[🥀] - 열여덟




"O amor é gentil, o amor é paciente, o amor nos faz perder a paciência lentamente"

Jungkook acordou sem a menor noção de onde estava. Quando analisou mais um pouco, estava tudo escuro, mas nada preocupante, era só os cabelos de Park.

Coçou os olhos e bocejou ainda cansado, o quarto naquele momento lhe parecia tão aconchegante que a vontade dele foi fechar os olhos e cair no sono novamente.

Tinha que ir trabalhar, mas foi um sacrifício desgrudar daquela cama sem fazer Jimin despertar, ele ainda estava meio embaralhado com o sono e só abriu os olhos olhando em volta.

— Shhh, está cedo para você ainda, pode voltar a dormir, príncipe.— passou a mão pelos cabelos do menor, que lentamente voltou a dormir.

Resolveu tomar um banho para despertar de vez seu corpo, havia tido uma noite de sono maravilhosa, mas infelizmente a realidade de ir para o trabalho o aguardava.

Em menos de vinte minutos já estava totalmente pronto para sair, então deu uma última conferida em Park, que dormia maravilhosamente bem, deu um beijo em sua testa, por pura vontade de mostrar o afeto que tinha, mesmo que ele não tenha visto e saiu do quarto.

Estava tomando café com torradas sentado no balcão enquanto pensava o que deixaria pronto para o almoço quando sua avó apareceu, como se estivesse acordada à tempos.

— Quer café? — ofereceu pegando uma xícara e assim que afirmou com a cabeça, ele colocou café.— Sabe, agora que estamos sozinhos, eu posso finalmente te perguntar.

— Hm.

— Por que quis tanto vir pra ?

— Você sabe vai.

— Quer o meu perdão? É isso? — deduziu tentando lembrar do passado, um silêncio se instalou naquela cozinha.— Ah, então você quer que eu esqueça!

— Jungkook, eu não sabia e você nunca me disse nada, eu gostava dele, como poderia imaginar?

— Essa é a sua defesa? Eu não te disse nada? E você não percebia? Eu tinha que falar? Foram quantos anos? Oito? — seu tom não foi alto, sabia muito bem controlar a voz e agradeceu mentalmente, já que estava cedo.

— Eu não tenho defesa. Fui errada, todos nós sabemos disso. Mas já faz treze anos, as coisas mudam, eu posso continuar uma mulher, sei lá, ruim? Mas ainda sim, eu não quis te prejudicar.

Jeon respirou fundo, uma, duas, três vezes.— Você tem razão, faz muito tempo, as coisas mudam, e nada do que aconteceu foi culpa sua, mas você sabe exatamente o que fez.

— Eu sinto muito. Eu gostava dele, e não sabia!

— Foi por isso que veio? Para se redimir? — cruzou os braços.

— Eu estou morrendo, como você não deixa de observar, e bom, você é meu único neto.

"Bom, se tivessem mais, será que o azar seria igualmente distribuído?"

— Como qualquer pessoa, eu não queria que aquilo acontecesse com você.

— E mesmo quando acabou, você me fez olhar na cara dele todas as vezes que ia naquela merda de fazenda!

Ela suspirou e tomou um gole de café, por muitos e muitos anos os dois evitaram aquela conversa.— Só me desculpa por isso, eu não o conhecia tão bem quanto achava.

— É, ninguém o conhecia. Nem mesmo eu.— depois de perder o apetite, Jungkook colocou o prato e a xícara na pia.— Já faz treze anos, e estou muito satisfeito com a minha vida, principalmente amorosa, pode ficar tranquila que eu não estou guardando rancor, afinal, você nunca foi presente, só quando queria impressionar seu filho.

— Aliás, eu não quero só pedir desculpas.— ela começou novamente.— Eu quero dizer que eu sinto muito, não por mim, mas pelo que aconteceu. Eu sei que mesmo não acreditando muito em mim, você se tornou muito melhor do que qualquer pessoa da família junta.

— Eu sei. Me amo inteiramente por isso.— deu de ombros, ele realmente tinha tanto, tanto, tanto, tanto orgulho de si naquele momento.— Obrigado por admitir que eu me tornei melhor que vocês, isso é muito melhor que um pedido de desculpas.

— Você merece a verdade.— ela, como qualquer mulher orgulhosa, não gostava de admitir, mas como todo mundo sabe, Jeongguk era melhor, mais bondoso, mais amoroso, mais inteligente e, com certeza, o mais forte.— Satisfeito em saber que você é o melhor de todos?

