O Retrato de Jeon Jungkook (final)
Capítulo 3
— Então tens certeza que este tal de Park é de confiança, Kookie-ah? — Taehyung se dirigiu a Jungkook, colocando a xícara sobre a mesa e encarando o garoto a sua frente.
— O que queres dizer? — Jungkook colocou a xícara sobre a mesa e olhou seu amigo de forma curiosa. Não sabia onde ele queria chegar, mas conhecendo seu amigo, ele com certeza estava preparando território para chegar em alguma coisa.
— Não estou querendo lhe fazer desconfiar de seus amigos, mas como sabes que ele és de sua confiança? — Disse, ainda olhando pro garoto com a expressão inabalável.
— Estás a duvidar das minhas qualitativas para escolher minhas amizades? — O garoto disse, um tanto ofendido.
— Não faça caso disso, eu só estou a dizer que talvez...
— Eu sei fazer minhas escolhas, Tae. — Cortou seu amigo com elegância. Este que permaneceu com o maxilar tenso.
Não era para menos, Kim Taehyung, um garoto que sempre teve tudo o que quis, não achou que seria diferente quando começou a se encantar pelo filho único dos Jeon, queria o garoto para si, mas não sabia muito bem como fazer aquilo naquela época, então acabaram virando amigos na época da adolescência, Taehyung sabia que para ter Jeon para si levaria algum tempo, então se contentou com a amizade do garoto na época. Quando a puberdade tinha o atingido, transformando o garoto de traços delicados em um homem viril, Taehyung soube que tinha se enganado em apenas uma coisa: não queria ele para si, queria ser dele.
Mas então, antes que seus planos fossem concluídos, Jeon, repentinamente se mudou para Londres, sem nem avisá-lo, e quando o garoto justificou ser por odiar despedidas em uma carta deixada para si, Taehyung se sentiu traído. Mas quando aceitou que Jeon não lhe devia satisfações, iniciou-se novamente o ciclo vicioso em torno de Jeon e moreno saiu correndo para Londres. E achou que seu plano ia muito bem, até encontrar-se com Jungkook e ele não parar de falar sobre um pintor que havia conhecido. Fez meu retrato blá blá blá. Taehyung não estava gostando daquela história, e como não era como se fosse burro, quando viu a maneira que o moreno olhava para Park, entendeu tudo. Aquele era o olhar que queria de Jeon, que tinha trabalhado por tanto tempo nisso, Park havia roubado aquilo de si.
E Taehyung não deixaria barato.
— Desculpe, estou sendo um pouco enxerido com seus assuntos, só estou preocupado. — Disse, voltando a bebericar seu chá.
— Tudo bem, creio que irás mudar de opinião quando conhecê-los melhor no almoço de hoje. — Disse, fazendo sinal para que sua empregada retirasse a mesa, e depois de chamar os outros servos, a mesa começou a ser retirada.
— Oh, sobre isso, — Taehyung colocou a xícara na mesa. — eu prefiro ficar apenas com você nessas primeiras semanas, sabes que sou péssimo nessas coisas de socialização, mesmo que eles sejam de nosso lar, creio que ainda não estou confortável com isso. — Disse, soltando suas garras como sempre fazia ao manipular o menor, e Taehyung era bom nisso.
— Ah, tudo bem, eu lhe entendo, faz tempo que não nos vemos, é justo que eu me dedique à você essas semanas. — Disse, evitando um suspiro. Por mais que estivesse com saudades de seu amigo, queria aquele almoço com Park, ainda mais que conheceria uma outra parte do pintor, sua amiga, Íris. Embora seu orgulho fosse dominante, não podia evitar querer conhecer cada parte de Jimin e não sabia de onde aquilo tinha vindo, mas não gostava nadinha.
E então, pediu para seu mordomo avisar o pintor em sua residência sobre sua ausência no almoço e não pode evitar o semblante decepcionado quando o mordomo saiu do cômodo, era isso, não iria aquele almoço e provavelmente não conseguiria ir à casa de Park a noite.
