[🥀] - 일곱
"As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes"
Yoongi tinha ido embora pela manhã, antes que todos acordassem, havia seus próprios assuntos para cuidar e resolveu não ficar atrapalhando a interação entre seus amigos.
— E aí, o que achou da noite? — Jeon perguntou durante o café.
— Foi legal. Fiz um show de piadas sujas para ele usar na balada.— respondeu animado.
— Show de piadas sujas?
— É um Stand Up cheio de sacanagem, ele quase caiu da cama com as merdas que eu falava.— explicou bem humorado ao relembrar da noite anterior.
No fundo, Jungkook sentiu uma pontinha de vontade de ter participado daquilo, mas com certeza, não se encaixa com os dois. Ele não era divertido, muito menos falava coisas interessante, como esses dois.
— Que bom que se divertiu.— foi a única coisa que disse.
O silêncio enquanto comiam ficou desconfortável para ambos, talvez Jeon chamasse Min para morar com eles, o que era bom pra todo mundo.
— Ontem eu conversei com o Yoonie e...— Jimin puxou um assunto.— Ele me convenceu que eu tenho que terminar a escola.
— Isso é... ótimo! Quer dizer, bom, o que ele disse para convencer você? — Jungkook mudou a postura cinco vezes antes de formular uma frase.
O maior sentiu-se realmente impressionado em relação ao seu amigo e seu poder de convencimento. Tinha tentado falar sobre o assunto com Park, mas ele nunca deu nenhuma abertura, na verdade, sempre o afastava.
— Ele falou que pra ser amigo dele precisava pelo menos um certificado além do ensino fundamental, aí eu perguntei se ele achava que era uma boa ideia já que eu tentei uma vez e não deu certo, ele falou que com certeza valeria a pena, e no final de tudo ele disse que se eu não estudasse e desse orgulho para ele, chutaria meu traseiro.
Tão fácil assim?
— Entendi. E o que você pensou sobre isso?
— Eu não quero ter meu traseiro chutado, só que também não quero ter que enfrentar as pessoas da escola.
— Podemos optar por ensino domiciliar, então você faz a prova do Exame para Certificação Competência de Jovens e Adultos.
— E tem como?
— Esse tipo de ensino foi criado com o intuito de deixar a pessoa mais confortável no ambiente que vai estudar. Posso procurar um profissional para trabalhar todas as matéria com você.
— Faria isso mesmo? — Jimin começou a se animar com o emprenho do maior para ajudá-lo.
— Claro. Pelo menos posso dizer que colaborei em algo.— seu tom deixou o outro confuso.
— O que quer dizer com isso?
— Nada.— balançou a cabeça tentando tirar aquele pensamento horrível da cabeça.— Você quer mesmo isso?
— Acha que eu sou capaz de conseguir? Sou meio lesado para estudar, não lembro da metade das coisas. Eu vivia dormindo na sala de aula e arranjava confusão com todo mundo.— o menor coçou a nuca sem jeito.
— Claro que você é capaz e se precisar, eu irei ajudar em você, menos em exatas.
— Achei seu calcanhar de Aquiles.
— Exatas não são meu calcanhar de Aquiles.— não se deixou intimidar.— Eu só não gosto, mas não quer dizer que eu seja ruim.
— Ui ui ui! Olha ele bom em tudo! — provocou.
— Não sou bom em tudo.— por mais que doesse admitir, teve que fazer.— Eu tenho um péssimo e maldito problema.
— E qual é?
— Um mágico nunca revela seus segredos.— abriu um sorriso mínimo nos lábios, querendo mostrar divertimento, mas a verdade era que por dentro ele se corroía por não saber se relacionar com as pessoas, sempre fora péssimo em comunicação, e isso já deveria estar bem claro a altura do campeonato para os dois.
— Eu sou péssimo em tantas coisas que nem posso listar.
— Eu duvido.
— Duvida? — arqueou as sobrancelhas.— Eu não sei cozinhar, dançar, tocar nenhum instrumento! Eu tenho pavio curto, sou burro, preguiçoso, baixo demais e ainda acima do peso.
— Viu? Deve ter mentido na maioria delas, por que as duas últimas não são verdade.
— Mas o resto da lista é toda verdade.
— Eu não acredito.
— Você é advogado, deveria acreditar nos seus clientes!
— Você não é meu cliente.
A conversa parou. Nenhum dos dois sabiam o que eram um do outro.
O relacionamento dos dois não era tão bom quanto foi o de Yoongi, logo de cara se reconheceram como amigos. Só que com Jungkook não foi assim, os dois juntos ainda agiam como estranhos perto um do outro, não se conheciam e também não eram íntimos.
