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"Tantas pessoas no mundo e os raios vão cair justamente nas árvores."
A chuva caía forte na cidade, a água descia violentamente enquanto eu esperava pacientemente embaixo do toldo de uma cafeteria qualquer e eu não queria ter saído da cama com esse frio, sério! Os meus pés já estavam encharcados e isso seria uma desculpa perfeita para voltar pra e dizer a minha mãe que não consegui destrancar a faculdade.
Eu não tinha qualquer vontade de voltar a faculdade e ver Jonas McLauren mais uma vez infernizando a minha vida e meus pensamentos, e o pior de tudo que fiquei sabendo que esse ano ele estaria na mesma turma que eu. Meu coração doía em saber que eu encontraria o semblante de decepcionada na carinha da minha mãe que faz questão que eu volte.
Eu amo minha mãe mais que tudo, meu pai partiu cedo e como sou filha única, unimos laços uma com a outra e desde então ela é meu tudo e eu sou o tudo dela, e juro por Deus que eu não queria decepcioná-lá ao ponto de dizer que não quero voltar a faculdade e encontrar o garoto por qual eu ainda nutria sentimentos ruins. Não, eu não sentia nenhum sentimento bom por Jonas, muito pelo contrário, depois do dia que ele me largou para ir atrás do pai canalha, meu coração nunca mais foi o mesmo.
Eu sou uma garota boba que acredito fácil nas coisas que me dizem e minha mãe já me alertou inúmeras vezes que isso sempre vai acontecer, é que preciso aprender a lidar com isso. Isabelle prometeu que Jonas não chegaria mais perto de mim e assim foi feito até então e sou muito grata a ela por isso mas quero viver minha vida longe dos McLauren.
Meu celular vibra e vejo que é uma mensagem de Tony perguntando se irei soltar hoje e eu respondo que sim. Tony é meu melhor amigo que é dono de um barzinho com músicas ao vivo e ele sempre me chama para cantar pois ele sabe o quanto amo cantar sempre que posso, talento que possuo desde pequena então respondo a sua menagem que dizendo que sim, aproveito para ligar para minha mãe.
— Mãe? - pergunto assim que ela atende.
— Querida, aconteceu alguma coisa? Está tudo bem?
— Está tudo bem, mãe, apenas está caindo uma chuva daquelas e não consegui chegar a universidade ainda, pois já estou toda molhada.
— Oh meu Deus, cuide-se! Venha para casa logo então.
— Então, mãe o Tony me chamou para cantar no bar hoje é a senhora sabe não é mesmo? Uma grana que entra.
Tony além de ser meu melhor amigo, ele ainda me pagava todos os cachês quando eu cantava em seu bar e isso me dava mais ânimo ainda. Meu sonho não é ser uma cantora famosa mas amo cantar e ver que as pessoas se alegram com as minhas músicas. Digamos que isso sim seria um hobbie que me deixa muito feliz mas meu sonho mesmo era ser piloto de avião. Eu sei que parece loucura, até fiz um curso escondido da minha mãe com ajuda de Tony mas logo quero contar a ela.
— Prometa que fará ele te trazer em casa pelo menos, sabe que não gosto que você ande sozinha na rua na noite.
— Claro que sim, mãe! - falei sorrindo - Prometo que não chegarei tarde em casa, aproveito e jantarei por lá.
— Graças a Deus não irei precisar ir para o fogão - gargalhou do outro lado da linha, minha mãe as vezes detestava cozinhar, já eu amava!
— Mãe desnaturada, por você eu passo fome!
— Cuide-se querida, não volte tarde - a desligou.
Corri apressadamente até o bar feliz da vida que hoje seria mais um dia que eu irei cantar e fazer uma grana legal. A chuva começou a ficar mais forte e eu corri mais rápido, já estava querendo anoitecer então eu tinha que me apressar logo e quando cheguei já vi que tinha uma quantidade razoável de pessoas.
— Correu uma maratona só para me ver? - Tony me recebeu com um abraço e fui recebida com uma das suas tentativas de me beijar que os seus lábios tocam no canto da minha boca.
— Você não desiste, não é mesmo? - falei rindo tirando ele de perto de mim. Tony tem uma queda por mim e eu queria muito ter por ele, de verdade por que um loiro castanho de olhos azuis que é afim de você não se vê todos os dias, mas só o vejo como amigo.
— Nunca, baby, e você sabe disso. Sou apaixonado nessa sua carinha de neném.
— Eu sou virgem - Falei pra ele largar do meu pé, loiro lindo de uma figa pois Tony corria das virgens.
— Ah, é? Vamos ali atrás então para eu verificar se é mesmo!
