3. The Pirate's Curse
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Jimin e Jungkook dormirão na mesma cabine e eles não confiam um no outro. Jimin e Taehyung também não se deram bem no começo. Vamos continuar com essa aventura....
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Jimin sempre teve sono leve, então não é surpresa que ele tenha acordado com o som de madeira rangendo sob passos pesados. Ele abre um olho, o que exige muito mais esforço do que deveria, depois o outro, e se assusta com o fato de estar no chão.
Ele olha em volta para a cabine levemente iluminada pela pequena luz que entra pela janela circular acima da mesa e, uma a uma, as memórias do dia anterior ganham vida.
- Bom dia. - Uma voz familiar diz.
Jeon Jungkook está parado no meio da cabine, prendendo seu cabelo escuro em um rabo de cavalo com sua fita preta. Ele está vestido como ontem, com a exceção de que não está usando seu casaco preto.
- Levante-se, Duende. Você tem trabalho a fazer.
- Eu? - Jimin murmura, ainda meio adormecido. Ele se senta, gemendo com a dor que atravessa suas costas. Ele dormiu no chão duro a noite toda, afinal. Ele levanta uma mão para passar por seu cabelo loiro bagunçado e nota que suas mãos estão desamarradas.
- Claro. - O capitão diz, surpreendentemente enérgico. - Você pensou que seria resgatado de graça?
Jimin aparentemente demora muito para cair em si, porque Jungkook caminha abruptamente em sua direção e o agarra pelos cotovelos para puxá-lo de pé. Jimin tropeça, muito assustado para avisar o pirata para não tocá-lo, mas Jungkook o segura perto.
- Calma, não vou te machucar. - Ele diz, e Jimin estremece com a respiração do homem fazendo cócegas em sua pele. O capitão então arruma a gola da camisa de Jimin e dá-lhe alguns tapinhas encorajadores no peito. Ele está bonito, limpo e descansado, enquanto Jimin ao seu lado está sujo e desalinhado. O fato de o pirata estar arrumando suas roupas para ele não o faz se sentir melhor. - Você não comeu nem bebeu nada desde ontem, e não quero ninguém morrendo de fome no meu navio. Vamos pegar um pouco de comida para você.
Jimin não está planejando consumir nada que Jungkook oferecer, mas ele não diz seus pensamentos em voz alta. Ele simplesmente segue Jungkook até o corredor estreito que ele lembra da noite anterior. Em vez de subir para o convés, eles continuam pelo corredor, passando por alguns tripulantes ocupados que olham para Jimin com desconfiança. Ele evita olhar para trás focando seus olhos nos ombros de Jungkook.
Eles caminham até chegarem à área de armazenamento abaixo do convés, onde Jungkook guarda todos os suprimentos e alimentos. Jimin espera em silêncio enquanto Jungkook cumprimenta seus amigos e busca algo para ele. Quando o pirata volta com um pouco de pão e queijo, Jimin o encara em silêncio.
- Eu escolhi isso especialmente para você. - Jungkook diz e empurra a comida contra o peito de Jimin. - Coma.
- Você come primeiro.
O pirata explode em gargalhadas, ao que Jimin franze as sobrancelhas em confusão. Uma mulher que está por perto vira-se para ver o que no mundo fez seu capitão fazer aquele som tão cedo pela manhã.
Ainda rindo, Jungkook rasga um pedaço do pão e o joga na boca.
- Mal temos comida suficiente para esta semana, eu não desperdiçaria para envenenar você. Prefiro deixá-lo preso em uma ilha deserta com nada além de uma arma e uma bala.
- Bom saber. - Jimin engole em seco nervosamente e aceita a comida.
Jungkook lança-lhe um sorriso com covinhas e se dirige para cima, esperando que ele o siga.
Jimin fica cego pelo sol assim que eles sobem no convés. Qualquer vestígio da tempestade se foi, até mesmo as nuvens cinzentas desapareceram durante a noite. Enquanto mastiga o pedaço de pão velho, ele observa os marinheiros andando por ali. Embora ainda não se sinta seguro em Âncora Negra, ele tem que admitir que todos parecem admirar Jungkook. Assim que avistam seu capitão, todos o saudam com um sorriso no rosto, ao qual Jungkook sempre responde com um sorriso alegre.
