Capítulo 14 👑

⚠Atenção . Esta história contém cenas de sexo e violência, o que não são indicadas para menores de 18 anos🔞. Não é permitido nenhum tipo de plágio. Não se esqueçam de votar, comentar e partilhar!
Boa leitura.

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Mas o que poderia ter de tão interessante em um clube de sexo? Tudo ali é controlado mais que a uma discoteca aonde podem entrar e manter adolescentes que se acham maduros o suficiente para fazer o resto de coisas que são proibidas em casa. Ali também poderia ocorrer uma via de trocas, talvez atos ilegais, confusões, perdas às porções de dinheiro e clientes por satisfação. Ninguém ao reclame. Eu nunca me veria em um lugar desses, nem mesmo a trabalhar.

A paragem de autocarro encontra-se lotada de pessoas, e bem ao meu lado ouço um casal mais jovem que eu discutir sobre o sorteio que talvez sairá ao natal deste ano. Olho um pouco para eles. O garoto puxa seu casaco volumosos até a boca e a menina continua do seu lado ainda falando de forma agitada e querendo chamar a atenção dele que não para de olhar para o outro lado da estrada, para algo muito mais interessante do que o assunto deles. De entre eles, mesmo na extremidade da multidão, reconheço dois rostos, sorridentes e quando meu olhar cruza com uma delas, esta vira o rosto para a frente e sua colega de pele de tonalidade escura acena pra mim com a mão para cima de forma extravagante, como um personagem de seriado de criança. Maya ainda de olhos para a frente fala algo para uma menina ali mesmo ao seu lado e as duas começam a rir. Seria Maya capaz de machucar a Lisa? Ou um cachorrinho como o dos filmes? Ou seu problema seria apenas comigo? Com isso, percebo alguém aproximar-se de mim. Paro com os olhos em Lisa. Sua pele cheia de sardas escuras parecera-me mais oleosa do que antes, e observo-a em silêncio e ela toca o meu ombro coberto pelo meu velho casaco.

— Tão bom poder ver-te por aqui. Aonde acabaste por instalar? — Eu fico em silêncio por uns segundos, pedindo que ela afastasse um pouco, mas a sua noção de felicidade mantém-se e acabo por devolver uma resposta. Com as palavras medidas.

— Um lugar perfeito para qualquer estudante.

Ela sorri enquanto eu falo e observo seus caracóis que sobressaem por baixo do gorro.

— Não te esqueças de nós, o importante. A menina que está com a Maya é a Mia, ela está a dar-nos uma grande ajuda para o projeto final. Muito competente.

Acho que em algum momento fui competente para vocês também. Dentro e fora da cozinha do apartamento.

— Espero que tenhas começado a trabalhar no teu projeto, a nota vai valer muito no final.

— Eu sei — Por cima dos ombros dela, consigo distinguir os olhos de Maya presos em mim mais uma vez e meus olhos passam um instante pela colega ao seu lado. Ela é igual as duas, isso concluo sem querer saber. Do meu lado esquerdo, consigo distinguir o som do autocarro aproximar-se e desvio o olhar das três e avanço passos a medida que o automóvel aproxima-se e as portas abrem-se para nos aceder à entrada. Solto um pequeno suspiro e avanço no meio da pequena multidão agitada e por trás de um homem subo pelas escadas e consigo ouvir a voz da Maya bem atrás de mim e ela resmunga algo em um tom de voz forte. Não tento prestar atenção, ao passo que enfio a mão para pegar os fones de ouvido com música automática a ser ligada e procuro qualquer lugar para ocupar. Sento e olho fixamente para o penteado apertado da mulher a minha frente e elas passam ao meu lado desaparecendo pelas cadeiras de trás.

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Uma vez eu tive uma grande discussão com o meu irmão Zack, o mais velho, ele chegou a afirmar que a nossa mãe era uma prostituta que vivia no exterior, o dinheiro que ela recebia com os homens não chegava nem para pagar o próprio pequeno-almoço, quem diria voltar a terra com os quatro filhos. Ele mesmo acreditava nisso, falava isso na frente da cuidadora Jenny e ela nem questionava, se confundia toda e fazia-o mais perguntas, de como poderia saber de tudo isso. Meu irmão acreditava que as mulheres dessa família só seguiam uma vida: o caminho para o inverso. Para ele nenhuma seria capaz de fazer melhor que a outra, e se arranjasse uma mulher, nunca em vida deixaria que ela tomasse tais escolhas. E é assim, ele acredita que eu, a única filha, seguirei o mesmo caminho que minha mãe. Temos uma meia- irmã que vive na Alemanha, não sei nada dela, e nunca passo tempo para pensar no que ela e minha mãe podem estar a passar. Só espero que elas nunca voltem. Para mim, elas não existem.