— Vou procurar um professor para você.— Jeon fugiu do assunto.
— Pode ser professora?
— Por que quer uma mulher?
— Não me sinto confortável na companhia de homens.
— Ué, e eu? — Jungkook questionou confuso.
— Você não conta.
— Percebeu que só precisou de três palavras para acabar com toda a minha masculinidade? Me sinto pequeno, e eu não sou.
— Mil perdões! — o menor tampou a boca chocado e muito arrependido.— Eu não quis dizer isso.
— Então o que você quis dizer?
— Se aparecer um homem inteligente e bonito e der em cima de mim, ou eu mato ele ou eu dou bola, e se eu der bola acabo me fodendo.
— Me chamou de burro e feio.
— Você não deu em cima de mim.
— E se eu tiver dado, mas você não percebeu por que me vê como um homem burro e feio? — continuou se divertindo com a vergonha de Park.
— Você fez isso?
— Eu estou supondo.
— Então pare.— abaixou a cabeça fazendo um bico envergonhado.
— Desculpe se meu senso de humor é antiquado. Vou procurar uma professora para você, daquelas bem feministas e imponderadas.— levantou-se da mesa sério, um pouco sem graça por brincar com as emoções de Jimin.— Vou precisar dos seus documentos para matrícula.
— Tá.
— Certo.
[...]
— Que grande merda.— Park estava deitado na cama de Jeon, aonde ele dormia e fazia na maioria das vezes de seu quarto.
Não tirava da cabeça o diálogo anterior que teve com Jungkook, tudo ficou mais tenso, era uma merda não saber conversar com ele.
— Park, consegui uma professora.— o maior abriu a porta do quarto com cautela, já que não sabia como o outro estava.
— E quem é?
— O nome dela é Bae Doona, eu ainda vou entrevistar para ver se ela boa, mas minhas fontes dizem que ela é uma ótima professora.— caminhou até a cama e se sentou na ponta, seu sorriso era mínimo.
— Obrigado, você é incrível.— elogiou numa tentativa de melhorar a moral do maior.
— Ainda está pensando naquilo de hoje de manhã? — Pelo visto, tinha sido pego no pulo.
— Eu? Jamais. É passado.— decidiu esquecer o assunto, já que foi descoberto tão rápido.
— Precisarei dos seus documentos.
— Quais documentos você precisa? Se rir da minha foto eu mato você aqui mesmo! — pegou a carteira em seu bolso, a maior tristeza de um pobre é pegar sua carteira e só ter documentos nela.
Entregou a carteira sem nada para Jungkook, que observou cada um dos documentos com muito cuidado, ele segurou muito para não rir.
— Eu falei para não rir! — Jimin tentou pegar da mão dele cheio de vergonha.
— Não estou rindo, para, larga, me deixa ver! — não dava, o advogado era mais forte.— Você era fofo, olha que bochechinhas lindas...
Por um segundo, Jeon comparou a foto com o real e percebeu que ele não tinha mudado absolutamente nada, ou seja, ainda era o mesmo fofo e bochechudo.
— Você está rindo de mim aí dentro, né? Por isso que está com esse sorriso besta na cara!
Ele não estava segurando o riso, e sim admirando a fofura do menino.
— Estou nada, shhh! — continuou a sorrir.— Não importa se eu pegar, não é?
— Não tem nada além de desgosto aí, se quiser pode ficar.— deu de ombros.
— Para de falar assim de si mesmo! — apertou as duas bochechas de Park. De repente, se deu conta do que estava fazendo e parou no mesmo instante.— Eu vou voltar lá para baixo.
Jimin ficou meio instável pelo contato repentino do outro, apesar de ter achado meio fofo e gostoso, foi estranho.
— Não sei se o Yoongi irá poder vir te divertir hoje, provavelmente ele vai sair a caçada, ou sei lá o que ele faz as sextas à noite.— se levantou e caminhou até a porta.
— Me divertir? — o menor perguntou.
— É, vir aqui te fazer companhia, stand up de sacanagens, sei lá.— deu de ombros. Park percebeu o tom amargo e desprazeroso do homem.
Era óbvio o motivo de tanta infelicidade repentina, Jungkook sempre foi legal com ele, mas não do mesmo jeito que Yoongi, seria essa uma ótima oportunidade de quebrar o gelo entre os dois.
— Podemos ver juntos.— propôs Jimin.
— O que?
— Um filme, ou série. Podemos ver juntos. Quer dizer, se você quiser.
— Pode ser.— sorriu minimamente e um pouco aliviado no fundo pela oferta.
[...]
Algumas horas depois, Jungkook chamou o menor para ver uma série na sala, tinha feito pipoca e cerveja.