Ele dá ordens a sua tripulação aqui e ali, ordens que Jimin não entende. De uma coisa ele tem certeza: nunca trabalhou em navio pirata. De onde vaio, seja qual for a sua profissão, não foi marinheiro. Jungkook grita algo sobre um ninho de corvo e convés de popa, e Jimin fica completamente perdido. Felizmente, ele ainda não recebeu nenhuma tarefa, então caminha até a lateral do navio e apoia os cotovelos na borda para olhar o vasto oceano ao seu redor.
O mar não é mais uma confusão escura de ondas como na noite anterior. Ele brilha com a luz do sol, obrigando Jimin a apertar os olhos. Dentro de sua cabeça passa o pensamento intrusivo de apenas pular e mergulhar, ou talvez nadar em busca de terra firme, embora não tenha ideia de onde é sua casa. Quando o enorme casco corta a água, Jimin fecha os olhos completamente e respira fundo o ar salgado.
Alguém então o empurra pelos ombros. Jimin solta um grito e agarra a madeira com tanta força que jura que pode ouvi-la rangendo sob seus dedos. Ele ouve alguns marinheiros rindo dele e, quando se vira, vê o jovem que se chama Kim Taehyung.
- Que diabos! - Ele xinga, ainda segurando o barco para salvar sua vida.
- Relaxe, eu só queria te assustar um pouco. - Taehyung diz em sua voz profunda. Assim que Jimin se acalma um pouco, percebe que o garoto está segurando um balde com água e uma esponja dentro. Ele entrega a Jimin. - Seu trabalho hoje é esfregar o convés. Sugiro que comece agora, antes que fique muito quente.
Jimin só pode olhar para o pirata de cabelos cacheados em descrença.
- Ontem à noite você queria me jogar aos tubarões e agora quer que eu seja sua faxineira?
- Ordens do capitão, não minhas. - Ele diz.
Jimin pega o balde e olha para Taehyung, mas o pirata não se mexe.
- Tudo bem, eu vou fazer isso. - Jimin diz como uma deixa para Taehyung deixá-lo em paz, mas ele permanece grudado ao seu lado. Jimin então entende e não pode deixar de rir. - Você está preso aqui para tomar conta de mim, certo?
- Eu não sou babá. Só estou de olho em você, caso faça algo estúpido.
- Seu capitão deve te odiar. - Jimin diz com uma voz cantante, imediatamente de bom humor. Ele coloca o balde no chão e molha a esponja. - É uma merda ser você.
- Deixe-me lembrá-lo de que ele também é seu capitão.
- Eu nunca concordei em fazer parte de sua tripulação.
- Você não faz. - Taehyung cruza os braços de maneira intimidadora. - Mas ele salvou sua vida, então é sua vez de obedecer às ordens dele agora. É assim que funciona. Agora mãos à obra.
Jimin pensa em perguntar o que se passava na cabeça de Jungkook quando ele escolheu Taehyung como seu braço direito, mas acha melhor calar a boca. Mesmo que Taehyung pareça um garoto rabugento de vinte e poucos anos que pode ter sido amigo dele (JM) em outro universo, o garoto ainda é um pirata. E Jungkook escolhê-lo como seu companheiro na liderança significa que Taehyung é muito habilidoso, quer ele (JM) goste ou não.
Jimin tem certeza que Taehyung pode cortá-lo em dois pedaços se quiser, e não quer testar isso. Em vez de falar, Jimin vai para a parte da frente do navio, arregaça as mangas até os cotovelos, ajoelha-se no chão e começa a trabalhar.
Não é uma tarefa fácil esfregar a superfície quando há membros da equipe pisando em todo o seu espaço de trabalho, mas Jimin contorna-os sem nenhum problema. A maioria nem olha para ele, mas Jimin sabe que não deve se sentir insultado. Ele prefere passar despercebido do que começar brigas com marinheiros mal-humorados.
Taehyung está constantemente perto dele, conversando com seus amigos ou olhando para Jimin com irritação. Depois de algumas horas esfregando implacavelmente, Jimin mal consegue sentir seus braços e está encharcado de suor. Quando ele pega o balde, esse escorrega de sua mão e cai derramando toda a água no convés recém-limpo. Taehyung bufa, e é aí que Jimin decide que é o suficiente.
Ele se levanta e caminha em direção a Taehyung, que levanta uma sobrancelha em questão, as mãos no cinto marrom.
- Qual é o seu problema? - Jimin pergunta: - Ser um idiota é divertido para você?
- Desculpe, o que? - Taehyung, pela primeira vez, parece totalmente confuso.
