Capítulo Único
Sempre disseram que o diferente era ruim.
Luna Lovegood nunca entendeu bem o sentido aquilo. O que havia de ruim no diferente? O que havia ali que fazia as pessoas temerem? Que fazia as pessoas recuarem e rejeitarem o diferente? Quem foi que definiu o que era normal e o que era diferente? Não era possível que todos nascessem com a mente padronizada, era?
Quando pequena, e sua mãe ainda era viva, Luna havia perguntado a sua mãe, Pandora, o por que das pessoas não gostarem do diferente. Ela, com seus seis anos e uma mente tão repleta de imaginação, não conseguia compreender o que todos rejeitavam nela. Era suas roupas coloridas? Alguém, em algum lugar e há muito tempo, havia criado um padrão aceitável de cores para roupas? Ou era seu cabelo desgrenhado,cacheado e loiro? Havia um padrão para eles também? Ou era sua imaginação que assustava? A mente da Lovegood era tão aberta a novidades, querendo explorar todos os cantos, implorando para achar algo novo, diferente e fora do comum. Todos culpavam os pais da menina por sua mente fantasiosa. Diziam que Pandora era maluca e seu modo de criar a filha havia feito Luna ficar do jeito que era. Outros diziam que era culpa de Xenofílio por ser um homem louco procurando por seres mágicos inexistentes. Mas, mesmo com olhares julgadores, Luna não conseguia conter seu lado diferente.
Quando chegou em Hogwatrs, ela permitiu-se pensar que finalmente podia explorar o diferente. Afinal, era uma escola de magia! Para os trouxas, aquilo era diferente –e improvável. Estava ansiosa para explorar o limite da sua magia, para encontrar seres diferentes, para abrir ainda mais as portas da sua imaginação. Infelizmente, mesmo sendo uma escola de magia, havia padrões ali também. Suas roupas, o cabelo, sua imaginação e todo o resto que dizia quem era Luna Lovegood, não era tão bem aceito. Ela era diferente dos padrões, e isso assustava.As pessoas tinham uma desconfiança com suas roupas, ficavam inquietas com sua aparência, e levemente apavoradas com sua imaginação sem limites. Eles até tentaram encaixá-las nos padrões, quiseram mudar suas roupas, seu cabelo, até mesmo tentaram calar suas divagações e pensamentos exploratórios, mas não compreendiam que Luna não foi feita para padrões. Ela era diferente.
A vida adulta chegou e com ela, novos padrões. Mas, ainda assim padrões conservadores e pouco abertos. Trabalhar no ministério? Fora de questão. O uniforme padronizado, a mesma rotina todos os dias, e a obrigação de seguir o mesmo pensamento que todos, aquilo não era para Luna. Até que a esperança chegou. Magizoologista . Nome diferente para uma profissão diferente. Aquela era a chance de Luna de explorar –o que ela sempre quis fazer – de conhecer novos lugares, criaturas que só conseguia imaginar, de provar a si mesma que, mesmo todos dizendo o contrario, o diferente não era ruim.
Não é ruim ser fisicamente diferente.
Não é ruim vestir-se diferente.
Não é ruim pensar diferente.
Luna aprendeu isso. Aprendeu que os padrões não serviam para nada além de dividir as pessoas. Aprendeu que mesmo tendo que lutar contra a correnteza, valia a pena confiar em si mesma. Aprendeu que tinha que aceitar-se do jeito que era em vez de tentar mudar pelos outros.
Não podia. Como poderia? Ela usava roupas coloridas, tinha o cabelo desgrenhado, a imaginação aberta e uma necessidade gigantesca pelo novo, pelo inesperado, pelo diferente.
Luna Lovegood amava o diferente.
Por que, no geral e em sua magnitude, ela era diferente –e especial.
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