Desligo o ecrã do telemóvel e pouso-o sobre a mesa, os olhos fixos em frente, no bar. Nas mesas ocupadas, com todas as meninas presentes, felizes e com grandes projetos por seguir, tão descontraídas para a vida e acompanhadas, sem um único sinal de sua solidão. Eu penso e quero. Não quero que nenhum deles volte. Por anos odiei a todos com muita saliência.

— Porque estás sentada aqui na mesa em vez de procurar algo que fazer no balcão? — A minha colega sobressai acima de mim e levanto os olhos até ela. Olho para trás de sua figura e encaro uma mulher mais velha por trás do balcão.

— Já falei com a chefe. Ela deu-me autorização. As próximas mesas tu irás atendê-las que nas últimas despachei tudo sozinha enquanto estavas enfiada na casa de banho. — Ela levanta uma sobrancelha com minha voz tranquila e vira o corpo para encarar a chefe por trás do balcão que tinha os olhos postos em nós e um sorriso de comando. Eu decido ficar em silêncio e volto o olhar para o grupo de jovens que agora riem tanto entre si e troco o olhar com um dos rapazes. Ele dá-me um lindo sorriso e viro o olhar constrangida e deslumbrada e não percebo algo que a minha colega diz e move-se em direção a uma mesa acabada de ser ocupada. Por vezes, gostaria de ser mais diferente que isso. Olho de novo para o rapaz, o quanto posso ser sedutora?

Lembro-me mais tarde da mulher que estava na casa do Harry de manhã, com sua expressão traumatizada, talvez com o emprego na meada do fio. Talvez eles acabassem por conversar e tudo acabasse por arranjar. Uma loucura, foi o que ela dissera. O que não podia ser uma loucura com tudo aquilo? Nem eu seria capaz de trabalhar em um clube de sexo, um lugar tão frequentado como aquele? Enfio a mão no bolso do avental e retiro o telemóvel e procuro um número e começo a discar para conectar uma chamada.

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Trabalhar com um projeto fictício necessitaria de uma equipa fictícia, uma organização como se tudo fosse real, e até um orçamento que teria que ser imaginário. Talvez eu precisaria de uma segunda pessoa da minha turma que juntasse a mim e reconstruíssemos o projeto ou teria que procurar ajuda de alguém de fora. Ouço um relógio por cima da mesinha da sala apitando duas vezes indicando uma da manhã, e abro a boca em um grande bocejo procurando ouvir algum barulho vindo do exterior. O tempo mais cedo indicava que iria chover a qualquer momento desta madrugada até o início da manhã. E eu estou aqui de olhos outra vez nesta estante brilhante e viciante. O copo continua às vistas de onde deixei-a de ontem. E nem presto mais atenção a nada. Apenas dou um susto quando uma figura escura assombra-se ao meu lado, por cima do balcão. Apenas vejo de relance um sorriso largo e uma pequena gargalhada que segue-o e revolve- se por toda a sala.

— Tu podias fazer isto menos, sim? É um bocado assustador — Respondo com a voz falha enquanto ainda sinto o coração a tentar recobrar seus ritmos normais. Ele olha para meu rosto e finjo deter a minha atenção em algo naquela estante. Ouço-o atirar algo pesado para cima de uma das suas poltronas.

— Deixei-te a esperar tanto? — Encolho as sobrancelhas e desvio o olhar para ele, para a sua tez sombreada pela luz que vem da estante e a linha dura e reta do queixo.

— Não fazia ideia que estavas a vir — uma bobagem para se dizer a um homem em sua própria casa — Desculpa.

Sussurro baixo resolvendo para que ele não me ouça. Pelo canto de olho, percebo-o agitando feliz com a cabeça.

— Tu dizias precisar de ajuda. — Responde direto e abaixa o corpo um pouco e pousa o queixo sobre as mãos no balcão, com os olhos baixos. Abaixo os olhos até sua cabeça e observo-o a vontade por estar fora de sua vista.

— Isso. Só que as horas já passaram.

— Algo a que eu seja tão bom assim?

Nem quero entender daquilo pelo que estás por aí a pensar.

— Deves ser competente em muitos aspetos. Todos nós esperamos o melhor de ti. — E assim de forma desgostosa recordo-me da nossa conversa na casa de meu pai, da expressão angustiada dele e da triste deceção.

Ele levanta-se rápido e espalha meus pensamentos e nossos olhos cruzam-se. Os dele são tão brilhantes no momento que dá um trabalho em descrever.

— Algo em específico?

Desvio atenção para ele e olho em direção à poltrona logo detrás. Ali repousa-se uma mochila média parecendo estar com o conteúdo a meio e a boca escura aberta, sobressaem pontas de papéis, muitos papéis. Será que ele chegou a recolher aqueles que deixou no chão do quarto ou aquilo era tudo para o lixo? Olho de novo para ele e suas sobrancelhas que estão em estilo questionadoras.

