[💍] - about him





JEON JUNGKOOK

Minha cabeça explodia com a luz forte do sol e eu nem tinha aberto os olhos, quando finalmente abri, me arrependi.

— Puta merda.— apertei as pálpebras.

Remexi meu corpo dolorido e percebi que estava sob o colchão macio da cama de casal, vestido apenas com uma cueca.

Espero que não tenha dado a louca ontem e transado com o Jimin. Argh, não posso nem imaginar.

Se eu estou sozinho na cama com apenas uma cueca e a manta da fertilidade... Significa que ele me abandonou no meio da noite? Poxa, desapontado mas não surpreso.

A luz ainda era forte demais para os meus olhos, então levantei e sai arrastado até a porta. Olhei em volta e tomei um puta susto ao ver Jimin enrolado num edredom ao chão.

Meu pau está intacto, que alívio. Espera, ele dormiu no chão? Por que diabos ele fez isso? Fiquei com medo da respostas.

Coloquei uma roupa e fui até a sala de jantar, onde minha mãe, minha avó e a Lisa estavam sentadas tomando chá com torradas.

— Olá senhoras! — sorri puxando uma cadeira.

— Você parece bem, Jimin pelo visto cuidou muito bem de você.— vovó sorri.

Cuidou é?

— Não acho que tenha cuidado, acordei com uma puta dor de cabeça.

— Por que é um vagabundo descarado, você foi ridículo ontem, tadinho do Jimin! — Lisa logo cedo começa a me atacar.

— Nada de brigas, por favor.— minha mãe interrompe a discussão que eu iria começar.— Eu deixei você sob os cuidados dele, já que estava caindo de bêbado.

Tentei me recordar de beber tanto assim e... Eu nem cheguei a beber tanto. Por que eu bebi mesmo? Não lembro de estar chateado com nada a não ser...

— Crianças, eu aprendi a ler as mãos! — minha avó bate palmas animada.— Alguém quer?

Eu estava precisando desesperadamente de uma luz sábia me dando conselho, então estiquei a mão.

— Hm — analisou.— Diz que você tem muita sorte de ter o Jimin.

Sempre soube que ela era uma charlatona.

— Sei, beleza então vou procurar um especialista de verdade.— resmunguei.

— Se não ama ele porque vai casar? — minha mãe perguntou.

— Meus sentimentos sobre ele são muito fortes, a senhora não entenderia.— levei uma xícara de café a boca.

— Acho que só o Jimin que ama, ontem ele ficou todo paciente com você...— Lisa falou.

Paciente? Deve ter sido a mais bela atuação, com aquela máscara inelegível dele engana qualquer um que estava desprevenido.

— Eu e sua mãe vamos fazer as unhas! — vovó anuncia se levantando.

— Não vai fazer as unhas Lisa? — provoquei.

— Para que eu iria fazer sendo que enfiarei em alguém mais tarde? — acabei cuspindo o café.

A maior caminhoneira da região, pode entrar Lalisa.

Minha mãe soltou uma risada fraca enquanto saía com a minha avó, eu apenas limpei a boca observando a garota ruiva a minha frente toda desinibida.

— Me dá uma luz aqui, o que eu fiz ontem? — puxei assunto.

Eu tenho alguns flashbacks como sentar e começar a beber, lembro do Jimin sem jeito com a família por oferecer a ele meu colo como banco...

Afinal, ele aceitou? Já não me lembro.

— Você com certeza foi péssimo! — Lisa usou aquele olhar que geralmente só usava quando queria me julgar.

— Eu quero novidades, eu sempre sou péssimo.— dei de ombros.

— Mas ontem foi insensível e um péssimo noivo.— mostrou a língua.

Pelo que me foi explicado, eu fiquei bêbado e acabei sendo quem eu realmente sou para Jimin.

— Então eu basicamente fiz o que?

— Você não o alimentou, quem fez isso foi o Taemin.

— Ah.

— Mas não é só isso, você começou a falar algumas coisas no ouvido dele que deixou ele desconfortável, tadinho dele...— casa com ele então.— Ele foi tão legal em te defender do seu pai.

Me defender... Eu me lembro!

Ontem ele falou algumas coisas para que meu pai parasse de me menosprezar, eu realmente senti gratidão na hora por ele falar aquelas coisas sobre mim.

— E o que mais?

