𝟢𝟣- 𝘊𝘢𝘱𝘵𝘪𝘷𝘪𝘵𝘺 𝘰𝘧 𝘞𝘰𝘰𝘥𝘣𝘶𝘳𝘺
𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝗢𝗡𝗘:
𝘊𝘢𝘱𝘵𝘪𝘷𝘪𝘵𝘺 𝘰𝘧 𝘞𝘰𝘰𝘥𝘣𝘶𝘳𝘺
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𝗢 𝗖𝗔𝗟𝗢𝗥 𝗘𝗥𝗔 sufocante dentro do pequeno quarto improvisado que o Governador havia transformado em uma cela. Allison Smith Moss estava sentada no chão de concreto, encostada contra a parede fria, enquanto seu irmãozinho Phillip, de apenas seis anos, se encolhia ao seu lado, os joelhos abraçados ao peito. O silêncio só era interrompido pela respiração pesada e trêmula do garoto.
─── Ally... Quando vamos sair daqui? ── Phillip sussurrou, os olhos cheios de medo. Sua voz era tão baixa, como se até o som pudesse trazer mais dor.
Allison suspirou, tentando encontrar palavras que acalmassem o irmão, mas elas não vinham com facilidade. Seus braços estavam doloridos dos golpes que havia recebido do Governador mais cedo. Seu corpo ainda doía dos socos e chutes que ele havia desferido nela, tudo porque se recusara a ficar em Woodbury. Os capangas do Governador a cercaram, rindo e zombando, fazendo dela um alvo de seus abusos. Aquelas mãos grosseiras, que deveriam ter se contido, a tocaram de maneira brutal, transformando-a em um objeto de satisfação para eles. A memória daquela noite ainda ardia em sua mente, como uma chama insuportável. As risadas dos homens ecoavam em sua mente, se misturando às suas súplicas. Ela tentara proteger Phillip, tomando a maior parte da surra, mas até o pequeno não havia escapado da crueldade, e seu pequeno rosto exibia um hematoma na bochecha esquerda, fruto da brutalidade do Governador.
─── Só... seja forte, tá? Eu prometo que vamos sair daqui, ── respondeu Allison, sua voz rouca de tanto segurar o choro. Ela precisava ser forte, precisava fingir que tinha tudo sob controle, mesmo que sentisse o oposto.
A porta de metal rangeu ao se abrir, revelando a figura imponente do Governador, o olhar frio e calculista enquanto observava os dois. Ele se aproximou lentamente, seus passos ecoando pela pequena sala.
─── Eu tentei ser razoável, Allison, ── disse ele com uma voz suave, quase perigosa. ─── Eu ofereci um lugar para vocês dois aqui. Segurança, abrigo, comida... tudo o que vocês poderiam querer. E o que eu recebo em troca? Desobediência.
Allison se levantou lentamente, colocando-se entre o Governador e Phillip. ─── Nós não queremos nada vindo de você, ── ela cuspiu, sua voz carregada de raiva, apesar do medo que se infiltrava em cada célula do seu corpo.
O Governador a encarou por um longo momento, o sorriso cruel se espalhando em seu rosto. ─── Ah, mas vocês não têm escolha, minha querida. Não aqui. ── Ele deu um passo mais perto, agarrando o braço de Allison com força, fazendo-a morder o lábio para não gritar de dor.
─── Vocês vão aprender que, nesse mundo, não há lugar para escolhas... Apenas para sobreviver.
Ele soltou o braço de Allison com um empurrão brusco, fazendo-a cambalear para trás. ─── Mas vou deixar vocês pensarem sobre isso. Quem sabe mudam de ideia. ── Ele olhou de relance para Phillip, o garoto o encarando com uma mistura de medo e desafio.
─── Esse garoto... Ele tem fogo nos olhos. Isso pode ser perigoso.
Allison sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao ouvir as palavras dele. Ela sabia que o Governador estava tentando manipulá-los, quebrá-los lentamente. Mas ela não podia ceder.
Quando o Governador finalmente saiu, batendo a porta atrás de si, Allison caiu de joelhos ao lado de Phillip, abraçando-o apertado. O garoto tremia, seus pequenos braços envoltos ao redor de sua irmã.
─── Ele... Ele vai voltar? ── Phillip perguntou baixinho, a voz quase inaudível de tanto medo.
─── Eu não vou deixar ele te machucar mais, ── Allison sussurrou contra os cabelos do irmão, suas mãos tremendo enquanto o mantinha perto. ─── Eu prometo. A gente vai sair daqui. De alguma forma.
As horas passaram lentamente, com o som distante de vozes e passos vindo do outro lado das paredes. Allison sabia que, a cada minuto, a situação piorava. O Governador não os deixaria sair vivos... Não se ela continuasse resistindo. Ela olhou para o irmão adormecido em seu colo e sentiu uma pontada de desespero, sem saber como cumprir a promessa que havia feito.
Até que, no meio da noite, a porta da cela se abriu silenciosamente, e uma figura familiar entrou. Era a mulher loira que Allison havia notado algumas vezes ao lado do Governador. Andrea, era assim que a chamavam. Ela se movia com pressa, mas em silêncio.
─── Allison... Phillip... ── Andrea sussurrou, ajoelhando-se ao lado deles. ─── Nós temos que sair agora. Não temos muito tempo.
Allison piscou, surpresa. ─── Você... vai nos ajudar?
Andrea assentiu, o olhar sério. ─── O Governador está ficando mais imprevisível, e eu não posso permitir que ele faça isso com vocês. Ele vai machucar vocês dois se continuarem aqui. Precisamos sair antes que ele descubra.
─── Ele já nos machucou, ── Allison respondeu, sua voz tensa. ─── Ele e os capangas dele...
Andrea fez uma expressão de raiva contida. ─── Eu sei... e isso não vai ficar assim. Mas agora, temos que agir rápido. Se ele descobrir que vocês estão fora, não sei o que pode acontecer.
Allison olhou para Phillip, que começava a acordar, e então para Andrea. Havia dúvida em seu coração, mas ao mesmo tempo, uma faísca de esperança. ─── Por que está nos ajudando? Não tem medo de que ele descubra?
─── Claro que tenho, ── Andrea admitiu, seus olhos se suavizando por um momento. ─── Mas às vezes, fazer o que é certo importa mais do que o medo. Agora, vamos. Antes que ele perceba que vocês sumiram.
Com a ajuda de Andrea, Allison e Phillip conseguiram sair da cela e atravessaram as ruas escuras de Woodbury, seus corações batendo forte a cada passo. Allison mantinha Phillip apertado contra si, protegendo-o com seu corpo enquanto corriam, seguindo Andrea pelas sombras.
Quando chegaram ao portão, Andrea olhou para Allison com um olhar firme, mas carregado de preocupação. ─── Aqui está a saída. Sigam pela estrada ao norte, vão encontrar uma prisão a alguns quilômetros daqui. Não parem até chegar lá.
Allison assentiu, a gratidão e o alívio passando rapidamente por seu rosto antes de voltarem à cautela habitual. ─── Obrigada, ── murmurou, com sinceridade.
Andrea tocou levemente o ombro de Allison, dando-lhe um último olhar antes de abrir o portão. ─── Cuide dele. E cuide de si mesma, Allison.
Allison apertou a mão de Phillip e os dois passaram pelo portão, correndo em direção à liberdade. A mulher loira, que havia arriscado tudo para ajudá-los, ficou para trás, observando-os desaparecer na noite, sem saber se os veria novamente.
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