00. Nossas cores erguei

O rei despertou a rainha do mar, num barco a acorrentou

      Dor. Medo. Confusão. Era só isso que se passava na cabeça do tritão, angustiado demais para emitir qualquer ruído e implorar por piedade.

Por onde andares, são teus os mares. Quem ouviu, remou

      Se ele pudesse, contaria sobre a bruxa e sobre a maldição. Sobre ter sido enganado. Mas mesmo quando tentava pegar o mínimo fôlego, suas costelas reclamavam de dor. Aquele recipiente de vidro era pequeno demais para sua cauda.

Yo, ho. Todos juntos, nossas cores erguei. Ladrões e mendigos jamais irão morrer

      O que aquele menino estava cantando? Que língua era aquela? Os homens que o capturaram falavam de uma forma diferente. E por que o garoto continuava batucando o vidro com seus dedos machucados?

      — Combinamos quinhentos pesos. — Um homem maltrapilho disse enquanto a criança repetia as mesmas palavras de antes. — Não vou aceitar menos.

Uns morrerão, outros vivos estão. Outros navegam no mar com as chaves da prisão e o Diabo de prontidão, remando sem cessar

      — Cale a boca! — O homem esbravejou. — Esta canção é amaldiçoada.

       — Deixe-o. — Outro humano disse, olhando para o tritão. Ele estava melhor vestido e limpo. — Parece entreter a criatura.

      — Você quem sabe. Se um pirata aparecer no seu caminho, o problema não é meu.

      As batidas no vidro voltaram, lentas e ritmadas, assim como a voz aguda e desafinada do menino. Que lugar era aquele? Estava escuro e havia poucas coisas além dos quatro humanos e o aquário.

      — Eu deveria cortar essa sua maldita garganta real, sabia? Está teimando em me pagar o justo.

      — Acredito que não irá querer arranjar problemas com a realeza espanhola.

      — Realeza ou não, vocês são todos gananciosos. Seu catolicismo de nada vale nem aqui, nem nas terras do Deus que vocês tanto acreditam.

      O homem bem vestido pareceu chateado. Não, irritado. Suas mãos sacaram uma espécie de cano retorcido, e aquilo pareceu uma ameaça.

      — Me desafie de novo e eu estouro os seus miolos com um único tiro. Tome o maldito dinheiro e largue a criatura conosco.

      O maltrapilho recuou, balançando a cabeça. Silêncio.

      O menino continuou a cantar.

Da fossa profunda sobe o sino a tocar, ouço um som sepulcral. Vem convocar pra retornar ao destino final

Yo, ho. Todos juntos nossas cores erguei. Ladrões e mendigos jamais irão morrer.

Ahoy, marujos!

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Até o próximo capítulo, amo vocês. ♥

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