem expressão alguma no rosto - Alguém tem dinheiro?

Num passe de mágica, Rachel estalou os dedos, e um recipiente com conteúdo azulado apareceu em sua mão

- aí está.

Fiquei impressionada com o efeito que o feitiço teve, Glodrel parecia que já tinha dirigido aquele automóvel flutuante, enquanto ele terminava de colocar o combustível no fundo do carro, me virei para trás

- Leon, onde podemos encontrar a Sharice gleendow?

Ele pediu que Rachel fizesse um mapa de Rettory, e em alguns segundos ela pôs a enorme folha em sua mão

- estamos em Issogne, que é no sul, e Cintilant é do nosso lado, então se passarmos pela floresta Nebulosa, chegaremos a casa de Sharice mais rápido.

Glodrel voltou com o recipiente na mão e entregou a Rachel

-obrigado, e para onde vamos? - perguntou ele - estou ansioso.

- Vamos atrás de Sharice Gleendow- falou Rachel baixinho - talvez ela tenha a cura para a maldição da Escuridão.

- Primeiro você só precisa ir ao norte - sibilou Leon observando cada detalhe do mapa - depois nós vemos o resto.

Glodrel deu de ombros e voltou a dirigir, no meio do caminho, a turbina que dá a capacidade do automóvel flutuar quebrou, então decidimos continuar em terra firme, foram algumas horas entediante, o cheiro de Petróleo subia no ar, trazendo um pequeno enjoo, felizmente ninguém vomitou, Na metade do caminho acabei adormecendo,estava exausta, se antes eu pensasse em fugir de guardas, seria a coisa mais fácil, mas depois que passei, percebo que é só ilusão,na realidade, a facilidade é uma ilusão, apenas serve para que não pensemos no que poderia acontecer, quais são as precauções devidas, e essa facilidade é o mesmo da paciência, se não temos paciência suficiente para esperar, teremos paciência para vencer?
Num impulso, acordei com os ruídos de criaturas parecidas com vagalumes, mas eles mudavam de cor constantemente, entreabri os olhos, estávamos em meio à uma floresta, Glodrel tinha os olhos fechados, seu rosto grudado no estofado branco, suas mechas loiras caíam sobre os olhos, sim, ele ainda não tinha cortado o cabelo, mas continuava com a mesma beleza de sempre, terna e suave, seus lábios avermelhados deixava sua pele esbranquiçada em destaque, cada respiração me fazia vibrar, um fogo exuberante correu por minhas veias, uma enorme vontade de toca-lo ocorreu por minha mente e corpo, mas tinha medo do que poderia acontecer, certamente poderíamos simplesmente continuar calados, ou teríamos mais uma discussão, "que se dane", levantei minha mão levemente, com um grande cuidado, levei-a até seu rosto belo, deslizei a mão pela sua pele macia e aconchegante, pensei nossa infância, aqueles dias em que ia visitar minha avó, e como ele morava no orfanato da vizinhança, aproveitava a ocasião para brincar com ele, mais ou menos ao quatorze anos, ele mesmo retirava flores no jardim do orfanato e me dava de presente, e dizia como gostava de mim, às vezes ficava de castigo, e eu sentia triste por ele não poder me visitar, mas quando se passava alguns dias, ele me aparecia com uma surpresa maior que a anterior, como o nosso primeiro beijo, ainda me lembro quando resolvemos andar de bike e eu acabei caindo, feri o tornozelo, ele me ajudou a levantar e me levou até um banco de madeira escura e se sentou ao meu lado, perguntou como estava minha perna e eu respondi que doía um pouco, nossos rostos se aproximaram e demos um leve e singelo beijo, bons tempos aqueles, mas é o que dizem, não vivemos de passado, e sim, de presente e futuro. Num movimento rápido,afastei a mão ao ver que ele entreabriu os olhos,fiquei parada apenas olhando sem saber o que fazer, se me virava e fingia estar dormindo, se pedia desculpas, e nenhum fato seria uma desculpa convincente, ele esfregou os olhos e perguntou

-Alexia, porque está acordada? - ele pôs a mão frente a boca e bocejou - Está sem sono?

- só... só estou com um pouco de fome - gaguegei, e ele franziu o rosto - Faz horas que me alimentei.

Ele se curvou para baixo e retirou a mochila, abriu o zíper e retirou um pacote de biscoitos recheados

- até agora é o que temos. - argumentou ele como se eu tivesse discutindo algo - talvez essa Sharice tenha sanduíches.

Dei risada enquanto abria o pacote dourado, ofereci, mas ele recusou, disse não sentir fome, então dei de ombros e mordi a lateral dum biscoito

- a coisa que eu mais amo é chocolate - falei depois de mastigar e engolir - é a melhor coisa do mundo.

- é mesmo? - perguntou ele se rendendo e pegando um biscoito - acho que não.

- e qual é a sua hipótese professor super genial?

- há coisas que não se devem falar em frente á referência.

- agora você me deixou curiosa! - exclamei rindo - vai me diz.

Ele pareceu estar nervoso, pois passou alguns minutos em silêncio enquanto eu olhava atenta

- você... Você pode amar sanduíches.

Gaguejou ele, percebi a dificuldade tida para escapar da própria armadilha, minha hipótese seria outra, agitei os braços no ar

- Sanduíches? - perguntei perplexa - chocolate ganha de sanduíches!

Mordi outro biscoito,mas dessa vez foi com um pouco de dificuldade, e acabei melando o canto da boca

- sua boca está melada.

Ele sorriu e segurou em meu queixo, levantei o olhar, seu perfume exalava no ar, com o polegar, ele limpou, seu dê dos deslizou pela pele, me trazendo arrepios constantes, tremi, e ele mandou um sorriso torto, nossos olhos se encontraram, seus olhos azuis brilhavam em meio à escuridão, e nossos rostos se aproximaram, respirei tentando conter o desejo de puxa-lo e beija-lo, quando um estrondo bateu no carro, e depois um rangido horrível, algo como uma criatura gritando, nos afastamos rapidamente um do outro

-o que foi isso?

perguntei em susurro, outro solavanco e o automóvel balançou, sorte que o Glodrel tinha levantado a capota antes de dormimos, olhamos atentos para as moitas e árvores ao redor, o som de galhos sendo quebrado me aterrorizava ainda mais, me virei rapidamente para trás e sacudi os dorminhocos, eles abriram os olhos

-o que foi Lexi? - exclamou Rachel - Está ficando louca?

- O que aconteceu? - perguntou Leon cerrando os olhos - parece que viu um monstro.

-algo está balançando o carro.

Falei sem nenhuma pausa seguer, meu corpo suava frio, outro barulho me assustou novamente, e me virei rapidamente, observamos a floresta, de repente algo rodeou o carro, tinha poucos pêlos negros e ondulações na cabeça, escamas negras se alastravam pelo corpo, ficamos paralisados olhando para a criatura que aparentava ter quatro patas,mas após um rugido, ela se levantou esquichando o pescoço como uma cobra procurando sua caça, tinha os olhos sinistros completamente roxos e a pupila verdejante,arregalei os olhos quando ela deu uma espécie de uivo, e lentamente, chamas estonteantes em roxo e verde começaram a refletir entre as moitas e arbustos. com a voz trêmula susurrei prestes a gritar

- O que é isso?

Se estão gostando, votem e comentem, beijos.

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