[💍] - only fools fall
PARK JIMIN
Ao acordar, eu sempre demorava alguns segundos para me situar do que acontecia ao meu redor. A luz do sol não estava invadindo o quarto, provavelmente Jungkook fechou as persianas antes de ir dormir.
Jungkook, eu lembro de ter adormecido com ele ainda na cama... Conseguia sentir o cheiro dele de onde eu estava, era forte.
Espera, não é só o cheiro, eu também estou ouvindo a respiração bem fraca enquanto dorme. Abri os olhos e me deparei com a cena menos esperada, nós estávamos aninhados.
O braço dele estava na minha cintura e podia sentir — agora que me situei de tudo — praticamente todas as partes do meu corpo tocarem na dele.
Como tínhamos parado daquele jeito? Eu sei que ele jamais iria se dispor a fazer isso por vontade própria, se fez, foi para me irritar.
Movi minha cabeça com cuidado para olhar para ele, parecia estar bem tranquilo em um sonho, sua boca estava bem seca e seu rosto estava amassado pela fronha do travesseiro.
Eu — por mais que não me importo com o que as pessoas pensem — não queria estar um bagaço que nem ele.
Tirei as possíveis remelas dos meus olhos, dei uns tapinhas nas bochechas, apenas ganhar um rubor e me estiquei o máximo para tentar pegar uma manteiga de cacau que eu tinha no canto da cama.
Jungkook deu uma remexida na cama e eu parei, esperei ele voltar a dormir e alcancei o batom. Não sabia muito o por que de estar fazendo isso, mas continuei.
Agora que já estava pleno, voltei a me ajeitar na cama com cuidado para não acordar ele.
Eu estou cogitando em continuar nessa posição com ele? Qual o meu problema afinal? Por que isso é bom? Isso nem me pertence, ele não me pertence.
Dormir de conchinha é uma coisa exclusiva de casais e nós não somos um casal.
— Você é cheiroso pela manhã...— sua voz era rouca e tão próxima a minha que eu me arrepiei, mas não deixei que meu corpo reagisse a isso.— Eu dormi aqui?
Jungkook analisou toda a nossa situação e para minha surpresa ele não moveu nenhum músculo a não ser a cabeça para deitar no travesseiro.
— Quem fechou as persianas? — questionou.
— Ué, não foi você? — me espantei e mexi meu corpo para ficar de frente para ele.
— Eu só me lembro de apagar depois que ficou silêncio.— bocejou.— Dormimos assim à noite toda? — sua voz foi natural ao perguntar.
Menino estranho, como ele pode achar aquilo normal?
— Não sei, acordei a uns segundos atrás.— menti.
— E nesses segundos você conseguiu hidratar seus lábios? — provocou.
— Pela minha integridade eu decidi que não acordaria esculhambado igual a você.— respondi, não era totalmente verdade.
Eu só não queria que o único homem que acordou ao meu lado me achasse feio de manhã. Meio besta, não?
— Eu não estou esculhambado.— reagiu fazendo bico.
— Você está sim.— ri.— Por que ainda estamos deitados assim?
— Eu demoro um tempo para perceber que estou vivo e preciso levantar da cama.
— E nesse tempo você vai passar abraçado comigo? — arqueei a sobrancelha estranhando sua familiaridade com a situação.
— Não tenho orgulho de admitir que eu já não acordo abraçado com alguém faz um tempo.
Idem.
— Então você está aproveitando da situação?
— Você não transa faz dezoito meses esse é o máximo que eu posso te dar agora.
— Que absurdo! — bati em seu peito ofendido.— Você também não transa faz tempo! — mostrei a língua.
— Não compare um mês com dezoito.— mostrou a língua de volta.
— Eu contei por que confiava em você, e agora você fica jogando na minha cara? — semicerrei os olhos e ele ri.
— Confia em mim?
— Confiava.— minha voz saiu tão firme que nem parecia estar abalado por ele perceber minha confissão.
— Então quer dizer que você contou as coisas mais profundas sobre você só para mim? — seu sorriso foi todo contente e animado.— Por favor não tira esse momento de mim, ele é todinho meu.
— Tudo bem, sonha um pouquinho.
Do nada, a porta do quarto se abre. Era a vovó Jeon.
— Vocês já acordaram! — ela sorri animada.— Esquecerem de fechar as persianas ontem, então eu fiz.
— Viu Jimin? Foi ela.— Jeon sorri para sua avó.
Ele não desgrudou seu corpo to meu e continuou observando a senhora na porta. Aquilo estava despertando as coisas em mim, eu gostava daquilo, mas não queria gostar.
— Vão tomar café! — mandou ela.— Estou brincando, a casa vai ficar toda para vocês, podem se curtir um pouco! — abanou o ar dando um sorrisinho.
— Aonde a senhora vai? — Jeon perguntou.
— Agradecer aos deuses.
Eu quis rir da resposta dela, me pegou de surpresa sua sinceridade maluca.
— E meus pais? — voltou a perguntar.
— Eles foram arrumar as coisas para o casamento.— explicou.— Estou indo, podem se curtir!
Saiu do quarto cantarolando alguma musica que eu não conhecia.
