"Você sabe que está apaixonado quando todas as músicas fazem sentido"

Jungkook acordou melhor aquela manhã, tinha apenas uma dor de garganta, mas a febre e a dor de cabeça tinham ido embora.

Se levantou e fez o que sempre fazia de manhã, tomou banho e desceu para tomar seu café, tinha noção de que se fosse para o escritório trabalhar, era capaz de Jimin ir buscá-lo, então resolveu que continuaria em casa até que o menor sentisse segurança em deixá-lo trabalhar.

Como se fosse uma criança que a mãe não matrícula na escolinha, pois não está pronta para ver seu neném sendo cuidado por outras pessoas.

Ele estava morrendo de fome, morrendo. No dia anterior tinha sido alimentado a base de sopa e chá, e mesmo achando fofo a maneira que Park cuidou dele, precisava de comida.

Na porta da geladeira tinha um bilhete, escrito pela empregada, ele percebeu que estava sendo mais Para Jimin do que para ele, provavelmente o menor convenceu todos que Jeon ficaria de quarentena no quarto sem sair.

"Eu deixei o chá do Jungkook feito, mas não creio que ele vá precisar, deve estar bem melhor agora. Enfim, está cedo e espero que você nem precise ler esse bilhete, mas se acordar:

Hoje é dia de promoção na feira, sai para filar alguns legumes frescos, e a avó do Jeon veio comigo, acho que toda senhorinha tem queda por promoções, mesmo sendo podres de ricas."

— Dia de promoção na feira? — leu o bilhete de novo bem humorado questionando o que sua empregada estava fazendo naquele exato momento.

Começou a fazer seu próprio café da manhã, e como estava apenas ele e Jimin em casa, fez para os dois.

Estava silêncio, e ele já não aguentava mais aquilo, então foi até o aparelho de som e ligou em uma música relaxante, La vien en rose, de Édith Piaf, onde a tradução fazia se lembrar de Park.

Parecia tão apaixonado e de bom humor, simplesmente radiante para quem passasse ali e o visse cantarolando aquele francês baixinho.

— Está parecendo bem melhor...— o menor apareceu na cozinha, estava de pijama e ainda coçava os olhos de sono.

— E estou.

— Que musiquinha chique essa... Francês, não entendo caralho nenhum, mas acho tão romântico.— foi até o moreno quando estava cozinhando algo que cheirava muito bem.

Os olhos de Jimin brilhavam quando Jungkook o puxou para dançar no meio da cozinha e cantarolava o que o mais novo acreditava ser o refrão, achou além de romântico, sensual ver o moreno cantar naquele idioma.

— Qual a tradução? — perguntou ainda balançando para lá e para cá sendo conduzido por Jeon.

— Quando ele me toma em seus braços, e me fala baixinho que vê a vida em cor de rosa, ele me diz palavras de amor, palavras ditas todos os dias, isso me toca, ele entrou no meu coração...— foi traduzindo ao ritmo da música.

— Você está brincando, não está dizendo isso...— interviu desacreditando.

— Um pouco de felicidade, da qual conheço por sua causa, ele é pra mim, e eu sou pra ele... Ele me jurou, pela vida... É assim que eu vejo, a vida em cor de rosa...— finalizou sorrindo e belamente se afastou para conferir a panela no fogo.

— Tenho a estranha sensação que você leu meu diário e começou a cantarolar pra mim.— o coração dele batia rápido, não sabia exatamente porquê, talvez as palavras que espelhavam com exatidão seus sentimentos.

— Dizem que quando você identifica uma música como sua, significa que está apaixonado...— Jeon sorri se inclinando para dar um beijo nos lábios do menor.

A vida dele era muito melhor agora, ele tinha alguém pra dançar, sorrir, cantar atoa, alguém que ele dormia abraçado, contava segredos, contava tudo.

Alguns meses atrás ele não tinha isso, não tinha essa alegria gratuita, a casa cheia, todo dia tinha um novo motivo para sorrir e amar mais ainda Jimin.

— No que está pensando? — interrompeu os pensamentos do moreno, que estava sorrindo já fazia alguns minutos.

— Estava concluindo que amo muito você.— se aproxima para mais um beijo, dessa vez mais caloroso que o outro.

