Se tornar parte dos fremens significava que deveriam agir e viver como um. Levando em conta as profecias, Stilgar achava melhor que Paul soubesse viver no deserto enquanto Sophie dedicava-se à cura de seu irmão, que mesmo que lenta, ainda era delicada pela profundidade do ferimento.

Do lado de fora, Paul recebeu uma mochila para sua sobrevivência durante a noite e observou a esposa, após Stilgar dar as últimas recomendações para que o rapaz ficasse bem.

— Certeza que não vem comigo?

— Não, ficarei com Heitor — respondeu a garota — Acho que, essa parte de guerreiro na profecia cabe mais a você do que a mim. E vamos ser francos, você precisa provar que é quem eles esperam mais do que eu.

— E por que você acha isso?

Sophie deu de ombros e disse: — Apenas sinto. 

Paul beijou a garota levemente, e ela retribuiu, transbordando o sentimento de que sentiria falta dele mesmo que por algumas horas. O ato terminou com ela puxando levemente o lábio inferior do Atreides, do qual murmurou em descontentamento.

— Não faça isso, ou vou acabar ficando — respondeu baixinho ao pé do ouvido dela, antes de beijar o pescoço da menina.

— Vá, e volte logo para mim.

Paul se afastou e Sophie o observou até se transformar em um ponto longe na areia. Ela seguiu o grupo para dentro do abrigo, indo em direção ao irmão que estava repousando, até que viu uma cena intrigante de Heitor conversando junto com Chani ao ponto de soltar algumas risadas, até que a mesma notou a Atreides entrando no local. A garota fremen parecia constrangida por ter sido pega no flagra e logo ficou séria.

— Interrompo? — perguntou segurando um sorriso nos lábios. Iria provocar seu irmão, mas não tinha liberdades para provocar Chani.

— Não, eu já estava indo — a garota se levantou.

— Chani, espera — pediu Sophie — Paul foi se aventurar do lado de fora, sei que é algo ligado às escrituras mas ainda acho que ele precisará de ajuda, algo que não posso oferecer no momento. Você… poderia ajudá-lo?

Sophie notou que Chani ficou surpresa com o pedido, e continuou: — Sei que não gosta de nós…

— Nunca disse que não gostava de vocês — interrompeu — Apenas disse que não acreditava que ele era o Lisan al Gaib, e que você pode ser Sihaya, na verdade… eu acredito mais em você do que nele.

— Então se acredita em mim, acabará acreditando nele uma hora ou outra — respondeu Sophie — Você poderia ajudá-lo então?

Chani observou Sophie e concordou, mas logo disse antes que a Atreides se empolgasse: — Mas estou fazendo isso não por ele, e sim por você e o meu povo, se são vocês que nos ajudarão. 

— Seremos eternamente gratos, Chani — disse Heitor — Por ajudar nossa família. 

A garota fremen não disse nada, apenas concordou com a cabeça antes de sair e deixou os dois irmãos sozinhos. Quando notou que Chani já estava longe, Sophie olhou de uma forma para Heitor que o mesmo começou a negar com a cabeça.

— Não, não começa.

— Você gosta dela! — ela afirmou e se sentou ao lado do irmão — Você… céus, eu nunca te vi conversando com alguém tão animado assim. 

— Não gosto nela neste sentido, Sophie. Apenas sou grato por ela ter salvo minha vida, foi ela que encontrou a nave e insistiu que me salvassem — explicou o homem — Tenho uma dívida com ela. Dívida de vida.

— Sim, mas isso não impede que desenvolva sentimentos por ela, impede? E se deseja a opinião da sua irmãzinha, acho que ela seria uma ótima adição na nossa família, a irmã que eu não tive. 

Sophie se deliciou ao ver o irmão constrangido, e sabia que teria que dar um empurrãozinho de leve nos dois. 

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Os dias foram passando e tanto Sophie quanto Paul começaram a participar das atividades dos fremens. Com Heitor mais disposto, podendo até mesmo caminhar pelo abrigo na companhia da irmã, Paul ou de Chani, o jovem casal Atreides continuou com o plano de compreender ainda mais o povo do qual lhe deram asilo. 

E isso inclui suas ações contra os Harkonnens.

A exploração da especiaria continuava ocorrendo, com uma intensidade maior e com isso, fazendo com que os planos do casal também tivessem a mesma proporção. Sophie imaginava que teria que lutar como se sua vida dependesse disso ao defender os campos, e a explosão próxima de onde estava, fez com que voltasse ao cenário do qual se encontrava naquele momento. 

O ataque da garota era considerado um dos mais letais pelos fremens desde o primeiro dia que ela entrou no grupo de guerreiros, ela não poupava esforços quando lutava com duas lâminas dagacris, uma que ganhou da antiga governanta e outra da qual Stilgar lhe entregou. As pernas eram seu alvo favorito para derrubar, fazendo com que eles imediatamente ficassem de joelhos perante ela, e o pescoço para logo tirar o fôlego, fazendo com que se afogassem em seu próprio sangue podre enquanto agoniza até a morte. 

Ao notar que Paul e Chani tinham conseguido derrubar uma das naves, ela riu da desgraça dos Harkonnens das colhedoras sendo perdidas cheias de especiarias das quais eles não colocariam a mão, não tendo mais nenhum Harkonnen para que pudesse impedi-los. 

— PAUL! — ela correu alegre para os braços do Atreides, que a recebeu e a girou enquanto a mesma gritava feliz — Eles estão caindo, eles estão caindo!

— Você foi incrível lutando — ele a observou, com o coração nos olhos e feliz por vê-la sem qualquer machucado ou arranhão — Eu te amo.

— Eu também te amo.

— Vamos comemorar, venham! — chamou Chani e os dois foram alegres seguindo o grupo de braços dados. 