— Você falou umas barbaridades para ele.

Não respondi, apenas esperei que ela continuasse.

— Falou que ele um péssimo chefe, mas até que como noivo dava para o gasto. Exatamente assim que você falou.— ela pareceu relembrar a noite passada.

Eu nunca pensei que ficaria assim, mas fiquei mal por ter falado isso para ele. Não por ser ele, nem porque é mentira. Definitivamente falei a verdade. Tudo muda no momento em que ele me ajudou com meu pai, ninguém nunca me ajudou com meu pai.

— Ele está vindo, e eu saindo.— ela limpa a boca rapidamente e sai correndo.— Oi Jimin, você está lindo!

— Uh? — ele se vira para trás apenas para acompanhar os passos ligeiros da ruiva.

Ele estava realmente lindo, não lindo. Talvez bonito, é ele estava bonitinho. Com uma camisa preta bem larga, uma calça jeans com rasgos no joelho e coturnos pretos. O cabelo loiro penteado numa divisão perfeita, como sempre. Seu rosto tinha maquiagem, não muita. Conseguia mostrar a beleza natural de sua pele que eu toquei a muito tempo mas ainda lembrava da sensação...

Acho que o sentimento de culpa vem me consumindo, até os pensamentos estão confusos.

Só voltei a realidade quando vi ele sentado ao meu lado, analisando o que iria comer daquela mesa enorme e muito bem preparada.

— Se sente melhor? — puxou assunto sem ao menos me olhar.

— O quê?

— Ontem você estava caindo de bêbado, estou perguntando se está melhor.— continuou com o rosto inexpressivo enquanto decidida qual geleia iria acompanhar a torrada.

— Sim, estou bem.— limpei a garganta antes de responder.

— Tá.

Ficamos em silêncio, o que pra mim foi constrangedor já que depois de relembrar praticamente a noite anterior, fiquei mal.

Jimin sempre foi inexpressivo e consciente de sua imagem perante aos outros funcionários, mas isso nunca o impediu de manter a mesma postura profissional e sem deixar cair sua máscara. Agora não foi diferente, manteve concentrado em seu café da manhã e sem nem ao mesmo olhar para mim se serviu.

— Onde sua mãe está?

— Saiu com a vovó, foram fazer as unhas.— expliquei.

— Entendi.

O silêncio voltou a me incomodar, porque diabos eu quero tanto falar com ele? Talvez relembrar da noite passada, me desculpar...

— Tem alguma coisa no meu rosto? — perguntou.

— Tem um par de olhos, um nariz e sua boca. Por quê?

— Você não para de olhar, achei que tinha uma tarântula ou sei lá.— analisou seu rosto pelo reflexo da colher, foi engraçado aquela visão.

— Se tivesse uma tarântula em você, eu com certeza tiraria.— garanti.

— Eu duvido muito, mas não tem e isso se torna irrelevante.— deu de ombros largando a colher.— Dormiu bem? — perguntou.

Ele me fez mais perguntas em cinco minutos daquele café da manhã, do que já fizera em dois anos que trabalhamos juntos. Isso era um progresso muito grande, mesmo se não estivesse olhando para mim nenhuma vez sequer.

— Dormi sim, eu acho.— respondi.— E você?

— Sim.— sua resposta me deixou sem opções de começar uma outra conversa.

Apesar de ser contra a minha vontade, eu o conhecia e sabia que ele mentiu quando respondeu que dormiu bem.

Me fez ficar mal, foi minha culpa ele dormir no chão, apesar da casa ser minha. Eu fiquei bêbado, falei coisas idiotas e ele ainda foi um humano comigo.

— Tenho que dobrar os cobertores.— limpou a boca depressa e se levantou.

O segui no caminho para o quarto, observei atentamente suas costas e como a camisa ficava perfeita graças a seus ombros.

Fiquei sentado na cama apenas assistindo ele dobrar os cobertores com dificuldade, será que ele nunca dobrou?

— Quer que eu ajude? — falei finalmente.

— Não acho que seja justo.— respondeu sem parar um segundo de dobrar.— Eu dormi aqui, eu arrumo.

Jimin analisava as cobertas como se houvesse uma super conta matemática capaz de fazer aquilo mais fácil.

— Isso não inclui a manta da fertilidade, deixo essa para você.

— Ela não é mágica, não te deixará grávido.