E a dois quarteirões dali, Park se encontrava ajeitando tudo para o almoço com sua amiga que tinha voltado de viagem recentemente. Ele estava tão animado em reunir todo mundo junto, agora com Jungkook, o almoço ficaria nada menos que perfeito, tudo bem que o Kim estaria junto, mas nada que realmente o incomodasse, ainda mais que o moreno nunca fez nada para si. Só conseguia se focar em Íris a quanto tempo ele não via sua amiga, já que ela tinha feito uma viagem extensa ao exterior faz alguns meses.
Íris era o oposto de dama, na opinião de Park, a garota estava mais para um criança arteira que sabia bancar a lady de vez em quando. Jimin adorava que ninguém pudesse controlar a garota e por isso a achavam egocêntrica demais para fazer amizades, mas isso eram o que diziam de Namjoon e de Jimin também, então não demorou muito para que os três se juntassem contra as festas da alta sociedade, eram tempos de ouro para Park, e tinha certeza que a garota iria aprontar todas quando voltasse.
Mal podia esperar para que Jungkook a conhecesse, os dois com certeza se desentenderiam um pouco no começo, Íris era ainda mais teimosa com pessoas que não conhecia, demorava para confiar em uma pessoa assim, então boa sorte para o garoto, ele precisaria.
Assim que terminou de arrumar a mesa, um de seus empregados avisou que um mordomo de Jeon estava em sua porta, e mesmo Jimin estranhando, foi até o encontro do mesmo, que estava no hall de entrada de sua casa. Assim que conseguiu falar como mordomo, seu ânimo tinha pulado pela janela do terceiro andar, já que o garoto avisou a si que não poderia vir já que Taehyung não estava familiarizado com o local e ele tinha alguns problemas sociais e etc, então Jungkook ficaria lhe fazendo companhia em sua residência. Park bufou e pediu para que o empregado de Jungkook se retirasse, já que estava irritado, não era burro, sabia que isso era armação do sorriso quadrado, deu pra ver por sua cara de desgosto que não tinha gostado nenhum um pouco do pintor, e isso poderia ser porque era superprotetor com o amigo ou o Kim gostava Jeon mais novo, Jimin apostava suas fichas fortemente nas segunda opção, e não estava gostando nadinha dessa história.
Tentou não pensar nisso, mas foi meio impossível por sua revolta com aquela situação absurda, queria que Jeon conhecesse aquela parte de sua vida, afinal o garoto era importante para si, e não poderia negar.
E assim Park percebeu que estava, inegavelmente, com alguns sintomas de paixão e ele não poderia mais negar a si mesmo. Estava começando a gostar muito de Jungkook, mais do que gostaria, e essa era a pior situação de todas para descobrir isso, quando não veria o garoto por um bom tempo. Sabia que Taehyung o envenenaria de algum jeito, não costumava ser paranóico, então acreditava fielmente naquilo.
— Senhor. — Um empregado lhe tirou de seus pensamentos. — A senhorita Wood está na—
— Cinco anos de amizade e você nem se presta a me receber, Jimin. — A moça entrou no cômodo, cutucando a fera, como sempre com um sorriso malcriado.
— Ainda não possuo uma bola de cristal, Íris. — Rebateu o deboche, ajeitando uns garfos de cima da mesa.
— Eu lhe enviei uma carta dizendo que voltaria, deverias estar esperando na porta desde então, oras. — Disse, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Sou seu amigo, não seu cachorro, Íris. — Riu e puxou a garota para um abraço apertado, recheado de saudades.
E então os dois passaram a conversar sobre as viagens de Íris e onde a loira se aventurou, logo Namjoon já estava presente, veio em mãos com um livro que Park já suspeitava do que se tratava, mas não estava muito afim de falar sobre o garoto no momento, ainda mais com a recente descoberta. Não sabia o que faria sobre essa situação, mas sabia que não era recíproco, já que o garoto era praticamente um livro aberto pra si, Jimin sabia de seus outros encontros, enquanto ele,não conseguia ter algo com outra pessoa sem pensar no garoto e se sentir culpado sobre algo que nem era alguma coisa, era uma situação muito complicada, que ele deixaria para trás, enquanto estivesse com seus amigos.
Almoçaram colocando o assunto em dia, enquanto Park pagava de vela para os flertes descarados de seus dois amigos, que negavam até a morte que sentiam algo pelo outro, mas a verdade estava transparente para Jimin, algo acontecia ali, só eram orgulhosos demais.
