Capítulo único
Olha eu aqui denovo!
One autoral escrita para a semana de Au do projeto dezdrarry
Bom essa é uma fic que trata de Assexualidade, eu em meus muitos anos de leitora percebi muita cobrança de hots em Fanfics, vi as pessoas focando mais no Sexo do que na história em si. E me surgiu a ideia de escrever sobre um personagem Assexual para passar a mensagem de que o amor vale mais que o sexo.
Enfim
Espero que gostem!!!
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Mais uma vez as coisas estavam desandando na minha vida, e isso não chegava a ser qualquer novidade já que acontecia com uma alta frequência. Tudo era simplesmente mais fácil quando eu precisava apenas me preocupar com a nota ruim que tirei na prova de química e também em curtir o tempo com meu “namoradinho” de colégio que todos diziam que não me amava, o que agora sabem ser mentira.
Eu, Draco Lucius Malfoy sou, ou era já que fui deserdado, filho do renomado empresário do ramo automobilístico Lucius Malfoy, com uma moça francesa qualquer de grande beleza.
E pra mim carregar um sobrenome de peso era e ainda é extremamente incômodo, afinal eu queria apenas curtir minha juventude. Atualmente ao invés de ser o garoto loiro obediente e comportado que viria a ser um grande empresário e cuidaria das empresas da família, eu simplesmente virei o maior pesadelo de Lucius. E claro que tudo isso começou quando tive o prazer de conhecer Harry Potter.
Harry é um garoto de família "humilde"... Na realidade isso depende do ponto de vista. Os Potter, assim como os Malfoy, são ricos e muito apreciados pela comunidade, mas o moreno preferiu ser educado da forma mais humilde o possível. Ele é filho do grande jogador de futebol James Potter com a bela perfumista Lily Evans.
O mesmo desde de muito novo sabia que a família dispunha de uma grande quantia de dinheiro e que seus pais são pessoas muito famosas, mas incrivelmente nunca ligou para as regalias que tinha e por isso com 5 anos, tendo feito um acordo com seus pais, foi morar com os padrinhos e por vontade própria adotou o sobrenome deles.
E por isso ele era, e ainda é, mais conhecido como Harry Black. Mas eu gosto de ignorar esse fato e o chamar de Potter, e pelo menos no meu caso ele parece não se importar.
Essa decisão dele fez com que vários rumores sobre a morte ou sequestro do filho dos Potter surgirem, e consequentemente isso fez com que ninguém desconfiasse do porquê o famoso modelo Sirius Black e seu marido, o professor de História da escola local Remus Lupin, terem de repente adotado um garoto, e ainda mais um que fosse bem parecido com os Potter.
E todo romance que hoje temos começou quando nos esbarramos nos corredores durante o 8º ano, foi amor à primeira vista… Bom, pelo menos pra mim. E nenhum de nós teve a capacidade de negar isso, era bem evidente pelos olhares que trocávamos eventualmente. No ano seguinte assumimos um relacionamento, bom isso após sermos expostos por uma das meninas mais fofoqueiras da escola, Lavander Brown era insuportável devo ressaltar, que havia flagrado um beijo tímido entre nós e tirado uma foto.
Claro que no começo todos diziam que era um relacionamento por interesse, já que o que mais o filho do professor de História iria querer com um garoto como eu? Mas eu já sabia que Harry era um Potter, ele havia confessado depois de nosso primeiro beijo. Então eu apenas dava as costas para todos que falavam, e continuei levando aquilo tudo adiante. Porque eu tinha consciência de que o que sinto é real e tenho todas as provas de que Harry sente o mesmo.
Namoramos por todo o Ensino Médio, sendo por diversas vezes eleitos o casal mais bonito da escola, e nada disso se resumia à beleza exótica que carregamos, mas sim a intensidade do sentimento presente entre nós: diziam que é bonito e até invejável de se ver.
E nosso relacionamento por incrível que pareça ainda não era de conhecimento de nossas famílias, mas a escola inteira sabia. A família de Harry foi a primeira a saber, e não teve surpresa nenhuma para eles, afinal são tranquilos com tudo e a felicidade e o sentimento era o que importavam.
