[🥀] - 셋





"As pessoas entram na nossa vida por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem"

Era de manhã, Jimin nunca acordava cedo, mas acabou acontecendo naquela manhã fatídica.

— Dakho vai comer meu coro...— Se lamentou tentando lembrar da noite anterior.

Não estava tão preocupado com a dívida, já que agora tinha dinheiro o suficiente para pagar o silêncio daquele cara macabro.

Na recepção do motel, lá estava a mesma atendente de ontem, com a mesma cara fechada e lixando as unhas, como se fosse a única coisa que ela soubesse fazer.

— Vim pagar a diferença de horas.— Park chama a atenção dela.

— Qual o número do quarto mesmo? — ela mexe no computador.

— Quatorze.

— Aquele cara de ontem pagou antes de ir embora.— respondeu ela desligando o computador novamente.— Toma o resto, ele me deu o equivalente para doze horas, você só ficou oito.— entrega algumas notas.

— Obrigado...

Jeon Jungkook...

Jimin não estava acostumado a ver as pessoas fazendo favores para ele, muito menos clientes. Sabia que o advogado de ontem foi super gentil, mas decidiu que era culpa do nervosismo.

Ninguém é tão bom assim sendo que não receberá nada em troca, absolutamente ninguém.

No lado de fora do motel, pediu um Uber que o levasse até seu apartamento. O caminho foi rápido, não era tão longe assim.

O bairro todo era meio macabro, uma área meio barra pesada mas o único lugar que ele encontrou que pudesse pagar, bom, podia.

— A princesa resolveu aparecer.— Dakho aparece como uma assombração na porta antes mesmo de Park entrar.

— Dormiu bem? — sorriu falsamente.

— Otimamente bem, e você?

— Eu estou com a sua grana, não precisa se precipitar.

— Acontece que eu não quero mais a sua grana, você preferiu o seu cliente do que a sua casa.

— Ah, faz favor! — Jimin reclama.— E eu vou morar aonde?

— Não é problema meu.— deu de ombros.

Park respirou fundo tentando não se desesperar, por pessoas como seu síndico que ele não confiava em ninguém.

— Deixa eu pegar minhas coisas pelo menos.— tentou passar pelo homem, mas ele impediu a passagem.

— Que coisas? Eu dei aos necessitados, aliás você não arruma sua casa não?

— Você não pode fazer isso.

— A regra é clara, não paga, não mora.— Jimin queria acertar a fuça daquele cachorro sem vergonha, mas tinha medo do que ele faria a seguir.

— Merda, cara, não precisava disso. Aonde levou minhas coisas?

— Meus caras deram um jeito de tirar de lá.

Aquilo foi um tapa na cara de Jimin, ele sabia que o cara era um idiota, mas não achou que chegaria ao ponto de estragar todas as suas coisas por uma coisa até fácil de resolver.

Na cabeça de Park haviam muitas coisas, a principal era "o que eu faço agora?" e  "pra onde eu vou?".

— É melhor você sumir daqui com essa sua carinha bonita de anjo.

— Se não o que? A rua também é sua? — o tom de Jimin mostrou que ele já não tinha mais medo do ex síndico.— Vai pro inferno, seu filho da puta, e eu preferiria morrer do que ter o seu pau em mim!

— Você acha isso?

— Além de feio e desgraçado também é surdo?


[...]


O dia começou cedo para Jungkook, assim que chegou em seu escritório tentou ignorar todos os comentários e perguntas promíscua de seu secretário com cabelos coloridos.

— Jeon? — Min chama sua atenção.— Você prestou atenção no que eu disse?

— Claro que prestei.— Jungkook junta as mãos na mesa, ele não havia ouvido uma palavra, na verdade nem sabia que seu secretário estava ali.

— Então o que eu falei? — Yoongi larga a caneta e fecha a agenda.

— Não faço a mínima ideia.— admitiu alargando um pouco a gravata.

Jeon sempre foi concentrado, mas incrivelmente hoje não era seu dia, sua cabeça ainda estava tentando processar o fenômeno da noite passada.