— Quem sabe na terceira geração em diante as coisas comecem a melhorar? — lavou seu prato, o humor dele estava ótimo, teve uma maravilhosa noite de sono, e ainda estava conversando com sua avó sobre algo que nunca imaginou.

Era desconfortável lembrar, mas como disse, foi a treze anos, já não doía lembrar.

— Quando acaba a reforma na sua casa? — mudou de assunto secando as coisas.

— No final do semana. Foi problema de encanamento.

— Entendi. Alguma preferência para o almoço?

— Faz o que quer. Tem geléia? — perguntou olhando as torradas secas.

— Tem.

Depois que ela foi até a geladeira e voltou com um pote médio de geléia de framboesa, o silêncio continuou. Jungkook preparava o almoço que sempre deixou pronto e ela tomava café.

— Ele sabe?

— Quem e o quê?

— Seu namorado, Jimin, sei lá, tanto faz! Ele sabe?

— Não. Ainda não.

— E planeja contar para ele quando?

— Não sei. Não se meta nisso.

— Eu não ia me meter.

— Se meteu da última vez.

— Acabei de pedir desculpa.

— Leva um tempo para digerir e acreditar. Principalmente a parte do acreditar.


[...]


Quando Jimin abriu os olhos, eram dez horas, não sabia como dormiu tanto, mas acabou acontecendo.

Escaneou o local e sua companhia era a bolinha de pelos acinzentada que pulou na cama assim que Jeon saiu do quarto, depois de ronronar pelo carinho que recebeu, voltou a dormir todo confortável.

Mais alguns segundos assimilando tudo, lembrou que hoje teria que procurar o dono do gatinho, prometeu que seria uma noite, e apesar de poder fazer o sonso igual fez quando começou a morar ali, o gatinho tinha — aparentemente — um dono.

Um banho de cinco minutos para tirar todo o sono foi mais que necessário para fazer ele voltar a realidade, tinha se arrumado.

— Você fica aqui bem quietinho e eu vou procurar seu dono, lembre-se de que se arranhar minhas coisas, eu arranho você. Vivemos em um mundo de direitos iguais! — falou com o gato, que sempre se mantinha indiferente às advertências de Jimin.

Desceu para comer qualquer coisa antes de voltar para a estação de metrô, andou bastante e seu coração doía por saber que teria que devolver o bichinho.

O local estava praticamente vazio, ou seja, não havia nenhum dono desesperado para achar seu gatinho carinhoso, pensou em procurar no mural de anúncios, geralmente tinha um monte daquilo, mas para seu azar, só fotos de cachorros.

Quando olhou em volta, viu um homem com roupa de segurança encarando ele, estava desconfiado do homem que — claramente — procurava por algo.

— Ei, moço, pode me ajudar? — Jimin pergunta quase desesperado por uma salvação.

O homem tinha instruções de não confiar em muitas pessoas, mas bom, olhando para o tamanho de Park, e seu rosto preocupado, nem teve como dizer não.

— Ontem eu encontrei um gatinho por aqui, e ele me seguiu até em casa, ele estava tão bem cuidado. Não tem nenhum dono procurando? — perguntou.

— Não vi ninguém procurando um gato, senhor.— foi apenas o que ele disse, apesar daquilo ser bem conclusivo, ainda parecia estar errado.

— Tem certeza? Ele é filhote ainda, com pelo cinza e com olhos bicolor...— começou a dar todas as características do gato, o homem, por coincidência, fez uma expressão diferente.

— Ah, ele! — pareceu se lembrar, Jimin pode suspirar aliviado achando que finalmente encontraria o dono do gatinho.— Ele não tem dono.

— Mas, como não?

— Ele é um folgadinho que fica se esfregando na perna de qualquer um pra conseguir comida e algum afeto.

— E ele é bem cuidado daquele jeito? — perguntou surpreso.

— Genética não se discute! — fez um movimento com os ombros bem humorado.— Bom, se você quer saber, ele apareceu aqui a uns dois meses, alguém colocou dentro de um saco e o jogou nos trilhos, felizmente ele começou a gritar bem alto e conseguimos tirar a tempo.

Park, por um instante parou tudo pra imaginar, alguém simplesmente amarrou um filhote fofo nos trilhos do metrô e sua salvação foi espernear pela vida. Estava estático, paralisado, chocado demais para dizer alguma coisa.

