Capítulo 2 👑
⚠Atenção . Esta história contém cenas de sexo e violência, o que não são indicadas para menores de 18 anos🔞. Não é permitido nenhum tipo de plágio. Não se esqueçam de votar, comentar e partilhar!
Boa leitura.
♤♤♤
Aproximo-me do carro com passos cautelosos e entro pela porta aberta sentando- me na cadeira baixa de estofado com o cheiro masculino impregnado no interior. É excitante ao mesmo tempo. Harry fecha a porta e vira - se para Martha. Eles conversam- se por alguns minutos e percebo o olhar dela sobre ele. Parecem conhecer- se bem, e pelos vistos, bem intimamente. Solto a respiração e desvio o olhar para longe das suas figuras logo ao lado. O calor dentro do carro é bem-vindo e eu sinto-me bem com isso. Cruzo os dedos das mãos e olho uma vez à volta do carro. Além de perfume feminino adocicado, tem o cheiro de colônia masculina trazendo um ar de mistura estranha. Olho de cautela para o banco de trás para tentar detetar algo que me traga a atenção, mas nada concreto está aí. Somente um banco vazio.
Percebo Harry dar a volta ao carro e entrar pela porta de motorista. Martha não se encontra mais em meu campo de vista e ouço o som de motor ser ligado. Solto a respiração lentamente quando o carro entra em movimento e arranjo coragem para encarar o homem ao meu lado.
— Sinto muito comentar isto, mas não consigo imaginar uma garota como tu a namorar alguém como o Max — Disponho meus caracóis soltos atrás de minhas orelhas e limpo a garganta seca com uma tosse repentina.
— Conheço o Max há muitos anos— Agrada-me um pouco a tensão que é iminente em sua voz, ela me trás uma sensação de conforto. Algo que tenha a ver comigo aparentemente está a aborrece-lo — ele era uma pessoa muito legal comigo.
— Legal — ele elucida em tom de deboche e mordo os lábios, nervosa, olhando para o lado — o Max não tem nada de legal, Jane. Ele sempre arranjou problemas com a irmã e ela teve que pô- lo muitas vezes para fora de casa.
— Para mim ele foi excecional — insisto em finalizar o assunto. A mentira gritante como uma ave lesionada — Ele tem seus defeitos. Sua irmã também nunca foi minha fã. Aliás... ninguém é.
— Não sejas tolinha, Jane — viro o rosto ao mesmo tempo que nossos olhares se encontram — cada coisa a seu tempo.
Sinto o ar a nossa volta voltar a ficar escassa. Ele sorri de lado encarando a estrada, e percebo uma de suas covinhas.
— Porque dizes isso?
— Nada de especial — De repente, ele pára o carro por causa do trânsito que vinha de outra ponta. As sobrancelhas se fechando uma com a outra, a face contraída e eu começo a sentir-me sem jeito, como se o carro quisesse apertar-nos ali dentro— isso é das coisas que mais odeio.
Sem nada mais para conversar, prefiro olhar para fora da janela e notando a enorme fila de carros que parecia não ter início, uma infindável linha de luz que ofusca toda aquela rua. Cai um leve granizo de neve e agradeço mesmo por estar dentro de um carro confortável e quente. Mas o silêncio reina dentro do carro, deixando-me aturdida. Tenho possibilidade de escutar meu coração que percute louco dentro de meu peito. Como se o quente ali dentro fosse tão protetor quanto desagradável para mim, e cansada de manter a cabeça de lado, movo a cabeça para a frente, olhando para o carro logo a nossa frente. Harry move-se no canto escuro ao meu lado e sua cabeça está virada para mim. Silencioso e inexpressivo, ele fica ali, de olhos em mim. Nem faço ideia o que tanto o faz pensar. Um condutor ao nosso lado buzina forte para outro e ouço um palavrear sem noção. Minha cabeça parece estar conectada a mente silenciosa do homem ao meu lado.
— Provavelmente nem te lembras de mim. — Suas palavras soam estranhas para mim naquele momento. Penso em ensaiar uma expressão confusa e inédita para ele. Ele acomoda-se na cadeira.
— Claro que lembro — Ele solta uma baixa carranca.
— Tudo bem. — De novo aquela sensação proeminente de angústia volta e sem eu perceber, mas ele troca de assunto. O que para mim já é ótimo — Amanhã tens tempo para que eu te mostre uma coisa? Era do teu pai e sei que ainda não procuraste. Precisas procurar um advogado para resolver todos os teus assuntos.
— Tenho sim — digo entre golfadas de ar e ele deposita um grande sorriso de lado.
— Ótimo — A fila de carros continua.
Meu telemóvel está tocando desta vez e rápido retiro-a para fora da bolsa, olhando para o número lustroso de Max na tela. Já sei o que ouvirei: Mesmo apesar deste nosso pequeno incidente, vamos deixar de lado e resolver. Deixa eu pegar-te para conversarmos. Eu vou perdoar-te.
Eu nego a chamada e coloco o telemóvel em silêncio. Ele não precisará fazer isto. O meu ex namorado nem se preocupou comigo quando perdi repentinamente meu pai, são diversas razão pela qual não estamos mais juntos. Uma coragem rara em mim me fez tomar esta decisão. Sinto-me um vazio gigante por dentro de mim, como se a minha família inteira biológica estivesse morrendo dentro de mim. Deixando-me seus restos mortais apodrecendo e adoecendo-me. Largo o telemóvel para dentro da bolsa, fecho-a e olho para meus pés, brilhando em trajetos diferentes a medida que o carro avança por entre os postes de luz, como máscaras diferentes. Aquelas que existem em mim.
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