- Estou perguntando se você costuma ser um idiota com todos neste navio ou apenas comigo.
Taehyung agarra Jimin pela gola da camisa, puxando-o para mais perto.
- Em primeiro lugar, não vou deixar você falar assim comigo. - Ele rosna.
- Você pode, mas eu não posso? - Jimin rosna de volta e o empurra. - Parece injusto para mim.
- Eu não ligo. Eu não gosto de você.
- Também não gosto de você, mas não o insulto toda vez que o vejo. - Jimin diz e enxuga o rosto com a manga. - Eu não sou seu inimigo, então me deixe em paz.
Taehyung segura o olhar de Jimin por um momento. Jimin aproveita a oportunidade para estudar o rosto do pirata. Sua franja encaracolada está puxada para trás com uma bandana vermelha, o que destaca seus olhos castanhos. Seu nariz é perfeitamente reto com uma pequena cicatriz na ponte, e seus lábios tem uma forma incomum, mas bonita. Isso, junto com sua mandíbula marcada, faz de Taehyung um pirata bastante bonito. Ele seria ainda mais bonito sem essa carranca permanente em seu rosto, pensa Jimin.
- Jungkook pode ser cego às vezes. É meu trabalho protegê-lo com minha vida quando ele não consegue sentir o perigo.
Jimin solta um longo suspiro e cai no chão. Taehyung olha para ele confuso. Jimin coloca um braço sobre o rosto para proteger os olhos do sol intenso.
- Estou cansado de me defender. Se você acha que eu quero matar todos vocês, tudo bem, vá em frente.
Taehyung não fala sobre isso. Após alguns minutos de silêncio, Jimin ouve o farfalhar de roupas ao seu lado. Ele espia por baixo do braço e vê Taehyung sentado ao seu lado, os antebraços apoiados nos joelhos, os olhos fixos no céu claro acima deles.
- Jungkook me disse que você não sabe quem você é. - Ele murmura.
- Eu não sei. Só me lembro de acordar na água.
Ele sabe que seu nome é Park Jimin. Ele tem vinte e três anos. Ele tem cabelo loiro, mas não se lembra de descolorir. Tudo sobre sua vida é um borrão, um espaço vazio dentro de sua cabeça onde deveriam estar as memórias.
- Agir como louco não vai fazer você parecer inocente, sabe? - Diz Taehyung.
- Gostaria que tudo isso fosse apenas uma encenação.
O resto do dia acaba sendo bastante monótono. Jungkook está ocupado com seus próprios deveres, e Taehyung desaparece logo após sua conversa surpreendentemente civilizada. Depois do jantar, quando o sol se põe no horizonte, Jimin permanece no convés.
Alguns marinheiros vão dormir enquanto outros ficam no convés para manter o navio navegando à noite. Assim como durante o dia, o céu está livre de nuvens, então Jimin pode ver cada estrela brilhando claramente contra a tela preta como breu. Uma brisa agradável bagunça seu cabelo, e Jimin pensa por um momento que esta é a vista mais bonita que ele já viu.
Ele não ouve ninguém se aproximando, então se encolhe quando alguém fala ao seu lado.
- Lindo, não é? - Jungkook diz. Ele não está usando seu cinto de couro com armas, o que faz Jimin sentir que pode respirar um pouco mais fácil.
- Sim, é. - Jimin responde - Mas eu não consigo sentir meus braços.
Jungkook ri baixinho. Soa agradável aos ouvidos de Jimin, uma bela risada que ele nunca associaria ao capitão de um navio pirata.
- Jungkook?
- Hum?
- Por que Taehyung me odeia tanto? - Ele pergunta, olhando para o perfil de Jungkook iluminado apenas pelo brilho do luar. - Eu entendo que sou um estranho e que não pertenço aqui, mas não fiz nada para ele.
- Não é o que você fez com ele, mas o que você poderá fazer comigo. Ele é muito protetor comigo.
- Como vocês se conheceram?
Jungkook olha para suas mãos e começa a mexer em seus anéis, um gesto que Jimin o viu fazer com bastante frequência.
- Eu o conheci quando fui nomeado capitão. Atacamos um navio mercante porque estávamos desesperados por suprimentos, e Taehyung era um dos marinheiros a bordo. Nocauteamos quase todos os marinheiros.
- Exceto Taehyung. - Jimin adivinha. Julgando pelo sorriso puxando os cantos da boca de Jungkook, ele está correto.