— Depois disso, pensamos que o filhote ia fugir assustado, mas ao invés disso, parece que gostou daqui, ficava sempre no desembarque como se estivesse esperando alguém, não saia daqui nem para dormir, se deita por ali mesmo. As funcionárias daqui dão sempre água para ele, e os passageiros sempre dão sobras de comida. Mas sabe, agora que eu pensei bem, é estranho você falar que ele te seguiu até em casa, ele nunca fez isso antes. Talvez seja você a pessoa que estava esperando...

Jimin se praguejou internamente, mais ainda por que tinha adorado a última frase que saiu da boca daquele homem.

É, parece que Jungkook nasceu com senso hospitaleiro.

Assim que Park foi falar alguma coisa, um barulho de trem se aproximou dele e o segurança fez uma espécie de continência para o menor e depois avisou que era sua hora de trabalhar.

— Bom, — suspirou — acho que o Jeon pode lidar com mais uma mentirinha de apenas uma noite.


[...]


Jimin estava quase acabando sua aula quando ouviu o barulho da porta, de começo achou que era Jungkook, mas quando viu quem se aproximava, sorriu.

— Fala aí, meus consagrados! — Yoongi surgiu com sua roupa punk de sempre e puxa logo uma cadeira para de juntar aos dois.— O que estamos estudando?

— Química.— Park responde, a cara de nojo do outro foi nítida.

— Quem é esse? — a professora encara o homem que acabou de entrar.

— Meu amigo. Min Yoongi, muito prazer! — quando ela achou que eles iriam se cumprimentar, o esverdeado apenas juntou os braços fazendo um "X", e logo em seguida disse:— Wakanda para sempre!

A professora, pega de surpresa, começou a rir meio abobada querendo parar a si mesma, mas não conseguiu.

— O que faz aqui? Não deveria estar no trabalho?

— Existe uma coisa chamada "dia de folga" e, mesmo sendo meu amigo, Jungkook é obrigado a me pagar sem eu estar lá nesse dia.

— Aí você veio na casa dele? — questionou a mulher confusa.

— Mas eu não vim por ele, eu vim pelo meu amigo Jimin. Puta coincidência eles morarem na mesma casa né? — sorri e a professora tenta não rir de novo, mas até o tom de voz do menino era engraçado.

— Vou me retirar, já deu meu horário.— ela olha o relógio e começa a guardar suas coisas.

— Bem na hora que eu cheguei? Já ia te perguntar se tem uma fórmula química pra fazer cocaína caseira.— murmurou decepcionado, como a professora não o conhecia, ficou ligeiramente assustada, mas Park logo explicou que a personalidade dele era exótica daquele jeito.

— Então até amanhã, Jimin, e tchau amigo maluquinho.— se despediu com um gesto para os dois e saiu.

Um tempinho depois que Park guardou seu material, e ficou um silêncio entre ambos naquela mesa.

— Vamos primeiro arranjar alguma coisa para comer! E depois iremos ver série, jogar, sei lá, tem várias coisas que podemos fazer.



[...]


Eles se sentaram em frente a televisão com variados petiscos sobre a mesinha de centro, Jimin pegou o gatinho do seu quarto e levou para a sala, não queria que ele ficasse sozinho no quarto, já que ele era bem carinhoso, e gostou de Min.

— O peludo tem nome? — perguntou colocando em seu colo.

— Ainda não.

— Oba, então vamos colocar! — sorriu animado.

— Não, eu não escolho nomes assim. Eu espero notar uma característica dele, pra ser especial.— explicou.— Ou algo que ele faça, pra ficar na memória sempre que pensarmos nele...

— Ah, claro. Olhos bicolores não são características únicas? — o esverdeado ironizou, Jimin desde pequeno analisava um acontecimento para marcar o nome, como se fizesse alguma diferença.

— Não é assim, e pronto. O nome dele vai vir, em algum momento. Enquanto isso chama ele de gato.

— Beleza. E aí, gato. Posso dar doce de leite pra ele? Felinos gostam de leite né?

— Não! Você não pode dar doce de leite pra ele.— o menor tira o gato da visão ampla de Yoongi apenas por precaução.— Qual série vamos ver? Eu estava maratonando Teen Wolf com o Jungkook.

— Vamos ver algo diferente, que tal Supernatural?

— Tá! — concordou.

Três capítulos depois, os dois ficaram em silêncio assistindo enquanto comiam, mas Jimin olhou disfarçado para o outro, ele e Jungkook eram amigos, os melhores, falavam um para o outro.