— Lanchinho! — Jimin bateu palmas animado.
— E aí, o que vamos assistir?
— Não quero nada de Law and Order, ou For the People! E nem nenhuma série chata de advocacia.
— Por que você acha que eu assisto séries sobre advogados? — arqueou as sobrancelhas.
— Você não assiste? — era tão a cara de Jeon, que o outro nem fez questão de perguntar, por que era óbvio.
— Ninguém fala mal da Olivia Benson na minha frente, garotinho.
— Quem é Olivia Benson? — o menor perguntou não familiarizado com o nome.
— O que??? A personagem principal de Law and Order...
— Fracassado.
— Ela é uma heroína! — se defendeu.
— Uhrum, tá bom, coloca Friends.— pegou a pipoca.
— Na verdade, eu estava pensando num filme que você vai gostar.— o maior sorriu todo misterioso.
— E qual é?
— O Pequeno príncipe. Nossa. Nunca percebi que o título me lembra você. Pequeno, e príncipe.— Jungkook parecia estar compartilhando um pensamento alto demais.
— Eu não sou príncipe.— argumentou.
— Você acha que não é, mas olhando pra você eu vejo um príncipe.— rebateu — Quer assistiu ou não?
— Nunca consegui assistir, você sabia? Tive que me contentar com o livro.
— E aonde conseguiu o livro?
— Eu não consegui. Uma professora me emprestou à muito tempo atrás e eu li várias e várias vezes antes de devolver.— explicou.
— Entendi. Vamos assistir, você vai gostar! — apertou o play e rapidamente começaram a se entreter com o longa metragem.
Jeon ficou admirado que Jimin não havia soltado uma palavra sequer enquanto se passava o filme, os olhos dele brilhavam ao assistir uma simples animação.
Ao final, Jungkook viu que o garoto estava com os olhos fechados e parecia estar num sono muito leve, Park deveria ter dormido a pouco tempo, pois estava tão conectado com a história que não se permitiu perder uma parte sequer, nem quando o cansaço atacou.
— Park? Está dormindo no sofá..— chamou bem baixinho para não atrapalhar o transe do outro.
— Não estou não, você que está...— sua voz era arrastada.
Aquela parte da noite em que alguém te acorda, mas você não sente que acordou o suficiente para conversar, e mesmo tendo noção, investe num assunto que você nem sabe qual é.
— Você está meio grogue.— Jeon ri.
— Tá bom. Eu ligo pra você mais tarde.— por um momento Jungkook teve que tapar a respiração para não rir do pobre menor, que estava tão cansado, que nem sabia mais o que falava.
— Certo, bela adormecida, melhor eu te levar para cima.— levantou-se e pegou o menor no colo de uma maneira que ele fosse conseguir subir aquela escada.
— Bela adormecida? Eu gostei mais de príncipe.— admitiu baixinho.
— Gostou?
— Uhrum. Demais.
Não se falou mais nada depois disso. Jeon caminhou com ele no colo em silêncio degustando do doce sabor daquela confissão.
O colocou na cama com cuidado e o cobriu. Jimin agora parecia estar mais imerso ainda no sono do que antes.
— Jeongguk — chamou manhoso de olhos fechados.
— Sim?
— Obrigado.
— Pelo que?
— Por tudo.
— Eu não fiz nada.
— Você fez tudo. Quer dizer, não tudo. Você é meio caladão, mas muito legal quando quer.
— Eu sou?
— É.
Jungkook sorriu sem nem ao menos ter percebido isso, o sono do outro era profundo agora, depois de ter deixado seu recado capotou feito um bebê na cama macia.
O rosto de Jimin era nitidamente de um anjo, e Jeon havida se dado conta disso a muito tempo atrás, na primeira vez que o viu já tinha percebido, mas sentiu uma pontada no coração diferente agora, como se o mesmo rosto estivesse mudado.
— Boa noite, príncipe.— beijou os cabelos pretos do menor com cuidado e se afastou.
Só tinha uma cosia em que pensava nesse exato momento, Park o achava legal, não era uma novidade, mas sim, uma surpresa. Ele — desde que o menor foi morar lá — pensava que Jimin não se sentia confortável em situações conjuntas com ele. Bom, ele não sentia mesmo, mas era por não ter aproximação o suficiente.
— Se quer aproximação, então você vai ter! — falou decidido, talvez tenha sido alto demais e fez o menor remexer mesmo estando em sono profundo.— Shhh! Reme, reme, reme o seu barquinho devagar...— só parou de cantar quando o Jimin voltou a dormir profundamente.
Decidiu ir dormir, igual ao garoto que agora estava — de maneira adorável — imerso em algum pensamento, ou sonho.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top