Capítulo 34 👑
⚠Atenção . Esta história contém cenas de sexo e violência, o que não são indicadas para menores de 18 anos🔞. Não é permitido nenhum tipo de plágio. Não se esqueçam de votar, comentar e partilhar!
Boa leitura.
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Arrumei todas as minhas coisas em minha mala lembrando-me do dia em que saí da casa de Jenny, dois anos anteriores, deixando claro que sairia para estudos e que algum dia eu voltaria. Jenny balançou a cabeça ouvindo minha explicação, e desejando que aquilo seria alguma verdade. Haviam alguns episódios que eu preferia deixar para trás. Jenny ficou em pé no meio do quarto, as mãos dentro dos bolsos grandes da saia que usava e um pequeno pé rodando por baixo, nervosa como minha mente conduzida a mil. De tanto esperar ouvir uma explicação detalhada do que acontecera na última tarde que estive com o Thomas que levou- nos a grandes escoriações. Ele sabia que eu nunca dormia a noite e esgueirou-se a meio da madrugada no quarto, olhando direto para mim. Sentindo sua presença, virei- me no colchão e intercalei o silêncio, levantando em silêncio. Não havia planos anteriores.
Estávamos a fazer aquilo a última hora. Pensei em Jenny e em meus pais quando juntei- me a ele nas escadas. Ele segurara na minha mão para descermos juntos. Suas mãos eram macias, suadas e escorregadias. Ele cheirava a sabão de roupa e os cabelos ruivos estavam crescidos o suficiente para cima. Ele ainda não tinha barba. Nem era alto. Jenny dizia que ele era parecido aos seus avôs paternos. Ela cansada de ver- me arrumar as malas, aproximou-se o suficiente e pegou duas camisolas para coloca-las na mala. Os olhos já estavam húmidos. " Ele nunca se mataria se vocês conseguissem fugir, não é?" Eu não conseguia responder a sua pergunta que a única coisa que me vinha a cabeça era o momento da colisão de um carro contra a bicicleta de Thomas, chocando- nos contra uma árvore. Ficamos vivos. Ou foi o que achei.
Em Savannah, quando já passava da meia-noite e mantive-me atenta aos pequenos sons que provinham de fora da casa, ao cão do vizinho que não parava de ladrar e ouvi a dona gritar algo furiosamente para ele e em seguida algum silêncio. Harry estava quieto atrás de mim, mal ouvia sua respiração, nem movimentos alguns. Em algum momento, como se tudo estivesse parado no tempo, o relógio do outro comodo, o ar, os vizinhos e menos eu e meu cérebro. Uma sociedade completa, como alguns que já vi em filmes. Pessoas perigosas, talvez. Tudo o que significa perigo. E Harry estava enfiado em tudo isso até as orelhas. Em um momento de êxtase, cheguei a pensar que ele teria vendido a Lux por minha causa. Tudo acontecera por conveniência, gratificante e com algum sentido. Ele apenas queria uma saída para tudo aquilo, e me viu como a oportunidade certa para o fazer e agora arrastar-me-ia às pressas para fora dali. As vezes parava para pensar no dinheiro que esteve todo este tempo ali envolvido. Com certeza, vendendo a Lux ele faria mais dinheiro do que mantendo-a, já que não teria de dividir o dinheiro com os sócios.
Senti o braço quente por baixo das cobertas por cima de meu abdómen grávido, acariciando-o um pouco com a palma aberta, e sua boca perto do meu ouvido.
— Dorme, Jane. — Não me virei nem respondi, apenas mantive os olhos abertos no escuro, alinhados com o armário do quarto, olhando para a pasta aberta e com os papéis amostra como uma língua de fora. Todos aqueles números confusos ali eram dinheiro e alguém como o meu pai sabia disso.
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Harry não parece ouvir o que digo quando aproxima-se de mim e segura em meu cotovelo me fazendo levantar do chão e a boneca cai com um baque seco de minhas mãos, e segurando com um punho o pequeno macacão de Jimmy, levanto-o entre nós. Harry para um pouco e olha para o tecido azul com bordados redondos em minhas mãos. Abro a boca para falar. Ainda sinto-me lenta demais para o fazer.
