[🥀] - 서른여덟

😭😭😭😭😭😭


"Vocês não pode controlar suas emoções, mas suas ações sim"


Existe uma música chamada "Filtro Solar", e nela diz que se preocupar com o futuro é tão eficaz quanto resolver uma equação enquanto masca um chiclete.

Seus verdadeiros problemas sempre serão coisas que jamais passaram por sua mente perturbada.

Todos nós temos segredos que mantemos escondidos do resto do mundo. Amizades que fingimos não ter, relacionamentos que escondemos... Mas o mais perigosos que uma pessoas podem encobrir são aqueles que escondemos de nós mesmo.

Jimin evitou pensar, evitou por meses, desde que pisou naquela casa. Mas a verdade sempre tem um jeito de vir até você.

Ele não sabia nem o que pensar, um pedaço de Jimin parecia ter simplesmente morrido. Queria tanto ser uma pessoa boa, uma pessoa útil, uma pessoa que pode ter a ousadia de ser ela mesma, alguém que ele pudesse enfrentar a verdade de seu passado e ser melhor.

Olhou para Jungkook de canto de olho sentado no sofá, lembrou-se de todas as vezes que contou sobre seu passado.

Olha só quem ele é, olha só o que ele tem, olha só o que ele se tornou. Por que não sou assim?

— Vou tomar banho.— avisou num sussurro e subiu as escadas.

Jeon teve a certeza que algo estava fora do lugar, ou muitas coisas, mas estava preparado para todo tipo de coisas que Jimin fosse falar, já que antes de sair da festa seu melhor amigo comentou sobre o assunto da festa, e eu nunca se sentiu tão desgraçado como naquele momento.

Park foi para o banho sem dizer nada, não conseguia sequer pensar, na verdade, ele conseguia, mas não queria, só conseguia querer desaparecer por um tempo, estava tão sufocado.

Passou a vida toda com as pessoas lhe dizendo o que fazer, quem ser, como agir, o que falar, e no final, ele não escutou nem a eles, e nem a si mesmo, pois ele não havia se tornado nada, não queria nada, não agiu.

Ele simplesmente parou em algum ponto e esqueceu de tentar se tornar alguém, um ser humano com conquistas, objetivos, metas.

Passou tantas horas naquele banho, afundando seu rosto várias vezes naquela banheira, deixou o peso no coração pesar, estava sobre sua sujeira acumulada a anos, retirou sua armadura e deixou doer, passou tanto tempo encobrindo suas tristezas que acabou se afogando nelas.

Um truque cruel da natureza, muito cruel, a maneira como a verdade nos encontra e acabamos deixar todo o resto deslizar pelos nossos dedos. Jimin não queria nem ao menos ouvir o som de sua respiração, pois lhe irritava.

Park refletiu sobre tantas coisas, que chegou a pensar coisas bobas.

Como a maneira que os americanos se referem a estar apaixonado é "in love", traduzindo "no amor", como se o amor fosse um enorme oceano quente e relaxante onde você pode descansar. Mas não é assim, ele se sentia uma madeira velha velejando águas rasas. Ele passou tanto tempo fechando os olhos, remendando os furos em seu bote velho, até não poder mais, até a culpa afogá-lo.

Mergulhou dentro de si querendo saber qual era a verdade que mais lhe afetou, seria quando encontrou Dakho no shopping? Quando ouviu aquela conversa no banheiro da festa? Quando percebeu que Jeon e ele não estavam olhando para a mesma direção?

A verdade... Ninguém sabe qual é, e nem como é.

Algumas verdades podem se tornar com o tempo suaves, algumas são afiadas como facas, algumas só vemos por canto de olhos por termos medo de estarmos envolvidos demais nela, algumas desejamos esconder de nós mesmos.

Algumas salvam, outras acabam com a nossa vida, umas são quentes como o fogo, e outras frias como gelo. Há o tipo de verdade que perdoa com o tempo, a verdade generosa, umas são difíceis de definir, umas são quebradas, e outras são como sapatos confortáveis.

Não importa quanto você fuja ou em qual categoria de verdade você é: A verdade sempre vai estar de olhos fixos em você.

Saiu do banho, e percebeu que não trouxe nada além de uma toalha, então seguiu para fora do quarto, e foi procurar em sua gaveta alguma, lembrou-se que Jinjoo tirou algumas roupas para lavar então ele decidiu pegar um pacote limpo nas coisas de Jeon.

No começo ele pensou ser um gesto normal, mas quando se deparou com o que tinha ali, caiu no chão, e se debulhou em lágrimas.