— Hyung — chamou a atenção dele no intuito de matar a curiosidade.

— Fala, pitoco.

— Você sabe por que o Jungkook não gosta a avó dele?

— Sei.— rebateu rápido, não iria dizer nada além daquilo, porém depois de um tempo retomou — Não é a avó que o deixa inquieto com o passado.

— Não?

— Não.— fez uma careta lembrando da história.— Eu tenho certeza de quem tem que contar é ele, mas assim, não é a avó, ou família. Foi um namorado dele.

— E o que o namoro tem a ver com a avó?

— Pergunta pra ele, oras!

— Tem razão, desculpa. É que eu fiquei com isso na cabeça e pensei que você soubesse.

— E sei mesmo, mas não vou contar. Nada pessoal, é que, coisa dele, ah, você sabe.

— Sei sim.— soltou o ar meio exausto mentalmente, um ex namorado fez ele odiar a avó, tudo bem que ela não era nenhum ser amável, mas achou estranho, e confuso.

Jamais foi bom com relacionamentos, e isso não era nem difícil de descobrir, bastava olhar para o que ele denominava ser seu rosto romanticamente estressado, enganado e fracassado.

Se Jungkook, que Park gostava sempre de reconhecer como o homem perfeito, o que ele realmente era, teve um relacionamento tão ruim ao ponto dele guardar rancor por treze anos?

Não conseguia parar de pensar no que poderia ter acontecido naquele tempo, mas não quis invadir mais a privacidade do passado, eles combinaram que descobriria na hora que Jeon se sentisse confortável, e bom, ele não estava agora.

— Sabe o que eu quero fazer agora? — mudou de assunto tendo uma ideia.— Eu nesse exato momento vou no banheiro do Jungkook e vou pegar todas as máscaras faciais possíveis, por que se tem uma coisa que eu amo nessa vida mais que ver série enquanto como, é usar os produtos caros para pele do Jeon! — ao se levantar animado correu para o banheiro, o menor nem sabia exatamente o que dizer, deu risada de seu amigo louco e começou a comer o doce de leite enquanto esperava.

Quando Yoongi voltou, estava cheio de produtos que Jimin não sabia exatamente pra que servia, mas sabia que via nos tutoriais chiques do Instagram vez ou outra.

— Quer também? — colocou na mesa.— Vamos ficar bonitas! — usou uma voz forçada e fina colocando uma tiara no cabelo para que não caísse em seu rosto.

— Quero sim.— pegou uma tiara também e colocou todo seu cabelo para trás, os dois se encararam e começaram a rir da cara engraçada um do outro.— E isso serve pra que?

— Esse aqui você coloca debaixo dos olhos — colocou nas mãos de Jimin dois adesivos e instruções.— Tá dizendo que são três passos.

— Qual o primeiro?

— Limpeza, depois esfoliação, e vem a hidratação. Sabe, quando você olha para o Jeon, assim, bem de longe, você acha que ele é hétero, mas aí você vai no banheiro dele e encontra a própria dona do Instagram.

— Verdade.— concordou, aquilo não dava para negar nem se ele quisesse defender a honra do advogado.

— Então vamos lá!



[...]


Quando Jungkook chegou em casa, quase caiu para trás quando viu Jimin e seu melhor amigo sentados no sofá com os cabelos para trás graças a tiaras e a para completar, com o rosto cheio de uma máscara preta em Yoongi e uma verde em Park.

— Ah — soltou um suspiro sem saber exatamente o que falar sobre aquilo.

— Jeon, acho que preciso falar com você.— Jimin se levanta, e vai até o maior que ainda estava pendurando seu paletó.

— Uhrum, na cozinha? — sugeriu dobrando as mangas de sua camisa social, quando o menor concordou os dois caminharam juntos até o outro cômodo.

— Hoje eu fui lá procurar o dono do gatinho, como foi combinado...— estava inquieto, toda hora mudava de posição, Jeon mentiria se dissesse que não sabia o que estava acontecendo, mas apenas ficou quieto.

Assim que Jimin contou tudo o que o segurança da estação lhe disse mais cedo, talvez tenha colocado bem enfatizado que o gato havia lhe escolhido como dono.

— Eu não acredito que você está inquieto por isso.— Jungkook colocou as mãos sobre os braços do menor e o puxou para perto, não tanto para não sujar sua camisa branca de máscara facial.— E já escolheu o nome?

