"Você vai continuar fazendo perguntas ou vai descobrir por si próprio?"

Já era dia 29, o natal tinha passado e Jimin vinha sobrevivendo com pequenos trechos de sua vida com Jeon, isso mantinha ele com os pés no chão.

Yejin por muito tempo respeitou isso, eles combinaram que ela pagava o aluguel, e ele ajudava nas compras, mas não era com o financeiro que ela se preocupava, ele queria ajudar o menino.

— Ok, eu já estou meio farta dessa sua cara de difunto! Esses dias quase te joguei fora achando que tava podre!

— Ah, não, por favor, não quero fazer nada! — murmurou deitado no sofá, ele estava comendo sorvete e vendo Titanic.

— É dia vinte nove, você passou o Natal abraçando seu gato e olhando para o céu! — coloca a mão na cintura querendo chamar atenção.— Vai ficar aí chorando e fazendo protestos enquanto come torta ou vai levantar, arrumar sua vida e voltar pra ele? Achei que esse era seu plano.

— Esse é o meu plano, mas eu ainda não consegui superar bem o fato de acordar sem ele, comer ser ele, assistir filmes sem ele...— sua voz já estava meio embargada quando a loira interrompe.

— Ah! — gritou interrompendo o choro — Nada de chorar, borra a maquiagem garoto!

— Eu não estou usando maquiagem.

— Eu sei que não, olha essa sua cara morta! — ri, querendo provocar.— Vai, levanta, toma um banho, coloca uma roupa limpa, iremos fazer algo útil!

— O que é?

— Estou com estranho desejo de comer Cheesecake de frutas vermelhas, acho que é meu bebê.

— Isso se chama fome, você não pode culpar o neném por isso.

— Ei, leite azedo, vai tomar banho! — chutou ele com certa dificuldade e ele se levanta querendo ir em direção ao banheiro.

— Eu não estou fedendo! — defendeu-se gritando.

— Fala isso para o urubu que bateu na nossa porta querendo sua carniça! — ela senta-se no sofá, Jimin estava triste, mas acabou rindo.

[...]

— Acho que você deveria ter passado um pouco mais de maquiagem.— Moon comenta enquanto ambos andam pela rua de braços dados.

A cara dele estava nitidamente acabada, resultado de noites mal dormidas, ele passou, mas só porque ela obrigou.

— Pentear o cabelo se torna tão difícil assim? — ela questiona vendo o cabelo dele todo bagunçado.— Pelo menos não seremos perseguidos por nenhum corvo, ou cachorro de rua...— ela diz cheirando o casaco do menor, querendo conferir se ele tinha mesmo tomado banho.

— Para de ficar me zoando! — empurrou a cara dela.

Naqueles poucos dias, eles se tornaram muito amigos, ele descobriu muito sobre ela, e ela descobriu muito sobre ele.

Jimin ouviu que os pais nunca foram bons para ela, então sempre negaram sua existência, apesar de tudo, os avós deixaram muita grana para a neta querida. Ela também não teve muitos relacionamentos bons, quebrou a cara varias vezes e quando finalmente achou o amor da vida dela acabou tendo uma morte trágica.

Ela estava pronta para ter uma família, e então, agora é ela e o seu bebê.

— Olha Jimin, estão contratando! — ela aponta para a a placa na confeitaria mostrando que precisava de funcionários.

— Eu já disse, não tenho experiências em nada, e também não acho que alguém queira me contratar.

— Você subestima minha alma feminina! — ela puxa ele para dentro, tinha um ar retrô, com cores em branco, rosa e azul bebê em listras na parede, um balcão com o caixa e seu vidro deixando os doces expostos.

A cozinha ficava logo atrás, mas estava bem silencioso.

As cadeiras eram acolchoadas no mesmo tom rosa e azul, e em uma delas, estava Taemin com a mesa inundada de papéis.

— Oh, aquele ali eu conheço.— ela ri e puxa Park até lá.— Senta aí.

Empurrou Jimin e sentou-se logo em seguida.

O menor olhou para Taemin, depois para a sua amiga e simplesmente decidiu calar a boca.

— E aí, Taemin.— ela sorri para o moreno.

— Yejin? — olhou a loira e seu olhar foi para o menino ao lado dela — Jimin?

— Vocês se conhecem? Ótimo! — ela sorri animada.— Conheço ele da faculdade, o fracassado sempre comia comigo na hora do almoço.

— Você estuda cinema? — Jimin pergunta a Taemin.

