É o fim ?
Minhyuk olhou em volta, se sentindo maior do que realmente era ao ver tudo em completo silêncio, todos parecendo temer sua presença ali.
Olhei para Namjoon, talvez procurando algum tipo de apoio, mas seu olhar não estava em mim, mas sim em SeokJin um pouco mais longe dali, com o rosto vermelho e as mãos sobre a barriga. Se aquilo fosse o que eu acho que é, eu só me sinto ainda pior por estar fazendo ele passar por isso, mas droga, Namjoon também tem sua parcela de culpa.
Ele mentiu o tempo todo. Ele simplesmente me achou, me fez de isca e ainda gritava comigo o tempo todo, nunca ouvi uma palavra de carinho, nunca recebi um sorriso e nem mesmo sabia o que era ter um diálogo com ele. Eu não conheço Namjoon, e tampouco acho que ele queira me conhecer, apesar dessa merda toda.
Olhei para Taehyung, ele também estava afastado, parecendo tão na defensiva quanto eu. Eu não podia perder uma luta tão covardemente enquanto ele estava ali, aos prantos só com a simples ideia de me perder.
Eu não podia simplesmente me entregar, com tantas pessoas lutando por mim.
- Diga, Namjoon. - Minhyuk começou a andar em nossa volta, o sorriso permanecia intacto. Minha respiração estava acelerada e eu tô tremendo demais, e ele, como o bom cachorro que era, sentiu o cheiro do meu medo. - Você está assustado, Jungkook. Porque isso não me surpreende ?
Com todo deboche que ainda restava no meu corpo, virei meu rosto pra ele, rindo com toda força que conseguia. Se ele acha que é debochado, é porque não me conhece direito. - Eu não quero surpreender você, de qualquer forma.
- Onde quer chegar com tudo isso ? - Namjoon perguntou, ele estava na defensiva e eu acho que deveria estar da mesma forma, mas eu simplesmente estava morrendo de dor nas pernas e todo curvado.
Eu devia levar isso tudo a sério, mas eu tenho medo de começar a fazer isso e a realidade vai cair com tudo sobre meus ombros, e isso pode me fazer até mesmo ter um colapso, coisa que está quase acontecendo mesmo.
- Eu quero que tudo siga como o planejado, meu querido filho. Você deveria saber, qualquer um que for uma ameaça pra mim deve e será eliminado. - O olhar dele queimava em Namjoon, enquanto o meu queimava nele, mesmo que eu estivesse me sentindo fodido demais.
- Eu sou uma ameaça ? - Quase gritei, erguendo os braços. Eu queria chorar, eu queria colocar tudo pra fora, e se eu o fizesse, isso não me tornaria fraco, isso não me deixaria menor que ele. - Eu sou só um homem, um homem que foi abandonado, sozinho, que teve que crescer e se virar da maneira que pode. Eu sou só um ser humano, Minhyuk ! O que você quer de mim ?
Eu estou tão cansado. Eu acho que não mereço tudo isso, eu não fiz nada de errado, eu me comportei bem quando era menor, eu sorria para as pessoas que falavam comigo nas ruas e eu sempre fui tão educado com todos. Eu não pedi pra nascer e eu não pedi para que Greta morresse por mim, eu não pedi nada disso, mas tudo vem até mim como um grande soco na cara, me fodendo de todas as formas possíveis.
Namjoon finalmente olhou pra mim, como se tivesse recebido um soco, seus olhos tão vermelhos quanto os meus. Nós mantemos o contato visual por um tempo, até que meu corpo fosse arremessado mais uma vez, me fazendo bater a cabeça no chão.
Dor ? Que nada, já lidei com coisas piores.
Percebam a ironia nisso, por favor. Tudo em minha volta tá rodando, todos ainda estão parados, e meu corpo tá cada vez mais pesado.
Eu não vou me transformar agora, eu não vou.
Puxei todo o ar que conseguia e, quando tentei me levantar, Namjoon foi jogado contra mim, mas ele não caiu, e se caiu foi de pé. Minhyuk parecia finalmente ter decidido atacar nós dois com toda a força que tinha, e eu acho que é muita porque eu sinto que posso quebrar a qualquer momento.
- Você me destruiu ! - O grito de Minhyuk soou como um rosnado alto, machucando meus ouvidos mais do que deveria.
Antes que ele viesse até mim, Namjoon voou até ele, o pegando pelo pescoço e o jogando no chão. Eu estava agindo como um covarde, encolhido naquele chão sem reação nenhuma, meu coração tá quase saindo pela boca.