Tinha uma caixa preta. De camurça. Era uma caixinha que tradicionalmente guardava anéis...

Eu não vou abrir. Eu não vou abrir...

Talvez aquele fosse o tal presente de natal que Jungkook tinha tanto falado que comprou para si.

Aquilo quebrou uma coisa dentro de Park, porque era óbvio que se ele pedisse, iria dizer não. Não porque não amava, mas porque não estava pronto. Ele não poderia fazer isso, com Jeon, nem consigo mesmo.

Por isso respirou fundo, em meio ao choro e se vestiu sem saber nem o que pensar, seu corpo seguia um padrão, e ele não pensava em absolutamente nada, nada além de querer tirar o peso do peito.

Desceu até o andar de baixo e encontrou o namorado olhando para o teto, teve a estranha sensação de que já sabia o que estava por vir.

— Jungkook, eu preciso falar com você.— sentou-se no canto do sofá enquanto Jeon também se acomodou, de frente para ele.

Todos nós temos uma vasta experiência de conversas que começam assim, Jungkook não gostava delas, mas precisava arriscar.

— Eu também preciso falar com você.— puxou uma almofada para seu colo.

— Fala primeiro.— Pediu, querendo prolongar uma coisa que se tornou inevitável.

— Você anda estranho, imerso, distante, eu não sei o que há, e o porquê você não me conta, mas você simplesmente não me contou.— falou baixinho, um pouco triste, ele também prolongou aquela conversa.

Jimin começou a chorar, não acreditava no que seu cérebro estava lhe mandando fazer, nem em tudo que aconteceu em todos esses dias. Ele queria acordar daquele sonho ruim, de preferência nos braços de Jeon e fingir que nada daquilo lhe atormentava.

Esse era o problema, ele estava com medo de si mesmo, leu seu diário a um tempo atrás e percebeu que não fugia desde a festa, ele foge desde sempre.

Dakho não mentiu em dizer que Jimin não era fiel.

Porém aquela essa situação diferente, ele se sentia sufocado consigo mesmo, uma madeira velha imersa no mar, carregou o peso em seus braços por tanto tempo até que eles se tornassem maiores que si próprio.

— Por que você está chorando? Eu disse algo? — ele começou a ficar preocupado, Jeon era tão bom em ler as pessoas, e estava claro que Jimin queria chorar sozinho, que ninguém lhe tocasse, ou reconfortasse, ou que abraçasse e lhe disse que tudo iria ficar bem, ele só queria chorar para ver se o peso que sentia em si sairia e ele pudesse esquecer.

Jimin respirou fundo, querendo parar de chorar e então juntou forças e começou seu discurso: — Sabe, quando você é criança, os adultos de dizem muitas coisas, mas esquecem o quanto vai ser difícil viver... Você sabe, mais do que ninguém o que é ter que superar os obstáculos da vida, e você fez isso de maneira tão bonita, eu queria ser assim, mas eu não sou. Eu não fiz. Eu não superei. Eu não enfrentei. E, você não sabe o quanto foi doloroso para mim sentar-me na mesa com seus amigos e não saber nem usar um garfo, ou pronunciar uma palavra?

— Jimin, eu não queria que fosse assim...

— Mas foi, e nada disso é culpa sua, e nem deles, eu também acho que me zombaria por ser tão ridículo, não pelo meu passado, mas pelo que eu fiz com ele.

— Você não fez nada de errado, para.— tentou intervir, e Jimin balançou a cabeça fechando os olhos, tomou um ar por um instante e então mais algumas lágrimas escorreram.

— Exato, eu não fiz nada, você passou coisas piores que eu, e olha só, aonde você está! Eu, por outro lado, não fiz dos "não's" da vida, os meus "sim's", eu simplesmente não fiz nada. Eu tenho vinte e sete anos e não tenho nada. Não é apenas sentir que não tenho, eu apenas não tenho nada. E é tão doloroso saber que as pessoas me vêm como a sua sombra, como alguém que não irá te largar porque tem medo de nunca conseguir algo na vida por si só, e bem, elas estão certas, porque eu tenho nada além de você.

— As pessoas não acham que você está na minha sombra.

— Sim, elas acham. Eu sou o alcançado, coisa que você jamais entenderá. Porque você é perfeito, você é um príncipe encantado, me assusta estar ao seu lado sendo um ninguém, e você pode dizer o que quiser, eu sei que eu sou. Passei meses escrevendo, lendo, ouvindo. Eu sou um ninguém. Porque eu me deixei ser um ninguém. Eu nunca mudei isso, e agora... Sinto como se a verdade tivesse transpassado o meu peito.

