❅𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 22❅

Feixes do sol passavam pelas frestas das flores nas árvores. O sol refletia graciosas luzes na água, pássaros voando em direção ao seu rumo. Estava agradável para Brad e Victor que estavam sentados no gramado. O vento fresco e singelo fazia fechar os olhos por um momento para aproveitar a delicadeza que transmitia.

Victor olhou para Brad com um sorriso, Brad voltou para ele e fez o mesmo. Victor respirou fundo apertando os lábios voltando a olhar o lago e perguntou:

– Por que quis ser médico? – Brad olhou para ele por um momento surpreendido pela pergunta.

Um sorriso forçado apareceu em Brad, como se com a pergunta, viesse pensamentos complicados e conflituantes .

Brad soltou o ar e começou a dizer:

– Quando eu tinha 16 anos, minha irmã, a Hillary, foi diagnosticada com leucemia linfóide aguda, ela só tinha 2 anos. – nesse momento Victor arregalou os olhos por um instante, o semblante cabisbaixo de Brad fez com que Victor lamentasse por ter feito essa pergunta.

– Desculpe por ter perguntado isso. – disse. Brad o olhou e sorriu, tranquilizando o coração de Victor. Brad pegou a mão de Victor, e continuou a falar enquanto acariciava o dorso de sua mão:

– Mas a Hillary é muito forte, sempre falo que ela é uma super-heroína, passou por tanta coisa… Mas ainda alegrava cada dia nosso. Quando descobrimos, foram mais dois anos difíceis, com altos e baixos. Acompanhava o tratamento dela, via os médicos cuidando dela com tanto cuidado… Tinha um médico, Dr. Gail, que sempre aparecia com um sorriso alegre no rosto, eu achava que ele era feliz o tempo todo. Até que um dia, o vi com o rosto entristecido, era visível que estava passando alguma coisa na vida dele. Eu assisti ele parar na frente da porta do próximo quarto que ele iria visitar, ele fechou os olhos, se concentrou e colocou um sorriso no rosto. Ele abriu a porta falando "bom dia" com toda alegria do mundo.

Victor consertou seus óculos em seu rosto, observando cada detalhe de Brad e percebendo o quanto aquela época influenciou em seu caráter e escolhas.

– Comecei a admirar o Dr. Gail mais ainda.  O último dia que minha irmã pôde sair do hospital porque já estava curada, fui agradecer a ele, naquele momento, prometi que seria um bom médico como ele.

– Você quer trazer sorriso pra quem não está sorrindo. – falou Victor. Brad assentiu beijando o dorso da mão dele.

– E você? Porque quis ser médico? – Brad perguntou.

Victor inspirou fundo e disse:

– Meus pais são diplomatas, nunca param em casas, eu sentia tanta falta deles… Hoje em dia, eu até consigo lidar com isso, tenho pessoas incríveis do meu lado. Mas na infância quem ficava sempre comigo era meu avô Thom, ele era o melhor médico do mundo, pelo menos para mim. – os dois riram com Brad o olhando em busca de cada feição de Victor.

Brad viu o brilho nostálgico nos olhos de Victor, havia amor e admiração. O seu avô era importante, necessário, e Brad mentalmente, agradeceu pela existência dele.

– Então, um dia enquanto ele me colocava para dormir, eu falei que queria ser como ele. Que queria curar e salvar pessoas. Meu avô passou a mão em minha cabeça com um sorriso no rosto e disse que se era o que eu queria, ele tinha certeza que eu seria melhor que ele. – Brad ficou fascinado com o jeito que Victor estava contando, tão feliz e ao mesmo tempo com certa tristeza em seu timbre – Então, ele acabou morrendo quando eu estava no último ano do colegial, mas antes de morrer, ele me disse que já estava orgulhoso de mim, e que onde ele estivesse, estaria feliz em me ver como médico.