— Tony, para de safadeza agora! Sabemos que você quer só sexo comigo e eu sou uma mocinha indefesa.
— Qual problema de querer só sexo? Você quer casar?
— Quero casar virgem - eu tenho que parar de mentir.
— Você é virgem só dos ouvidos e olhe lá - olhei para ele fingindo estar chocada - Fiquei sabendo de umas histórias suas que meu Deus!
— Vê se não espalha por aí, seu fofoqueiro - gargalhamos juntos - Tenho uma imagem a zelar e me prepara aquela bebida rosa que só você sabe fazer antes de eu subir no palco.
Tony sabia fazer um drink daqueles, que apelidei de pantera cor de rosa que era uma mistura de um pouco de vodka, energético de melancia e sorvete de morango, pois eu já estava começando a me viciar nessa bebida, não me deixava bêbada por que eu me permitia tomar um copo somente.
— Isso aqui é melhor coisa da vida - falei com os olhos fechados apreciando o sabor daquela maravilha.
— Não é não e eu posso provar. Bora?
— Vou ter que te bater? - rimos juntos - Enfim, sua irmã deixou algumas roupas dela aqui, posso usar?
— Mas claro que sim, vá lá se trocar.
Terminei o resto da minha bebida e corri para o quartinho dos fundos onde ficavam algumas tralhas que ele guardava aqui mas ainda assim era ajeitadinho, eu conseguia dar um jeito em mim em vinte minutos. A irmã do Tony simplesmente era fantástica, em emprestava seus vestidos e roupas lindas para que eu pudesse cantar.
Entrei no quarto e dentro da sacola revirei até achar um macacão brilhoso e uma sandália baixa, na minha mochila eu carregava algumas maquiagens em meio de vários folhetos de orçamentos para os cursos de piloto no meio da bagunça. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto, dei um tapinha na maquiagem e vesti a roupa. Pronta!
Entrei pelos fundos até chegar no pequeno palco, ainda estava escuro então as pessoas não conseguiam me ver, arrumei o microfone e coloquei o pen drive na cdj para tocar uma batida que eu tinha gravado para cantar na próxima vez que eu tivesse aqui. Liguei o microfone.
— Boa noite, pessoas maravilhosas!
O palco se iluminou com a ajuda de Tony na mesa de som e assim que as pessoas me viram, se agitaram para sentar na frente do palco. Eu já era um pouco conhecida por aqui por cantar a mais de um ano e meu melhor amigo sempre diz que depois que comecei a cantar aqui, a clientela aumentou. Ouvi aplausos antecipadamente e assobios masculinos, algo que as vezes me incomodava mas eu tinha sucesso em ignorar.
— Apreciem a noite como vocês merecem. Essa música é de minha autoria e espero de verdade que gostem!
You, you love it how I move you
You love it how I touch you
My one, when all is said and done
You'll believe God is a woman...
Cantei a música como se não houvesse o amanhã e lembro-me como se fosse ontem quando escrevi essa quando eu estava com raiva barra decepção por Jonas. Na minha opinião, é uma das minhas melhores composições que aquele canalha não merecia três noites perdidas de sono escrevendo.
Eu tinha que urgentemente arrumar algo para ocupar a minha mente e de repente meus pensamentos foram ao delegado Ryan Evans. Depois de todo aquele acontecimento com a Isabelle, ela me fizeram o acompanhar na igreja em seu casamento e depois daquilo nunca mais o vi e eu poderia facilmente me lembrar de sua fisionomia.
Alto, corpo cheio de músculos, barba e cabelos puxados para um castanho avermelhados, olhos claros, chefe da polícia da Nova Iorque e delegado daqui e confesso que já tive sim algumas noites que sonhei com ele mas sabe quando você olha para uma pessoa, ri mentalmente e pensa "jamais um homem desse olharia para mim" e aí você descarta a ideia?
Então, foi isso que fiz e segui minha vida.
Cantei mais três músicas e a minha animação em agitar esse lugar era inesquecível. Aí como eu amo! Terminei meu pequeno show com fortes aplausos e desci do palco com as músicas tocando para que o pessoal continuasse se divertindo enquanto me dirigia ao balcão com Tony sorrindo satisfeito.
— Hoje foi sensacional, Jade, e essa música nova?
— Gostou? - pergunto sorrindo boba enquanto ele colocava uma tábua de frios e carnes na minha frente.
— Claro, você viu que o povo adorou? Eu adorei, nós adoramos, todo mundo adorou.
— Então, essa eu escrevi na raiva daquele bastardo idiota do Jonas, perdi três noites escrevendo ela e sim, eu sou uma boçal em perder minhas noites pensando nele então não me olha assim.
— Eu já tenho nojo daquele garoto, mas a irmã dele é uma gostosa do caralho, pena que casou!
