Capítulo Vinte e Sete
Theodoro Vinro:
O salão mergulhou em um silêncio mortal, cada olhar fixo no momento fatídico. Quando Drengsus, com um sorriso vitorioso e cheio de desprezo, abaixou a coroa em direção à sua cabeça, o tempo parecia ter parado. O peso do destino estava suspenso no ar, e eu sentia o desespero crescer dentro de mim. Sabia que, se ele colocasse a coroa, todo o poder sombrio que ela continha seria liberado, trazendo destruição.
E então, o inevitável aconteceu.
Assim que a coroa tocou a cabeça de Drengsus, um brilho negro saiu dela, explodindo como uma tempestade de escuridão. O impacto foi devastador. Um choque de energia percorreu o salão, e eu fui jogado para trás como se uma força invisível me tivesse arremessado. O chão tremeu violentamente, rachaduras surgindo sob os pés de todos. A escuridão engoliu o ambiente, e gritos ecoaram por todo o salão quando as ondas de energia começaram a devastar tudo em seu caminho.
Drengsus, envolvido pelo brilho negro, riu com uma loucura crescente, seus olhos agora consumidos por um poder que claramente o controlava. Ele ergueu as mãos, e faíscas de magia sombria irradiaram de seus dedos. Era como se a própria coroa tivesse corrompido sua mente, transformando-o em algo além de humano, algo monstruoso.
— Vocês... — sua voz ecoou, distorcida pela energia que emanava dele. — Vocês ousam se opor a mim? A verdadeira força do reino agora é minha! — Seu riso ecoou enquanto raios negros surgiam de suas mãos, atingindo o teto e as paredes, fazendo o salão inteiro tremer.
Eu sabia que precisava agir rápido. O "Livro dos Ocultos" ainda pulsava em minhas mãos, os espíritos sussurrando para mim, implorando por libertação. Eu me levantei, os olhos fixos em Drengsus, enquanto ao meu redor o caos se desenrolava. O poder que ele havia liberado era devastador, mas eu não podia deixar isso continuar.
Com um movimento decidido, abri o livro e gritei as palavras antigas, convocando todos os espíritos que ele continha. Um vento gélido soprou por todo o salão, e das páginas do livro surgiram sombras, figuras translúcidas e etéreas. Espíritos de guerreiros, magos e criaturas antigas se materializaram ao meu lado, formando um exército invisível. Eles se ergueram ao meu redor como guardiões ancestrais, prontos para lutar.
Drengsus notou minha convocação e seu olhar mudou, de ódio para uma fúria descontrolada.
— Você não é nada, Theo! — ele gritou, lançando um raio negro diretamente em minha direção.
Eu consegui desviar por pouco, o feixe de energia explodindo ao meu lado e derrubando uma coluna com um estrondo ensurdecedor. Os espíritos ao meu redor avançaram, se movendo como sombras, prontos para enfrentar Drengsus. Um deles, um antigo guerreiro, se lançou contra o rei corrupto, mas foi recebido por uma onda de energia que o desintegrou no ar.
A batalha começou de verdade.
Drengsus atacou com um poder avassalador, raios de escuridão saindo de suas mãos enquanto ele ria como um maníaco. Os espíritos lutavam com tudo o que tinham, mas a energia da coroa o fortalecia de maneira implacável. Cada vez que um espírito tentava se aproximar, Drengsus os aniquilava com uma onda de poder sombrio.
Mas eu não podia desistir.
Eu precisava usar todo o poder do livro, todo o poder que havia dentro de mim. Ergui as mãos, concentrando minha energia, e invoquei um espírito antigo e poderoso, aquele cujo nome quase ressoava em meus ossos: Aedrin, o Guardião das Sombras. Uma figura gigantesca e envolta em um manto de escuridão se ergueu ao meu lado, suas lâminas sombrias brilhando como se cortassem a própria realidade.
