Capítulo 9 - Vent
Capítulo 9 – Desabafo.
Elena Gilbert
Ainda naquele dia, Rebekah vem me informar toda alegre que Marcel vai ter uma festa amanhã pra comemorar seu aniversário. Ele convidou todos os originais, e o melhor foi que eu também havia sido convidada. Claramente eu fiquei animada.
— Nós não vamos à essa festa! – Klaus disse seriamente pra mim e Rebekah.
E lá se vai a minha alegria...
— Por que não, Nik? Nos dê um bom motivo pra não irmos? – perguntou Rebekah encarando o irmão.
— Quer um motivo? Então eu vou dar! Marcel é nosso inimigo, não podemos ir a uma festa assim como se fossemos íntimos.
— Ele é seu inimigo, eu não tenho nada contra ele – recebi um olhar furioso de Klaus.
— De certa forma, Niklaus está certo, Elena – pronunciou Elijah – Marcel tomou o nosso lar, ele era nosso amigo, não podemos ir a uma festa dada por ele como se não fosse nada.
— E tem mais, vindo do próprio Marcel, com certeza essa festa é uma armadilha pra nós – deduziu Klaus.
— Por que ele faria isso?
— Porque ele me odeia, Elena! Ele odeia todos nós.
— A mim não – recebi outro olhar enraizado do híbrido. Eu não cansava de provocá-lo.
— Nik, por favor, deixe a gente ir – pediu Rebekah segurando as mãos do irmão – Eu não aguento mais ficar enfiada nessa casa o dia inteiro, só olhando pra cara feia da Elena – fiz uma cara feia olhando pra loira que ainda continuou – Eu preciso de diversão.
— Divirta-se torturando a Elena – sugeriu Klaus. Abri a boca incrédula por sua fala.
Por que mesmo aceitei ser amiga dele?
— Eu quero diversão de uma festa, Nik. Não pode me obrigar a não ir.
— Eu sou seu irmão mais velho, e não posso como já estou fazendo, meu amor.
— Tente entender, Rebekah. Marcel deve estar armando alguma coisa pra nós, não podemos arriscar – disse Elijah.
A original olhou pra seus irmãos com fúria e saiu da sala em passos rápidos. Acompanhei ela com o olhar, notando que a mesma estava indo em direção a escada. Voltei meu olhar pros irmãos originais.
— "Divirta-se torturando a Elena", né, Klaus? – repeti sua frase cruzando os braços, enquanto fuzilava o híbrido.
— É melhor do que deixar ela ir na festa do Marcel.
***
Após o jantar, eu fiquei no meu quarto apenas deitada na cama, fitando o teto. Rebekah não falou nada durante o jantar, muito diferente de Klaus, que parecia estar se divertindo com o sofrimento da irmã.
Confesso que o motivo principal pra eu querer ir nessa festa, é porque eu iria sair de casa um pouco. Tô que nem a Rebekah ultimamente. Louca pra sair daqui e se divertir.
Pelo menos temos alguma coisa em comum agora.
— É assim que você fica quando pensa em mim? – me assusto com a voz e percebo que Klaus estava encostado no batente da porta com os braços cruzados me olhando.
Como eu não vi ele ali?
— Há quanto tempo tá aí? – pergunto me sentando.
— Há pouco tempo. Queria saber se você tá bem. Você quase não comeu nada no jantar. Não me diga que ficou triste por eu não ter deixado você ir na festa do Marcel?
— Não é isso. É o Jeremy. Liguei pra ele hoje, mandei até uma mensagem e ele não respondeu – digo sendo sincera.
— Ele deve tá bem, só não queria falar com a irmã no momento. Deve ter percebido que você é chata. Aliás, qualquer um já percebeu isso – zombou sorrindo. Nesse momento ele parecia tanto o Damon.
Usando minha velocidade de vampiro, peguei um lápis que tinha em cima do criado mudo ao meu lado e joguei na direção do original, que pegou o lápis com uma só mão antes que acertasse seu rosto. O desgraçado ainda fez isso sorrindo debochado pra mim.
Klaus entrou no quarto e desviou o olhar de mim pra fechar a porta, se aproximou da cama, sentando-se de frente pra mim.
— Tá bem mesmo?
Assenti rapidamente.
— Só um pouco preocupada com o sumiço do Jeremy.
— Me conte. Você gostaria mesmo de ir na festa do Marcel?
— Mesmo eu não gostando muito de festas... Eu gostaria muito de sair dessa casa. Odeio ficar sem fazer nada.
— Sabe que aquilo que eu disse pra Rebekah mais cedo também me referia a você, né? Não posso deixar você sair, pois é meu dever proteger você.
— Mas você estaria lá comigo. Não iria sair de perto de você.
— Talvez... – desviou sua atenção pra porta do quarto – Ainda é difícil de acreditar que depois de tantos anos cuidando de uma criança, ele se volta contra mim.
Franzi o cenho.
— Quem?
— Marcel... – disse voltando a me olhar – Eu cuidei dele durante anos e pensar que tudo aquilo foi jogado fora. Eu cheguei até amá-lo como um filho.