— Reza a lenda que ela coloca útero nos homens para estragar suas vidas.— pelo visto família não era muito seu negócio.

— Papai, por que me tirastes do seu cu? — o quarto foi preenchido pela risada exagerada de Jimin, provavelmente o peguei de surpresa com minha adaptação do meme.

O som que sua boca emitia era agudo, e bem doce. Fofo. Não condizia com a imagem que ele tinha.

Jimin conseguiu parar em menos de um milésimo sua risada, fiquei pensando no motivo disso. Claro que deve ter se lembrado de quem é, e que o Park Jimin, o chefe não dava risadas.

Ele dá, eu acabei de fazer ele rir. Não só ri, mas também é humano. Sua vida é tão comum quanto a de qualquer um. Namora, ri, ajuda os outros quando precisam... Amigos, eu estava errado sobre certas coisas.

— Jimin — chamei.— Obrigado por ter cuidado de mim ontem.

— Não foi nada e, não se acostume.— jogou o travesseiro na cama.

Queria responder algo, mas não fiz.

Gostava de observar ele agir, não era nada esplêndido ver alguém arrumando um quarto, mas tudo mudava quando esse alguém era Park.

Não foi minha culpa colocar ele dentro de uma bolha, ele havia criado ela e com certeza ele continuava sendo um monstro mandão para mim, talvez agora um monstro com vida pessoal.

Será que Jimin já sofreu por amor? Com certeza não.

— Você já sofreu por amor? — quis colocar fim a minha curiosidade.

— Quê?

— Estou pensando em certas coisas e me veio na cabeça que você nunca sofreu por amor.

— Se isso veio na sua cabeça, você estava pensando em mim, certo? — continuou a arrumar o quarto, provavelmente não se comoveu.

— De fato.— respondi dando de ombros.— Uma coisa levou a outra e acabou em você.

— Entendi.— não tinha mudança emocional da sua voz, apenas continuou ajeitando as coisas, que na realidade nem estavam tão bagunçadas.— Não. Nunca sofri.

— Imaginei mesmo.— rolei os olhos.

Pensei que ele ia continuar, ou puxar um assunto que faríamos iniciar uma conversa, mas não aconteceu.

Tinha algo preso na minha garganta, eu não sabia direito o que era. Algo a dizer? Talvez.

— Vocês tem TV a cabo, não é?

— Claro que temos.— dei de ombros.— O sofá da sala é bem confortável.

Já sabendo o caminho, Jimin saiu do quarto e foi para a sala onde se sentou no enorme sofá e arrastou uma almofada para o colo.

Me sentia inquieto em relação a Park, o segui e fiz o mesmo gesto de sentar na outra ponta do sofá e arrastei uma almofada para o meio das minhas coxas também.

Não gostava de me sentir assim, inquieto e como se estivesse em dívida com ele. Queria o antigo Park e o antigo Jeon Jungkook de volta, queria não conhecer o lado gentil dele, assim como ontem à noite.

— É sério, tem uma tarântula nas minhas costas?

— Tem. Uma enorme e venenosa tarântula.

— Você não está falando sério, não é? Por que eu fiquei com medo, de verdade.— continuou com os olhos nos canais, que nunca paravam em um.

Jimin colocou no Animal Planet, e estava passando sobre um urso que entrou no trailer de um casal na Austrália.

— Animal Planet? Sério?

— O quê? A-ah, não! Eu não me decidi ainda.— apertou uma série de botões no controle, até chegar num filme de romance.

— Você assiste romances? Achei que você comia criancinhas com leite no café.— deixei escapar o insulto, não foi por mal, apenas saiu naturalmente.

— É, você deixou claro o que acha de mim ontem à noite.

— Sobre isso...— mexi as costas desconfortavelmente mas sútil o suficiente para que ele não percebesse.

— Não precisa, Jeon. Eu realmente não me importo. Eu como criancinhas com leite açucarado.— deu de ombros.

Ele comia mesmo, mas merecia um obrigado descente da minha parte.

Comecei a falar algo, mas fui interrompido pelo celular de Park, que começou a tocar bem alto. Era do trabalho.

— Frank? Oi? — Jimin começa a falar alto.

Frank era um escritor fiel da empresa, ele era americano e muito inseguro e pessimista com suas obras. Não dava uma entrevista a no mínimo cinco anos, mas aquele loiro ali com toda a persuasão convenceu ele a ir na Oprah falar sobre sua nova obra.