Já eu fui praticamente expulso da família.
Lucius é totalmente contra ao relacionamento e ao fato de seu único filho e herdeiro ser uma “aberração”. Ele vivia e ainda continua dizendo que a homossexualidade estragava a imagem de família perfeita e pura que ele queria passar, e também que aquela “palhaçada” deveria acabar rapidamente. Afinal, não importava o status familiar do garoto; a questão era ser um garoto.
Naquele momento em questão tudo desmoronava para mim. Me revoltei contra o que eu chamava erroneamente de família e quase encontrei-me com a morte em um período de duas horas.
E naquele dia mais do que tudo meu relacionamento foi posto à prova, afinal, no momento em que os padrinhos de Harry tentaram intervir na tentativa de Lucius de me assassinar eu soube que eles se importavam e que eu não deveria me importar com Lucius. Naquele dia houve a maior briga da cidade com direito à equipe de reportagem e tudo.
Mas mesmo depois de anos o que eu e Harry temos nunca se extinguiu, apenas se fortaleceu. Mas nessa semana em específico está mais difícil, e parte daquilo vinha de mim.
Eu batia os dedos de forma vacilante no tampo de vidro da mesa, que ficava posicionada no meio do cômodo de paredes claras e pintadas com belas flores desenhadas pelo moreno, que usava um avental azul florido e vinha cantarolando uma música qualquer enquanto carregava uma travessa de lasanha que exalava um cheiro delicioso.
Assim que Harry pousou a travessa na mesa levantei meus olhos para encarar ele, que desfazia o laço do avental em um movimento lento.
Em minha cabeça se passava um turbilhão de pensamentos que atrapalhavam meu longo esforço para recrutar um pouco de calma dentro de mim. Quando Harry se virou em minha direção tinha uma careta descontente em seu rosto, e o barulho que eu fazia ao bater meus dedos na mesa deveria ser uma das causas.
— Draco, quer parar por favor de bater seus dedos na mesa?
Demorei algum tempo até processar o dito do moreno, e parei com um grande esforço de tamborilar os dedos, em busca de uma forma mais silenciosa de aliviar todo o estresse e nervosismo que estava alojado em meu ser. Harry suspirou e se sentou na cadeira em frente a minha e me encarou diretamente nos olhos, me fazendo ficar meio desnorteado com a imensidão verde que eram aquelas duas íris.
— Que foi? Da última vez que te vi assim foi quando me pediu pra vir morar com você.
Respirei fundo, tentando colocar meus pensamentos em ordem e também tirar todos os pensamentos estúpidos sobre as milhares de péssimas reações que Harry poderia ter. Suspirei pelo que me parecia a 15º vez em alguns poucos segundos, e desviei os olhos do moreno, eu tinha de manter a linha de raciocínio intacta.
— Quero discutir algo com você, algo meio... Não sei exatamente classificar em palavras.
Harry me olhou curioso mas não se pronunciou, tomei aquilo como um incentivo para prosseguir, o único ponto é que não sei se eu conseguiria continuar falando, estralei meus dedos em sinal de nervosismo e continuei em voz baixa.
— É sobre minha sexualidade.
Harry novamente não disse nada, mas pude perceber seu desconforto com o assunto. Era algo que nunca discutimos pois não achávamos realmente necessário, afinal, não precisávamos de rótulos em nosso relacionamento: sempre colocamos o amor acima das sensações e das rotulações por todos esses anos novamente demorei um bom tempo para voltar a falar, soltando baixos suspiros de 3 em 3 segundos.
— Eu sou assexual… Ou acho que sou...
Minha voz saiu tão baixa eu que não sabia se ele realmente havia me escutado, mas se escutou não parecia ter raciocinado direito.
O moreno apenas acolheu minhas mãos entre as dele e me obrigou a olhar para seu rosto.
— Qual exatamente o problema nisso, Draco?
Olhei o mesmo chocado com sua tranquilidade, ele não parecia decepcionado ou até bravo o que me fez por um momento ficar confuso.
O moreno continuou me olhando na espera de uma explicação e de repente me vi perdido e sem argumentos, e mais uma vez tive que obrigar meu cérebro a funcionar e se reorganizar.