Eu passei uma hora em um quarto de motel com um cara, e eu não transei com ele. Era o que ele pensava.

— Yoongi, tem algo de errado comigo? — perguntou.

— Os seus sapatos são horrorosos.— respondeu bem humorado, viu que seu amigo não teve uma reação positiva.— Como assim?

— Passei uma hora em um quarto com um homem bonito e não transei.

— Achei que tivesse transado! O que fez então? — Yoongi começa a rir de seu amigo e seus problemas conservadores.

— Ficamos conversando até dar sessenta minutos.— deu de ombros.

— Parece que seu sapato não é o único erro em você.— continuou rindo do amigo, Jeon semicerrou os olhos não percebendo aonde estava a graça.— Você é todo certinho, não tem problemas nisso, quer dizer, não pra você, eu te acho nojento, particularmente falando.

— Para de brincar, e volta a trabalhar! — amaçou um pedaço de papel e jogou no amigo.

— Tudo bem, tudo bem, só não quero ver você reclamar por ter ignorado a sua agenda semanal de casos.— ameaçou.

— Tinha algo importante nelas?

— Não, só estou te zoando.— deu de ombros bem humorado, Jungkook lhe jogou mais uma bolinha de papel antes de seu secretário sair rindo pela porta de sua sala.

Quando finalmente ficou sozinho, repassou à noite anterior na cabeça, não soube exatamente o porque de ter ficado tão sensível ao sexo com  o garoto, só soube que não podia fazer.

Seu celular começou a tocar, era um número desconhecido, atendeu rapidamente e levou o telefone até a orelha.

— Alô? Boa tarde?

Jeon? Jeon Jungkook?

O coração do moreno acelerou ao ouvir a voz do mesmo menino da noite anterior, parecia levemente carregada com tristeza, como se tivesse chorado.

— Park? Aconteceu alguma coisa? — começou a batucar os dedos na mesa de madeira um pouco apreensivo.

Eu meio que não sabia pra quem ligar e... achei seu cartão no meu bolso. Desculpe, foi idiota, eu vou desligar.

Espera, o que houve para você me ligar? — Jeon levanta a voz.— Quer me dar sua localização?

Eu estou sentando em uma calçada.

— Isso não é muito específico. Qual calçada?

Eu-eu não sei, tem uma padaria com a parede vermelha com o nome de Oliver e uma sorveteria rosa ao lado...

— Eu já vou, tá bom?

Tá.

Assim que a ligação foi finalizada, Jeon apressou-se para pegar a chave de seu carro.

— Aonde vai? — Yoongi pergunta ao ver seu chefe procurar em seus bolsos algo que estava em sua mão.

— Conhece alguma padaria Oliver? — Jungkook pergunta.

— Fica no lado oeste da cidade, eu sempre ia na porque fica perto de um motel, aí já sabe né... O pãozinho de maçã de lá é ótimo, aliás.— respondeu ainda sem entender.

— Valeu.

Pegou seu carro e em um piscar de olhos já estava ao lado oeste da cidade procurando a tal padaria Oliver, não sabia exatamente por que estava tão desesperado por aquilo, mas sentia que havia algo errado no tom de Park.

Olhava para os lados tentando achar o garoto de ontem, não sabia como, a rua estava movimentada demais para procurar com carro.

Estacionou na padaria e olhou para os lados. Quando finalmente reconheceu o garoto sentado no meio fio e agarrado aos joelhos olhando as pessoas passarem.

— Park? — Jeon alcança ele.

Por um minuto o tempo parou para Jimin, ele não esperava que Jungkook viesse, além do mais, o nível de intimidade dos dois se resumiam a uma hora em um motel qualquer, então por que ele estava ali?

— Você veio mesmo.— encarou o homem de pé a sua frente.

O maior quase caiu para trás ao ver o rosto de Jimin machucado, o olho roxo, a boca sangrado e sabe-se lá aonde mais tinha hematomas.

— Foi o cara de ontem que fez isso, não é? — se sentou ao lado do menino procurando mais lugares machucados.