— Jimin, e aquele seu modelo que queria me apresentar, onde ele está? — Disse, olhando para os lados na mesa, finalmente notando a falta de alguém na mesa.
— Um amigo seu apareceu na cidade de repente e ele tem alguns problemas, então Jungkook teve que dedicar sua atenção à ele, infelizmente. — Disse, dando outra garfada em sua comida e tentando se manter pleno. Namjoon olhou para Jimin de forma analisadora, checando se estava tudo bem mesmo.
— Oh, um ultraje sem dúvida, queria conhecer o sujeito que você retratou, deve ser dono de uma beleza estonteante. — Tomou seu vinho, ainda sem desviar os olhos de Jimin. Namjoon olhou para a garota um pouco enciumado, mas logo percebeu pelo sorriso de canto que estava medindo as reações de Jimin sobre o garoto.
Íris era esperta, sabia que ali tinha coisa. Namjoon sorriu pequeno e voltou a comer, sabendo que agora ela teria mais informações de Park, que não estava nada contente com o comentário da garota, sabendo seu histórico de conquistas.
— Ele é encantador, sem dúvida. — Murmurou, meio irritado. Namjoon se divertia com as reações dos dois, Íris parecia segurar o riso.
— E quando vou ter a honra de conhecê-lo? — Disse, interessada. Park segurou o suspiro irritado.
— Quando tivermos a oportunidade. — Disse, querendo acabar com o assunto. Íris sorriu, orgulhosa de estar irritando Park com tanta facilidade, afinal cutucar a onça com vara curta era o hobbie favorito da garota.
— Ei, Jimin, não vamos contar o que aconteceu com o Jungkook para ela? — Namjoon indagou curioso. Jimin olhou para ele assentindo e então os dois se viraram a Íris, recebendo um olhar curioso da garota.
Os dois explicaram a garota tudo que havia acontecido desde a chegada do garoto, até a parte de Park estar envolvido com ele, o que Íris não ficou surpresa, pois já desconfiava fortemente depois da reação de Park, então, depois de todo relacionamento dos dois esclarecido para a loira, Jimin contou da noite em que ele flagrou a pintura e sua mudança de expressão bizarra, então Namjoon entrou e explicou as coisas do livro, enquanto Íris escutava atentamente. E depois de tudo esclarecido, Íris ficou alguns segundos pensando.
— Eu sei que é muito para digerir e—
— Você tem que destruir o quadro. — Disse, tirando o guardanapo de seu colo. Jimin e Namjoon arregalaram os olhos para a garota. — Não é óbvio? — Os olhou, como se fosse óbvio. — Se a teoria de vocês estiver correta, o retrato é um receptáculo da entidade que está atrás do Jungkook, e você precisa ser rápido, já que como o Nam disse, podem haver consequências para o mesmo. — Disse, calmamente.
— Espera. Você acredita nisso? — Jimin disse, desacreditado.
— Sim, parece fazer sentido. Não sou cética, sabes disso. — Limpou em volta de seus lábios com o guardanapo.
— Então, o que sugeres? — Namjoon disse, ainda impressionado com a garota. Os dois já sabiam que Íris era uma mulher e tanto, mas não achavam que ela acreditaria tão fácil nessa história que os dois consideravam absurda.
— Acredito que hajam dois caminhos; no primeiro você conta pra ele sobre o que descobriu, deixa a pratos limpos e deixa que ele tome a escolha dele, ou, no segundo, você toma essa decisão por ele e destrói o retrato. — Ditou, ainda de forma calma. — Vai de você.
— Como assim vai de mim? — o pintor disse, incrédulo.
— Ela quis dizer o quanto você confia na pessoa dele. — Namjoon disse, como se estivesse entendendo onde ela queria chegar. — Se você escolher a primeira, quer dizer que confia que ele vá tomar a decisão certa, e a segunda, é que você não confia no caráter de Jungkook, e mesmo tendo aquela tal consequência no futuro, você acredita que Jungkook continuaria com o retrato.
Jimin parou para refletir sobre aquilo, e de repente, ficou em dúvida sobre o garoto.