Park tinha uma incrível queda por todas as vezes que ouvia um 'eu te amo' dele, borbulhava uma vontade de dizer que também amava, mas seu organismo de defesa sempre encontrava uma outra forma de se declarar.

— Quer que eu te conte o que eu sinto por você? — perguntou colocando a mão no peitoral de Jungkook e interrompendo o beijo.

— Quero.— sorriu alegre.

— Algumas vezes você escuta uma música no seu aparelho de som e o aleatório acerta exatamente o que você quer ouvir naquele momento. Então a música termina e você fica feliz por ouvi-la e ter se identificado.

— Eu sou como essa música?

— Não, você não tem nada a ver com a música. Você é como se fosse a única música no mundo que eu poderia escutar pelo resto da minha vida. Você é essa música.

Abraçou Park admirando seu rosto ficar vermelho pela declaração.

— E como seria a melodia?

— Doce, com um toque sensual, meio arrojada, com a letra cativante e romântica... perfeita.

— Acho que é muita coisa para uma música só.

— Você é muita coisa para uma pessoa só.— rebateu, sorriu ao perceber que a música que tocava agora era Can't Help Falling in Love, lembrou que sua mãe amava o Elvis e o botava pra cantar o tempo todo.— Minha mãe dizia que eu imitava o Elvis direitinho.

— Quero só ver.

Jungkook ficou em silêncio vendo Jimin tentar imitar a voz mais grave da canção, sendo que o menor possuía um timbre mais fino, e mesmo assim ficou uma adorável imitação.

— Minha mãe acha que eu sei imitar, e você? — perguntou passando as mãos pela cintura do moreno.

— Eu acho que sua mãe era surda.

— Idiota.— bateu em seu peito ligeiramente ofendido.

— Agora falando sério... Sua voz é linda.— beijou sua bochecha.— Tá com fome?

— Que pergunta mais óbvia.— Jimin olhou a panela e estava pronto para devorar aquilo.

[...]

Jungkook prometeu que estava bem o suficiente para trabalhar, não saiu de casa, porque Park não deixou, mas ele ainda sim ficou em sua sala trabalhando.

Enquanto trabalhava, Jimin tinha suas aulas diárias, ele gostava de sua professora, mas sabia que aquilo estava acabando, ele iria fazer a prova final em alguns dias e depois disso, seu foco seria arranjar um emprego e estudar para ser veterinário, como Jeon lhe falou.

Parecia cansativo, mas ele gostava de estar cansado. De certa, quando olhava para os dias de sua vida, e o exato momento em que se encontrava, sentia orgulho de ter mudado tanto.

Minsuk já tinha chegado da escola, e passou cumprimentado alegremente todos naquela casa com um caloroso beijo na bochecha e correu para a mãe.

Quando Jeon falava "ele é uma versão minha jovem", um nó sempre se formava no estômago de Jimin, via como ele era alegre e gostava sempre de estar com a mãe, mesmo se fosse lavando as verduras para o jantar, ele sorria como se fosse a melhor programação de todas.

Imaginou como Jungkook sofreu ao ser distanciado da mãe, e tentou evitar aquilo com os Kang's.

— Mãe, vou fazer meu dever na sala, tá? — avisou secando as mãos e na sala e jantar, Jimin assistia tudo.

— Não, meu querido, não podemos, você tem que ficar no nosso quarto...— ela repreendeu achando que era abuso demais usar um espaço que não foi dado a ela.

— Mas não tem nem televisão lá e as crianças daqui falam umas palavras difíceis demais para entender e brincar com elas...— choramingou tentando convencer sua mãe a deixá-lo assistir tevê.

Na mesma hora, Jungkook chegou, estava entediado em sua própria sala e saiu para fazer um lanche, o garoto, que não era bobo nem nada, correu para direção do moreno e todo manhoso pediu colo.

Jeon pegou ele no colo sorrindo.

— Minha mãe disse que não posso fazer tarefa na sala, nem assistir sua televisão, é verdade? — sua voz fofa escondia a super mente diabólica por trás daquele plano.

— Minsuk! — ela repreendeu envergonhada.— Me desculpe, Sr. Jeon, vou ensinar ele a não ser tão abusado.