Ele não tinha palavras para responder a isso, só deixou que seguisse seu curso: — Que verdade?

— Que não podemos ficar mais juntos.— respirou fundo, aquelas palavras em sua boca tinham gosto de vinagre, mas não era uma total tolice dizer, ele tinha motivos, razões para fazer aquilo.

Jungkook jogou seu corpo para trás, tentando encaixar qualquer outra fase de sonoridade parecida com aquela na esperança de ter ouvido errado, mas no fundo ele sabia que não ouviu.

Jimin estava terminando com ele.

— Posso saber por que? Eu que fiz algo? Não tem como consertar? É...— não sabia nem o que dizer, ele simplesmente olhou para expressão triste.

— Lembra-se do que colocou na sua cartinha sobre o Hayan? "Ninguém tem o poder de me consertar a não ser eu mesmo", pois então, é o meu momento de me consertar, Jungkook. Eu não aguento fugir de mim mesmo.

— O jantar foi tão ruim assim? — pensou um tanto alto, arrependido.

— Enquanto seus amigos falaram de legislação, animais, leis, direitos, preconceito, eu só pensava em vir pra casa e fazer um miojão.— admitiu.— Jeon, eu quero que saiba que você não fez nada de errado, pelo contrário, você me salvou, de muita coisa, eu acho que não estaria vivo se não tivesse te ligado naquele dia.

— Parece que às vezes até um anjo precisa de um herói.— sussurrou, querendo não demonstrar tanta tristeza, entendia o lado de Park, mas não estava preparado para deixá-lo ir, ele tinha metas, planos, planos para si, e ele estava totalmente certo em erguer pilares de sua vida antes de pensar em começá-la com alguém, mas Jeon não estava pronto para simplesmente soltá-lo.

— Eu queria poder não me agarrar tanto a esse pensamento, deixá-lo fugir, mas Jungkook, não dá, hoje eu percebi dá pior maneira possível que eu não nunca tentei mudar a mim mesmo. Eu queria ter outra escolha.

— Sempre tem uma escolha.— rebateu.

— Não, não dessa vez. Eu não quero que pense que eu não te ame, mas eu não estou preparado para iniciar minha vida com alguém, quando sequer fiz algo com a minha. E eu preciso fazer isso por mim mesmo. Do jeito que todos fazem, eu sou adulto e preciso enfrentar meus medos, por mais difíceis que sejam.

Jungkook ficou quieto, os olhos de Jimin carregavam tanta amargura, e parecia que haviam mais palavras para serem ditas, ele queria parar de ouvi-las, resetar o dia e começar de novo. Mas no fundo ele sabia, que nenhuma volta no tempo faz alguém amar você.

— Eu preciso ir, de verdade, quero fazer algo maravilhoso com a minha vida, e poderei mostrar ao mundo o motivo do meu sorriso, quero ser a pessoa que merece estar ao seu lado.

— Você merece estar do meu lado.

— Não, ainda não.— balançou a cabeça, Park tentava encarar a realidade, ele não merecia.— Eu não sei quem sou se não me agarrar numa coisa que foi dada a mim, não há algo que eu mesmo arranjei, ou gostei por vontade própria. Eu simplesmente não aprendi a viver. Me deixe fazer isso...

— Você tem um plano? Você vai ficar bem? Você vai sumir totalmente da minha vida? Ou eu posso ter o direito de te esperar? — perguntou preocupado. Era racional e entendia os pontos de Jimin, e se ele precisava de um tempo, daria a ele.— Você tem para onde ir?

— Sim — mentiu, não quis deixar Jeon preocupado.

— Promete que vai ficar bem? — esticou seu braço e pegou a mão de Jimin.— É uma pergunta simples, eu quero saber. Nosso relacionamento foi um barco de emoções. Você pula, e eu também. Não posso te deixar ir sem ter a certeza de que irá ficar bem.

— Eu irei ficar bem, eu prometo.— sua voz saiu rouca, foi quase impossível graças ao nó em seu peito e ao leve contato de suas mãos juntas uma última vez.— É politicamente errado te pedir para me esperar né?

— Acho que sim — deu de ombros — Mas você não ia precisar me pedir, porque eu vou.

— Não sei quanto tempo vou ficar fora, nessa aventura, você não pode me dizer que vai esperar.