— Precisas limpar-te, estás uma bagunça — Comenta começando a agilizar- nos para fora do quarto e sinto um leve cheiro a suor vindo de seu macacão de trabalho, e sinto bastante saudades de antes. De quando ele era mais calmo, não pedalava de bicicleta, só usava fatos e camisas sociais, e tudo era ricamente suave para ele. Faço força com os ombros quando chegamos à linha da porta e ele vira-se rápido para mim com a expressão alterada e pouco paciente. Já devia ter visto a confusão deixada na cozinha e agora vê-me assim, toda desgrenhada e cheirando a leite. Valo a pena ter tido todo esse esforço para sair daquela cidade para que vir estagnar nesse aspeto miserável? Nem consigo ter pena de mim mesma.
— Quero tomar banho contigo — Ele atenua um pouco as linhas rígidas do rosto e pressinto- me um pouco pesarosa quanto antes assim que lembro-me de repente que todos os dias que ele sai para trabalhar, e fica quase dez horas fora, e ainda existindo oportunidades de conhecer uma mulher interessante por lá, uma que ele note que vale mesmo a pena, que deixe de ser um encargo tão pesado quanto eu.
— Então vem. — Andamos à medida da minha velocidade para fora do quarto e, quando ele fecha a porta atrás de nós, sinto a repentina vontade de chorar, todavia algo ali, no fundo de mim, parece segura-lo com tanta força que apenas sobressai uma moderada aflição. Nunca me senti assim, nem mesmo depois de minha família inteira ir-se embora ou depois do enterro de meu pai. Desta vez o desespero vinha em outro patamar. Nada ingressa ou abandona. Entramos de imediato para dentro do nosso quarto e Harry volta a sair desaparecendo para dentro da casa de banho e liga a água para aquecer. O tempo já está a esfriar de novo. Começo a tirar a blusa de mangas longas para adiantar tempo e só após conseguir livrar um braço, ele atravessa a porta e paro. Ele já tinha abaixado a parte de cima do macacão e retira a camiseta branca ficando de tronco nu e paro tempo demais para encarar. Salivo de saudades e ele aproxima-se e segura em minha blusa para ajudar-me a retira-la. Sem perder tempo, com os braços livres, pouso as mãos sobre a pele lisa e firme do seu peito e ele ajuda-me a retirar as calças ficando apenas de cueca.
— Gosto de ver- te de macacão — Ele fita- me quase sorrindo e pede com a voz baixa que entremos na casa de banho com o vapor da água quente enchendo o espaço. O banho é lento, ambos lavamos os cabelos com os shampoos de fruta, de frente a ele não retiro o olhar de seu rosto. Ele esfrega meus ombros delicadamente, tocando minha pele com máxima gentileza e enviando surtos de choques pelo meu corpo todo. Vejo-me quase colada a ele. Ficamos assim até terminarmos. Quando saio do banho, estou leve, mais alegre, enrolo a toalha e saio atrás dele na direção do quarto. Ele ajuda-me a procurar uma roupa pesada para vestir e logo a seguir caio sentada na cama e toco meu cabelo agora solto e molhado e noto o quanto ela tem crescido e agora já passava do meio das costas. Levanto o olhar para Harry que agora segura o frasco dos medicamentos e olha para mim. Já tinha passado da minha hora de tomar outra dose, mas nem me importei. Já não podia mais com os efeitos que ela causava. Falta só livrar disso. Ele coloca o frasco de volta na cabeceira e volta para pegar nossas roupas. — Desculpa.
Digo depois de algum tempo e ele não responde. Nem saberia a razão que me faz desculpar. Porque na verdade existem diversas.
Ele se vestiu tão rápido que foi arrumar a confusão na cozinha e fiquei um tempo encarando meus chinelos agora limpos e ali alinhados com meus pés, prontos a serem calçados. Terei que ficar mais duas semanas em casa antes de voltar ao trabalho, e nesse tempo sei que ficarei sozinha. Harry precisa ou quer trabalhar. Não ficará todo este tempo fechado comigo. Ele comentou apenas uma vez que irá comprar a fábrica, mas não sei exatamente se a ideia é a sério. Sinto fome desta vez e calço os chinelos pronta para sair do quarto. E conversar outra vez com o Harry. Desta vez fazê-lo entender. Alguém que sabe que estamos aqui, que está dentro de nosso apartamento, mexendo em nossas coisas, ridicularizando tudo. Paro no corredor escuro quando ouço alguém conversar. Harry fala rápido e com alguém e espero por uma resposta, mas não escuto nada de volta. Ele fala no telemóvel. Tento não arrastar com os pés e aproximo-me um pouco mais. E quando quase dou outro grito, quando a boneca outra vez ali, de olhos fixos em mim, desta vez no sofá da sala, usa outra roupa do Jimmy. Escancaro a boca outra vez e uma figura surge bem no momento entre os dois. Rui por um momento está a olhar para mim, uma visão nítida, observando minha expressão horrorizada e está sorrir, desacreditado. Uns segundos, ele para de sorrir. Eu sou a primeira a replicar.