Com o resto de coragem que eu tinha, me levantei. Eu corri - literalmente - até Minhyuk, empurrando Namjoon de cima de si e o acertando no rosto, eu não faço a mínima ideia de onde tirei tanta força, mas eu consegui tirar sangue dele e aquilo foi - até agora - minha maior vitória.
Minhyuk segurou meu pulso, quase o torcendo quando se levantou, ainda me segurando. Eu podia sentir toda sua raiva enquanto ele me apertava, os olhos vermelhos e o sorriso ainda no rosto, pronto pra me atacar.
Namjoon disse que me protegeria com sua vida, mas ele não ia precisar o fazer. Aquela luta era minha, eu conseguia sozinho, eu podia fazer tudo sozinho, porque eu nunca fui do tipo que desistia fácil das coisas, e eu não ia desistir fácil de tudo que tinha conseguido até agora, eu não ia desistir de viver em paz com minha família.
- Eu não destruí você. - Sorri, usando toda força que eu tinha pra chutar suas pernas, conseguindo o afastar de mim. - Você é sua própria destruição.
- Você me conhece tão pouco. - Esticou os braços, se mantendo intacto no próprio lugar.
- Eu não quero conhecer você. - Rosnei, irritado. Esse velho consegue tirar a paciência do ser mais calmo do mundo, mas eu não iria entrar no jogo dele.
Antes que ele pudesse voar em mim de novo, Namjoon se colocou em minha frente, a respiração rápida. - Nós não podemos contra ele, Jungkook. É perda de tempo.
Arregalei meus olhos, o encarando. Por instantes, eu esqueci até mesmo que Minhyuk estava ali, querendo me matar.
- Você tá brincando comigo ? - Virei seu corpo pra mim, respirando com dificuldade. Ele fez que sim com a cabeça, parecendo cansado. - Você só pode estar brincando, Namjoon ! Olhe em volta, nossa família tá aqui, tem mais de uma família aqui, todos estão lutando por nós!
Eu chorei. Eu finalmente chorei, eu esperneei, gritei, bati os pés e bati nele. Ele só podia estar brincando comigo, aquilo não podia ser verdade. - Você me tirou da minha casa, Namjoon ! Você me meteu nisso tudo, você me fez conhecer todos eles e você me fez vir até aqui ! Nós não podemos desistir agora !
Ele segurou meus braços, sorrindo. - Eles não estão lutando por mim, Jungkook. Eles estão lutando por você, somente por você. Essa é sua família, eles estão aqui por você e somente por isso.
Acho que Minhyuk aproveitou nosso momento de distração pra voar em mim, me agarrando mais uma vez pelo pescoço. Foi como se acordassem Taehyung, que até agora não fazia nada. Pude ver na hora que Chanyeol tentou o segurar mas ele o empurrou, correndo até onde eu estava e pulando sobre o ombro de Minhyuk, com todo o impulso que tinha conseguiu o derrubar.
O baque contra o chão foi enorme, Minhyuk parecia com mais raiva que antes, meu peito parecia que ia explodir e Namjoon parecia não querer lutar mais, o que me irritou.
Minhyuk se jogou contra Taehyung, o segurando pelo cabelo, o mantendo no chão, e antes que eu fizesse algo, Namjoon fechou seus braços em minha volta, me impedindo de fazer qualquer coisa enquanto via Minhyuk e Taehyung brigarem como dois animais.
Podia ver as presas de Taehyung a mostra, enquanto Minhyuk tentava o arranhar a todo momento, como se quisesse o deixar incapacitado, para então morder seu pescoço. Era aquilo, aquilo era o fim para qualquer alfa, ter a mordida de outro em seu pescoço era como tirar sua honra, e era aquilo que ele queria fazer com Taehyung, eu conseguia ver em seus olhos.
A mordida pode ser uma marca de amor, mas a mordida também pode matar. Se Minhyuk mordesse Taehyung com toda aquela força e aura em sua volta, ele conseguiria arrancar a cabeça de Taehyung com os dentes, e aquilo só me fazia me debater mais nos braços de Namjoon.
- Me solta ! - Gritei, tentando fazer Namjoon me soltar. Droga, eu sou fraco, o que eu esperava que fosse acontecer ? Eu conseguir matar Minhyuk seria um milagre, mas deixar ele matar Taehyung não era uma possibilidade.
Notei que os braços de Namjoon estavam há uma boa distância, então eu mordi, mordi com tanta força que se estivesse sangrando eu não iria me surpreender. Quando ele me soltou e eu tentei correr até onde Taehyung brigava com Minhyuk, Namjoon voltou a me segurar, só que dessa vez, quando me virei, o acertei com um chute na barriga, pouco me fodendo se aquilo machucaria ele.
- Namjoon ! - Pude ouvir o grito de SeokJin, mas não me virei para olhar.