— Hazz, preciso te explicar o que é ser alguém assexual?
Minha voz saiu um tanto histérica e o moreno arqueou uma das sobrancelhas, quase me desafiando a entrar em desespero na tentativa de provar meu ponto. Mais uma vez a calma dele me surpreendia em grandes níveis.
— Eu sei o que é ser assexual Dray, eu só quero saber qual o grande mal nisso? Acontece com muito mais pessoas do que imaginamos e eu sinceramente não vejo problema, então não entendo esse seu medo e insegurança
E novamente estava ali a calma que eu invejava, queria eu estar no lugar dele, sem ter todas as minhas paranoias ecoando com vozes debochadas e muito semelhantes a de meu pai. Sem ter rodando em minha mente o desespero quase me fazendo surtar, recrutei toda a coragem que ainda me restava e tentei ser no mínimo convincente, mas se eu não conseguia acreditar na minha desculpa quem dirá o moreno que é triplamente mais esperto que eu.
— Hazz, ser assexual significa não sentir desejo sexual e...
Harry me interrompeu de forma violenta antes que eu sequer terminasse meu raciocínio. O moreno me analisou com os olhos de forma que me deixou surpreso, principalmente pela brutalidade dos atos dele.
— Olha aqui Draco eu vou dizer apenas uma vez: sexo não é tudo! Um ser não precisa de sexo pra viver, bom tirando o fato de que a continuação da espécie vem através dele, claro mas isso não nos afeta aqui, mas nenhum relacionamento é 100% baseado no ato sexual, existem aqueles que nem tem essa parte. O que importa e sempre vai importar é o sentimento, o amor que temos pelo outro, o desejo carnal é apenas um tempero a mais, só que não é necessário, não é o fato de você ter ser Assexual que vai me fazer desistir de tudo que lutamos pra construir.
As palavras vieram com certa violência e me fizeram ficar embasbacado com toda a intensidade que tinha nelas. Mesmo assim, o moreno continuou agindo da mesma maneira terna e compreensiva, apesar de seus olhos demonstrarem a raiva que ele sentia. Passei uns minutos tentando raciocinar algo coerente e quando finalmente consegui as palavras saíram receosas.
— Mas… Você ainda sente desejo… E isso torna a situação um pouco mais complicada…
Harry suspirou tão alto que por um momento eu achei que ele pegaria aquela travessa de lasanha e jogaria em minha cabeça, mas ele apenas ergueu as mãos e as balançou de forma enérgica em minha cara.
— Eu tenho duas mãos lembra? Posso me satisfazer com elas sem nenhum problema, não é o fim do mundo. Já não somos adolescentes com hormônios aflorados que ficam excitados com tudo, podemos viver sem sexo, isso não é desesperador, sabe? Se eu sentir desejo, o que claramente vai acontecer em algum momento pois ninguém é de ferro, eu posso dar conta disso. Claro que nunca será a mesma coisa, mas não vou morrer por não poder ter um momento mais apimentado com você.
Se aquilo era para me deixar mais tranquilo, infelizmente não me deixou. Me senti ainda mais inútil com aquilo, claro que isso rondava meus pensamentos a algum tempo, a possibilidade de ser… “Aquilo”, por falta de um termo melhor.
Eu já não sentia o mesmo desejo ardente em estar com Harry, sempre que tentávamos algo eu me sentia desconfortável e afastava o moreno, eu sentia a frustração dele e… “Aquilo” me fazia sentir culpa.
O moreno suspirou mais uma vez ao perceber que eu não iria dizer nada, pois estava muito confuso em meus pensamentos.Ele se levantou na intenção de me deixar pensar sozinho, mas eu iria começar a chorar como um bobo se ele saísse. Peguei o mesmo pelo braço, ainda de cabeça baixa, e senti seu olhar confuso por alguns instantes.
— Não quero ficar sozinho…
Harry suspirou e me ajudou a levantar, ele me guiou até o sofá e me fez deitar com a cabeça apoiada em seu colo. O moreno começou a acariciar meus cabelos levemente, me fazendo suspirar ocasionalmente. Ficamos daquela maneira por muito tempo.