— Não. O nome virá até mim.— explicou, inclinou a cabeça para encarar o moreno com mais clareza, só então lembrou que seu rosto estava pintado de verde.— Eu estou ridículo.

— Está nada, para.— fez um bico engraçado para beijar Jimin de uma maneira que seu rosto não sujasse.

— Se está rolando putaria aí, eu quero que vocês façam na minha frente! — Yoongi gritou da sala, depois que os dois se separaram sorrindo olharam pelo balcão que separava o cômodo tentando achar o esverdeado curioso.

Voltaram para a sala e Jungkook acabou se rendendo e pediu que o menor passasse nele, e assim que eles passaram a tarde, os três sentados no sofá assistindo um seriado.

Quando eles tiraram as coisas e guardaram tudo, voltaram a ver série, sempre se divertindo com os comentários meio idiotas de Min.

Num certo ponto da tarde, Jimin naturalmente se aninhou no corpo do moreno, o silêncio de Yoongi e sua falta de surpresa deixou o menor incomodado, como assim ele não ficou surpreso?

— Ei, hulk! — chutou o de cabelos verdes cobrando algum comentário.— Não vai falar nada sobre... Isso?

— Deus, dois homens se beijando... Será que isso é do tempo do meu pai? — foi a única coisa que ele pensou em dizer.— Estou esperando vocês se atracarem desde a primeira vez que pisou na porra dessa casa, não tenho nem como fingir surpresa mais.

— A gente era tão cego assim? — inclinou a cabeça para encarar Jungkook, que deu de ombros também não sabendo responder a pergunta, provavelmente a resposta seria sim.— O que vamos jantar hoje?

— Pede comida japonesa! — Yoongi propôs animado, para sua surpresa de todos, o gatinho cinza e gorducho pareceu estranhamente animado com a ideia, remexeu em seu colo fazendo chamar atenção.— O peludo gosta!

— Vou ligar para trazerem então.— Jeon suspirou pegando o telefone e vai até a cozinha e olha o número do restaurante, antes de teclar o número, voltou para sala e esperou que dissessem o que queriam.— E aí, o que vão querer?

— Takoyaki e Yakitori.— Jimin fala rapidamente, felizmente era a mesma coisa que o moreno queria.

— Eu quero Sushi mesmo, manda eles também capricharem no nigiri e no sashimi! — o esverdeado pediu animado.

— Ok, vou ligar.

Trinta minutos depois, a comida já havia chegado e eles estavam ajeitando tudo na mesa de centro da sala, o gatinho estava no colo de Yoongi, os dois pareciam querer comer sushi.

— Me dá um bolinho? — o melhor amigo pegou do prato de Jungkook um Takoyaki sem nem esperar resposta.

— Por que pedir se você já pegou?

— Por que sou uma pessoa educada, tenho que te deixar ciente que vou te roubar.— falou com a boca cheia.

— Eu quero sushi! — Jimin estica seus braços para pegar um, enquanto fazia isso, sentiu as garras de seu gatinho na coxa.

Comeu sem nem perceber o ronronar mais alto do que o normal, mas ele estava bem manhoso, e Jeon passou a mão sobre seus pelos no intuito de mimar ele.

Mas o gato, ao invés de relaxar ao toque, começou a rosnar baixinho, os três se olharam meio desconfiado, mas relevaram pois estavam mais concentrado em comer, talvez só estivesse querendo dormir.

— Jimin, cadê meu wasabi? — Min questionou olhando seu prato.

— Não sei, não peguei.— negou.

Meio segundo pensando, foi o que eles precisaram para se entreolharem e depois encararem a bola de pelo no colo do menor, que já havia pegado seu rosto para ver se ele realmente tinha engolido.

— Vou ligar para o Taehyung.— alcançou o telefone enquanto Park ainda procurava vestígios de wasabi.

— E você disse que eu vou ser um ótimo veterinário.— se lamentou vendo o gatinho mostrar sinais nítidos de intoxicação.

— Para de se culpar, eu que estava comendo sushi, a culpa é minha! — Yoongi também começou a se lamentar.

— Tem razão.— suspirou pensando em seu gatinho — A CULPA É SUA, VOCÊ MATOU O MEU FILHO MIN!

Não levando a sério o que o menor disse, o esverdeado segurou todas as pregas do cu para não rir do desespero.

— Taehyung vem já, vai trazer o remédio.— avisou desligando o telefone.— Vamos ficar lá fora, o Tae pediu pra que ele ficasse num local com o clima mais arejado, pra não causar desespero.