- Exceto Taehyung. - Ele repete. - Ele se escondeu de nós. Quando baixei minha guarda ele me atacou com uma faca. Ele era bastante desajeitado naquela época, mas tinha o fator surpresa. Quase cortou meu rosto.
- Foi assim que você conseguiu essa cicatriz na bochecha? - Jimin pergunta, apontando para o rosto bonito do capitão.
Jungkook ergue as sobrancelhas surpreso e leva a mão a cicatriz.
- Você é surpreendentemente observador.
- Eu não sou burro. - Jimin aponta, fazendo Jungkook sorrir.
- Eu o convidei para fazer parte da minha tripulação. Os marinheiros que trabalham em navios mercantes geralmente vivem em condições horríveis e recebem o mínimo necessário. Eu sabia que podia ajudar Taehyung a sair de lá.
- Acompanhar você foi a melhor opção? - Jimin pergunta.
- Às vezes é um inferno. - Ele diz, surpreendendo Jimin com a repentina honestidade. - Ficamos sem comida com frequência e temos que lutar e roubar de outros navios. Mas somos uma família. Se alguém tentar ferir alguém da minha equipe, terá que me enfrentar primeiro. E sei que minha equipe também me protegerá.
- É por isso que Taehyung não me suporta, não é? Porque ele está preocupado com você.
- Ele ainda acha que me deve a vida por ajudá-lo naquele dia. - Jungkook explica, brincando com os anéis em seus dedos. - Ele não percebe que já fez mais do que o suficiente para me pagar de volta.
- Como assim?
- Sua primeira impressão dele pode não ter sido a melhor, mas Taehyung é o melhor amigo que eu poderia ter.
Jimin apenas olha para Jungkook em silêncio. A maneira como seus olhos grandes e redondos se iluminam enquanto fala sobre seu melhor amigo é fascinante para Jimin. Ele se pergunta se também teve ou tem um melhor amigo assim. As chances são de que, mesmo que tenha, ele nunca os verá novamente, mas é de se esperar.
- Quantos anos você tem, afinal? - Jimin pergunta.
- Vinte e um. - Jungkook diz, e Jimin engasga com a própria saliva. - Não ria.
- Você deve estar brincando. Como diabos você é o líder de uma tripulação pirata aos vinte e um anos? Você mal tem idade para ser considerado um adulto.
Jungkook inclina a cabeça para o lado enquanto a brisa bagunça seu cabelo comprido e bagunçado. Ele parece confuso, como se essa pergunta nunca tivesse passado por sua cabeça antes.
- A idade importa tanto assim?
- Não neste mundo, ao que parece. - Jimin diz.
- De qualquer maneira, não me provoque por isso. Eu já recebo o suficiente dos meus próprios amigos.
Jimin não consegue segurar a risada que escapa de seus lábios. Jungkook, o homem que genuinamente aterrorizou ele no dia anterior, ameaçando-o com uma adaga. O capitão que navega em Âncora Negra. Esse mesmo homem é o garoto que esta na frente dele, um jovem de vinte e um anos que não se importa em amarrar o cabelo corretamente em um rabo de cavalo apertado e que agora o está pedindo para não provocá-lo.
Ele olha para Jungkook, ainda rindo, e vê que o capitão está olhando para ele com uma expressão divertida.
- O que? - Jimin pergunta ofegante.
- É a primeira vez que você sorri desde ontem. - Jungkook diz. E então acrescenta com naturalidade enquanto encara o oceano: - Você tem uma linda risada.
Jimin rapidamente olha para a água como se fosse a descoberta mais fascinante que ele fez o dia todo. Ele sente suas bochechas queimarem um pouco e reza aos deuses para que Jungkook não note.
- Por que estamos indo para a Veritas? - Jimin pergunta depois de limpar a garganta.
- Para ver alguém. - Jungkook responde.
Jimin espera um momento para ver se ele irá elaborar.
- Quem? Por que? - Ele pergunta depois de um momento de silêncio.
- Lembra quando eu disse que não gosto de pessoas intrometidas?
- Eu lembro. Mas escolhi ignorá-lo.
Jungkook solta uma leve risada de descrença. Jimin estará mentindo se disser que não gosta da maneira como sua covinha característica aparece em sua bochecha quando ele sorri ou ri.
- Você vai ver quando chegarmos.
CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Uau. Jimin começou a ser atrevido com o capitão. Hihihihi... Espero que estejam gostando tanto quanto eu. Agradeço a todos. Nos veremos no próximo capítulo.
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