— A questão é — Íris chamou atenção dos dois para si novamente. — Pelo o que me contou, me ocorreu que o quadro simplesmente puxa para si algumas emoções que podem ser um desgaste para o garoto, então, Jimin, isso vai te levar em algum momento. — Disse, pensativa.
— Está insinuando...? — Park disse, meio perdido.
— Eu sei que você sabe que relacionamento não são sempre rosas, e você pode negar que estás em um relacionamento com o garoto, mas está sim, e bom, quando os sentimentos desgastantes começarem a aparecer, o carinho do garoto por você vai ser roubado também, Jimin. Como eu não tenho certeza, não posso dizer muita coisa, mas creio que você tenha que agir rápido. — Disse, seriamente.
Jimin arregalou os olhos suavemente pensando nessa possibilidade.
— Ela está certa, se nossas teorias estiverem corretas, o retrato vai proteger Jungkook de você quando passarem por uma fase difícil.
— Deves resolver isso logo. — Íris disse.
— Mas como eu vou resolver sem supostamente me comprometer? — Disse, meio assustado com as possibilidades.
— Coloque em outras perspectivas, como se não fosse de você e ele que estás mencionando. — Namjoon disse.
— E reforçe da consequência que ele irá sofrer se continuar apenas recebendo benefícios sem dar nada em troca, a vida não funciona assim e sabes disso, Jimin. Precisa fazer aconselhar o garoto.
— Tens razão. — Disse, se levantando da mesa com pressa. — Eu vou lá agora, me desejem sorte e que Kim Taehyung seja atropelado por alguma carruagem. — Pegou seu casaco e saiu e só pode ouvir a risada dos amigos ao fundo.
Ao chegar na casa de Jungkook, hesitou um pouco antes de abrir a porta, afinal não sabia nem o que poderia falar para o garoto, mas sabia tinha que fazer aquilo, precisava encarar a verdade dos fatos, e a verdade era que tinha um carinho especial pelo garoto e não deixaria aquilo se esvair tão fácil. Park tinha cansado de se conformar de nunca poderia ter um parceiro porque as pessoas achavam aquilo errado, era da sua felicidade que estavam falando, e nem que tivesse que fugir dali, tentaria ficar com quem gostava, só desistiria da ideia se essa não fosse a vontade de Jungkook também, mas tinha de tentar, tinha cansado de aceitar aquilo.
Reuniu toda sua coragem e tocou naquela porta, determinado. Sabia que estava cometendo a maior loucura de sua vida até então, e seu coração também, por isso o mesmo se encontrava um pouco acelerado com às possibilidades. Park se sentia um adolescente de novo, e isso era tão bom quanto assustador.
Assim que a porta se abriu, revelando uma das empregadas de Jeon, ela logo avisou que chamaria o patrão, e Park assentiu para o mesmo, um pouco nervoso demais para dizer obrigado para a moça.
Assim que Jungkook apareceu no salão de entrada, um pouco intrigado com a visita de Park, mas com o coração meio acelerado pelo mesmo motivo, guiou Park até a sala, depois do motivo dele estar ali ser parcialmente esclarecido – o pintor apenas disse que precisa conversar com o mais novo.
Assim que chegaram na sala, Jimin sentiu falta do moreno mais alto, pensando se sua praga não tinha dado certo mesmo.
— Onde está Taehyung? — Disse, curioso.
— Ele foi buscar algumas coisas no mercado junto com um empregado meu para ele preparar o jantar. Ele insistiu nisso por ter me feito perder seu almoço. — Explicou, calmamente. — E você, o que faz aqui? — Olhou para Park, que engoliu em seco sentindo sua garganta ficar seca com o nervosismo.
— Precisamos conversar sobre o retrato. — Jimin disse, preparando terreno para sua revelação. Jungkook ergueu as sobrancelhas.
— O que tem ele? — Disse, entrando na defensiva.
— Eu o vi, Jeon, sei o que está escondendo de mim. Nam e eu pesquisamos sobre, ele está roubando suas emoções que podem a vir ser desgastantes, te mantendo jovem. — Disse, ainda de forma temerosa com a reação do garoto.
— Você não tinha o direito, Park. — Disse, com raiva de sua privacidade ser invadida por alguém que confiava.