— Não — falou rápido — Zoologia aquática.— que maldita coincidência, Jimin se encontrava até sem palavras.— Amo sua visita inesperada, mas se não vê estou ocupado agora.

A menina olhou para Park, e então cochichou no ouvido dele: "Veja o que eu fazer"

Ela então pega o celular, que acreditava ser de Taemin e esconde no bolso, sorrindo. Jimin olhou ela, sabia que era honesta, então calou-se e observou.

— Vocês viram meu celular? Eu juro que estava aqui.— começou a levantar os papéis.

— Se eu fizer o favor de te ajudar a procurar, você ficaria me devendo um favor, né? — ela sorri.

— É, é, tanto faz, tô com um pouco de pressa aqui.— revirou os olhos.

— Ok, aqui está.— ela coloca na mão dele o aparelho telefone sorrindo.— Agora me deve um favor.

— Roubou meu celular de propósito?

— Você não impôs as regras claramente, mas disse que se eu achasse, deveria um favor a mim.— deu de ombros, Jimin riu bem baixo em seu canto.

— Ok, certo, e o que quer? Um bolo? Você sempre pede isso.

— Não — balança a cabeça — Quero que você dê a vaga para o meu amiguinho Jimin.

Taemin olhou para ela, depois para Park, que também foi pego de surpresa: — Você tem experiência? — ele pergunta a Jimin, que balança a cabeça num não — Já atendeu algum cliente? — ele dá um de ombros fazendo um "mais ou menos", aquela pergunta não era muito específica.— Não dá pra contratar, ele tem que ter experiência, pelo menos! Isso aqui são currículos, sabia? — mostrou a ela a enorme pilha de papéis.

— Lee Taemin, você prometeu que me deveria um favor, e outra coisa, eu sei muito bem que essa loja aqui tem os lucros totalmente voltado a você pois sua mãe lhe deixa gerenciar! — apontou o dedo na cara dele querendo ser autoritária — O Jimin tem o ensino médio completo, e é muito bom em matemática, sabe reconhecer bolos só sentindo o cheiro, então ele pode muito bem ficar no caixa!

— Você não vai desistir né? — ele suspirou.

— Ou você faz, ou eu ligo para sua mãe.

— Tá, tá, chantagista idiota! Jimin, volta aqui amanhã, você faz um teste, ok? — juntou as mãos.

Jimin riu internamente, mas por fora ficou em total silêncio e super apreensivo.

Apenas respondeu: — Ok.

— Quer mais alguma coisa, senhorita Moon? — falou irônico para amiga loira.

Ela sorri abertamente: — Uma fatia de Cheesecake de frutas vermelhas, obrigada.

[...]

— Esse uniforme de vocês são bem bregas.— Moon comentou olhando a roupa que Jimin estava vestindo.

— Não vou reclamar porque é o primeiro trabalho na minha vida que eu visto alguma coisa.— ele observa no espelho do fundo da loja, onde tinha o banheiro que ele se trocou.

A amiga estava ali para supervisionar e ajudar o amigo.

Ele usava uma camisa branca de botões com uns detalhes na borda em azul e rosa na lapela da camisa, um chapéu para lá de ridículo, e um avental que ele poderia escolher a cor, cogitou em usar azul, mas colocou o rosa, afinal, era quarta feira.

— Que bom que você passou mais maquiagem, com aquela cara de noiva cadáver iria assustar uma criança que só queria um pedaço de bolo.— a amiga diz olhando o rosto do amigo e passando brilho labial em sua boca carnuda, achou que ficaria mais apresentável assim.

— Ainda não acredito na maneira como você me arranjou isso.

— Querido, eu só estava praticando a arte de ser mulher.— deu de ombros guardando o gloss no bolso do amigo.— Retoca sempre, não quero boca ninguém com boca branca! E muitos sorrisos, seu sorriso é lindo!

— Ok, ok...— reclamou.

— Ei, Jimin, está pronto? — Taemin aparece na porta mexendo no celular.— Eu realmente preciso mudar esse uniforme.— comentou olhando a desgraça que tinha feito no recém chegado na loja.

— Estou tão feio assim? — olhou no espelho.

— Nah — Moon balança a cabeça — Lembre-se, pelo menos você está vestindo algo! Tem pessoas que não tem nem o que vestir! — consolou, de alguma maneira.

— Minha mãe disse a mesma coisa.— Taemin comenta começando a caminhar para frente da loja, e ambos acompanharam ele.— Ok, é simples, todos os bolos tem uma numeração, o cliente vai falar a numeração que quer, você tem que clicar nesse tablet, se eles pedirem algo mais específico como "tire a cebola do meu lanche, "pouco molho" você pode anotar nessa parte aqui — apontou para uma pequena janelinha no tablet.

