Ele era estranho, para um humano... Já interagi com outros humanos, lógico...Era meio impossível não fazê-lo, pois tal como pragas, humanos estavam em todos lugares! Mas aquele humano parecia ser especial... Mas por que? Talvez seja por sua aparência, Scott era relativamente pequeno, teria um metro e setenta, no máximo...Isso contratava com a minha altura, um metro e oitenta e cinco. Ele parecia uma criança, era esguio... Parecia não ter muitos pelos. Sua pele era alva, era macia também...Podia sentir o quanto era sedosa enquanto tocava o rosto do garoto enquanto este estava dormindo. Seus cabelos era castanhos claro, tais como mel...E seus olhos eram verdes...O que mais me chamava a atenção era o seu cheiro, era semelhante a floresta na época do verão... Com suas folhas verdes e frutos frescos. De fato, aquele humano o atraia. Sem falar que a personalidade dele era interessante, nunca rira tanto depois de uma curta conversa... Na verdade, eu nem sabia por que estava o provocando tanto, talvez fosse devido as reações dele...Ver seus bochechas alvas assumirem a tonalidade avermelhada, sua voz ficar fina...Seus resmungos...Era tudo muito fantástico.

–Hum...-O humano gemeu em seu sono, o abracei mais forte para transferir mais do meu calor... Sei que não devia ter o salvado, lobisomens não deviam interagir tanto com humanos e Scott já tinha reparado que eu não estava vestido com agasalhos...Vai ser difícil de explicar como consigo sobreviver no inverno desta forma.

Talvez ele nem desconfie...Algo mais que descobriu sobre o humano era que ele era meio lento para entender as coisas, tanto é que o levou a situação de quase morte.

–Eu devo estar louco...Por estar fazendo isso...-Me deitei no chão de pedra da caverna e puxei o garoto para mais próximo de mim. Com o seu cheiro e seu respirar acabo por cair no sono...

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A tempestade tinha diminuindo, resolvi sair da caverna para caçar o que seria o café da manhã, contudo temi deixar a caverna com aquele humano indefeso ali deitado.

–Eu sou mesmo um idiota...- Resmungo, levo as mãos aos meus cabelos os trazendo para trás. Não podia caçar com ele ao meu lado, eu iria usar a minha forma de lobo...

–Só vai ser alguns minutos... –Tiro a minha camisa e cubro Scott que dormia tranquilamente, rapidamente saio da caverna, quando mais rápido eu mais rápido voltarei!

~***~***~Snow Wolf~***~***~

– Onde você estava?! – O pequeno humano parecia assustado quando retornei com dois coelhos em minhas mãos, limpei rapidamente o canto da minha boca aonde tinha ainda vestígios de sangue dos pequenos animais. Notei que Scott estava abraçado a minha camisa e continha o choro –Como pode sair por aí sem camisa? És louco? Queres morrer?

–Ei...Calma! Eu estou vivo, não estou? –Digo indo para a fogueira que estava quase apagando.

–Sim...Isso é estranho... Trevis...Como você está vivo?

Droga...Devia ter voltado mais rápido e teria evitado essa pergunta importuna, além do mais por que o cobri com a minha camisa? Que ideia estúpida! Na verdade essas últimas horas estou agindo de forma estúpida! Talvez a estupidez de Scott seja contagiosa...

Tento ignorar a sua pergunta enquanto reacendo o fogo.

–Por acaso... Você é um tipo de ...Mutante?

Levanto meus olhos e o encaro abismado com a teoria.

–Mutante?

–Sim...Tal como os x-mens... Sabe? Aqueles com poderes?

–Você está me comparando com super-heróis de quadrinhos? –Digo incrédulo e contendo uma risada.

–O-ora...Só estou buscando uma explicação lógica!

–Então sua explicação lógica é que eu sou um x-men?

–AHHH! –Ele soltou um grito de frustração –Você é impossível! Quer saber? Eu não quero saber!

Parece que o menor desistiu de perguntar e ficou amuado em um canto. Ele estava fazendo biquinho? Esse humano tem noção quando aquilo era infantil? E se não dizer fofo...

– O que está fazendo? –Perguntou Scott um tempo depois ao me ver trabalhar com os coelhos.

–Nosso café da manhã...-Informo, percebo a expressão de nojo se formar no rosto do humano.

–Eww...-Gemeu. Tento conter para não rolar meus olhos. Além de infantil tem frescuras?

–O que foi? És vegetariano?

–N-não...Mas eu nunca comi um ...Isso é coelho?

–Sim...

–Coitadinhos! Vocês os matou?

–Não, querido, eles cometeram suicídio juntos e tive a sorte de encontra-los e os pegar! -Falei sarcástico.

