Capítulo 11

Notas (iniciais) da autora: E QUE COMECE A SEGUNDA PARTE!

O grupo andou pelo deserto o dia inteiro. Chani explicou brevemente para Sophie que os abrigos eram escondidos, longe de qualquer cidade onde as famílias reais ficavam para comandar o planeta. Por estarem acostumados, eles andavam por horas e horas debaixo do sol sem ao menos demonstrar algum cansaço, o que era incomum para a família Atreides.

Até que começou algo inusitado, um eclipse.

Perto das rochas e próximo a chegarem no local, houve uma movimentação estranha que fez os fremens se esconderem atrás de algumas dunas mais altas para observar o que tinha de errado. A nave pairando nos céus de Arrakis e homens desembarcando com trajes familiares para Sophie, Paul e Jéssica afirmaram o que eles suspeitavam: os Harkonnens continuavam no planeta.

Sophie controlou a respiração, para que não demonstrasse que o cansaço seria um alerta de que ela estava ali. A jovem pode notar que Paul estava de olhos fechados, mas que ele os abriu bem a tempo de participar do plano que Stilgar demonstrava realizar.

O trio foi para o outro lado dos fremens, mais próximos das rochas que tinham cavidades das quais poderiam se esconder do melhor modo. Sophie reparou que Jéssica estava com a mão na barriga, talvez uma tentativa de proteger o bebê ou transmitir segurança de que tudo ficaria bem.

A conversa dos Harkonnens podiam ser ouvidas mas não compreendidas, porém parecia tudo muito claro para Sophie pelas armas que eles usavam: encontrar e matar.

Os guardas se juntavam, decidindo explorar as rochas até que o barulho de um martelizador pudesse ser ouvido pela garota. Eles fugiram, mas não pelo deserto, usaram o próprio equipamento para se elevarem até a montanha de rocha mais perto... a mesma rocha que a família estava se escondendo.

Do alto eles destruíram o martelador, mas conforme o eclipse cobria cada canto do deserto, criando uma vantagem para aqueles que conhecem cada canto daquele planeta e como sobreviver, poucos segundos depois, o primeiro corpo caiu na frente de Paul, depois outro e outro.

— Estão atacando — ela sussurrou ao marido, baixo o suficiente para não ser ouvida pelo guarda que tinha ficado na parte debaixo. O olhar do Atreides mudou de um modo que ela sabia que ele iria precipitar em fazer algo tolo, ou perigoso, e antes que pudesse impedir, Paul correu para o campo aberto.

Ao pegar a arma do Harkonnen caído, logo ele foi atacado pelo guarda que notou a movimentação. A luta foi rápida, Paul não teve medo de matá-lo mas o cansaço de andar por horas no sol sem pausas fez com que ele respirasse fundo, ofegante ao notar o corpo na areia.

Antes que outro o atacasse pelas costas, Jéssica bateu com uma pedra na cabeça do homem, fazendo com que ele caísse, e Sophie começou a bater com outra pedra na cabeça dele com tanta força que Paul podia ouvir os ossos do crânio se quebrando. Quando o homem já estava morto, ela foi atrás do marido e lhe deu um murro no ombro.

— Quer morrer? Como você fica de costas assim tão fácil para qualquer um possa te atingir por trás? Você não deve fazer isso nunca!

— Você está bem? — ele se preocupou com ela, vendo que um pouco do sangue tinha espirrado em seu rosto, o que o fez retirar com o próprio dedo.

— Estou, mas não faça mais isso, ok?

— Sim, senhora.

— Engraçadinho — ela resmungou e viu os fremens voltando, juntando os corpos dos guardas que foram mortos próximos aos outros. Sophie percebeu que Chani pegou um equipamento, assim como os demais, e começaram a espetar os corpos puxando um líquido.

— Não se aventuram tão fundo — observou Stilgar.

— Devem estar tendo certeza de que nenhum Atreides escapou — supôs Paul.

— Você pensa demais em si, mas aqui, no deserto mais distante, somente os fremens vivem — respondeu Stilgar — Mas não se preocupem, estou levando vocês para um local que não irão achá-los.

A água no corpo dos guardas não era em uma coloração normal, parecia que uma tinta cinza estava no meio, deixando-a embaçada.

— Eles têm muitas químicas no corpo, a água vai servir apenas para refrigeração — observou Chani e Stilgar concordou. Jéssica observou a cena, sentindo o estômago embrulhar e mesmo sob os alertas do líder fremen para não perder a água, ela virou para o lado e vomitou.