— Drengsus! — eu gritei, sentindo o poder de Aedrin ao meu lado. — O seu reinado termina aqui!
Aedrin se lançou em direção a Drengsus, suas lâminas se chocando contra a energia negra que emanava da coroa. O impacto foi devastador, faíscas de luz e trevas se chocaram no ar, iluminando o salão com flashes cegantes. A força do embate sacudiu todo o local, e pela primeira vez, vi Drengsus vacilar. Seu rosto contorceu-se em uma expressão de dor, e o sorriso arrogante desapareceu.
— Não... — ele rosnou, tentando manter o controle da coroa enquanto Aedrin avançava sobre ele. — Eu não posso ser derrotado... Eu sou o rei!
Com um último esforço desesperado, Drengsus ergueu as mãos, convocando uma última onda de poder para tentar repelir Aedrin. Mas a força dos espíritos era implacável, e Aedrin, com um golpe final, desferiu sua lâmina contra a coroa.
A coroa rachou com um som horrível, e a escuridão explodiu em todas as direções. Drengsus gritou, sua voz se fundindo com o eco da magia quebrada, e foi lançado contra o trono, a coroa despedaçada caindo de sua cabeça. O poder que ele havia tomado desapareceu em um instante, e o salão inteiro pareceu respirar de alívio.
Eu me aproximei lentamente, o coração ainda acelerado, enquanto Drengsus estava no chão, ofegante e derrotado. Os espíritos ao meu redor se dissiparam, suas missões cumpridas. Olhei para a coroa quebrada ao lado dele, e finalmente, o silêncio reinou.
A batalha havia terminado... mas as consequências ainda estavam por vir.
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Peguei os pedaços da coroa com minhas mãos trêmulas, sentindo o peso do metal frio e estilhaçado. Cada fragmento parecia pulsar com uma energia sombria e antiga, como se o próprio tempo houvesse se fragmentado junto com ela. Por um momento, hesitei, as dúvidas surgindo em minha mente. Mas algo dentro de mim, um chamado mais forte que qualquer medo, me impulsionou a seguir adiante.
No instante seguinte, minha testa começou a brilhar com uma luz intensa, quase ofuscante. Uma onda de calor percorreu meu corpo, e foi como se uma memória ancestral despertasse em mim. Sabia o que precisava fazer. Sabia que aquele era o momento pelo qual tudo havia me preparado.
Com as mãos firmes, comecei a juntar os pedaços da coroa. Cada fragmento se encaixava perfeitamente, como se o poder que ela continha soubesse que seu destino era ser reconstruído sobre minha cabeça. A energia ao redor começou a vibrar, e senti os espíritos observando em silêncio, aguardando o desfecho inevitável.
Quando o último pedaço estava em meu lugar, levantei a coroa unida, as mãos ainda tremendo pela tensão e o peso da responsabilidade. Sabia que, ao colocá-la, não havia mais volta. O destino do reino, dos territórios, e de todos ao meu redor dependia daquele momento.
Com uma respiração profunda, ergui a coroa sobre minha cabeça. O salão, antes cheio de caos e ruína, mergulhou em um silêncio absoluto. Podia ouvir o som do meu próprio coração, batendo com força, enquanto a luz que brilhava em minha testa intensificava-se ainda mais, banhando todo o espaço com seu fulgor.
E então, no instante em que a coroa tocou minha cabeça, uma onda de poder explodiu dentro de mim, diferente de qualquer coisa que eu já havia sentido. Não era a escuridão que havia consumido Drengsus, mas uma força pura, equilibrada. Sentia o peso do poder ancestral fluindo em minhas veias, como se estivesse conectando minha alma aos três territórios que agora reconheciam quem eu era. A sala inteira brilhou com a luz que emanava de mim, e a escuridão que antes ameaçava consumir tudo foi repelida.
Eu não era mais o mesmo.