— Eu sei. Mas fiquei curioso sobre o quadro, inicialmente não era minha intenção, mas... Aconteceu. — Disse, tentando se manter calmo.
— E contar pra Namjoon? — Disse, aumentando a voz.
— Eu fiquei assustado, e não podia guardar aquilo para mim. — Olhou o garoto, se mantendo firme, viu que seu semblante enraivecido já tinha sumido, era bizarro o jeito que aquilo funcionava. — Mas Namjoon descobriu algo sobre esse fenômeno. — Jimin estendeu o livro que Namjoon lhe trouxe para Jungkook, que pegou ainda um pouco desconfiado.
— O que é isto? — Jeon indagou, folheando o mesmo.
— Um livro sobre maldições, aparentemente. — Disse, observando em que página o garoto estava. — Tem uma passagem sobre o que pode ter acontecido com você. — Guiou Jeon até a página em questão que Namjoon havia lhe mostrado junto a Íris em sua casa. — Aqui diz que uma entidade está atrás da sua alma Jeon. Se você continuar permitindo que ela roube suas emoções assim, vai ficar forte o suficiente para se transformar em algo que possa lhe atingir. Você entende que está só recebendo sem dar nada em troca? Não é assim que funciona, o preço será cobrado, Jeon. — Disse, tentando passar a gravidade do assunto em suas palavras. Jungkook olhava para o livro de forma espantada, eram tantas informações ao mesmo tempo.
— O que você está sugerindo? — O garoto olhou para o pintor de forma neutra novamente. Seus desespero tinha sido roubado.
— Destrua o retrato. — Disse, firme. E então uma ligada de vento passou pela sala no mesmo instante que Park finalizou a sentença. Os dois se olharam, assustados. — É assim que você pode quebrar o elo para que você não sofra depois com as consequências. Essa coisa pode pedir o que quiser de você, já que ela está te dando sem parar e não existem reais termos nisso.
— Mas...
— Jungkook, eu—
— Estou de volta. — Taehyung anunciou do hall, interrompendo os dois. Jimin suspirou e se levantou, se despedindo com um aceno para Jungkook e passando por Kim sem nem ao menos dar o trabalho de cumprimentar. O moreno estranhou, mas não perguntou nada quando viu o amigo sair de forma pensativa da sala. Mexeria nesse assunto depois, agora, ele tinha uma chantagem a fazer.
Óbvio que a chegada de Kim não era uma saudade inocente. O moreno mais alta planejava levar Jungkook de volta, afinal, de lá, poderia voltar aos bons tempos em que tinha certeza que o Jeon mais novo lhe daria bola em algum momento, a distância, e com Park no caminho – Taehyung não era nenhum um pouco burro, uma troca de olhares e já tinha percebido que algo estava no ar entre os dois –, o Kim não tinha chance, tinha de admitir.
Mas, nada que uma boa e velha manipulação no mais novo não resolvesse, já que era sim que sempre convencia o mais novo a fazer o que queria, então desta vez, não seria diferente. Mas era bem aí que ele se enganava, Jeon era uma pessoa diferente agora, com outras visões e interesses. O retrato contribuiu um pouco para isso tudo, mas, na verdade era algo mais profundo que isso; as coisas que Jeon viveu ao longo desses meses, o tornaram uma pessoa diferente. Park Jimin tinha o tornado uma pessoa diferente.
E agora Jeon sabia, Jimin havia o mudado. E isso era inegável, e a partir daquele momento, quando viu flashes em sua cabeça de como Park estava preocupado consigo lhe contando todas aquelas coisas para lhe proteger, o fato de que Jungkook havia se apaixonado por Park também era. Desde o primeiro momento negou a si, mas agora sabia que não tinha para onde fugir, Jimin sempre voltaria a sua mente.
E no momento, só o que Jeon pensava era que queria ouvir o resto do que Jimin tinha para dizer. Queria ouvir o pintor a noite toda, contando como ficou preocupado consigo por isso foi atrás de todas aquelas informações, isso com certeza deixava boca de seu estômago uma bagunça, e embora não soubesse com certeza, era culpa de Jimin, aquelas sensações esquisitas e boas, sempre eram.