— E muito bem casada mas nunca mais falei com ela. Depois do casamento foi cada um para o seu lado e foi melhor assim!
— Mas vocês brigaram?
— Não, jamais! Apenas seguimos nossas vidas, ela se mudou para a casa do Logan e o bastardo continua morando na casa dele.
— Vê se trata de passar longe daquela casa, Jade, não quero ir preso e eu adoro a minha paz - Tony falou rindo - E você é minha!
— Não sou sua não, meu querido, tira esse cavalinho da chuva. Por que você não dá uma chance para a Bárbara?
— Já tentei, semana passada a levei para o motel mas a garota é cheia das frescuras, Jade! Só quer papai e mamãe, não deixou nem tocar nos seios dela e olha que são bonitos.
— Bárbara e legal, você que não tem paciência.
Bárbara era uma amiga nossa mas era aquela garota linda de morrer mas que estava sempre se queixando de alguma coisa, fazendo birra por algo mas eu fazia o maior esforço para entendê-la de todas as formas. Afinal, sempre nos demos muito bem durante todos esses anos.
— Deu de papo hoje, vou para casa, me dê meu dinheiro que vou vazar. Amanhã devolvo a roupa para a sua irmã.
— Tirana! Só sabe me tirar dinheiro - ele disse puxando o dinheiro da carteira e me entregando rindo enquanto eu guardava no meu bolso na maior cara de pau - Quer que a leve para casa?
— Não precisa, hoje terminou cedo aqui então deixa comigo.
— Sua mãe vai me comer vivo, Jade.
— Deixe que com ela eu me entendo, Tony! Você já faz muito por mim, e minha casa é pertinho daqui. Prometo que assim que eu pisar meu pézinho número trinta e quatro em casa eu te ligo ou mando uma mensagem.
— Vou ficar esperando! Tome - disse tirando seu moletom e me entregou - Vista para não passar frio, amanhã você me entrega.
— Ah você é um amor! Entrego amanhã lavadinho, cheirosinho, praticamente novo. Tchau meu amigo!
— Tchau, gostosa da voz maravilhosa.
Sai vestindo seu moletom quentinho que quase passava dos meus joelhos e quando sai porta a fora desanimei e me arrependi de não ter aceitado sua carona porque eu havia esquecido completamente dessa chuva idiota e para piorar a chuva estava mais ou menos forte.
Enfim, a ensopada!
Caminhei em passos largos por que não adiantaria em nada e estou rezando para que minha mãe já tivesse ido dormir e não me visse chegar encharcada pois aí ela deduziria que não vim de carona com Tony e isso seria mais que suficiente para que eu escutasse seus dramas até segunda geração da minha vida.
As ruas estavam vazias e só se ouvia o barulho da chuva e das minhas sandálias na calçada. Coloquei o capuz na cabeça na tentativa ridícula de proteger meu cabelo em questão de segundos fui jogada no chão com um impacto que eu sofri. Bati minha cabeça no chão que doeu para um cacete é só percebi que foi um carro que bateu em mim quando dei forja que atravessei uma avenida sem olhar.
Eu tenho que parar de ser tão distraída!
Ainda mais nessa chuva onde eu ia demorar ainda mais para chegar em casa para usufruir do meu chuveiro quentinho. Minha cabeça doía demais quando percebi que o dono do carro saiu batendo a porta com força e eu sabia que viria xingamentos logo a seguir por que a errada sou eu de não olhar para os lados sem verificar antes.
— Mas que merda! - uma voz masculina totalmente grossa chegou perto de mim - Moça, está bem?
— Estou bem, só por favor me deixe ir embora, está tudo bem...
— Não está tudo bem! Iremos agora a um hospital verificar se realmente está tudo bem - ótimo, um cara autoritário! Tudo o que eu precisava agora!
— Moço... - coloquei a mão na minha cabeça que dói toda vez que tento falar - Hospital, não... por favor, juro que não darei queixa...
Ouvi ele rir nervoso e sarcástico e me dei o luxo de olhar em volta para ver se atraí mais olhares e arregalei os olhos quando vi que foi uma viatura enorme que bateu em mim e quando levantei meu olhar eu quis morrer. Era ele! Acabei de ser atropelada por Ryan Evans e ele estava olhando pra mim da mesma maneira quando viu que era eu e quando demos por conta olhando um para o outro, em um único som dissemos juntos:
— Você!
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Aiiiii essa doeu em mim! Olha quem vai Começar a dar as caras por aqui, nosso delegado! 🔥🤌🏻🤤
Espero que gostem e vamos ver se vocês não acompanhar Ryan Evans em ação!
Tchaaaai até a próxima!
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