[💍] - he's leave me


JEON JUNGKOOK

A partir do momento em que Jimin sumiu do meu campo de visão, foi como se eu estivesse surdo, e não ouvisse nada além do som do meu coração batendo rápido.

Ele me largou em pleno altar, depois de uma super declaração, simplesmente foi embora. E não é só ir embora do casamento, ou da ilha, e sim do país, da minha vida.

— Eu não acredito que você mentiu para mim! — minha mãe fala decepcionada.

— Mas, vocês... Não pode ser mentira, eu vi vocês juntos...— minha avó parecia estar tendo um ataque cardíaco.

Eu não me mexia, não consegui.

— Gente, é sério, me desculpa, eu não posso falar agora.— passei por todo mundo sem dar bola para ninguém, eu apenas fui em direção ao quarto onde eu passei as melhores noites da minha vida, e então, ele já não estava lá.

Mas tinha um terno, um colar, o rascunho do meu livro uma folha dobrada com a letra do Jimin e meu nome escrito.

Abri, esperançoso por algo que já nem existia.

"Você tem razão, esse é um livro especial. Meu novo favorito. Eu sabia que se publicasse perderia o melhor assistente de todos os tempos. Mas agora que eu não estou aqui, vou dar um jeito de todos lerem essa maravilha.

Pode ter certeza que será o seu livro que eu lerei nesse Natal.

Se você está lendo isso, é por que eu pensei com a cabeça e não com o coração, me desculpa, mas você não pode pagar pelos meus erros.

Viva bem, Gguk."

— Não tem nem um "eu te amo" aqui...— li o bilhete de novo.

— Você sabe que eles vão comentar sobre isso o resto da vida, né? — Taehyung apareceu no meu quarto, ele parecia preocupado comigo, estava com um terno bonito, preto, deixava seus cabelos vermelhos destacados.

— Você acredita nisso? — mostrei o bilhete.— Eu trabalhei pra ele por dois fodidos anos e o que ele me deixa é um "viva bem"! Eu-eu fui torturado pelo Jimin e tudo que ele me deixa é a porra de um bilhete profissional! — amassei o papel e joguei longe.— Ele deve estar indo embora pra outro país nesse exato momento!

— E você vai deixar ele ir embora? Assim como eu deixei você ir?? — Tae abriu a porta, mostrando para ir embora.

— Tem razão, eu não vou deixar ele ir embora! — tirei minha gravata.— Obrigado Tae.

Eu só tinha uma coisa na cabeça, ir atrás dele, era besteira? Claro que era. Mas e dai? Já menti para o país, o que tem de pior?

— Ele tá aí! — minha mãe gritou tentando me segurar.

— Mãe, me solta, eu preciso fazer uma coisa.— me soltei dela, sem parecer rude, mas muito desesperado.

— Como pode mentir para a sua família? E sua mãe? Você tem o que na cabeça? — meu pai surge na minha frente.

— Pai, sério, agora não, eu tenho que fazer...

Agora não? O que é mais importante que a sua família?

— Quer saber? A culpa é toda sua! Você nunca se importou com nada na minha vida, mas bem na hora em que eu estava feliz, você trouxe aquele advogado e agora eu estou sem o meu noivo! — empurrei ele para que saísse da minha frente.

— Parem os dois de brigar! — minha avó grita chamando atenção de todos ali, mas logo cambaleia e cai no chão.

Eu e meu pai nunca fomos próximos, mas naquele momento corremos juntos em direção a mulher caída no chão e com a respiração fora do compasso.

[...]

A ambulância era um avião com pouso aquático, tanto eu, quanto meu pai não trocamos nenhuma palavra depois daquilo.

Era a cereja do bolo, o ápice da merda. Minha avó estava morrendo bem no dia do meu casamento fracassado.

Tinha muita coisa na minha cabeça, principalmente Jimin, o que ele faria se estivesse no meu lugar? Qual é a decisão certa?

Ver minha avó usando um inalador no meio de um avião em pleno movimento para salvar a vida dela, me corroeu de certa forma, era aniversário dela, para melhorar a situação.

— Jungkook...— ela sussurra e pega na minha mão.

— Eu estou aqui vovó.— apertei sua mão.

