0 | prólogo: seth conta as boas novas

QUANDO Mal foi para Auradon junto de Evie, Jay e Carlos, Raven não imaginou que não veria mais sua irmã caçula. A princípio, o plano era que eles roubassem a varinha mágica da Fada Madrinha e quebrassem a barreira que os mantém presos na Ilha dos Perdidos, permitindo que sua mãe, Malévola, e os outros vilões pudessem ter a vingança que tanto almejavam contra o povo de Auradon. Mas contra todas as expectativas, os quatro se deslumbraram pelo lar dos mocinhos, inclusive pelos próprios, e decidiram que voltar à ilha já não parecia mais uma boa ideia.

Raven lembra ter se sentido chocada e até decepcionada com a irmã, afinal, naquele momento parecia que a mesma havia virado as costas para sua família e o lugar onde nasceu e cresceu. Certo que a ilha não é nem de longe agradável como a grandiosa Auradon, mas ainda assim fora sua casa por anos. Como ela pôde ter abandonado tudo sem olhar pra trás e passar a viver com o inimigo? Mas então Raven entendeu que Mal nunca fora como ela e sua mãe são, cruéis, vingativas e ambiciosas. É claro que a caçula tem seu poço de maldade, afinal, é filha de quem é, porém ainda assim é uma pessoa muito melhor do que as duas jamais serão, e talvez esse seja o motivo pelo qual ela não voltou.

Raven agora entende isso. Não concorda, mas compreende.

De qualquer modo, com o tempo a saudade passou a ser maior do que o ressentimento. Ela sente falta de sua irmãzinha e sente falta da mãe. Morar na ilha já é um porre por si só, e não ter a presença das duas consigo só deixa tudo pior.

— Toc-toc. — Uma voz grave chama a atenção da moça, que ao direcionar seu olhar para a porta da loja da mãe, vê a figura de Sven Hoff entrando.

Revira os olhos com isso.

O filho mais velho do príncipe Hans é um mimado tão babaca quanto o pai. Herdou a mesma síndrome de se achar a última bolacha do pacote em qualquer canto que pisa — motivo esse, inclusive, que o faz sempre se desintender com os filhos do Gastón — e não larga do pé de Raven desde que passaram a estudar na mesma turma na Dragon Hall. Ele jura ser o melhor pretendente que ela pode arrumar na ilha. Como se ela precisasse de um homem.

— O que é que você quer? — Questiona a ele entre dentes, o que o faz rir enquanto ergue as mãos em rendição.

— Ei, pra que tanta grosseria? Eu vim na paz, juro. — O mesmo responde enquanto caminha a passos lentos pelo estabelecimento, olhando para cada uma das prateleiras. — Meu pai e eu vamos pescar esse fim de semana e por isso preciso de umas roupas apropriadas. Pensei que você poderia me ajudar.

Ele sorri galanteador ao dizer isso, se aproximando do balcão onde Raven se encontra. Ela solta um suspiro sem paciência.

— Você sabe que aqui só vendemos capas, chapéus pontudos, caldeirões, velas, tônicos e vassouras, portanto, se não estiver interessado em nada disso, cai fora. — Exclama rude, apontando para a porta. — Vai procurar o que você quer na loja do Gancho. Tenho certeza de que lá você vai encontrar.

— Assim você fere meus sentimentos Raven. Logo eu que tenho tanta admiração por você. — Dizendo isso, ele tem a audácia de esticar a mão para acariciar o queixo da garota, que automaticamente dá um tapa na mesma, o olhando de forma raivosa.

— Se tocar em mim de novo eu juro por Hades que arranco seus dedos fora. — E ela não exagera nem um pouco ao dizer isso. — E vai pra merda você e sua admiração. Vê se não torra minha paciência Sven, eu já tô cheia de você.

— Quanto mais você me esnoba, mais eu gosto. Eu adoro um desafio, sabe como é. Está no sangue. — Raven ri com a última frase dita por ele, erguendo uma das sobrancelhas em provocação.

— Eu imagino que sim. Da mesma forma que também está no seu sangue ser um perdedor, não é? Por que é isso o que seu pai é, um perdedor. — Sven não gosta nem um pouco do comentário, e sua expressão fechada denuncia isso. Seu ego ferido não o permite ficar quieto.