— Eu sei que você está inseguro, mas vai dar tudo certo querido. Claro, seu livro é ótimo! Uma inspiração para a vida...

Park ao meu lado usou todo e qualquer argumento para convencer Frank a não desistir de aparecer em um programa de televisão.

Eu quis rir do desespero nato em sua voz, mas ele percebeu que eu estava "prestando atenção demais" e me lançou um olhar que significava o que eu já sabia "para de olhar" e eu parei.

Quando voltei minha visão para Jimin novamente, ele já havia desligado o telefone e parecia pensar em algo para dizer.

— O que houve? — perguntei.

— Alguém da empresa falou para o Frank que o livro dele era uma merda e agora ele não quer mais ir na Oprah...

— Tem ideia de quem foi?

— E você não? — questionou como se fosse óbvio.— Eu fiz a maior propagando do Frank para o Namjoon, se ele cancelar o programa o Kim me cancelava junto...

Aquilo tinha sido suficiente para matar a charada. Muitas pessoas odiavam Park, na verdade todos odiavam, mas apenas uma pessoa gostaria de tê-lo fora da jogada para apenas ganhar uma promoção.

— Hyuna? — esperei a confirmação, que não veio em palavras, mas sim um suspiro longo.

— Coloque ela na linha.

Digitei o número dela e então começou a chamar.

Alô?

Mesmo não sendo autorizado, ativei o alto-falante antes de passar o telefone para ele, que não fez questão de desligar. Ufa, poderia ouvir.

— Hyuna? — Jimin ajeitou a postura como se estivesse frente a frente com ela.

Ah — soltou desgostosa.— Por que está me ligando?

— Você por um acaso ainda tem aquela estante do século dezenove na sua sala?

Quê?

Quê? — repetiu os meus pensamentos.— Sim, eu tenho.

É o seguinte, a estante vai ficar na minha sala agora, estou demitindo você. Tenha um bom dia.— e desligou sem esperar nenhuma resposta.

Fiquei alguns poucos segundos digerindo as palavras duras e sem sentimentos que acabaram de sair da boca de Park.

— Ela vai retornar.— avisou.— Três, dois e...— começou a tocar.

Era Hyuna.

Olha aqui seu loirinho idiota metido a chefe, — eu particularmente estou chocado com a coragem dela.— quem você pensa que é para me demitir? Se sente ameaçado pela minha habilidade te de superar?

Linda, você não é absolutamente nada para mim. Eu não estou te demitindo porque me sinto ameaçado, eu te demiti porque você manipulou um escritor para subir de cargo e porque você passa mais tempo pensando em trair seu namorado e usar seu corpo com os escritores do que em trabalhar, agora se me dá licença, eu vou desligar.

Todos tem razão sobre você. É um monstro mesmo. Como eles te chamam mesmo? Marido do Satã? Ou a peste loira? Hm, são tantos.

Jimin solta uma risadinha sem humor, como se estivesse com pena dela.

— Se você não sair desse escritório em dez minutos eu ligo para a segurança e daqui mesmo faço você sair escoltada dai. Além do mais, você não quer que eu mande o Yoongi gravar tudo e colocar naquele site... Qual o nome mesmo? — virou a cabeça para o lado, ele me perguntou.

YouTube? — fiquei um pouco duvidoso se deveria responder, minha voz até parecia meio falha.

— Exatamente. YouTube. Você quer sair por bem? Ou vai querer seu rosto por toda internet?

Você é só uma megera venenosa e sem sentimentos... Adeus Park.— e desligou.

Hyuna é — com toda certeza — a pessoa mais corajosa e justiceira que eu conheço. Pobre ícone, morreu por uma causa nobre.

Tudo bem, ela era manipuladora e faria de tudo pra puxar o tapete de Park, mas pelo fato dela simplesmente falar o que realmente acha de Jimin na frente dele, já tinha minha admiração.

— Faça com que levem aquela estante renascentista para a minha sala e pegue um café pra mim.— ordenou.

— Puro?

— Eu quero com leite e canela.— mandou. Sua voz era a que eu ouvi por dois anos, sem emoções.

Que saudade que eu estava de você assim... Quem diria que tudo que precisávamos era ele demitir alguém.