- Eu odeio você ! - Gritei, fechando a mão pra acertar em seu rosto, mas ele foi mais rápido em desviar, me dando uma rasteira. - Seu filho de uma puta fodida ! Eu odeio você ! Você fodeu com a minha vida ! - Mesmo quando cai, continuei gritando, e quando me levantei, consegui o empurrar, o fazendo cair no chão. - O mundo vai te foder da mesma maneira que você me fodeu, Namjoon. Lei do Retorno o nome. - Me preparei pra acertar seu rosto, mas o silêncio atraiu minha atenção, me fazendo virar para trás.
Minhyuk segurava Taehyung pelos cabelos, este que olhava pra mim como se me pedisse para não fazer nada. Porque eu não faria ? Eu não sairia vivo dali sem Taehyung, ou era com ele, ou eu morria também, não tinha nenhuma discussão sobre isso.
- Ele não tem nada haver com isso. - Me afastei de Namjoon, erguendo as mãos e indo lentamente até Minhyuk. - Você quer me matar, não é ? Me mate, eu estou aqui.
- Você matou Greta há anos. Por que eu não devo matar esse alfa ? - Oras, eu não matei ninguém, eu tampouco pedi pra nascer. Mas eu não abri minha boca pra falar isso, permaneci calado.
- Eu não matei. Ela é minha mãe, eu a amo com toda minha vida, Minhyuk, eu juro. Coloquei a mão no peito, me sentindo perdido mais uma vez.
Por favor, Deus, se você existe e se você está me vendo agora, eu te peço, cuida do meu homem, cuida da minha família, tire todos eles daqui e faça da vida deles algo bonito. Eu não quero o mal de Namjoon também, ele tem uma família, ele tem pessoas que o amam e apesar de tudo, ele tem meu sangue, ele é parte minha então por favor, tire eles a salvo daqui.
- Eu a amava com a minha, mas você tirou a dela. - Pude ver os caninos afiados, perto demais do pescoço de Taehyung, o que me deixou com mais medo. Eu poderia desmaiar ali e ninguém ligaria pra isso.
- Me mata, por favor ! - Dei mais um passo a frente, me entregando. - Por favor, me mate.
Minhyuk estendeu a mão, e eu toquei. Eu segurei a mão dele, com todos os pelos do meu corpo arrepiados e com todo o nojo que eu sentia, eu segurei sua mão, me aproximando cada vez mais de si.
Se eu morrer, eu levo ele pro inferno comigo.
Ele soltou Taehyung, que não saiu do lugar. Ele parecia me esperar, mas eu sorri pra ele, erguendo as mãos. - Em nome do todo poderoso, vá embora.
Não, eu não cansava de usar meu humor obscuro nem nessas horas.
Foi quando eu me descuidei, por minutos, que uma faca atravessou meu peito. Foi rápido, eu só senti realmente na hora que ela foi tirada de lá, meu corpo indo em direção ao chão.
Minha linha de pensamento não foi cortada, mas eu ainda podia sentir minha vida correndo por meus dedos. Eu ouvi os gritos de Taehyung, eu vi quando Jimin avançou sobre Minhyuk, com a Sanmi e Baekhyun junto, eu vi quando, com a ajuda de Yoongi, Jimin conseguiu fazer o que eu queria a muito tempo.
Jimin havia tirado seu coração, do modo mais literal possível. Antes que ele o fizesse, eu pude ver Minhyuk me olhar, sorrir e erguer os braços, como se sua missão de vida tivesse sido cumprida e ele já pudesse ir.
- Jungkook ! - Taehyung me pegou no colo, ainda sentado no chão. - Olha pra mim, amor, por favor. - Pedia, as mãos tremiam e tocavam todo meu rosto.
Namjoon não me protegeu com sua vida, mas ele tentou, de todas as maneiras erradas e grosseiras, ele tentou me proteger com toda sua vida.
- Quando eu era pequeno, eu costumava achar que um príncipe ia me salvar das noites que eu passava sozinho. Ergui as mãos, tocando seu rosto. Eu sentia suas lágrimas, eu sentia seu medo, mas eu também sentia alívio, porque agora todos estavam bem, todos estavam livres. - Meu príncipe chegou um pouco tarde, mas ele veio.
Eu cheguei a fechar os olhos, mas foi estranho. Eu ainda conseguia respirar calmamente, apesar da dor sufocante, então eu ergui os braços, me impulsionando para cima. Pisquei mais de uma vez, tentando ter certeza de que ainda estou aqui.
- Taehyung. - Chamei, meus olhos sendo direcionados para si. - Eu tô bem.
Alguma coisa estava muito errada...
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Até a próxima metades da minha uva :3
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