— O que estiveste a fazer? — Meu coração outra vez está a bater tão rápido, ainda assustada me escoro na parede ao meu lado e Harry surge veloz atrás de Rui e olha para mim, as sobrancelhas altas e a expressão firme. Sim, pela expressão dele, eu gritei, só que nem reparei.
— Eu não fiz nada — Responde Rui e nem ele nem Harry se mechem do lugar e pareço estar encurralada entre os dois e a escuridão do corredor.
— Jane, estás a tremer — Avisa Harry e sai de trás do Rui para segurar em mim e tento não olhar para o sofá. Mas Harry olha para a boneca e fica em silêncio, pensando em silêncio. Ele troca um breve olhar com Rui que não interpreto bem e dirigimos na direção da cozinha.
Tem uma mulher um pouco maior que eu limpando cozinha, de costas para mim lavando a confusão que deixei, atenta ao seu trabalho, faz-me lembrar de Gina. Mesmo arrastando a cadeira, ela não vira a cabeça para nós para cumprimentar. Harry também não a apresenta e por um instante ela sai da cozinha.
— Tive que arranjar alguém para cuidar das coisas por aqui. Enquanto estás de recuperação, não podes fazer esforços. Essa senhora vive aqui no prédio. Limpa alguns apartamentos.
Imaginadora com uma criança, comecei a pensar em muita coisa que se tem passado ultimamente, daquilo que não tenho conhecimento, como se outra vez fosse uma criança assombrada com decisões precipitadas e das coisas na qual não consigo lembrar-me de jeito algum. De tudo o que me deixa muito confusa.
— A boneca estava ali, na sala, quando entrei— Rui fala de repente apontando com a mão grande para a porta da cozinha e estilhaço ainda mais o peixe no prato com o garfo, a fome evaporando — e tem uma bolsa de roupas ali.
— São do Jimmy — Encaro-o direto e ele olha para mim, uma pequena e falsa preocupação ocupando seu rosto, e minha vontade de esbofetear alguém uma segunda vez na semana toda. — Tu o sabes direitinho.
— Eu não mexi nas coisas de ninguém. Muito menos nas coisas do vosso filho.
— Mentiroso.
— Para agora, Rui — Responde Harry, a voz rouca e cortante entre nós, o rosto sério e fixo e a fronte franzida. O mau humor tinha voltado. — Não voltes a fazê-lo. São as roupas do nosso filho, ainda estamos lastimados por essa perda. Só faz uma semana.
Para nós teria sido a semana mais longa das nossas vidas. Olho para a linha do queixo do meu marido. O que terá ele sentido quando perdeu o pai? Queria uma parte de mim estar lá para participar do momento com ele, de uma parte de sua dor. Neste momento, preciso ser forte por nós, a dor dos dois está tão proeminente que se nota a distância. Agora olho para o Rui e volto a projetar a minha resposta na cabeça.
— Desculpem — Rui de olhos fixos nos meus, um olhar distante de preocupação, tão enevoado de algo diferente que me faz de uma vez perder o apetite. O silêncio reina outra vez entre nós.
Harry pede que o Rui vá embora e encostamo-nos por umas horas, sem dormir, nem conversando, ou olhando para o teto ou para as costas do outro, mas o recinto parecia tão barulhento do tanto que eu pensava. Não faço ideia se Harry refletia nessa mesma velocidade e por vários momentos, voltava sempre aos sonhos que eu tinha quando estava no hospital. Conhecendo um pouco a mãe de Harry, se ela soubesse aonde estaríamos instalados, o mais breve entraria em contato nem se fosse para saber do neto. Seria ela capaz de interferir de maneira tão cruel que provocasse a morte do neto ou quase a minha?
A mulher saiu há pouco tempo, trabalhando silenciosa e rápida, muito pouco simpática, como qualquer outro desta cidade. Viro-me para o Harry e desta vez ele está deitado de costas, a bochecha encostada no travesseiro e de olhos fechados, não faço ideia se dorme ou não. Apenas aproximo-me dele e beijo seus lábios com delicadeza, pouco importando se ele sente ou não. Os meus lapsos de memória vinham corrigindo-se aos poucos assim que vou deixando os antidepressivos de lado, e lembro-me de muito mais informações. De minha conversa com o meu irmão antes de vir para cá e de minha discussão com o Harry.
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