Não tinha certeza sobre quem queria ser no momento; o arrogante que tinha tudo em mãos, ou o garoto encantando por Park, que talvez fosse colocar muita coisa em jogo pelo mesmo. O fato era que: o quadro teria que ser destruído.
Mas Jungkook queria destruí-lo? Queria colocar tudo a perder pra ouvir o final daquela conversa com Park que poderia não ser aquilo que esperava? Era muita coisa posta em risco por algo pequeno. Jimin valia tudo aquilo para Jungkook?
Um pouco mais distante dali estava Jimin, que andava para casa da forma mais derrotada possível. Estava prestes a dizer que não queria aquela situação para Jungkook porque queria fazer parte da sua vida de forma geral, o moreno não podia perder os sentimentos que tinha por Jimin, se tivesse alguns. Estava pronto para colocar tudo em pratos limpos. Seria aquele um sinal do universo dizendo que aquilo era má ideia? Park estava acreditando nesse tipo de coisa agora. Que decadência, pensava consigo mesmo. Já estava meio desesperado, tinha que admitir. Aquela história toda em volta do garoto o deixaria maluco.
Ele precisava ir para casa tomar um porre e acordar só no dia seguinte, de preferência.
E foi exatamente o que Park fez; chegou em casa e bebeu seu whisky direto da garrafa, afundando suas mágoas da forma que conseguia. Não sabia mais o que fazer, mas aquela parecia a solução perfeita para o momento: esquecer do garoto e beber muito.
Infelizmente ou felizmente, ele foi interrompido depois do quarto gole. Alguém tinha tocado a campainha. Park praguejou baixinho por ter dispensado seus empregados naquele final de semana depois do almoço porque pensou que ia passar na cada de Jungkook, um ledo engano já que Taehyung estava lá com ele. Jimin chegou em casa e demorou um tempo para arranjar algo para comer, tomar um banho e organizar suas roupas que estava perdidas desde o almoço onde não sabia o que vestir, o pintor admitiria que era até vergonhoso não saber se virar sem seus empregados, mas não os dispensaria nunca mais. Demorou um tempão para fazer tarefas simples antes que pudesse finalmente se deliciar com seu whisky, e então seu porre era interrompido, a vida estava claramente debochando de Park, não podia ser.
Se levantou e foi abrir a porta de mal grado, deixando sua garrafa em uma mesinha qualquer que provavelmente não lembraria de pegar depois. Mas ele tinha a noite toda para procurar, pelo menos era o que ele pensava. Antes de abrir a porta e dar de cara com Jeon Jungkook, bem na sua frente. Jimin teve que piscar mais algumas vezes, tentando digerir a visão na sua frente. Jeon estava mesmo ali.
— O que faz aqui? — Disse, desacreditado.
— Posso entrar? — Rebateu com outra pergunta, de forma mansa. Park deu abertura para Jeon e logo os dois iam para a sala de forma silenciosa. O clima estava inegavelmente tenso.
Assim que os dois chegaram na sala, Jimin olhou para os lados em busca da sua garrafa, que como previsto, não foi achada. Desistiu e se sentou no sofá na frente de Jeon, que permanecia meio nervoso.
— Eu quero ouvir o que tinhas a dizer. — Jeon disse, designado. Jimin arregalou os olhos minimamente. Era isso, então?
— Não venha me exigir algo se não fez nada em troca, Jeon. — Alfinetou, bufando. Jungkook suspirou.
— Taehyung me pediu para voltar com ele, hoje, enquanto jantávamos. — Disse, suspirando. Fechou os olhos por um breve segundo e depois voltou a encarar Park, tomando coragem. — O que achas disto?
— Não acho nada demais. — Mentiu, na cara dura, desviando o olhar de forma que não fosse pego. Parecia uma criança birrenta e sabia disso, mas poderia culpar a bebida naquele quesito, afinal quatro goles ainda podiam fazer um estrago, mesmo que não fosse muito.
— Vamos, Park, eu quero um motivo para ficar aqui com você. — Jeon soltou de forma sincera, fazendo o pintor lhe olhar de forma surpresa. Jungkook suplicava com os olhos. — Termine sua frase desta tarde, por favor. — Disse, jogando a cabeça para o lado e espremendo os olhos em busca de compreensão nos olhos do maior.