Tinha um arranhado na orelha direita, e seu cabelo havia um pouco de terra.

— Por Deus, o que aconteceu com você?

— Os caras dele acabaram me pegando.

Os caras? Ele chamou alguém pra te bater? — o maior percebeu que a boca do garoto estava sangrando e num gesto não muito pensado esticou o polegar para limpar, mas Jimin afastou seu rosto.— Vamos comer alguma coisa.

— O quê? — Park faz uma careta.

— Naquela padaria tem um pãozinho de maçã ótimo, vamos lá comer.— Jeon se levanta e estica a mão para o garoto ainda sentado e confuso.— Vem, ou não?

Jimin não queria ficar sozinho naquele momento, e para variar, aquele homem tinha corrido por boa parte da cidade apenas para ajudá-lo, então mesmo não sendo de seu feitio, aceitou.

Na padaria, tudo foi meio estranho, eles se sentaram em uma das mesinhas redondas e de metal que tinha ali.

— Eu vou fazer o pedido no balcão. Você gosta do seu café como? — Jeon pergunta.

— Não sei, eu nunca tomo café.— deu de ombros.

— Como assim?

— Acordo por volta das duas da tarde, aí nunca tomo café.

— Então — Jungkook respira fundo antes de retomar a frase, seu tom de fato era surpreso, uma pessoa como ele sempre foi muito regrada e perfeccionista para pular a refeição mais importante do dia.— Eu escolho pra você, certo?

— Tá bom.— o menor assistiu cada detalhe do que o outro fazia.

Depois de alguns longos minutos o homem volta segurando uma bandeja de plástico, nela tinha dois pãezinhos de uma coloração dourada e um cheiro com certeza apetitoso, dois copos de café, um puro e outro com chantilly por cima.

— Eu imaginei que você gostaria de um Mocha.— Jeon arrasta o copo de café até parar na frente de Park.— É café, chocolate, leite vaporizado e chantilly.

— Nossa, que graça toda para um café.— Jimin começa a analisar seu copo, ainda curioso leva até a boca.— É bom, mas está ardendo.

— É por que você está com uma ferida na boca.— explicou colocando a mão no bolso procurando algo.— Tome.— era um lenço branco, tinha uma renda azul clara por todo o perímetro do tecido e bordado em uma das pontas a inicial do homem "JJ".

— Não precisa me dar o seu paninho fru-fru.— Park recusa.

— Você precisa mais do que eu, na verdade nem sei por que ando com isso.— incentivou o menor a pegar o seu lenço.

Meio relutante Jimin aceita o pano bonitinho do homem e passa pela região dolorida de seu rosto, quando analisou o pano, estava manchado com sangue e ele ficou sem graça em devolver daquele jeito.

— Desculpa, eu sujei.

— Não, fica pra você. Eu nunca uso, mas pelo visto você precisa.— fez questão de dar seu lenço para o menino.— Pode me dizer o que aconteceu?

O menor se contraiu desconfortável com a pergunta, sabia que de alguma forma, teria que falar. Jimin num gesto desesperado ligou para o homem, e ele foi.

— Tudo bem, vamos aos poucos.— Jungkook tenta relaxar um pouco.— Quem era ele?

— Ele era o cara que alugava o apartamento onde eu morava, eu fiquei um tempo sem pagar e ele decidiu fazer uma... troca.

— Essa troca seria sexo?

— É.

— Que homem nojento.— Jimin concordou mentalmente com o homem.— E por que ele te bateu?

— Quando eu sai do motel hoje de manhã, eu já tinha dinheiro para pagar ele, mas quando cheguei lá, ele não quis.

— Como assim?

— Ele me botou pra fora sem mais nem menos, então eu pedi pra pelo menos pegar minhas coisas, mas ele falou que já não existia coisas, por que os caras dele deram um jeito.— o olhar de Jimin era pesado, mesmo tentando não mostrar seu lado sentimental para o estranho, não conseguia evitar de repassar as últimas horas enquanto via o chantilly em seu copo.

— Aquele homem simplesmente pegou suas coisas e jogou fora?