— Como se sente voltando a demitir alguém? Se sente mais vivo? — dei um tapinha fraco em seu braço.

— Jungkook, o meu café. Eu quero ele, agora.— ele não olhou para mim, e eu bem quis que não fizesse isso, tinha medo de sua expressão.

Sai correndo para pegar o café, que ele jamais havia pedido. Café com leite e canela... Era o mesmo que eu sempre tomava.

Quando voltei para a sala, já com a xícara de café na mão. Ele não estava mais lá e a televisão estava desligada.

Decidi rondar o perímetro, não achei ele. Procurei então no quarto que estava — aparentemente — vazio, foi só ouvir o barulho de um frasco no banheiro que dei meia volta.

— Jimin? Está aí?

— Ah, oi.— sua voz ecoou do lado de dentro.— É melhor estar com o meu café.

Soltei uma risadinha fraca, era sim que eu o conhecia. Com aquele tom.

Park sai do banheiro com a expressão vazia e rouba de minha mão a xícara contendo o café que ele me pediu minutos atrás.

— Está muito bom.— elogiou.

— Não sabia que tomava café com leite e canela.

— Café preto me mantém acordado e pronto para o trabalho.

— Entendi.

— Aqui está, obrigado.— me entregou o copo de porcelana, agora vazio.— Se não se importa, eu vou dormir um pouco.

— Acabamos de acordar.— estranhei.

Eu quero dormir, então tiver algo mais importante para fazer, faça. Só me deixe em paz.

Não tinha uma resposta que saísse da minha boca. O tom dele era o que eu costumava ouvir, mas parecia diferente, ele fugia de algo.

Tentei seu rosto, estava com a cabeça baixa. Ele sempre mantivera a postura perfeita, e nunca abaixou sequer uma vez a cabeça.

— Jimin, olha pra mim. Você está bem?

— Claro que estou. Eu disse que quero dormir.— correu até a cama e se escondeu debaixo do edredom.

Uma parte de mim não se importava nem um pouco com ele, mas a outra — a parte maior — me dizia que eu tinha algo a esclarecer ele, talvez à noite passada que eu enchi seu saco fez meu subconsciente ficar em dívida com ele.

— Que merda.— deixei a xícara no móvel de madeira que tinha próximo a mim e caminhei até cama.— Não sou muito fã de conversas com comedores de criancinhas mas me conta o que esta acontecendo. Esse não é você.

Seu corpo estava todo coberto pelo enorme edredom, sua voz parecia abafada na hora.

— Você não me conhece. Idiota.

— Eu quero te ajudar.

— Não.— falou convicto.— Você não quer me ajudar e você não pode me ajudar.

— Como tem tanta certeza?

— Por que eu sei como você adorou o jeito que a Hyuna falou comigo, você falou do mesmo modo ontem à noite. Querendo me atingir com as palavras.

— Ah, ela não falou nada demais.

Na verdade, ela não havia falado nada mesmo. De acordo com o que eu já ouvi daquele homem ali, ele ainda tinha os ouvidos abençoados.

— Ontem eu estava bêbado, e fora de mim. Não significa que eu não esteja grato pelo que fez ontem com o meu pai. Sério, obrigado mesmo.

— Uhrum, de nada. Me deixa dormir.

— Não quer mesmo falar sobre isso? — perguntei uma última vez.

— Cala boca e sai daqui.— ordenou de uma vez só.

Eu queria ajudá-lo, mas ele não queria minha ajuda.

Só lamento, babe.

— Se você quer tanto ficar sozinho, então tchau! — fiquei emburrado.

— Disse o cara que jogou na minha cara que eu apesar de ser um ser humano horrível, dava para o gasto.— virou seu rosto para mim pela primeira vez.

Porra, eu estava bêbado. Me dá um desconto...

— Eu vou sair agora, não quer mesmo conversar? — tentei uma última vez.

— Sai logo daqui.— ordenou ainda com a voz abafada.

Eu não queria sair dali, mas eu sai. Por que sou fraco, me falta ódio.

Sabe de uma coisa? Eu me senti estranho em relação a ele, mas não deveria ter gastado tantos neurônios assim, ele está completamente bem e como sempre.

Eu fui o único idiota aqui.

— Tá parado aí por que? — Lisa passa por mim com o celular na mão, mas logo para, como se tivesse travado.— Você não está ouvindo isso?