Harry não questionou nada mesmo eu sabendo que ele deveria estar morrendo de curiosidade. Ele apenas se limitou a cantarolar baixinho em meu ouvido, até que a curiosidade realmente falou mais alto.
— Então… Como descobriu isso? Achei que fosse realmente gay.
A pergunta me pegou desprevenido.
Eu não tinha a capacidade de dizer como havia chegado aquela conclusão. Eu apenas achava que tinha algum problema comigo quando as coisas se tornavam mais intensas e carregadas de desejo e luxúria e eu não conseguia retribuir Harry na mesma medida, já que era algo inaceitável não sentir mais desejo pelo meu namorado pelo menos pra mim.
Essa pergunta era tipo aquela questão da prova onde você sabe a resposta mas não consegue formular ela e nem alguma explicação. Claro que aquela minha conclusão era baseada em muita pesquisa sobre casos parecidos e conselhos de meus amigos. Dei de ombros, me limitando apenas a isso, eu não tinha uma resposta para aquilo. Harry pareceu perceber e sorriu de forma compreensiva, ele entendia isso tanto quanto eu, mesmo não passando o mesmo tipo de situação.
O moreno continuou acariciando meus cabelos me fazendo ficar cada vez mais sonolento. Ele cantava baixinho na tentativa de me acalmar, e, por incrível que pareça, funcionou e logo adormeci, fazendo minha cabeça se acalmar e todos aqueles pensamentos profundos e idiotas escorrerem como água em um ralo.
Na manhã seguinte, quando despertei, ainda estávamos da mesma maneira: abraçados e parcialmente sentados de forma torta no sofá. Harry dormia totalmente torto, mas ainda mantinha seus braços de forma protetora ao meu redor. Eu estava com uma leve dor na cabeça e nas costas, mas não ousei me mexer com a possibilidade de fazer o moreno despertar de seu sono. Passei alguns momentos apreciando a expressão tranquila no rosto de Harry, me deixando sorrir bobamente.
Após algum tempo comecei a encarar o teto e repassar toda nossa conversa da noite anterior.
Harry havia sido muito...Eu não tinha as palavras corretas para descrever ao certo como ele havia agido em relação a tudo aquilo. Ele parecia não ter dúvidas acerca de seus sentimentos sobre mim, nem questionava o fato do ato sexual que nunca mais estaria presente ali entre nós. Na verdade, ele não parecia se importar com o fato de eu não ter mais desejo sexual sobre ele, me parecia até tranquilo demais…
Eu devia ter divagado por um longo tempo, porque ao finalmente me dar o trabalho de olhar o relógio na parede da sala eu quase engasguei. Era 13:00, eu estava atrasado pra caramba e Harry também. Resolvi tentar acordar o moreno, mas tive uma bela surpresa quando encontrei aquelas profundas íris verdes me encarando com atenção.
Senti meu rosto esquentar de vergonha, algo que não era tipicamente meu. Harry apenas sorriu, um sorriso alegre e carregado de leveza que me fez ficar confuso outra vez. Sua reação pra mim ainda era um tanto estranha.
— Bom dia, Dray.
Sua voz estava meio rouca e sua expressão era cansada, mas ainda conservava uma certa admiração.
Admiração essa direcionada a mim.
— Bom dia.
Minha voz saiu mais incerta do que eu gostaria e acho que, pela careta que brotou em seu rosto, Harry havia percebido minha incerteza. E talvez seja por isso que quando seus lábios capturaram os meus em um beijo cheio de carinho e compaixão, eu senti uma certa segurança, percebendo que se Harry não se importava, eu não deveria me importar.
Era como tia Lily sempre me disse: o amor vem primeiro e nada vai tirar a prioridade desse belo sentimento. Ele que importa acima de tudo e naquele momento Harry me provou aquilo.
Afinal, o amor sempre virá primeiro.
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E aqui estou eu com mais uma fic da semana de Au.
Quero agradecer novamente a psychocover por essa capa lindíssima
E também agradecer ao soursugaa por betar essa One
A próxima fic é o quarto Capítulo de After Winter da tommosassy! Vão ler gente!
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