Capítulo 17 👑
⚠Atenção . Esta história contém cenas de sexo e violência, o que não são indicadas para menores de 18 anos🔞. Não é permitido nenhum tipo de plágio. Não se esqueçam de votar, comentar e partilhar!
Boa leitura.
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Sempre que lembro de uma coisa que eu fiz, isso me faz suar. Como se tivesse sido algo grave. Mas foi algo que uma adolescente não gostaria tanto de ser lembrar. É como estar sorridente em casa tomando um café com um grupo de amigos e lembrar-se de uma coisa ruim por rumo de uma conversa e seu rosto se fechar automaticamente. Testemunhar para mim mesma um misto de recordações confusas, como se estivesse procurando a saída do labirinto era nauseante que nem fazia tanta ideia que passava sim, a recordar. Porque gosto de lembrar de tudo. Mesmo que causem uma grande ânsia. Bati numa primeira criança da minha idade com 9 anos depois de ter tido um surto psicótico leve e dissociado na hora. E mais maravilhoso que isso era gostar muito do irmão dela. Adorava demais aquele miúdo. Da idade do Ronnie, via o Thomas como a clareza única para a escuridão que já vivia comigo. Aquele menino que simpatizava com todos, mas tinha uma gigante timidez que não lhe permitia aproximar demais de ninguém. Nem mesmo da pequena esquisita que a mãe dele cuidava. Encontrava com ele nas escadas, durante as refeições ou nas barulhadas no quintal. Os cachorrinhos da casa não saíam do pé dele. Eu adorava o quanto eles o adoravam. Jenny tentava muitas vezes falar com o filho, mas não conseguia. Ele ignorava todos. Até o dia que dissociei e bati numa de suas irmãs e ele teve uma troca de palavras comigo. Como se a força de sua liberdade vivia ali naquelas atitudes. Ele tornara-se meu amigo. Minha primeira obsessão. Mas eu não sabia que dando uma atenção a alguém pudesse causar-lhe tão rapidamente um fim. Ele só estava sinalizando para mim que o fim estava próximo.
Acordei com o nome de Thomas em minha boca e vejo-me na minha cama, deitada atravessada, com a cabeça para fora e o corpo pesado de cansaço, como se quisesse dormir muito mais. Levanto a cabeça e sinto uma súbita tontura e sinto algo em minha mão. Deixo- a cair sobre a cama e encaro uma lata de cerveja de uma marca que desconheço. Abano-a e noto –a vazia e, abalada um pouco pelo súbito susto de acordar assim, desço da cama procurando o meu telemóvel. Encontro-o depois de desesperados 5 minutos por baixo do travesseiro no chão e abro de imediato o ecrã. Quase que solto um grito de susto. Isso não acontecia há anos. Desde o acidente. Passava de três dias. Estou há dias em dissociação. Que eu terei feito durante todo este tempo? Alarmada, abaixo-me sobre meus calcanhares como geralmente faço e aperto meu rosto sentindo algo nodoso em meu rosto. Deve ser maquiagem ou outra coisa. Sinto-me decomposta e em constrangimento. Nunca passei por isso enquanto estava no apartamento com as meninas.
Por sorte, no quarto que estou hospedada tem sua própria casa de banho e alojo-me de imediato ali dentro. Tiro toda a roupa — que não reconheço como minha, nem as lingeries — e ligo a água quente. Agora vejo porque tenho tanta dor de cabeça. Deve ter bebido tanto que tive que voltar a mim. É uma dor que sinto — psicologicamente — uma doença incurável, desastrosa que mantive em controlo por poucos anos, mas deixei abandonar. O tratamento não estava a ter tanta garantia. O sono nunca vinha. Só quando era o necessário.