— Aqui vende salgados?

— Óbvio, nem todos vem para comer doce.— respondeu.— Aqui é o caixa, geralmente, quando o movimento é baixo fica você e o maluco do Kihyun.

— Ele chega quando? — perguntou.

— Já era para ter chegado, mas eu tento ao máximo levar minha amizade com ele em consideração, e dessa vez ele até me mandou mensagem avisando.

— Ah — Park falou, a companhia de Taemin era ainda muito desconfortável, e não conseguia agir de forma comum quando ele estava perto.— Entendi, pode ir.

— Você tem um medo de mim... Meu Deus.— ele ri abertamente pegando seu celular.— Fica tranquilo, não sou eu que apostará fichas em alguém que tem o coração em outra pessoa.— tentou tranquilizar.

Jimin não falou nada, e decidiu mudar de assunto: — Você trabalha aqui?

— Não, eu só supervisiono às vezes, Kihyun fica mais de olho nisso do que eu, tenho meu estágio.— deu de ombros.

— Jura? E aonde você fica?

— Sabe o aquário do centro? Então, lá.— respondeu simplista — Sou só estagiário, por causa do meu curso não concluído, fico na parte de loja, como vender aquários, peixinhos, camisas, é bem chatinho mas aprendo muito!

— Que legal, gosto de zoologia aquática.— falou olhando para a porta.

— Jura? Pensa em estudar sobre isso?

— Eu quero ser veterinário, mas me interesso por isso, gosto de pinguins, raias, tubarões... Você meio que vive num mundo onde eu sempre quis viver.

Taemin franziu o cenho: — Levaria isso como elogio, mas minha mãe já me insultou tanto que não consigo mais.

Ambos ficaram em silêncio, Lee tinha recebido uma mensagem, e após ler olhou para a porta, seu outro funcionário tinha acabado de chegar.

— Oi porra.— resmungou mal humorado, ele tinha cabelos rosas e estavam levemente úmidos, estava nevando lá fora.— Oh, você é o Jimin?

— Sou.

— Bacana! — sorri mudando seu humor e indo até o caixa se apresentar ao colega.— Yoo Kihyun.

— Park Jimin.— sorri, e apertam a mão.

— Agora que vocês se conhecem, eu vou ver a cozinha e ir para o meu estágio, qualquer coisa me avisem, voltarei no final da tarde! — caminhou até a porta rosa que dava na cozinha.

Kinyun ficou conversando com Jimin enquanto tirava sua blusa e exibiu seu uniforme idêntico ao do menor, mas seu avental era azul.

— Meninos vestem azul.— explicou.

Park franziu o cenho não gostam do comentário, mas o garoto ri.

— Tô zoando, meninos dão o cu, de preferência para mim.— balançou a cabeça e colocou seu chapéu igual a Jimin.

— Pensei no rosa porque hoje é quarta.

— Hoje é quarta? Pra mim todo dia é sexta feira! — ele ri tirando a peça azul e substituindo por uma rosa.— Agora estamos combinando! — ele sorri.

Eles mantêm a conversa enquanto esperavam algum cliente, Jimin deu de primeira muito bem com o menino engraçado de humor peculiar, Moon estava no canto do local, mexendo no celular e dando um certo apoio ao amigo.

O local começou a ficar movimentado, Park pegou rapidamente o jeito da coisa, anotar pedidos e dar o troco era muito fácil para si.

Teve muita sorte desse ser seu emprego.

— Ah, esse bolo aqui é uma encomenda, o dono vem buscar mais tarde! — o garoto colocou uma caixa rosa clara de tamanho médio no freezer do balcão de exposição de bolos com o número do bolo.— Saca só no nome desse capeta disfarçado de bolo...— chamou o garoto.— Schmier de cookie crudívera.

— Como é? Scream de Cookie do cu de Vera? — tentou repetir, fazendo o amigo explodir em risadas com a pronúncia.

— Por favor, repete.— limpou o vestígio de lágrima querendo rir mais.

— Ei... Isso é errado.

— Errado é a sua pronúncia, tenho o direito de rir você acabou de chamar um bolo de "Cu de Vera"!

Jimin acaba rindo da risada do colega de trabalho, e então voltou a se concentrar no trabalho, as coisas começaram a ficar mais radicais com o passar da tarde, ele ficava meio perdido no meio dos pedidos, mas Yoo o ajudou em muitos momentos.