— O que vamos ficar fazendo? — perguntei.
— Vamos nos curtir.
Aquilo tinha me deixado sem reação, fiquei sem respirar por alguns segundos apenas tentando assimilar o que ele tinha acabado de falar.
— Eu vou lá fora tomar um ar.— me soltei dele às pressas e corri para o guarda roupa, eu nem sabia que estava só de cueca e camisa.
Ele ficou abraçado a mim comigo, desse jeito?
Encarei ele enquanto tentava vestir a calça depressas, Jungkook já me analisava dos pés à cabeça como se eu fosse algum stripper, ele não fazia questão de esconder que olhava.
— Tira o olho.
— Nem dá.— brincou afundando a cara no travesseiro.— Aonde vai?
— Dar uma volta.
— Aonde?
— Por aí.
— Pra que?
— Tomar um ar. Tchau.— corri para fora do quarto sem falar mais nada.
Eu precisava assimilar todas as sensações que ele estava causando em mim, desespero, vergonha, timidez, insuficiência, eu odiava ele por isso.
No lado de fora da casa, peguei uma bicicleta que tinha ali e sai andando numa trilha.
Eu não sabia muito bem andar de bicicleta, e não estava numa pista muito boa, talvez por isso eu esteja mais parado no mesmo lugar do que andando.
— Calma Jimin, é só um acordo profissional, vocês passam a perna em todo mundo e depois voltam para a vida normal, nada além do combinado...
Eu não aguentava mais aquela bicicleta idiota, desci dela e comecei a chuta-la.
— Você poderia facilitar sabia? Merda! — pisei nela com muito ódio.
Descontei todos os meus sentimentos confusos naquela bike. Não gostava de admitir que estava sentindo algo por ele, mas já ficou óbvio que é exatamente o que estava acontecendo.
— Eu sou tão idiota! O que eu vou fazer agora? Eu nem posso gostar dele...— me ajoelhei perto da bicicleta fechando os olhos.
As coisas pareciam estar diferentes para mim agora, eu não posso aceitar que isso aconteça, eu nunca gostei de alguém e se eu gostar agora, não vai ser recíproco e, para falar a verdade é melhor assim.
Não deve acontecer nada que não seja um acordo frio e aproveitador entre nós, nada...
— Aproxime-se! Jimin de Seul! — ouvi uma voz feminina e comecei a procurar da onde vinha.
Era a voz da vovó.
— Vovó? — me levantei, ela estava em volta de uma fogueira, vestindo uma manta vermelha e usando uma coroa de folhas secas.
Tocava uma música no aparelho de música que era mais um batuque.
— Olá, Jimin de Seul! — bateu um tambor.
Eu sempre achei a família Jeon assustadora, mas aquilo era demais para mim. Ela estava fazendo um ritual.
— O-oi vovó! — me aproximei.
— Vejo que você quer que eu leia sua mão, está confuso sobre algo? — sorriu.
— Tá tão na cara assim? — estiquei minha mão sem nem lutar contra.
— Na verdade ouvi você chutando a bicicleta.— deu de ombros.— Bom, aqui diz que o próximo beijo dado, o destino será enlaçado! — fez a maior cena e levantou os braços dizendo que era a coisa mais poética do mundo.
— Como assim?
— Eu não sei, filho, mas a rima ficou bonitinha.— deu de ombros largando minha mão.— Venha, os espíritos querem que você se releve para eles! — me deu a coroa de mato e galhos.
— Eu não sei cantar.— tentei fugir colocando a coroa na cabeça.
— Cante o que seu coração mandar, faz uma rima para os espíritos! — sorriu e começou a andar em volta da fogueira.
A batida soava mais como um funk, e eu fui levemente me soltando com aquela batida.
— Vamos acabar com essas vadias vovó! — levantei os braços animados.— Esses espíritos não sabem com quem estão mexendo... Rá!
JEON JUNGKOOK
Assim que Jimin saiu percebi que não havia nada pra fazer a não ser estar com ele, assim como fiz todos os dias desde que vim para casa dos meus pais.
Ontem depois do banho, eu já nem negava a leve atração que sentia pelo corpo dele. Não dá para gostar dele, dá?
Não, absolutamente não. Acho que esse tempo me deixou meio louco, talvez confuso demais. Nós não tínhamos nada a não ser um acordo.
Ah, quem eu quero enganar, eu bati uma pra ele, só consigo pensar nele, nunca achei que iria adorar acordar abraçado a ele como aconteceu hoje.
Ele deveria achar que eu sou louco por estar agindo assim, Jimin estava completamente certo.
Queria fazer algo legal hoje, e como ficamos sozinhos em casa, eu teria que levá-lo. Sai em busca de Jimin pela floresta até que eu ouvi um barulho alto.
— All the bitchs, in the walls, suck my balls! — eu me segurei muito para não rir daquilo.
Quando olhei, Jimin estava praticamente rebolando até o chão com uma coroa de galhos velhos na cabeça e minha avó assistindo um pouco assustada.
— Jimin? — me aproximei.— O que está fazendo?
— J-Jungkook? — parou surpreso e nitidamente envergonhado.— Sua avó mandou eu cantar com o coração.