–Idiota! Só iria perguntar como você os matou! Que coisa! Seu chato! –Sua voz estava ficando fina, sinal de irritação. Contive um sorriso.

–Talvez...Eu tenha usado meus poderes de x-men? –Arquei as sobrancelhas para ele, este rolou os olhos.

–Nossa como você é chato...-Resmungou.

–E você é um fofo...-Falei sem pensar. Ele olhou para mim surpreso, mas logo virou o rosto corado para o lado. Aquelas reações...Não consigo me cansar delas.

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– Até que era bom...Tem gosto de galinha! –Falou Scott ao terminar de comer o coelho.

–Galinha? –Contive uma risada.

–Tipo...É parecido...-Tentou se explicar.

–Sim, claro...-Olho de relance para fora da caverna, vejo que a tempestade tinha terminado, todavia senti uma pontada estranha no peito... Com o termino dela teria que acompanha-lo ao fim da floresta e assim nos separaríamos...Nunca mais nos encontraríamos, não é?

–O que foi? –Scott olhou na mesma direção que a minha e sorriu –Veja! Acabou a tempestade! Isso não é bom?

–Sim...-Concordei, mas ainda estava pensativo...Por que estou me importando tanto que iremos nos separar? Só conheço esse humano a menos de 24 horas! Isso não tem lógica!

–Então...Er...Podemos voltar para as nossas casas? –O humano parecia meio inseguro com aquelas palavras.

–Acredito que sim, ao menos que queira passar mais tempo aqui na caverna comigo? –Pisquei para ele, novamente o rosto de Scott assumiu uma tonalidade, o garoto abriu e fechou a boca diversas vezes mas palavras não saíram.

–Idiota! –Disse finalmente se encaminhando para a saída da caverna. Esperei um pouco para acompanha-lo.

Até as orelhas dele estavam vermelhas...

Interessante...

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– Sua família deve estar preocupada...Não é? –Scott me perguntou depois de ter passado alguns minutos quando saímos da caverna.

–Acredito que sim...Eles sabem que eu sei me cuidar... – De fato, minha alcateia deve estar preocupada, afinal seu Alfa, líder, fugiu sem dizer para onde iria...Já imagino a confusão que terei quando chegar em casa- E você? Seus pais devem estar morrendo de preocupação! –Sorriu, entretanto observei a expressão triste se forma no rosto do humano. Será que falei algo de errado?

–Eles estariam preocupados se estivessem vivos...-Sua voz era somente um sussurro, senti culpado por aquilo.

–Sinto muito...

–Tudo bem...Já faz um ano...Então, meio que estou me acostumando...-Disse forçando um sorriso, algo que não gostei, prefiro que sorria de verdade, não precisa se mostrar forte para mim.

–Meu pai...Ele morreu faz algumas semanas...-Informei, ele olhou para mim preocupado.

–Ah...Sinto muito...

–Está tudo bem... Nos não nos dávamos muito bem, ele sempre me forçou a fazer coisas que eu não quero...Mesmo depois de morto ainda me força...Mas vou sentir falta dele...

–Ele é seu pai afinal...Apesar de tudo!

–Verdade...-Perpetuamos em silêncio. Eu nunca revelei isso para ninguém... Todos sabiam que eu e meu pai vivíamos brigando, para os membros da alcateia era como se eu o odiasse, mas aquilo não era verdade...Eu o respeitava, do meu modo.

–Mas você deve ter alguém te esperando, não é? –Perguntei, quebrando o silêncio, também estava um pouco preocupado se ele ficaria bem sozinho, isso em parte...Minha curiosidade se estendia também para saber se ele tinha alguém especial – Uma namorada?

Novamente um expressão de dor se fez no semblante de Scott. Parece que só estou perguntando coisas que não devia...

–Eu tinha uma namorada...E um melhor amigo...E agora não tenho mais...Na verdade, eu não tenho mais nada...Não tenho casa, pois serei despejado...Não tenho emprego, pois fui demitido... –Lágrimas começaram a rolar em sal face –Sabe...Nem sei por que estou voltando para a cidade? –Ele parou e me encarou com um olhar triste –Não tenho para onde voltar...

Será que era por causa disse que ele veio para a floresta? Uma nova pontada se fez em meio peito devido aquela expressão, como por instinto me aproximei e o abracei...

–O que está fazendo? –Ele choramingou em meus braços, mas não me afastou.

–Te confortando...

Ficamos assim por algum tempo, esperei que ele chorasse o quanto quisesse...Não entendo as minhas ações...Mas naquele momento não cabia a mim analisar logicamente...

Era óbvio que o que eu sentia estava além da lógica...