O menor estava mexendo no caixa querendo conferir se tinha dado o último troco certo, acabou fazendo na pressa, só que calculou e acabou entregando o valor correto.

— Eu vim buscar um bolo.— a voz era gentil, um pouco baixa, fez Jimin erguer a cabeça surpreso.

— Jeon? — os dois se olharam, ele usava um casaco enorme, era preto e em seu braço tinha um filhotinho bem peludo com uma coleira azul.

— Oi, Jimin.— sorri observando cada detalhe do rosto dele, continuava lindo, mesmo naquele uniforme.

— Então é seu o bolo do Cu da Vera? — se abaixou para pegar a caixa e colocou sobre o balcão.

Jeon tinha franzido o cenho: — Acho que é meu mesmo.— esticou as notas com o valor exato do bolo, Jimin pegou e guardou no caixa e então esperou a máquina imprimir a nota fiscal.

— O sistema tá meio devagar...— sorriu nervoso batendo na máquina para andar logo e querer sair daquela situação constrangedora.— Esse cachorrinho é seu?

— É, Taehyung me deu, é fêmea.— ergueu o braço para que Jimin pegasse o cachorrinho.

— E qual é o nome?

— Choco Pie. Mas eu chamo só de Choco, às vezes de Pie, ou Pepper, não me pergunte porquê.— Park ri acariciando de leve a cadela.

— Por que esse nome? Por que o pelo dela é marrom e ela é redondinha? — tentou decifrar vendo a cachorra amansar sobre seu toque.

— Por que eu tinha saído para fazer compras com Minsuk e ela comeu o Choco Pie dele, aí eu liguei para o Taehyung... Você conhece essa história.— deu de ombros, Jimin ri e beija a pontinha do nariz da filhote antes de devolver para o moreno.

— Sua nota.— entregou o papel, que ele colocou no bolso e tentou pegar o bolo.

— É aniversário do Taehyung...— explicou pegando o bolo em uma mão, e segurando a cachorrinha em outra.

— Acho que precisa de ajuda para manusear isso até o carro, né? — falou.

— É — admitiu, um pouco sem jeito pela situação — Não deixo ela sozinha, ela é muito levada, então fica comigo vinte e quatro horas por dia.— explicou dando a Jimin a cachorrinha ao invés do bolo.— Hm, então... Você está trabalhando aqui a quanto tempo?

— Hoje está sendo um teste.— falou meio sem graça.

— Entendi, boa sorte.

Ambos caminharam em silêncio até o lado de fora querendo colocar o bolo dentro do veículo que Park conhecia bem até demais.

— Diz feliz aniversário para o Taehyung, por mim.— avisou entregando a cachorrinha.

— Tá bom... Foi... Um prazer te ver.— sorriu e deu a volta no carro.— Aliás, esse seu uniforme é uma droga.

— Eu sei, ridículo demais.— ele ri olhando para si mesmo.

— Nah — fez uma careta, olhou para os carros na rua e então encarou Jimin de novo — Você deixa ele mais bonitinho quando veste.

[...]

Depois daquilo Jimin não conseguiu pensar em mais nada, ele queria tanto ter se jogado nos braços daquele homem, e isso fazia ele querer chorar, pois ainda não podia.

— Nossa, aquele moreno da cadelinha te deixou pior que a cadelinha.— Kinhyun falou limpando o balcão pronto para fechar a loja.

Moon ainda estava ali, escorada no vidro do caixa.

— Ele é o Jungkook, meu ex.— falou, a loira foi pega de surpresa, na verdade não se lembrava do rosto exato do acompanhante de Park.

— Jura? Sério? E como você está?

— Bem, eu acho, um pouco triste... Com saudades dele.

— Sinto que alguém me deixou de fora da fofoca.— Yoo comenta olhando para Jimin.

— É fortíssimo amigo, fecha a loja e vem com a gente, temos uma longa noite de histórias e pizza! — ela avisa, Jimin sorri minimamente para a a amiga, que sabia muito bem como melhorar as coisas.

— Eu não te falei que todo dia é sexta? — Kihyun pisca para o menor sorrindo e tira o avental rosa.

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Jikook sofre de uma coisa chamada Akai Ito.

Não importa quantas vezes, o universo sempre trás um para o outro, mercado, rua, confeitaria, já é fato.

Gente, eu não preciso nem dizer isso mas: PAREM DE TER MEDO DO TAEMIN A MÃE DELE CRIOU ELE DIREITINHO!

outra coisa, não sei vocês mas minha pronúncia pra Choco Pie é bem americanizada mesmo tipo "tchoco pai" KKKKKKKKKK

até a próxima!