PROLOGUE
Tudo estava excepcionalmente bem naquela noite, até Jason sonhar com a mulher vestindo uma capa de pele de cabra.
Ele estava em um telhado admirando o céu e procurando constelações, sua imaginação traçando linhas que formavam imagens conectando os pontos brilhantes. Outra mão segurava a sua, os dedos entrelaçados, e sentia um leve peso em seu ombro.
Quando olhou para o lado, sua visão foi tomada por uma porção de cabelos escuros que cheiravam algo semelhante a baunilha com um pequeno toque de maresia, como um sorvete na praia. A garota deitada em seu ombro ressonava baixo, adormecida. Jason acariciou os cabelos macios com delicadeza.
Com pena de acordá-la, carregou-a de volta para o quarto e colocou-a sobre a cama, cobrindo-a com as cobertas em seguida.
Deitou-se ao lado dela, planejando ficar apenas um pouco antes de retornar para sua própria cama. Ela acabou por abrir levemente os olhos, ainda sonolenta e os cabelos sobre o rosto, e então exibiu um fraco sorriso antes de voltar a cair num sono profundo, aconchegando-se nos cobertores e a Jason, abraçando seu tronco.
Jason voltou a acariciar os cabelos escuros dela e deixar o perfume de seu shampoo invadir suas narinas, um calmo silêncio dominando os arredores. Seus olhos pesaram, e ele acabou por dormir ali mesmo.
Foi nesse momento que o sonho começou.
Ele viu-se repentinamente em uma colina num grande vale ao lado de um pinheiro onde repousava um dragão enroscado em seu tronco e um tapete felpudo dourado em um de seus galhos.
No vale abaixo, pôde avistar mais de uma dezena de construções organizadas a algo semelhante a letra grega ômega, um lago, uma enorme casa azul… Um local repleto de variedade que ele nunca havia visto antes.
E então viu a mulher. Os cabelos escuros compridos, a capa de pele de cabra sobre os ombros. Ela sorriu-lhe fraco, mas Jason não esboçou nenhuma reação de felicidade.
— Está chegando a hora, meu campeão.
— Eu não sou seu campeão — Jason retrucou de imediato, impaciente. — Hora de quê?
— De você cumprir seu destino, de unir os dois lados. Você será o meu enviado deste lado, essa é a sua missão.
— Missão?
— Eles estão se erguendo, não há tempo a perder. Você virá comigo agora. Quando a hora chegar, você virá até mim.
— Agora?
— Será preciso, meu herói.
Jason suspirou e olhou para o vale.
— Onde estamos?
— Aqui será o ponto de partida de sua jornada. A união será necessária para que possamos impedir nosso inimigo.
— Agora sou seu mensageiro para alianças?
— Apenas você poderá fazer isso. Quando a hora chegar, você virá até mim.
— Será que a senhora poderia ser um pouco mais clara, por favor?
— Não é preciso, você não se lembrará disso ao acordar. Mas eu lhe dou essa missão, Jason. Seja o herói que foi criado para ser.
— Eu nunca pedi para ser.
Jason acordou de repente. Ele piscou e esfregou os olhos, confuso, percebendo que estava nos fundos de um ônibus escolar.
Sentiu uma mão segurando a sua e seu primeiro instinto foi apertá-la. Ao olhar para o lado, percebeu que estava de mãos dadas com uma garota.
Porém, ele não a conhecia.
Pela janela avistava apenas um deserto à frente enquanto seguiam por uma estrada esburacada. À sua frente estavam dezenas de jovens que ele também não conhecia, provavelmente todos tendo a sua idade.
Quantos anos ele tinha mesmo? Dezesseis? Quinze?
Jason não se lembrava nem da própria idade! Ele não se lembrava das pessoas naquele ônibus. Ele não se lembrava quem era a garota ao seu lado segurando sua mão.
Mas o pior de tudo… Ele não se lembrava quem ele mesmo era.
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