— Confio no meu coração, eu sei que vou.— garantiu, aquilo deixava Jimin triste, ele queria grandes feitos, mas na queria deixar o amor de sua vida esperando, talvez seja melhor assim.

— Eu... Eu vou arrumar minha mala.

Nenhum dos dois falou nada.

E Jungkook assistiu o outro deslizar sua mão para longe até sobrar o calor que foi aos poucos desaparecendo.



[...]


Jimin desceu, querendo na verdade rolar aquela escada, tinha colocado Wasabi em sua caixa e levado consigo sua mochila.

Pensou em deixá-lo ali, mas não seria capaz de deixar seu filho ali, mesmo sabendo que ficaria melhor aos cuidados do moreno, Wasabi era um pedaço daquela história de amor que Jimin precisava reviver todos os dias.

— Então você fez as malas...— Jungkook surgiu na sala, sua voz era nítida de choro, e limpou qualquer vestígio de lágrima de seu rosto.

Passou o tempo todo em seu escritório com medo do que poderia ver, então talvez olhar para tela de seu computador lhe fizesse esquecer.

— Vou me despedir do Wasabi.— avisou, indo até Park e pegando a pequena gaiola, e tirando um filhote de lá.

Fez um pouco de carinho, sabia que aquele não era apenas um gato. Na verdade, nada era apenas algo. Tudo lhe trazia um significado tão forte de tudo que eles viveram.

Devolveu o filhote sonolento para seu lugarzinho e fechou a porta.

— A vida é assim, é chato, mas eu tenho que me acostumar.— deu de ombros, segurando por puro costume as duas laterais do rosto de Jimin, ainda vermelho de tanto chorar.

— Eu tenho medo de tudo. Medo do que fiz, do que vi, do que disse, do que vou fazer, de quem eu sou. Mas principalmente tenho medo de sair dessa sala e nunca mais sentir o que eu sinto quando estou com você...

— Park, você tem metas e objetivos, você tem medos que eles não irão desaparecer do nada, você precisa enfrentá-los, agarrar eles, olhar seus medos nos olhos e dizer "vocês não me assustam mais, pois me tornei melhor que vocês!"...— deslizou suas mãos até os ombros de Jimin.— Não vou mentir pra você, nem todo dia será fácil, tem vezes que será uma droga viver, mas todos que te amam irão te ajudar, inclusive eu. Se ficar com medo, me ligue, você sempre irá vir em primeiro lugar.

— Você não pode dizer uma coisa dessas e esperar que eu não queira te beijar.— admitiu, Jeon sorriu, com um certo receio de selarem seus lábios e não querer soltá-lo nunca mais.

O puxou para um abraço, e Jimin acabou molhando seu peito com rastros de lágrimas, amava a sensação do peitoral de Jungkook amassando seu rosto, e seus braços em volta de si, o protegendo.

— Então, é isso? Acabou? — sussurrou contra seu peito.

— Quando se trata de nós, nunca vai acabar, esperava que soubesse disso.— ambos se afastaram.

Tem poucas coisas mais tristes nessa vida do que ver alguém indo embora depois de te deixar, e assistir à distância entre seus corpos se expandir até não existir nada além do espaço vazio e silêncio.

Mas nada foi tão doloroso quanto Jimin ir até a porta prestes a ir embora.

— Park — chamou uma vez, não acreditando exatamente no que estava acontecendo — Até logo.

— Você deveria dizer "adeus" dessa vez...— murmurou segurando a maçaneta.

— Acontece que eu nunca vou dizer adeus para você, Jimin.— deu de ombros.

Ambos sorriram, um tanto tristes e então, acabou.









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chorei umas cinco vezes escrevendo essa porra

lembrando que a história não está muito perto de acabar, ela tem mais alguns acontecimentos

outro fato que eu quero falar com vocês:

a história é jikook, e é romance. mas eu desde a introdução deixei claro que sempre tentei abordar assuntos muitas vezes ignorado: tanto Jimin quanto JK tem passados extremamente conturbados, relacionamentos abusivos e a maneira como enfrentamos isso, não sou nenhuma profissional, mas é isso que eu tento passar, com frases pequenas ou pequenos trechos na história.

Lost Boy se baseia no amadurecimento de um personagem, talvez inspirado em mim, e em muitas pessoas ao meu redor. Talvez por isso eu seja tão orgulhosa dessa história.

o Jimin teve motivos para fazer o que fez, eu faria a mesma coisa, ele se sentia totalmente preso à sombra de alguém que ele ama. Isso não é viver, ninguém merece isso.

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