— É o que você acha? Então deixa eu te contar uma coisa Raven, a sua mãe não é muito melhor, afinal ela também foi derrotada pela mocinha e também está presa aqui.

— Acontece que minha mãe é muito mais poderosa e temida do que seu pai jamais vai ser. Vocês são dois fracos Sven, fracos de poder, fracos de nome e fracos de história. — A garota cospe cada palavra na cara dele, deixando claro todo o desprezo que sente pelo mesmo.

Mas antes que o rapaz possa revidar novamente ao comentário miserável, a porta da loja é aberta e outra pessoa entra no local. O som das botas de Seth Eaglion contra o piso de madeira ecoam alto enquanto o rapaz se aproxima das duas pessoas no balcão com os olhos carregados de desconfiança.

"Era só o que me faltava", Raven pensa.

— Algum problema por aqui? — Ele questiona, dando a volta no balcão e se colocando ao lado da moça.

Enquanto Sven é um idiota iludido que acha que um dia ele e Raven terão algo um com o outro além do desprezo — o que causa náuseas nela só de pensar — Seth é um canalha sedutor com quem a mesma realmente já teve uma relação. Os dois "namoraram" por um tempo quando tinham 15 anos de idade, e apesar de na época ela ter sido uma tola apaixonada por ele, hoje sente algo que beira o ódio.

— Nenhum que você precise se meter. — Responde rude, vendo o homem ao seu lado morder o lábio inferior como resposta.

— Sempre tão educada malvadinha. — Raven fecha os olhos com isso, respirando fundo a fim de controlar a vontade de mandar os dois pés no saco para o inferno.

— Cai fora Seth. Aliás, Sven está precisando de roupas para pescaria, então por que não aproveita que está aqui e o leva até a loja do Gancho? E ah, vão os dois pra merda. — Exclama, perdendo a paciência. Sempre tem acessos de raiva quando um dos dois está por perto, e se pudesse invocar seus poderes, sabe que provavelmente empremeria as entranhas de ambos até que parassem de respirar.

— Você ouviu o que ela disse Sven. Cai fora. — Seth diz por fim, se dirigindo ao rapaz do outro lado do balcão e pronunciando seu nome com o mesmo desprezo de Raven. — Tenho certeza de que Harry Hook vai te atender muito bem.

Mesmo contrariado, o príncipe balança a cabeça, decidido a não perder mais seu tempo ali. Tentar conversar com Raven é uma coisa, mas tentar conversar com ela na presença de Seth Eaglion é outra. Sven já ouviu histórias de quando ele quase decapitou alguns homens por muito menos. Ele faz jús à fama de sua mãe. Sem dizer mais nada, dá as costas e sai, não sem antes piscar na direção da mulher de cabelos roxos.

Após isso, a atenção de Raven recai sobre Seth.

— Cai fora você também.

— Ora, não quer saber o que eu vim fazer aqui? — Ele pergunta sarcástico, sorrindo enquanto tira algumas cartas de baralho do bolso de sua jaqueta, começando a brincar com as mesmas. Raven nunca entendeu essa mania bizarra de as carregar consigo.

— Veio comprar alguma coisa?

— Não.

— Então não. — Dá de ombros, passando por ele e indo fechar a porta da loja.

Ela odeia ficar no Castelo da Pechincha tomando conta dos negócios, mas desde a ausência de Mal e sua mãe, se viu obrigada a fazer isso para não morrer de fome. Mas não significa que precise passar mais de quatro horas ali dentro.

Seth a segue.

— O assunto é sério Raven. — A mudança repentina no tom de voz dele a faz prestar total atenção ao que diz, dessa vez sem lhe dar nenhuma resposta rude. — O reizinho de Auradon decidiu levar mais quatro jovens daqui da ilha pra estudarem lá. E adivinha? Nós dois estamos entre os felizardos.

A notícia não poderia ser pior.

— Como é que é?

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só queria deixar registrado o
quanto eu perdi as estribeiras
com esse gif...
amém matthew daddario

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