Senti o poder da coroa se fundindo à minha essência, como se ela tivesse sido feita para mim desde o princípio. A energia que antes parecia caótica agora fluía com controle e propósito, guiada por minha vontade. Eu sabia o que precisava fazer. Sabia que, como sucessor, cabia a mim restaurar o equilíbrio que Drengsus havia quebrado.
Quando abri os olhos, vi Drengsus ao chão, derrotado, seus olhos arregalados de pavor enquanto ele me encarava, agora ciente do que havia acontecido.
— Não... — ele sussurrou, sua voz quebrada, quase inaudível. — Isso não pode ser...
Mas era. A coroa estava sobre minha cabeça, e o reino finalmente tinha seu verdadeiro herdeiro.
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Madara, Simon e Fred correram na minha direção, suas figuras se destacando no caos ao redor enquanto a multidão, ainda atônita, começava a se dispersar lentamente. O mundo parecia girar em câmera lenta, os sons abafados pela euforia e pelo poder que ainda pulsava em meu corpo. Eu havia feito o impossível, mas naquele momento, tudo que eu queria era ver Madara.
Madara foi o primeiro a chegar até mim. Antes que eu pudesse sequer respirar, ele me envolveu em um abraço apertado, como se quisesse garantir que eu era real, que ainda estava ali. Seus braços ao redor de mim eram calorosos, e a força com que ele me segurava fazia meu coração bater mais rápido do que qualquer batalha poderia. Por um instante, esqueci todo o caos, toda a luta. Era apenas eu e ele.
— Theo... — ele sussurrou contra meu ombro, a voz carregada de emoção. Sua respiração estava pesada, e pude sentir seu coração batendo contra o meu peito. — Eu pensei que... pensei que te perderia.
Aquelas palavras me atingiram com força, mais do que qualquer golpe de Drengsus poderia ter feito. Eu retribuí o abraço, apertando-o com a mesma intensidade, como se só aquele toque pudesse dissipar todo o medo que ambos tínhamos sentido.
— Nunca vou te deixar, Madara — murmurei, meu rosto enterrado em seus cabelos. Havia tanta coisa que eu queria dizer, mas naquele momento, as palavras pareciam pequenas demais. Tudo que importava era o que sentíamos ali, no calor daquele abraço.
Madara afastou-se um pouco, apenas o suficiente para olhar nos meus olhos. Seus olhos estavam cheios de emoção, de alívio e algo mais que eu não tinha coragem de nomear até aquele momento. O brilho em seu olhar era mais intenso do que qualquer outra coisa que eu havia visto naquele salão destruído. E então, sem pensar, sem hesitar, ele fez o que eu secretamente ansiava.
Com um movimento suave e decidido, Madara se inclinou e me beijou.
O mundo ao nosso redor desapareceu, a batalha, a multidão, tudo se dissolveu em segundo plano. Seus lábios eram quentes, e o beijo foi ao mesmo tempo urgente e suave, como se ambos estivéssemos tentando capturar um momento que tínhamos esperado por tanto tempo. Meu coração disparou, e toda a energia que corria em mim parecia se fundir ao calor daquele toque.
Quando nos separamos, ofegantes, havia algo novo entre nós, uma conexão mais forte, mais intensa. Eu o encarei, ainda absorvendo o que tinha acabado de acontecer, enquanto ele apenas sorria, o alívio misturado com carinho.
— Eu sempre soube — disse Madara, a voz baixa, mas cheia de emoção. — Sempre soube que você era mais do que pensava. Que era o único que poderia salvar tudo isso... e a mim também.
Fred e Simon chegaram logo depois, mas o momento entre mim e Madara ainda pairava no ar, intocável. Eu sorri para ele, sentindo um calor que parecia tão certo quanto o poder da coroa em minha cabeça. Talvez salvar o reino fosse meu destino, mas, naquele instante, salvar Madara e estar ao seu lado era a única coisa que realmente importava.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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