Sophie rapidamente a acolheu, fazendo carinho nas costas para que os tremores da mulher aliviassem além do suporte caso ela fraquejasse os joelhos. Quando Jéssica estava melhor, a jovem Atreides colocou a mão na barriga da mulher e disse:

— Bebê, você tem que colaborar também. Sua mãe é uma mulher forte, mas você precisa ajudá-la a manter a água no corpo, ok?

Paul observou a cena e sorriu de leve com a preocupação além do carinho de Sophie. Ela seria uma boa mãe, um dia quando o caos passasse.

— Tem certeza de que está bem? — Paul perguntou para a mulher e ela concordou, mas os dois não saíram do lado dela.

— Você lutou bem para quem estava dormindo — provocou Chani e Sophie não aguentou, soltando uma leve risada com a cara de indignação que o rapaz fez.

— Não estava dormindo — rebateu Paul.

— Oh, parecia que estava mesmo, vou ter que concordar com ela — Sophie também o provocou, e ele revirou os olhos diante da brincadeira da esposa em um momento tão tenso.

O grupo logo chamou um verme para que os corpos fossem engolidos pelo deserto, alimentando o animal além de sumir com as provas de por onde eles foram, seguindo viagem até o abrigo.

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Ao chegarem na entrada do sietch, a proteção era algo notória. Stilgar fez um sinal dizendo que eram eles chegando, mas logo um outro do grupo que estava de guardas o parou enquanto olhava para os recém-chegados. A tensão de que eles não eram bem-vindos ali era perceptível, até mesmo a conclusão de que eram espiões foi levantada pelo homem que encarava Paul, Jéssica e Sophie.

— Fiquem perto de mim — disse Stilgar.

As cavernas eram bem estruturadas, algumas entradas de luz colocadas de forma natural demonstravam o caminho até a parte principal onde outros fremens os aguardavam. Sophie abaixou o lenço, deixando o cabelo trançado para o lado de fora e vendo que Stilgar tentava conter os nervos dos outros ao vê-los.

Paul tentou colocar a mãe em suas costas, para que pudesse protegê-la enquanto Sophie estava de mãos dadas com o mesmo, de forma que ele poderia tirá-la do caminho caso alguém a atacasse. Os fremens não tinham as melhores expressões, pareciam que o trio eram criminosos enquanto as mulheres choravam pela perda de Jamis.

A jovem compreendia a revolta do povo, afinal alguém que era querido por eles tinha sido assassinado. Os fremens gritavam na cara de Paul, olhavam furiosos para Jéssica e transmitiam desprezo para Sophie.

Mas Sophie notou que também tinha um grupo que pedia perdão, e pedia para eles pararem, até que ouviu um homem dizer enquanto se curvava várias e várias vezes: Lisan al Gaib. Sihaya.

O coro tomou conta do grupo que concordava, ao mesmo tempo que outros gritavam em desprezo.

Stilgar conseguiu levá-los a uma parte mais calma, dizendo que iria conversar com o conselho. Os três sentaram no chão em uma pequena roda comendo algo que Chani conseguiu separar para eles, uma comida fremen, quando Paul começou a sussurrar:

— Parece que a propaganda das Bene Gesserit criaram raízes. Alguns já pensam que sou o messias deles, e que Sophie é a esperança. Outros já acham que somos falsos. Vamos precisar convencer os não-crentes, porque se nos seguirem, podemos interromper a produção de especiarias.

— Esse é o seu plano para chegar ao Imperador? — Sophie perguntou e viu ele assentir — Então não apenas acabamos com os Harkonnens, mas também nos vingamos pelo o que ele fez.

— Seu pai não acreditava em vinganças — disse Jéssica.

— Mas eu acredito — respondeu Paul.

— Eu também — disse Sophie — E quando eu encontrar com o Imperador, quero falar com ele pessoalmente.

Paul parou de comer a comida ao notar que a comida tinha especiaria, sentindo que o efeito da substância estava fazendo efeito em seu corpo.

— Você ficará lindo de olho azul — Sophie comentou percebendo que era assim que os fremens ganhavam sua íris característica. Paul a observou, lembrando da imagem no deserto e disse:

— Não mais do que você.

Os dois sorriam levemente, até que Stilgar chamou por Jéssica. A mulher lançou um olhar de que tudo ficaria bem, então restou a Paul e Sophie aguardarem o seu retorno.

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— Eles querem te tornar Reverenda Madre — Sophie concluiu após ouvir o que Jéssica havia dito — Então, eles acreditam no Paul e em mim.

— Em partes, eles vêem os sinais de que vocês são o que são. Mas estão convencidos de que Sophie já é Sihaya, faltando apenas uma coisa que está na profecia para que assuma o seu lugar.

— É uma honra, não é? — perguntou Paul.