Brad apertou os lábios desviando os olhos para suas mãos com os dedos entrelaçados. Não conseguia imaginar a dor de Victor quando viu seu avô e a pessoa que mais cuidava dele, morrer.

Naquele momento, estavam se conhecendo mais. Passaram a tarde conversando sobre tudo. Com Victor admitindo que chorou muito com o filme Viva - A Vida é uma Festa e logo em seguida Brad admitindo que também chorou.

Brad dizendo que uma vez vomitou nos cabelos de uma mulher em uma fila de supermercado. E também quando era pequeno ele não gostou de uma bronca que sua mãe lhe deu, ele decidiu fugir de casa. Colocou em uma mochila umas peças de roupa, um biscoito e achava que isso era o suficiente para viver. Quando já estava virando a esquina começou a chover. Então ele voltou para casa porque não queria sair na chuva.

Victor nunca riu tanto na vida, cada história de Brad era motivo para liberar sua alegria e conforto por estar ao seu lado.

– Vejo que seu avô era incrível… Queria ter conhecido ele. – disse Brad voltando a olhar o lago brilhante. Victor concordou apertando sua mão, Brad voltou o olhar para ele esperando o que Victor iria dizer.

– Eu queria conhecer sua irmã. – Brad se surpreendeu com isso. Mas logo ficou feliz com esse querer de Victor.

Para Brad, o Victor era importante. Então, ele queria que Victor e Hillary se conhecessem, por serem as pessoas mais importantes para ele.

Mas antes, queria perguntar uma coisa a Victor que estava a dias para saber a resposta.

Brad se levantou, tirando a poeira de suas roupas, estendeu sua mão para Victor que logo o agarrou e se levantou também. O vento suave do início da noite acariciava suas peles e causava um balanço delicado em suas roupas.

O loiro levou sua mão livre até os cabelos sedosos de Victor, sentindo a maciez enquanto assistia seus olhos azuis por trás dos óculos redondos. Por toda a vida, acreditava que algum dia, alguém viria fazer parte de sua vida para lhe causar sentimentos inéditos, tão fortes e maravilhosos que seria como ter o mundo em suas mãos.

Percebeu que agora ele tinha o mundo sim, estava bem ali em sua frente, o mundo mais fofo, singelo e bonito como ele jamais imaginou.

– Vou te levar para conhecer minha irmã hoje. Mas, eu queria te perguntar uma coisa antes. – Brad falou.

Victor assentiu dando abertura para que ele continuasse. Brad limpou a garganta e continuou:

– Sabe…  Eu acredito muito em destino, que a cada dia estamos mais próximos do que está reservado para nós. Onde nosso único dever é viver intensamente. Acredito que isso está acontecendo, quando você apareceu para me ajudar foi como uma mudança de ciclo na minha vida. A partir daquele momento estava destinado a estar do seu lado. E tenho certeza, que jamais vou deixar de querer viver junto com você. – ele soltou o ar pelas narinas voltando a admirar cada feição de Victor.

Não havia nada que o fizessem deixar de acreditar que Victor era a pessoa de sua vida.

– Você aceita ser meu namorado? – perguntou Brad. Logo sorriu ao ter falado isso em voz alta, e sorriu mais ainda quando Victor apertou suas mãos e respondeu:

– É tudo que mais quero.

Victor se apaixonou pelo Brad que era sensível, que sorria sempre que podia, que adora conversar sobre suas desastrices. Que não hesita em conhecer coisas novas. E principalmente, se apaixonou por cada palavra ou gestos que Brad fazia.

Sentiram as respirações um do outro misturadas com o vento fresco que o ambiente emanava. Os narizes se tocando vivenciando que aquele simples momento era o suficiente para fazer seus corações baterem em uma força inexplicável.

Seus lábios se tocaram, havia suavidade e delicadeza nesse gesto, Victor deixou se moldar ao corpo de Brad, presenciando a sensação de proteção quando seu namorado o abraçou. Sentia conforto, êxtase e várias explosões de sentimentos fascinantes.

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