— Mais desespero do que isso? Olha minha mão! — esticou sua mão espalmada meio trêmula.— Meu gatinho vai morrer, e ele mora comigo a menos de vinte e quatro horas!

— Calma, príncipe. Ele não vai morrer seu bobo.— ri baixinho do desespero e logo em seguida pega a mão de Jimin e levou até os lábios, onde deu um pequeno selar.

[...]


Enquanto a expressão de Taehyung era neutra naquela situação comum, já que vivia atendido aquele tipo de caso, Jimin não tinha mais unhas para roer, quase roeu a do moreno, só não conseguiu por que os braços dele o envolviam num abraçou por trás e não deixou chegar perto de suas mãos e também ficou ocupado demais segurando o felino como um bebê bem próximo ao seu peito.

Os outros dois que olhavam pensavam em tirar uma foto e colocar num cartão postal de natal em família, pois era exatamente o que parecia.

— E aí? Ele não vai morrer né?

— Claro que não, bobo.— o ruivo ri escrevendo algo num pedaço de papel e logo entregou para Jungkook.— Ele também ingeriu pouca quantidade, foi fácil induzir ele a vomitar antes de se espalhar no organismo dele, e aparentemente ele tá acostumado a comer comida humana, apenas não deixe pegar o costume. O remédio que eu dei pra ele e que você vai precisar dar para ele nessa semana.

— Esse preço tá meio alto, você trouxe um remédio do seu cachorro! — reclamou olhando o preço.

— Isso aí é pelo táxi de ida e volta, atendimento e remédio. Além de duas coisas: esse remédio não é do meu cachorro, eu não sou idiota! E segundoestava transando, ainda estou levando em consideração que sou seu amigo.

— Vou pegar o dinheiro, esperem aí.— soltou seus braços que rodeavam Jimin e então saiu do campo de visão dos três.

Meio segundo depois, o ruivo sorri quase pulando em cima do menor querendo perguntar, estava se roendo de curiosidade desde que chegou lá e viu os dois abraçados.

— E então caralho? — chacoalhou ele todo curioso.

— Foi o que eu te disse, casados.— Yoongi responde fazendo as bochechas de Park ficarem rosadas.

— Não estamos casados, dá pra contar nos dedos o número de beijos que a gente trocou. E foi tipo, ontem? Anteontem?

— Falei? Namorados que não transam pra mim são pessoas casadas.— o rosa na bochecha dele se tornou vermelho, e os dois perceberam, mas antes de fazerem qualquer comentário, Jungkook volta com o dinheiro.

Deu a quantia para o amigo ruivo que colocou no bolso sem nem contar.

— Yoon, me leva pra casa? — perguntou juntando suas coisas assim que o esverdeado juntou suas coisas e pegou o capacete.

— Ei, você cobrou ida e volta do táxi! — Jeon interviu.

— Vamos Yoongi, a gente compra uma pizza com o dinheiro do táxi! — começou a empurrar o baixinho de cabelos verdes deixando os outros dois parados no meio da sala, Jimin ria abertamente da situação, amava a relação meio maluca e diferenciada das amizades do moreno.— Tchau Chim!

— Até! E obrigado por não deixar meu filho morrer! — gritou antes que a porta se fechasse.

— Ele não ia morrer.

— Fiz trabalho voluntário por praticamente cinco anos nos abrigos e não sei cuidar de uma intoxicação, e você me disse que eu ia ser um bom veterinário, seu cretino! — deu um tapa no peito do moreno querendo descontar o nervosismo que tinha sentindo por todo aquele tempo.

— O amor deixa a gente cego, fazer o que? — fez um movimento com os ombros, Jimin parou um segundo refletindo sobre o que acabara de ouvir.

O amor deixa a gente cego. Isso significava que Jungkook o amava?

Percebendo a expressão surpresa de Park, querendo concertar o que disse falou: — Seu amor pelo gato deixou desesperado demais para fazer alguma coisa por ele, completamente normal. Ainda vai pegar prática, doutor Park.

Jimin suspirou, adorou a sonoridade da voz do moreno o chamando de doutor, poderia ouvir aquilo sem enjoar.

— Por que não arrumamos as coisas e vamos dormir? — sugeriu mudando de assunto.

— Boa ideia.



[...]



O gatinho dormia em sua caminha arranjada como se nada tivesse acontecido, Jimin agora estava bem mais tranquilo sabendo que o filhote se sentia perfeitamente bem, o fato do moreno estar deitado com ele e afagar seus cabelos de maneira carinhosa também ajudava a relaxar.