— Você ama ele, não é? — sua voz era tão falha e com dificuldade.

— Sim. Eu amo como nunca amei ninguém.— respondi, agora quem tinha a voz falha era eu, só de saber que ele ia embora e eu não pude dizer que amava ele.

— Você ama ele? — meu pai pergunta.

— Claro que eu amo. Acha que eu iria tão longe assim por uma mentira? Quem pensa que eu sou? Você? — entortei os lábios para o homem do meu lado.

— Parem de brigar...— minha vó começa a tossir.— Filho — ela se refere ao meu pai — Prometa pra mim que vai apoiar o Jungkook, mesmo não concordando com as decisões dele, prometa pra mim.

— Eu prometo mamãe.— meu pai acaricia os cabelos dela, parecia sentido ao ver a mãe dele daquele jeito.

Minha mãe estava ao meu lado e, mesmo sabendo que ela se sentia desapontada comigo, me abraçou forte.

— E Jungkook — agora minha avó falava comigo — Prometa que vai se esforçar para fazer parte da família, nós amamos tanto você...

— Eu prometo vovó.— confirmei sem pestanejar.

— Bom, acho que já cumpri minha missão na terra então...— afastou de nós e voltar a cobrir sua boca com inalador, por um instante ela fecha os olhos.

Eu me senti muito culpado por aquilo, estava debilitada por minha causa, eu causei o ataque nela com todo o estresse.

— Acho que os espíritos não estão prontos para mim.— ouvi a voz sapeca da minha avó.— Bom, acho que só precisei de uma soneca.

— Mãe! A senhora tava fingindo ataque do coração? — meu pai de joga para trás.

Empurrei a mão da — não tão coitada assim — minha avó e rolei os olhos.

— Era o único jeito de fazer vocês pararem de brigar! — ela se justifica rindo, minha mãe acompanhou toda sorridente.— Leve nos para o aeroporto, temos um noivo para resgatar.— ela bate na lataria do avião toda mandona.

Por um instante eu voltei a respirar aliviado, minha família era tão louca quanto eu. Podia dar certo, eu poderia chegar a tempo e dizer que o amo. Ele iria ficar comigo, né?

— Desculpe, é proibido fazer isso, senhora Jeon.— o piloto fala.

— Park Jinyoung, não me faça ligar para a sua mãe! – bateu na lataria de novo.

— Indo para o aeroporto.— decidiu por livre e espontânea pressão.

Meus pais se agarraram a mim, e me deram um abraço apertado, eu senti vontade de gritar, chorar, espernear feito um bebê, como fazia antigamente, mas não consegui, porque não tinha acabado ainda.

— Vai ficar tudo bem, né mãe? — perguntei.

— Vai sim, meu filho.— me deu um beijo nos cabelos.

Não ficou tudo bem.

Ao correr desesperado para fora da ambulância, me deparei com o avião do amor da minha vida decolando, minhas pernas ficaram tão moles que eu acabei tropeçando no chão.

— Ele não conseguiu dizer...— minha vó sussurrou para o meu pai.

— Dizer o que? — sussurrou de volta.

— Que eu amo ele e que quero passar a vida inteira ao lado daquele homem.— respondi, me sentando no chão.

Eu me sentia um bebê, eu queria colo, um abraço quente, mas além de tudo, eu queria o Jimin. E ele era a única coisa que eu não poderia mais ter.

— Mãe...— choraminguei e logo senti o abraço quente da minha mãe, ela também tinha algumas lágrimas nos olhos, mas era por me ver assim.— Ele me deixou.

— Ainda não acabou Jungkook. Você tem vinte e quatro horas.

— E se ele não me quiser?

— Não desistiria se não te quisesse. Jimin protegeu você, e você entende isso né? — ela passa a mão pelos meus cabelos.

— Não. Eu queria estar com ele agora. Comendo bolo e sussurrando que ele é o noivo mais lindo do mundo. 

— Então vai lá e diga isso.

— Tem razão.— enxuguei minhas lágrimas e me levantei do chão.

— Boa sorte meu filho.

— Eu vou precisar, por que estou pronto para cometer o melhor erro da minha vida.— ajeitei o paletó.

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