— Não, está tudo bem, você pode fazer o dever aonde você quiser, e assistir televisão também, mas recomendo não ver com o Jimin, ele tem muito mau gosto! — provocou alto da cozinha sabendo que ele estava ouvindo.— Você pode ir em qualquer lugar, a qualquer hora, menos no quarto do Jimin em certas horas da noite, porque é a hora que os adultos chegam do trabalho e precisam brincar.— avisou, as duas senhoras que viam aquilo, tamparam o rosto meio envergonhadas e Park até ficou interessado no assunto de brincar.

— Desculpa, ele é muito abusado...— Jinjoo comenta meio envergonhada pela ousadia.

— Não tem problema, mas antes, vai fazer suas tarefas.

— E você pode me ajudar? Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço.— pediu abraçando o pescoço de Jungkook.

— Agora eu fiquei ofendida! — a professora diz alto.— Estudei a vida toda para ouvir uma coisa dessas! — ela cruzou os braços, e Jimin ri da situação.

— Não precisa fazer isso, de verdade, ele está sendo muito mimado, está até usando chantagem emocional com o senhor! — ela colocou a mão na cintura.

— Tudo bem, eu ajudo sim.— ele sorri para o garoto e o ajeita em seu colo.— Qual matéria você tem que fazer tarefa?

— Matemática.— Jimin ri já lembrando de todas as situações que o moreno negou fielmente odiar números, provavelmente amava o de sua conta bancária, mas não seria o melhor comentário de se dizer.

— É de adição e subtração né? — perguntou arqueando a sobrancelha.

— É.

— Então eu te ajudo sim, claro! — deu de ombros sabendo que iria conseguir ajudar ele e manter sua imagem de homem inteligente.— Nós vamos estar na sala! — avisou.

— E você vai assistir televisão comigo também né, tio Gguk? — perguntou antes do moreno colocá-lo no chão, sua mãe já não imaginava como aquele garoto ficou tão abusado.

— Vou, claro que vou.— confirmou, mas antes avisou que não faria nada com ele enquanto todas as tarefas não estivessem terminadas.— Vamos lá, qual o exercício de hoje?

— 1º problema: Jurema ganha de sua mãe cinquenta reais, que é o dobro do que Paulo ganha. Quanto Paulo ganha?

— Ei, espera, isso aí não é subtração nem adição.— reclamou sentindo que foi enganado.

— Eu tenho cinco anos, nem sei o que é isso aí.

— Ok, você me enrolou, mas eu também sei a resposta dessa.– sorri convencido como se fosse q coisa mais maravilhosa do mundo.

Mais alguns probleminhas e eles finalmente chegaram no último, que Jeon fez questão de ler: — Marta tem trinta e seis melancias, e precisa dividir em partes iguais com mais duas amigas. Quantas melancias Marta ficará no final?

— Por que ela tem tudo isso de melancia pra começo de conversa? — o menino questionou confuso.— A minha mãe acorda cedo para ir na feira e a Marta tá dando de graça... Ah, não, isso tá muito errado. Achamos o problema.

— E qual é? — segurou o riso tentando transparecer sério.

— "Marta gasta seu dinheiro em excessivas quantidades em uma coisa e depois divide com as amigas, sendo que doze melancias ainda são uma grande quantidade, Marta é uma capitalista"!

— Vamos colocar só doze...— concluiu, aquela com certeza foi a coisa mais inteligente que Jungkook viu uma criança falar em sua frente, e sinceramente, achou adorável.— Pronto, terminamos.

— E agora você vai ver tevê comigo, né??? — segurou a mão dele após fechar o caderno.

— Eu disse que ia, não disse?

[...]

Jimin acompanhou sua professora até a porta quando seu horário tinha acabado, o dia tinha sido perfeito, o que ele achava estranho, porque nada nunca é perfeito, mas aquele dia foi.

Olhou para o sofá e teve uma visão incrivelmente fofa.

Jungkook e Minsuk estavam tirando uma soneca profunda no sofá, a televisão mostrava um filme infantil que o menor desconhecia, mas aquilo não importava, estava admirando o jeito que os dois dormiam, com o braço do moreno passando pelo ombro do garoto, que recostou a cabeça no quadril do mesmo.