— Eu não vi sua avó.— comentou.

— Não corta o clima falando dela não.— Jeon murmurou.

— Tá bom.

Agiam como se estivessem casados, mas como Park gostava de afirmar, podia contar nos dedos os momentos que tiveram.

Talvez estivesse levando os comentários dos amigos muito a sério, nunca teve um rótulo para os casos que tivera em toda a vida e por que começaria agora?

— Acho que já sei um nome para o gato.

— E qual é?

— Seria muito bobo chamar ele de wasabi? Ele pareceu gostar...— falou olhando para a bolinha cinza no canto do quarto.

— Tem razão, ele gosta de Wasabi, deixou isso bem claro, quase morreu por Wasabi.— ironizou, achou apenas criativo, lembrando da conversa que teve mais cedo quando Park comentou esperar sempre o momento pra escolher um nome.— Eu tinha uma ovelha pelúcia quando era pequeno.

— Jura?

— Sim, ele era branquinho e gorducho, bem rechonchudo, tinha um laço com as cores do arco íris no pescoço e era tão macio! — detalhou sua pelúcia querendo puxar um assunto.

— Sua primeira influência homossexual.

— Sim.— admitiu lembrando que andava abraçado com a ovelha por tudo quanto é lugar, até na escola.— O nome dele era Firefly.

— Por que o nome dele é feminino?

— Eu tinha quatro anos e assistia My Little Pony, pode respeitar isso?

— E o que aconteceu com a sua ovelha gay?

— Eu perdi ele numa viagem em família, eu ganhei quando tinha quatro anos, perdi com oito!

— Que pena, meu amor... — passou o dedo indicador pelo maxilar de Jungkook.— Espera um segundo, filhotes masculinos de ovelha são chamados de cordeiros. Ou seja você nunca teve uma ovelha.

— Jimin, você quer parar de estragar minhas memórias infantis boas?

— Aí tudo bem, me conta sobre sua ovelha gay! — se rendeu querendo saber mais.— Ela devia ser bem fofa, que pena que perdeu.

— Tudo bem, eu tenho um novo Firefly agora.— olhou Park de cima a baixo sorrindo.— Ele até me dá beijinhos e carinho.

— Tá me chamando de gorducho e rechonchudo? Sou sua ovelha gay, Jeon Jungkook? — colocou a mão na cintura franzindo o cenho.

— Era pra ser um momento fofo e você dizer "awn" e longo em seguida me chamar de "meu amor"...

— Awn, eu sou sua ovelha gay, meu amor.— forçou uma voz fofa, e deu leves tapinhas no rosto do moreno.— Quando eu era pequeno...

— Hoje de manhã?

— Cala boca, ovelha gay.— Jungkook solta uma gargalhada não se arrependendo nem por um instante intervir a fala do menor.— Então, — limpou a garganta antes de prosseguir — meu apelido na escola era frigobar.

— Como? E por que? — comprimiu o sorriso esperando pela explicação, que provavelmente seria melhor ainda.

— Pequeno, largo, e sempre cabia uma comidinha dentro.— Jeon soltou a risada bem baixo, quase arranhando na garganta querendo pará-la.

— Eu não sei se deveria rir.

— E quem me encontrava na rua quando eu larguei a escola me chamava de frigobar de hotel. Antes de perguntar, o motivo é: pequeno, largo e pra comer tem que pagar. Pode rir.

— Não vou rir.— negou, mas o sorriso era inevitável.

— Para de sorrir, sua Mônica do caralho. Vou te deitar na porrada na próxima vez que passar aqui.

— Tá bravo por um comentário que você mesmo fez? — começou a rir mesmo sabendo que Park estava bravo com ele.

— Eu sou assim. Completamente instável.

— Vem cá! — apertou Jimin em seus braços.

Amava aquele momento do dia, ele podia abraçar Park e conversar com ele tranquilamente, se sentia tão confortável e satisfeito.

— Temos um príncipe, uma raposa...— começou a listar, considerou Wasabi a nova raposa de Jimin.

Uma rosa.

Inconscientemente Jeon sorriu, ele era a rosa ali.

— Precisamos de um planeta. Um bem pequeno. Um asteróide.— comentou.— Qual nome você daria para o seu asteróide?

— Não sei. Tem uma sugestão?

Firefly.