Dentro de uma tenda, logo no início da noite, Paul junto com Sophie estavam no meio do grupo enquanto brincavam ou comemoravam desfrutando de um pequeno banquete. A jovem estava sentada ao lado do marido, de braços dados enquanto apoiava sua cabeça no ombro do Atreides. 

— Quem ensinou vocês a lutarem assim? — perguntou Chani.

— Nossos antigos mestres — disse Paul e a fremen concordou — Os meus eram amigos íntimos. Foram massacrados junto com meu pai. Vocês lutam contra os Harkonnens por décadas, nossas famílias lutam por séculos. Sabemos sobre tudo deles, desde os hábitos até as formas de lutas, tecnologia ou outras coisas.

— Podemos ajudá-los a enterrá-los na areia, que é onde eles merecem estar — ofereceu Sophie notando que Paul tinha captado a atenção do grupo — Para que esse planeta seja de vocês novamente. 

— E o que desejam fazer? — perguntou Stilgar.

— O que você faria? — rebateu a garota. 

— Atacaria mais ao norte — disse o homem.

— Então vou ao norte — disse Paul.

— Quanto mais ao norte você vai, mais você morre — disse uma fremen.

— Então morreremos, mas os que vierem depois terão o caminho aberto e seguirão, serão livres como devem ser. Nossos filhos, nossos netos… eles terão o que é por direito de volta — Paul disse em linguagem fremen.

O grupo concordou e Sophie olhou para Paul admirada, sabendo que Leto teria orgulho do homem que o filho estava se tornando. Um líder que atendia ao chamado, alguém que estava encontrando o seu caminho.

— Ele precisa de um nome, Stilgar — disse um fremen e os demais concordaram. O líder do grupo chamou para que Paul se aproximasse, e o mesmo foi com incentivos de Chani e Sophie.

Stilgar examinou bem o rapaz, e disse: — Usul. Você será conhecido por nós como Usul. Mas deve escolher um nome de guerra, você pode escolher.

— Como se chama o pequeno rato do deserto? — a pergunta de Paul fez com que os outros rissem, mas Stilgar logo gostou da sugestão. 

— Muad’Dib — respondeu Sophie e olhou para Stilgar buscando aprovação na feição surpresa do homem — Aquele que é sábio nos caminhos do deserto, algo assim, certo?

— Muad’Dib é sábio, cria sua própria água. A constelação que aponta para o Norte, nós a chamamos de Muad’Dib — explicou o homem — Aquele que aponta o caminho. Esse é um nome poderoso… agora você é nosso irmão. Paul Muad’Dib Usul.

Todos cumprimentaram o rapaz, o abraçando enquanto Sophie sorriu em aprovação. Ela não precisava de um nome como Paul, porque já tinha um que era reconhecido entre o povo e sabia disso. 

— Sihaya e Usul Muad’Dib — Stilgar olhou o casal conversando com os outros fremens — Uma combinação poderosa. Equilibrada. Um grande futuro.

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— Você quer fazer o que?

A pequena tenda que o casal usava estava próxima de outras do grupo, uma vez que estavam pelo deserto na missão de destruir as máquinas dos Harkonnens. Os dois estavam sob o tapete protetor para que não tivessem tanto contato com a areia, além de terem alguma água reciclada que poderiam usar depois.

— Montar no verme, igual aos fremens — disse Sophie, ajeitando o lenço azul em sua cabeça, um sinal que as jovens mulheres fremens usavam quando estavam apaixonadas ou casadas, de modo que fizesse parte da sua trança — Acho que consigo já fazer isso, não deve ser tão difícil.

— Stilgar disse que pode acabar demorando para aprendermos.

— Você sabe que eu não sou comum, Paul Atreides… e eu já falei com Stilgar sobre isso também. Amanhã irei tentar, queria que ficasse ao meu lado no teste.

Paul balançou a cabeça em negação, sabendo que a garota quase tinha morrido ao estar próxima a um verme há dias atrás. A mão da garota logo acariciou a bochecha dele, encarando-o com os olhos dos quais podia se notar um pouco da especiaria tomando conta de suas íris. 

— Por favor…

O Atreides soltou uma respiração pesada, retirando a mão de Sophie de seu rosto e depositando um beijo na mão dela.

— Eu vou.

— Obrigada — ela o abraçou, com força. Paul retribuiu a intensidade e a derrubou no chão, fazendo com que Sophie soltasse um pequeno grito surpresa com o ato do rapaz, sentindo os beijos que ele espalhava pelo rosto dela — O que está fazendo?

— Espalhando proteção em você com meu amor — explicou antes de voltar a distribuir os selares, alguns até mesmo na boca da Atreides — Você… é… muito…mandona… e… eu…amo…isso… em você. Eu amo tudo em você.

O coração de ambos transbordavam em amor na pequena tenda. Paul achava os olhos da garota brilhantes enquanto ocasiões assim ocorriam, ela não escondia os sentimentos e isso fazia com que ele a amasse ainda mais, além de desejar ver os olhos brilhantes com frequência. 

— Por favor, Sophie… deixe-me te adorar essa noite, me deixe adorar o seu amor. 

Sophie concordou e ambos sorriam, passando a noite adorando um ao outro.

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Notas da autora: Hey pessoal, como estão?

Paul está oficialmente batizado como Muad'dib 👏🏻👏🏻👏🏻 e agora com a Sophie, aliás gostaram deles lutando nos campos de especiaria? Encerrando o capítulo com um momento do nosso casal Soul 😉♥️

Heitor e Chani, quem shippa esse casal levanta a mão ☝🏻

Me digam o que estão achando pessoal, quero saber de tudo! Teorias, palpites, tudo!

Próximo capítulo: vamos ter Sophie com os vermes de areia....

Até o próximo!