E um outro susto quando olho para o espelho, para a maquiagem completa que tenho no rosto, os cabelos desgrenhados como se alguém os tivesse severamente agarrado, as maças do rosto bem protegidas pela base, uma linha escura cobre cada um dos olhos e virando a cabeça de vez, vou para dentro da banheira sem verificar se a água está aquecida ou não, e esfrego o rosto, pensando em retirar. Uso cada polpa de dedo para esfregar um pedaço de minha pele, eliminando de mim qualquer resquício do que eu tenha feito nos últimos três dias, desde que caí adormecida na sala de reuniões, deixando-a de novo tomar conta de mim. Deparo-me usando uma unha e esfolo uma acne perto de meus lábios causando uma explosão mínima de dor, mas irritante. As dores que já vivi são debilitantes, meu estado de espírito deixa-me limitada a não dar certos avanços na minha vida e isso é mais irritante que qualquer outra coisa que eu experiencie. Por baixo do chuveiro ligado, tento distinguir algum som por fora do quarto, de alguém batendo na porta e sabendo se eu estaria melhor com minha bebedeira ou que quer que fosse. Caí bêbada em plena luz do dia.
Seguro o sabonete em minhas mãos, e mantenho os olhos fechados para enxugar-lhe pelo rosto, e retirar o que mais houvesse restando. A última vez que passara por isso eu ainda não tinha 16 anos e era um fim-de-semana longo de feriado do ensino médio. Acordei depois de dias. Não tinha noção de nada, como se fosse uma criança a nascer. As coisas não melhoraram muito desde então. Quando voltei para casa, uma semana depois de desaparecida, todos estavam a mesa ao almoço, pareciam conversar sobre astros que tinham se suicidado nos últimos anos de formas sutis, e para mim, naquele momento não caía bem falar daquilo, como uma conversa corriqueira, independentemente do momento que fosse. Todos olharam para mim. Apenas com minhas roupas, limpas e novas que não sabia onde as havia arranjado, algumas bocas continuaram mastigando, um total de 5 pessoas e mais dolorido que fosse — percebi que Thomas não usava daquela mesa há uma semana e nunca usaria uma — e ele não estar lá deixou-me mais nervosa ainda. Jenny foi a única a mexer-se de verdade na cadeira, virando o corpo para mim e estendendo uma mão, com uma pergunta presa na garganta. As duas filhas dela cochicharam entre si e uma delas riu possibilitando arroz entrar pela faringe e quase teve um espasmo ali de tanto tossir. Quase que me ia sentir culpada por aquilo, mas ela simplesmente não parava de rir. Mesmo que o arroz incomodasse tanto. Estava de volta a casa e não almocei nesse dia. Tive que lembrar que seria ruim partilhar de novo o quarto com elas. Dormi mente a mil, um pouco depois das 3 da madrugada lembrando do cheiro de homem embebida na minha roupa nova e limpa.
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Desci tão rápido as escadas para o andar de baixo com possível receio de encontrar com a Gina que vou direto ao sofá, pensando se deveria ir ver um filme na sala de televisão. Caio de olhos nas bebidas, na estante, pela linha curva do teto e pelas arestas da madeira que divide a sala. Se houvesse uma câmara de vigilância que captasse uma parte das minhas últimas 48 horas, eu poderia obter alguma informação, do que realmente ela é capaz de fazer. O que ela esteve fazendo com o meu corpo nos últimos dias. Ouço Gina na cozinha e levo as mãos entre os joelhos baixando os olhos ao chão e mantendo silêncio. Para minha pouca sorte, alguém deva ter notado minha presença e seus passos ligeiros e pesados param ao lado do sofá. Mantenho a cabeça reta, como uma criança obediente. De certeza que ela viu tudo. Depois aproxima-se do balcão com as mãos cheias de copos e começa a enfileira-los.
— Começaste a fazer tontices — Fico atenta e sonolenta aos seus movimentos delicados por trás do balcão até que ela vira a cabeça para mim de novo — O que aprontaste desta vez?
— Nada — Defendo-me e salto para fora do sofá e aproximo dela observando seu trabalho de perto. Lembro da bronca que Jenny me dera quando cheguei em casa, mesmo que eu não estivesse na altura bêbada ou outra coisa. Tenho medo do que Gina possa ter visto. Estou a estragar tudo. E não tenho uma solução para isto — O Harry disse-te alguma coisa?