— É, então eu acabei estourando e falei algumas poucas verdades na cara dele...— suspirou pesado.

— Que tipo de poucas verdades?

— Mandei ele para o inferno, xinguei ele de filho da puta e disse que preferia morrer do que ter o pau dele em mim.

— Sútil.

— Dakho não aguentou a verdade e me deu o primeiro soco, eu já fiz taekwondo então consegui revidar, mas aí ele assoviou e apareceu uns três cara mais feio que um cão chupando manga, me comeram na porrada.

— E você não chamou a polícia por que?

— Por que apesar de tudo eu preso pela minha vida e se eu falasse das paradas dele Dakho iria até o inferno me buscar.

— Você sabe que eu sou advogado, né? — Jeon colocou os cotovelos na mesa.

— Sei, mas você ainda não é imortal, e se não quer morrer, deveria ficar na sua, essa briga não é sua.

— Por que me ligou se não quer que eu te ajude? — aquilo tinha sido como um tiro no peito de Park, nem ele sabia o porquê.

— Já te disse, fiquei desesperado e então achei seu cartão, eu sei que foi inconveniente da minha parte, mas eu ainda nem acredito que você veio.

— Park, você tem algum conhecido? — mudou de assunto, era claro que ele atenderia a chamada dele.

— Não.

— Lugar para ficar?

— Não.

— Dinheiro?

— Eles pegaram antes de me chutar.— coçou a nuca meio sem graça por dizer aquelas coisas tão pesadas, se sentia tão humilhado em compartilhar aquilo com ele.

Jungkook respirou fundo tentando achar alguma solução para o problema, nunca pensou que isso aconteceria com ele. O dia tinha começado normal para ele, então por que tão complicado?

— Espere um minuto.— ele avisa pegando o celular.

Jeon:

| Hoseok, eu preciso de ajuda.




Hoseok:

Você o que??????? |


Jeon:

| É, sério! Eu realmente preciso de um conselho.


Hoseok:

Não estou acostumado com essa sua parte dependente, o que quer? |



Jeon basicamente explica tudo para seu amigo, Hoseok era juiz e muito sensato, às vezes o invejava por ser exatamente tudo o que ele queria.

Era um dos melhores no que fazia, e sempre sabia separar vida profissional da pessoal, era divertido e ao mesmo tempo sério. Jeon era só, ele.

Hoseok:

Uau.|

Eu só fico longe por um minuto e o Yoongi já muda a sua vida.|


Jeon:

| Não vamos falar sobre isso agora, por favor.

| O que eu faço?



Hoseok:

Você sabe o que fazer, não sei por que está me perguntando.|


Jeon:

| Não sei se vai dar certo. Ele é muito fechado.


Hoseok:

E com razão, né?|

Vocês são adultos, discuta com ele até chegarem em um acordo. Não é como se ele tivesse opções.|


Jeon:

| Certo.



Jungkook guarda o telefone no bolso, suspirou pensando se sua ideia era realmente uma boa ideia.

— Você não tem para onde ir, não é?

— Não.

— Tudo bem, então vamos.— Jeon se levantou e passou as mãos por seu paletó, apenas para tirar a migalha de pão.

— Aonde vai me levar? Não é aquele lar de desabrigados não né? Por que eu já tentei e só tem vaga para grávidas e aposentados.

— Não ia te levar numa casa de desabrigados.— explicou.— Confia em mim, ou não?

— Eu não confio em estranhos.

— Mas você me ligou, então precisará confiar.

— Não faça arrepender-me por isso.— Jimin suspirou antes de levantar e seguir o homem.

Jeon abriu a porta do carro para o garoto, que obviamente não quis entrar no começo, mas rendeu-se.

— Park, eu fiz até agora alguma coisa que fizesse você não confiar em mim? — o mais velho suspirou antes de girar a chave do carro.

— Não, mas é isso mesmo que me faz desconfiar de você. Ninguém é tão bom assim.

— Eu sou.— deu de ombros.

— Estou atento a qualquer gracinhas.

— Claro claro, senhor Park.— respirou fundo.

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