— Você cuidou do Marcel?
— Ele era só um garoto órfão quando o conheci. Me identifiquei com ele, pois ele me lembrou de como Mikael batia em mim por eu ser um bastardo. Marcel foi um sobrevivente, encontrei ele sendo chicoteado por um menino e eu o salvei. Eu até escolhi um nome pra ele.
— E foi você quem o transformou?
— De primeira, eu neguei a imortalidade a ele, principalmente quando ele começou a se relacionar com a minha irmã. Eu nunca suportei ver Rebekah com algum homem.
— Mas se vocês eram tão próximos, por que Marcel se tornou seu inimigo?
— Eu fiz do Marcel tudo que ele é. Eu tratei ele como um filho. E quando meu querido pai caçou a minha família em Nova Orleans 100 anos atrás, achamos que Marcel tivesse morrido. Todos nós sofremos o luto. Mas quando voltei, eu não só descobri que ele tava vivo... Como também tava forte. E em vez de nos procurar, e se juntar a nós de novo, ele fez a escolha dele de tomar tudo que a minha família construiu... E usar pra si. Agora ele mora na nossa casa, e dorme nas nossas camas. E as marcas que ele usa no quartel, a letra M, não é de Marcel... É de Mikaelson. Hoje me arrependo de tê-lo protegido e salvo sua vida.
— Talvez ele tenha tido inveja de você. Apesar de ser considerado parte da sua família, ele não se sentia como um membro.
— Eu dei tudo a ele. Ensinei vários truques. O que mais ele podia querer? – fiquei alguns segundos em silêncio encarando o híbrido.
— O que você tinha... Poder, imortalidade, uma cidade só sua... Ele queria ser como você. De alguma forma... Ele se sentia sozinho.
— Por que acha que ele se sentia assim, sendo que eu dei tudo a ele?
— Porque por um momento, eu também me senti assim quando descobri que era adotada – a expressão de Klaus se tornou surpresa – Senti como se eu não tivesse tido nada, de nada do que eu vivi e recebi foi real. Me senti como um cachorrinho abandonado na rua... Senti que não me encaixava mais naquela família. Por mais que meus pais tivessem me dado tudo... Por um momento, eu me senti sozinha – disse tudo que tava dentro de mim.
Outro silêncio se instalou no quarto, Klaus me olhava como se estivesse com pena de mim, meus olhos tinham algumas lágrimas que forçava pra não descerem.
Klaus até pode pensar que disse aquilo pra favorecer Marcel e tentar entendê-lo, mas tudo que falei era a mais pura verdade.
— E se encaixou?
— De qualquer forma, eu sempre fui parte daquela família, mas não na posição que eu achava que era. Descobrir tudo aquilo, mexeu comigo, e um monte de perguntas surgiu na minha cabeça. Aos poucos fui novamente me ajustando, porque percebi que eu sempre fui amada.
— Sorte a sua se sentir amada...
Klaus disse com um olhar triste, assim como eu, notei seus olhos marejados, enquanto novamente o silêncio se instalava. Às vezes as pessoas mais duronas, são as mais sensíveis de todas.
Agora vejo que Klaus era assim. Ninguém nasce vilão, a vida os transforma... E o vilão da história do Klaus, é o seu passado com Mikael.
— Nunca imaginei estar tendo esse tipo de conversa com você – Klaus soltou uma risada nasal.
— Nem eu. É estranho... Mas você é boa de conversar. Seus amigos têm sorte de ter você.
— E eu tenho sorte de ter eles – digo me lembrando dos rostos dos meus amigos. Caroline, Matt, Tyler, Bonnie, Stefan, Damon, Jeremy... Todas essas pessoas são parte da minha família.
E atualmente, Klaus.
— Ainda quer ir à festa do Marcel? – perguntou ele me olhando sorrindo.
— Você quer que eu vá?
— Não. Mas eu não posso te manter à força aqui. E não estou dizendo que vou deixar você sair sempre que quiser, ainda está sob minha supervisão.
Revirei os olhos entediada. Ele parecia meu pai falando.
— Eu quero ir sim. Tentar me divertir um pouco nessa minha vida de vampira.
— Tudo bem, vamos a festa – olhei pro híbrido espantada.
Há poucos minutos ele me proibiu de ir, e agora tá dizendo que vai comigo. Isso também porque há alguns dias, depois de ter conhecido Marcel, ele disse que eu nunca mais iria sair daqui.
— É sério? – ele assentiu sorrindo – Não era você quem disse que eu nunca mais iria sair daqui?
— Tô começando a me arrepender...
— Não, não! Não vem com essa. Eu fico calada.
— Vou avisar a Rebekah que nós vamos – disse ele se levantando. Klaus se dirigiu até a porta.
— Quanto ao Marcel... – o original se virou pra mim – O que pretende fazer?
— Isso eu já não posso te contar, mas já lhe aviso que eu vou ganhar. Vou recuperar o que é meu. E se eu tiver que expulsá-lo pra conseguir... Eu vou fazer! – disse dando um sorriso diabólico – Tenha uma boa noite, Elena.
Continued...
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