— Sai daqui, sua ovelha gay! — reclamou. Se fosse pensar bem "Firefly" não era um nome ruim para uma coisa flamejante e voadora no céu, mas não iria reconhecer isso.— Como será que Firefly está agora?

— Desde que tenha se tornado um carneiro ajustado e consciente de seus atos, eu não ligo.

— Jikook é bom.

— Como?

— Um nome para o asteróide.— explicou num tom de voz bem suave, desde aquele começo de assunto não parou de pensar em nomes.— Jikook não é ruim, ou é?

— Pra ficar com nome de estrela está faltando um "trix", ou um "krux".

— Falou o cara da Firefly.

— Não vem tocar nas feridas.— se defendeu apontando o dedo bem na ponta do nariz achatado de Jimin.— Kookminux?

— Por que seu nome vem antes do meu?

— Jiggukrux? — sugeriu depois de um longo tempo pensando.

— Você é bom nisso, merda.— praguejou por gostar do nome instantaneamente.

— Ufa! — soltou o ar cansado de pensar — Depois desse eu ia voltar para o Firefly.

— E qual é a nossa estrela? — os dois olharam para o teto onde haviam várias estrelinhas fluorescentes.

— Aquela li, bem pequena.— apontou para a menor de todo o conjunto, quase impossível de vez.— Damos mais valor quando é pequeno e diferente.

— Isso foi uma indireta? — colocou a mão na cintura novamente e encarou Jungkook.

— Aí, Deus...

— Esse é o melhor momento do meu dia, sabia? — admitiu, parecia que lera os pensamentos do moreno.

— Pra mim também. Pena que já está ficando muito tarde.

— Vai ir para o escritório amanhã?

— Não, vou ficar em casa.— os dois ficaram feliz com a ideia.

Um minuto de silêncio pensando no que iriam falar, eles gostavam muito de aproveitar esse minuto de conversa.

— A vida é mesmo muito imprevisível sabe? Quando eu era criança...— Jeon começou com um novo assunto — Eu achava que aos trinta e um eu estaria casado, com filhos, um cachorro. E olha agora, não tenho nem uma plantinha pra cuidar.

— Olha só você, querendo se diminuir logo pra mim? Eu com vinte e seis achei que teria pelo menos o certificado da escola.

— Mas pense, você se tornou uma pessoa magnífica. E se nada tivesse acontecido, nós não teríamos nos conhecido, então eu agradeço por não estar casado e não ter filhos.— Jimin sorri expondo todos os seus dentes e formando um risco nos olhos.

Que sorriso lindo, puta merda. Jeon olhou e ficou sem fôlego para responder qualquer tipo de coisa, nada saia da boca dele, apenas tentativas falhas de dizer um "vamos dormir, boa noite".

Eu te amo.

O sorriso de Park foi se dissipando quando seus olhos dispararam, quem ficou sem palavras agora foi ele, não sabia o que dizer, e acabou por não dizer nada mesmo, selou os lábios no de Jungkook numa maneira de mostrar que gostou de ouvir aquilo.

No fundo, o maior estava preocupado se dissera aquilo muito cedo, mas acabou escapando, como um suspiro, ou uma risada que você não queria rir.

Ele amava, fazer o que?

Eles separaram dando vários selares, quando os olhos se encontraram, nenhum dos dois teve a coragem de dizer alguma, Jungkook já havia falado demais em sua concepção, e Park não sabia exatamente como falar que também amava, estava assustado, literalmente com medo.

— Já está tarde, vamos dormir, certo? — o moreno pronunciou juntando fôlego.

— Sim, vamos.— concordou.

— Boa noite, príncipe.— deu mais um selar.

— Boa noite.— suspirou ainda pegando ar, ou palavras, queria dizer "eu também te amo", mas como ele mesmo afirmava pra si e para os amigos, era cedo demais para dizer aquilo, pelos menos para si.

Mesmo assim, amou ouvir, pois sabia que era de verdade.












Peguei meu cu, dobrei seis vezes, e coloquei no bolso depois desse eu te amo.

Espero que estejam gostando tanto quanto eu.

Eu sou muito EXTREMAMENTE grata aos 19K que surgiram, praticamente do dia pra noite, amo vocês mesmo, obrigada pelo apoio.

Bem, eu coloquei uma "pista" sobre o passado do JK, que não vai demorar pra se revelar, não precisam ficar criando teorias djsjdks

Bom, só vim agradecer, dizer que amo vocês de verdade, do fundo do coração.

❤️

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