Se aproximou para dar um beijo nos cabelos de Jeon, mas aquele toque foi suficiente para fazê-lo despertar meio confuso e tentar ler a situação.

— Você leva jeito com crianças.— comentou o óbvio.

— Eu tenho certeza que apaguei na parte que a menina começou a cantarolar com o banjo dela.

— Que porra vocês estavam assistindo?

— Sei lá, eu não prestei tanta atenção.— admitiu, então aquilo significava que ele estava bem cansado mesmo.

— Velhote.— provocou sorridente.

— Com licença? — fez tom de ofendido.

— Passa.— rebateu indiferente.

O garoto nos braços de Jeon começou a acordar também, coçou os olhos e viu que tinha dormido praticamente em cima de seu tio.

— Minha mãe vai me matar se souber que eu dormi durante a tarde.— reclamou se levantando.

— Por que ela te mataria? — Jimin perguntou bem humorado já roubando o lugar do garoto nos braços de seu namorado.

— Ela sempre diz que se eu dormir de tarde, não vou sentir sono de noite. O que parece meio ridículo, mas sempre acontece, sério, sempre.

— Quando nascemos, nossas mães recebem um tutorial divino dando a elas poderes de ver o futuro e como fazer isso.— Jimin concluiu, lembrava quando sua mãe dizia isso, e porra, não acreditava que realmente acontecia isso.

— Vou guardar meu material, obrigado tio Gguk por me ajudar! — juntou seus cadernos e livro animado e correu para a porta onde ficava seu quitinete.

— Esse garotinho gosta mesmo de você, em? — comentou ajeitando seu corpo mais perto ao de Jeon.

— Sabe, eu queria ser pai às vezes, acho que já lhe disso isso, sobre me imaginar sendo casado, com filhos e um cachorro, também uma planta, quero ter uma planta pra cuidar também...

A ideia de ser pai assustava Jimin, não era a melhor pessoa com crianças e o fato de ter um pequeno ser lhe chamando de pai e dizendo que o ama incondicionalmente por você ser apenas você, fazia seu estômago contorcer num nó.

Como alguém em sã consciência amaria Jimin por ser quem é? Qual histórias de infância ele diria a uma criança? Como daria conselhos a alguém se não sabia fazer nada por si só?

Aqueles pensamentos começaram a incomodar.

— E você? — Jungkook puxou assunto mudando de canal.

— Eu gosto de cachorros.— deu de ombros. Olhou fixamente para a tela da tevê, pois sabia que se Jeon percebesse a oscilação provável em sua voz ou em seus olhos, aquilo poderia causar mais uma das conversas que sempre tinham sobre passado, presente e futuro. Embora amar elas e guardar numa caixinha em seu coração, ele não sabia exatamente se queria falar sobre isso agora.— Hm, eu amo essa música, sabia? — se referia a Capital Letters de Hailee Steinfeld, a tradução lhe trazia certa familiaridade com Jungkook.— Me lembra você.

O moreno percebeu a mudança de assunto, apesar de não se importar muito com o ignorar de sua pergunta, foi um tanto aleatório e não tinha intenções extras com ela, então entrou no novo assunto de músicas e suas letras.

— Então... Aquele papo dos adultos brincarem no quarto à noite...— mudou novamente o assunto passando o polegar sobre o peitoral de Jeon.— Ainda está de pé né? Você me parece bem melhor e até fez suas tarefas...

— Como você mesmo ouviu Minsuk falar: Quando dormimos a tarde, não conseguimos dormir à noite.

— Eu posso madrugar essa com você, mas só essa...— subiu sua cabeça um pouco para morder o lóbulo da orelha do moreno.

— Hm...— sorriu de lado.— Você não gostaria de tomar banho comigo, gostaria?

E aiiiiiiiiiii

A cobra vai fumaaarrrrr

Gente, recebi um segundo book trailer de sweet life!!!!! 😍😍😍

Ele mostra o mundo aos olhos de Jungkook, achei lindíssimo, então fiquem com essa imagem

[Deveria haver um GIF ou vídeo aqui. Atualize a aplicação agora para ver.]

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lindo!!! obrigada 1moldedani 💓💓