— Isso que saiu do seu coração? Boquete e vadias? — ouvi a risada da minha avó um pouco distante de nós.
— Você está atrapalhando nosso ritual dos deuses! — retirou a coroa da cabeça e deu para minha avó.
— Você está convidando eles para uma suruba, anda logo, vamos fazer algo legal! — peguei na mão dele e comecei a puxar.— Não se importa de roubar ele né?
— Claro que não.— minha avó sorri gentil.— Não se esqueça do que eu disse, Jimin! — advertiu toda séria e as bochechas de Park começaram a se destacar.
Ignorei, mas confesso que fiquei curioso.
Entramos no barco sem fazer nenhuma pergunta um para o outro. A viagem foi rápida mas o clima entre nós estava tão tenso.
— Aonde vai me levar? — ajudei ele a sair do barco.
— Num jogo de basquete!
— Se eu quisesse ver homens colocando bolas em buracos enquanto gritam e ficam todos suados, assistia filme pornô.
— É uma ótima analogia.— admiti.— Vai ser legal, eu pesquisei e é a final! — eu estava animado para isso, o jogo da minha cidade sempre era bem legal.
Apesar da cidade ser pequena, o estádio parecia bem chique, com um telão enorme de propagandas exteriores e tudo mais. Arquibancada enorme, me sentia assistindo um jogo da final dos Knicks.
— Quer refri? — perguntei quando passamos na lanchonete.
— Com gelo.— pediu.— Cantar para espíritos dá sede.
— Talvez um espírito assanhado tenha colocado o pau fantasma na sua boca.— brinquei enquanto pegava o refri.
— É o mais perto que eu cheguei de sexo, e o sujeito nem existe.— confessou e eu ri.
— Vamos? — peguei em sua mão, aquilo já era natural entre nós dois.
Os ingressos que eu tinha comprado eram bons, segunda fileira.
Jimin parecia tenso, como se algo o preocupasse, seria eu?
— Está tudo bem? — perguntei bem perto de seu ouvido.
— Claro.— foi o que ele respondeu ao se sentar.
Jogo vai, jogo vem, eu descobri que Jimin era viciado em basquete, ele começou a ficar puto e gritar por que estávamos perdendo.
— Como esse desgraçado erra a bola fora do garrafão? Me diz que caralho é esse? — estávamos sentados e mandei ele respirar fundo, deu a hora do intervalo.
— Acho que preferia ver pornô.— peguei seu refri e bebi.
— Vai se ferrar.— revirou os olhos e seus lábios entortaram, eu ri de seu estresse.— Olha, aqui vocês também tem essa parada de telão pra beijo! — apontou para a tela em cima do placas, que agora mostrava um casal dando um selinho.
Depois foi outro casal, um de velhinhos que todos gritaram um "own" quando o senhorzinho beijou a testa da esposa. De repente, mostrou eu e Jimin, meu coração começou a bater fora do compasso e eu olhei para ele.
— Me beija! — gritei perto de seu ouvido por conta de todas as pessoas que gritavam "beija" ao nosso redor.
— O que? Eu não vou beijar você! — o rubor em sua bochecha era nítido.
— Anda logo, estão todos esperando, você já fez isso antes! — voltei a pedir.
Não era só uma questão de todos esperarem, eu realmente queria beijar ele e isso era meio novo para mim.
Eu mesmo selei nossos lábios com agilidade e ouvi todos gritarem um "aê" ao nosso redor. Não queria me desfazer do toque de nossos lábios, na verdade, queria prolongá-lo até perder a sensibilidade na boca.
Abri os olhos apenas para analisar a situação de Jimin e ele estava com os olhos fechados, como se estivesse assim como eu, aproveitando, decidi mover meus lábios para um beijo.
Depois de alguns segundos degustando dos seus lábios, ele se afasta completamente vermelho e me deixando um vazio estranho no peito. Jimin acabou de me rejeitar na frente de todo mundo?
— Não faz mais isso.— coçou a cabeça constrangido.
— Você rejeitou por que não quer, ou por que tem algo te incomodando? — perguntei, eu já nem tinha mais o que perder mesmo.
— Eu não quero enlaçar no destino! — respondeu.
— Como assim?
— Esquece, acho que vou no banheiro lavar o rosto! — se levantou meio confuso e caminhou até fora da arquibancada.
Minha cabeça ainda girava em torno dele, o jogo parecia ter perdido a graça. Fui procurá-lo no banheiro, ele tava lá, se olhando no espelho, com as mãos na pia.
— Você demorou.— fiz ele olhar pra mim.
— Eu iria voltar, não precisava vir atrás de mim.
— Talvez eu quisesse vir atrás de você.— cruzei os braços caminhando até ele.
— O que quer dizer com isso? — começou a secar as mãos.
É, Jungkook. O que você está querendo dizer?
Eu não quero ser o cara que leva um fora do Jimin, olha pra ele, agora é lindo e perfeito, mas não foi isso a três anos atrás. Tem certeza de que é isso que você quer?
— Topa ir no Cherry Lips de novo? — propus.
que capítulo, meus amigos.
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