— Vais beber algo enquanto contas contas-me do que realmente precisas?

Olho na direção da estante, parecendo altamente monstruosa para mim, as garrafas de bebidas ocupando cada prateleira brilhante e consigo examinar as bolhas iluminadas pela luz azulada que vem de trás dela direta para nossos rostos. Franzo o rosto ainda sem conseguir tomar uma decisão e Harry move-se do meu lado para o outro do balcão. Respondo antes de mais.

— Já estou descontraída o suficiente por aqui — Aponto para o balcão como se tivesse algum copo pela minha frente e ele sorri de lado com os olhos abaixados. — Pensei que ficarias por mais tempo no Clube. Aquilo fecha de manhã, estou certa?

Ele abana a cabeça com lentidão como se seguisse o ritmo de uma boa canção e observo curiosa o copo que ao meio que leva aos lábios e engole com vontade. Ele queria beber às altas horas da madrugada como se estivesse em um clube, clube dele com exatidão. Mas aquilo tudo é a sua vida. Nada que não seja normal para si. Sorrio com sua versão satisfeita e sinto a boca encher de saliva com a imagem dele divertindo-se com a bebida que parece ser deliciosa e a sua expressão deleitosa. Sinto vontade de enfiar as mãos na roupa dele.

— Sim. O nosso melhor funcionamento vem antes das duas da manhã. — E os clientes iriam satisfeitos para casa e depois seguem um dia inteiro de trabalho com as energias às soltas, com vontade e felicidade sem interrupções. Eu que nunca quereria isso para mim. Franzo a fronte. Tudo aquilo em pouco tempo parece-me tão estranho que nem sei explicar as razões reais concretas. Era como estar dentro da cena de algo ilícito e fora do comum, algo que normalmente pertencesse ao mercado de traficantes. Como a sombra escondida dentro de nossa sociedade. Olho para o Harry e trocamos o silêncio farto e luminoso que queima com um atroz violento e suas indelicadezas. Ele deve estar a imaginar aquilo que penso, e não preciso proferir em palavras concretas todo aquele desejo pungente e indelicado que sinto por ele e por tudo aquilo que ele representa. O sexo como algo desportivo.

— Era sobre o projeto deste último ano que estou a trabalhar e irei precisar de uma ajuda tua... se tu quiseres fornecer alguma, claro. Não serás obrigado. Estar em tua casa já é mais que um auxílio — Quando ele abaixa bruscamente a mão e fixa os olhos em mim que percebo que estou a falar demais. Engulo e fico em silêncio, o resto das minhas palavras da minha boca para dentro.

— Queres começar a trabalhá-lo pela madrugada? — Devia deixar breve o projeto que tenho em mente, e preciso entender que uma Organização é uma Organização e ele podia ajudar a fazer qualquer uma que fosse.

— Nós dois precisamos descansar, Harry. Eu por exemplo devia subir que trabalho logo cedo.

— Tudo certo — Ele encolhe os ombros e pousa o copo bem à minha frente e mantém os olhos fixos em mim, parecem decididos — Devias experimentar. Duvido que conheças esse.

— É sério — Respondo com a voz ficando em um fio e ele acena a cabeça mostrando compreender e acena o queixo para o copo. Ele empurra- o até minha frente.

— Vá lá, tenta — Sorrio desconcertada e pego no copo e reduzo a velocidade para leva-lo até a boca, contendo aquela excitação interior que sabe que os lábios e a língua do Harry tocaram na bebida. Será que deixaria- a mais doce ou menos doce? Mas o gosto amargo que vem dela é diferente e dou três goles seguidos com Harry observando cada movimento que faço. Abaixo o copo e estico a mão para ele.

— Desculpa, acho que acabei por exagerar. Daqui a pouco vou sentir-me tonta.

Ele sorri largo e aponta a cabeça para trás de mim.

— Tens o sofá, aproveita dele — Começo a rir junto com ele e viro a cabeça olhando para a mochila em uma posição desajeitada e imagino-me ali no mesmo naquela posição, de sorriso largo, roupas interiores a mostra, calor quente invadindo o espaço, e uma lubrificação remanescente de pequenos orifícios sedentos.

— Só podes estar a brincar. Vou deitar-me já. Fica bem. Diverte com a tua bebida — Digo enquanto afasto-me e observo enquanto ele abaixa os ombros e embala a bebida dentro do copo encolhendo os ombros com uma expressão aborrecida. Eu sigo pelas escadas de vez em quando olhando para trás e observando a sombra de sua figura tremulando na sala e sem som. E pelas palavras finais pronunciadas pela voz firme e baixa dele:

— Talvez a tua presença aqui melhore as coisas um pouco mais. 

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