— Tu não paras de deambular pelo quarto dele.
— Não — meu coração palpita de constrangimento e desvio o olhar para evitar sua face irritadiça. Ela tem os olhos fixos em meu rosto — O quarto que eu durmo fica ao lado.
— O Harry está a ter problemas com o Clube, as coisas não estão a ser fáceis para ele de novo. Ele precisa resolver tudo com uma certeza urgência e então, tu por favor... — Ela aponta um dedo para mim e fito-a fixamente — para de encher a cabeça dele de coisas.
Fico em silêncio mas ela parece ter algo mais a dizer, os olhos redondos fixos em mim e os lábios em muxoxo. Já estou a planear uma resposta digna que justifique pelo menos alguma coisa que se tenha passado mal em sua cabeça.
— Ele não te viu nestes dias. Não sei em que crise estás tu a passar minha menina, mas resolve isso. Se ele te visse naquelas condições, nem sei o que pensaria.
— Desculpa — Sentia vontade de pedir perdão, ajoelhar, chorar. Tudo para que ela me entendesse melhor.
— Ele parece ter uma grande afeição por ti. Eu também gostei de ti. Mas... — Seus olhos divagam pela sala pensativos e depois param em mim — Hoje de manhã estavas ali, sentada.
Ela aponta para o sofá que sempre sento para estudar e imagino-me ali, não eu, mas o meu corpo ali, fazendo alguma coisa estranha.
— Entrei para aspirar o chão e tu estavas ali, com um roupão do Harry e tinhas a cabeça baixa — Sinto um arrepio repentino nos braços e na nuca, ouvir isso de alguém me deixa realmente apavorada. Meu corpo esteve vagando pelo quarto do Harry. " Eu cuido de tudo por ti" — Falei contigo duas vezes e depois que levantaste a cabeça. Havia algo em teu olhar... parecia vazio. Meu deus... inicialmente achei que estivesses drogada.
A mulher baixa ao meu lado começa a fazer alguma reverência em voz baixa, como se desconjurasse de alguma coisa e começa a arrumar os copos, deixando-me olhar para o sofá. O que o outro " eu" estaria pensando naquele momento? Será que terei que fazer algo que a trave desta vez? Ou para sempre?
Consegui sair para fazer uma caminhada, o tempo estava menos fresco que o costume, mas ainda mantinha- se o tempo nublado de sempre deixando o ambiente triste e sem emoção, assim como eu. A minha raiva retoma minha energia me fazendo movimentar o mais rápido que posso e vejo-me fazendo o mesmo caminho por três vezes e paro por baixo de uma árvore. A raiva havia sucumbido em uma grande parte e eu estava ali encarando um lindo parque que estava praticamente vazio. Não sei se é mais frustrante viver assim ou saber de poucas respostas apenas do que um terapeuta possa oferecer-te. Alguns casos já havia pesquisado na internet e lido algum livro. Mas cada caso é diferente. O meu podia distinguir-se de todos os outros. Já tive momentos em que eu quis revisitar todo o meu passado, saber porque aconteceu isso comigo, talvez não com meus irmãos, e saber qual foi a primeira vez que exatamente possa ter-me acontecido. Para Jenny, eu estava a sofrer algum tipo de depressão que me fizesse desaparecer daquele jeito ou ter certos comportamentos. Com meus 15 anos ela aconselhou-me a um psicólogo, mesmo que soubesse pouco do assunto. Mas parecia compreender minha situação. Ela via clinicamente que eu estava doente. E minha situação iria agravar-se com os anos. Vivi meses com medo do que eu poderia estar fazendo naquela semana fora, ou com quem, poderia ser emboscada por qualquer maníaco numa beira-estrada. Mas uma coisa aconteceu. Talvez alguém me tenha ajudado a voltar para casa.
Debaixo da árvore, começando a ficar quente, pensando ser o suor em meu corpo, e sentia a presença dela ali, bem no meu ouvido" agora estamos seguras"
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