— Isso o que? — tentei até não respirar para ouvir algo, mas nada veio aos meus ouvidos.

— Está vindo do seu quarto, é barulho de...— se aproximou da porta.— Choro?

— Bobagem.— eu ri.— O Jimin está bem.

— Então vem cá ouvir, idiota.— puxou meu corpo para mais perto da porta.

Eu não ouvia completamente nada, Lisa estava com certeza alucinando.

— Você está se fazendo de idiota né? — rolou os olhos.

— Não, eu realmente não ouço nada.— respondi sincero.

— Vamos deixar ele chorar em paz então.— começou a me empurrar.

Ele não está chorando.

[...]

Passou se horas que eu estava no sofá olhando para o lustre enquanto tentava me recordar à noite anterior.

A verdade era que depois que Lisa foi embora, fiquei num puta tédio e descobri que com Jimin dormindo, não tinha quem encher o saco.

Era umas cinco horas da tarde e eu não tinha visto Park nem para o almoço, devíamos ter dormido tarde ontem, por isso tentei me lembrar do que houve na noite em que eu enchi a cara na frente do meu chefe.

Consegui me recordar de algumas coisas, como negar comida à ele, ver Taemin entregando e também lembro-me perfeitamente dele em meu colo apenas para tentar provar alguma coisa para meu pai.

O que eu mais lembro era dele beliscando minha mão para tirar de sua cintura. Não sei se era minha mente turva, mas eu sei que ele rebolava às vezes em mim, oh, se rebolava...

A pior lembrança foi no final das contas, a que eu mais precisava, ele cuidando de mim antes de dormir, ele ensaboou meu cabelo e eu estranhamente me recordei da sensação de sua mão.

— Jungkook, o seu telefone está tocando a uns cinco minutos, atende logo isso! — minha mãe esfrega o aparelho telefônico na minha cara.

Voltei ao mundo real quando analisei o número, eu nunca tinha o visto. Atendi mesmo tendo a certeza que era a operadora.

Senhor Jeongguk? — era Jackson, o advogado que estava cuidando do caso da deportação de Jimin.

Arrumei minha postura e me concentrei em todas as possibilidades dele me ligar.

Só estou ligando para avisar que na próxima segunda feira será a entrevista para ver se vocês são realmente um casal.— explicou ele sem eu ao menos perguntar algo.

— Claro, achei que iria ligar para Jimin, já que ele é o estrangeiro.

Eu liguei, — respondeu.— mas ele não atendeu.

Ah — limpei a garganta.— Ele estava muito cansado hoje, então está ainda dormindo, irei avisar sim.

Sei, obrigado e te vejo na segunda.— desligou antes de eu poder falar algo.

Eu não vou muito com a cara desse Jackson, ele tenta me intimidar.

Onde Jimin está com a cabeça para não atender algo desses? Não é possível ele não ter acordado com o barulho do telefone.

Isso era estranho, até para ele. Sinceramente isso não soava como algo vindo de Park, ele jamais deixava de atender um telefonema, no trabalho ou não, numa segunda ou num final de semana.

Fui até o quarto em busca de respostas.

Quando entrei, ele estava enrolado como um burrico gigante, do mesmo jeito que eu o vi a umas cinco horas atrás.

— Jimin? Você está bem? Por que não atendeu o telefone?

— Não atendo chamada de operadora.— respondeu com a voz nem um pouco sonolenta, o que significa que ele estava muito mais do que acordado.

— Não era operadora, sua mula. Era o Jackson, nossa entrevista é na segunda.

— Jura? Tá bom.— falou.

Minha mente chegava a explodir quando ele falava assim, como se pouco se importasse.

— Precisamos estudar Jimin.

— Eu já terminei o ensino superior.— rebateu.

— Estou falando sério, precisamos descobrir um sobre o outro, porque se não você vai para outro país.— sentei na ponta da cama, então comecei a chacoalhar ele.

— Não posso dormir mais meia hora?

— Park, eu sei que você não está dormindo. Anda logo.

— Não estou dormindo, mas estou cansado.

— Cansado de que? Essa é a primeira vez em três anos que você não fez absolutamente nada, para de graça.— voltei a chacoalha-lo.

— Certo, me encontra na sala em dez minutos, vou tomar banho.









Esse capítulo foi na minha humilde opinião fraquíssimo, o que vocês acharam?

Até a próxima!

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