— É isso ou morrer, não me considero muito lisonjeada — respondeu a mulher.

— Como se torna uma Reverenda Madre? — Paul questionou por ver a mãe tensa, além da feição de Sophie não ter sido a melhor quando falou do cargo que uma Bene Gesserit da mais alta posição ocupava.

— É diferente de uma cultura para a outra, mas aqui em Arrakis não faço ideia.

Paul observou a mulher, notando que ela estava com medo pela forma que seus olhos pareciam lacrimejar, ou a inquietação diferente da postura rígida e contida que ela sempre demonstrava.

— Uma Reverenda Madre tem a tarefa de guardar as memórias dos antepassados femininos, então vou beber séculos de dor e tristeza — Jéssica explicou.

— É perigoso?

— É letal para homens — ela respondeu, olhando para Sophie — Eu queria que viesse comigo, mas não deixaram. Então tome conta dele.

— Eu vou.

Uma área do sietch foi esvaziada para o ritual sagrado. Paul e Sophie colocaram o respirador do traje que usavam, voltando ao deserto junto aos outros, ficando em um canto enquanto sentiam olhares sobre eles. Alguns eram olhares de devoção, outros pareciam rir pelas costas deles.

— Devo perguntar o por que estão rindo? — Sophie encarou uma mulher e olhou para Paul, que negou com a cabeça.

— Acho que não devem acreditar — respondeu o Atreides.

— E não acreditamos — Chani se aproximou, tendo ouvido uma parte do diálogo do casal — São crenças do sul, essas tribos acreditam no Lisan al Gaib e Sihaya. Nós acreditamos nos fremens, somente nossa força pode nos ajudar.

— Mas você disse antes, que acreditava que eu pudesse ser a Sihaya — Sophie relembrou a outra garota — Agora não acredita mais?

— Você pode ter conhecimentos que nos ajude, independente de ser Sihaya ou não. Somente nisso que acredito.

A Atreides assentiu, sabendo que aquele ponto de vista deve ser o que muitos outros fremens pensavam. Stilgar saiu pouco tempo depois, dizendo que agora deveriam rezar para que tudo funcionasse como era o esperado.

Chani disse: — E Stilgar é do sul.

— O que acontecerá com minha mãe? — perguntou Paul para Chani.

Uma outra mulher que estava perto deu risada e respondeu, em fremen: — Vai beber urina de verme. É burra.

Se ela ressurgir, como está escrito nas escrituras das quais negligência, você irá engolir sua risada — Sophie respondeu do mesmo modo, fazendo todos se calarem e continuou: — Ela não é burra por beber veneno, ela é mais esperta do que você imagina. Então, se não acredita, apenas respeite aqueles que acredita.

Stilgar pediu para que parassem de rir, concordando com Sophie e voltando a rezar.

Passado algum tempo, o grupo trouxe Jéssica desacordada até o lado de fora, onde Paul junto com Sophie rapidamente acolheram a mulher enquanto havia uma discussão não muito longe dali. A cabeça de Jéssica estava no colo de Paul, que acariciava os cabelos da mãe, enquanto Sophie segurava a mão da mulher, aproximando de vez em quando o ouvido em seu peito para ouvir o coração.

— Ela está certa! — Paul gritou, atraindo a atenção do grupo — Não é nenhum milagre. Minha mãe foi treinada para fazer isso, transmutação de veneno é algo que Bene Gesserit conseguem fazer.

Com cuidado, ele colocou a cabeça da mãe no chão enquanto Sophie o observava se aproximar dizendo que não era quem eles esperavam, assim como não tinha como liderar. E foi então que ela soube o que ele estava fazendo ao dizer em linguagem fremen: — Estou aqui para aprender seus caminhos.

De onde estava, a Atreides notou a mudança de Stilgar diante das falas de Paul, assim como a surpresa de Chani com o outro grupo por ele saber falar a mesma língua que eles, dizendo que lutaria ao lado deles.

Tudo estava caminhando para o que deveria ser.

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Notas da autora: Hey pessoal, como estão?

Oficialmente na parte dois da trama e olha... não sei nem o que dizer para vocês, mas prestem a atenção em cada detalhe da fanfic ok? Vai ser essencial para o desfecho da trama da mesma forma que a evolução dos personagens. 

Paul começa a abraçar cada vez mais o seu destino e Sophie vai ajudar, além de enfrentar a resistência de alguns fremens. Sobre a Chani, vocês vão adorar o que irei preparar para ela, além de se tornar uma presença constante. 

Me digam o que vocês acharam, quero saber de tudo! Teorias, palpites, opiniões, estou pronta para ler os comentários de vocês.

Até o próximo!

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