— Eu não queria que você perdesse o carinho por mim quando algum sentimento ruim passasse por... como quiseres chamar o que temos. Não quero que o retrato me roube de você, em algum momento. E também me preocupo com sua segurança. — Soltou em forma de resmungo. Jogou tudo aquilo para Jeon como se não houvesse amanhã e torceu para que a bebida fosse tão boa que não lembrasse de nada depois.
— Eu rasguei o retrato. — Disse, de forma simples. Não queria mesmo enrolar com aquilo, não era nada demais afinal, já tinha negado demais seus sentimentos. Jimin não cansava de olhar para o garoto um pouco surpreso, ainda mais depois de ver a expressão calma dele.
— Você está bem com tudo isso? — Sondou.
— Não, eu estou surtando no momento. — Disse, ainda mantendo a expressão fixa nos olhos de Jimin, mas agora que Jimin o analisava pode ver que o garoto não estava nem um pouco calmo mesmo. — Foi tudo tão rápido. Taehyung ofereceu durante o jantar para que voltássemos, ele disse que eu já havia conquistado a fama que eu queria como eu havia dito à ele que queria. — Fez uma pausa, considerando. — Mas, então eu comecei a pensar quais eram realmentes meus objetivos e ideais. Eles haviam mudado, a verdade que a minha preocupação a um bom tempo é se eu vou poder ver você ou não naquele dia. Eu só tinha reparado nisso agora. — Disso, um pouco perdido em seus pensamentos. — Eu disse à ele que pensaria, e antes que eu pudesse vir aqui, passei pela sala e vi o retrato lá, ele não parecia mais tão correto assim, então eu o parti no meio com um estilete, e estou aqui.
Jimin precisou de alguns segundos para absorver tudo aquilo que o garoto lhe dizia, era uma forma distorcida de confessar seus sentimentos, mas mesmo assim, era um tipo de declaração, assim como Park havia feito. De uma forma totalmente estranha e singular dos dois, eles estavam se ajeitando. Por isso, nada mais justo que Jimin selar seus sentimentos, e no auge de sua coragem levantou-se e foi até o garoto, o segurando pelo colarinho, sentou em seu colo e lhe beijou com vontade, assim como queria fazer o bom tempo que eles estavam sem, já que Taehyung era um empecilho e tanto.
Jungkook não demorou nem um segundo para retribuir da mesma forma, segurando a cintura do mesmo.
A sincronia perfeita dos dois estava ali, bem naquele beijo, era aonde conseguiam se comunicar melhor, onde o orgulho não falava mais alto e então eles encontraram sua tão amada sincronia.
Assim que a coisa foi se intensificando, como era de costume, o garoto tratou de deitar Park no sofá e se colocar por cima do mesmo, tomando seus lábios de forma feroz. O pintor não ficou para trás e já se colocou a explorar o abdômen de Jeon no alto da sua audácia.
E quando tudo estava se encaminhando para um final entre lençóis, Jimin fechou os olhos por alguns segundos e acabou pegando no sono. Quando Jeon percebeu que o pintor tinha deixando de se movimentar, parou de dar beijinhos em seu pescoço para conferir e encontrou o mesmo em sono profundo. Só pode rir da sua desgraça.
— Creio que você tenha exagerado na bebida, Jimin. — Riu e se pôs de pé, para pegar Park sonolento em seu colo e levá-lo para sua cama.
Enquanto Jungkook estava nas escadas, o mais velho acabou tendo um solavanco e abriu os olhos, meio grogue de sono e ao ver o mais novo, soube exatamente o que queria dizer.
— Não vá embora. Por favor. — Se aconchegou no peito do maior, que sorriu ao ver Park tão manhoso para si.
Com certeza embebedaria o mais velho mais vezes, só para ver ele manhoso desse jeito, mas claro, teria que encontrar a dose certa, já que dormir no meio do sexo é uma coisa meio frustrante.
Quando chegou ao quarto do mesmo, o colocou na cama e se pôs deitado consigo, observando Park dormir tranquilamente.
— Eu não pretendo ir à lugar nenhum por um bom tempo. — Confessou, mesmo que Park já tivesse caído no sono.
~FIM~
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