Capítulo Vinte e Dois

Theodoro Vinro:

Quando recobrei a consciência, a dor era esmagadora, irradiando por todo o meu corpo. Eu estava deitado no chão, cada movimento um lembrete de que ainda estava vivo, embora mal. Meu peito subia e descia de maneira irregular enquanto lutava para processar o que havia acontecido. Ao meu redor, havia uma camada espessa de fuligem negra, como um resquício sombrio da batalha que acabara de sobreviver. Foi então que percebi o falcão ao meu lado, retornado à sua forma diminuta, frágil como se o poder dele também tivesse se esvaído.

Minha mochila estava aberta, e o som inquietante de um resfolegar seguido de um relinchar áspero chamou minha atenção. Levantei a cabeça com esforço e vi o tigre e o cavalo, seus olhos ferozes e atentos, focados em Ash. Eles estavam tensos, prontos para atacar, e mais ainda agora que Ash segurava a própria mão, o rosto contorcido de dor. Sua pele estava chamuscada, e o cheiro de carne queimada permeava o ar.

— Você fez isso comigo! — Ash vociferou, sua voz carregada de amargura e acusação. Seus olhos me fitaram com uma intensidade que me fez estremecer. Me forcei a levantar, ignorando a dor que latejava em meus membros, e dei alguns passos vacilantes até onde um livro estava caído aos pés de Ash. Abaixei-me para pegá-lo, minhas mãos tremendo levemente ao tocar as páginas.

Quando o abri, fiquei surpreso ao ver o nome de Ash brilhando em vermelho vivo, como se estivesse em chamas, pulsando com uma energia inquietante.

— Parece que um espírito só pode retomar seu nome se eu der a permissão — murmurei, minha voz carregada de surpresa e uma leve exaustão. O peso dessa descoberta parecia puxar meus ombros para baixo. Levei a mão instintivamente até minha testa, onde senti algo estranho, uma marca nova que não deveria estar ali.

Meu coração disparou, e minha mente se encheu de ansiedade. Vasculhei a mochila com pressa, jogando itens para o lado até encontrar um pequeno espelho, sua superfície rachada, mas ainda refletindo o suficiente para ver o que precisava. Quando o abri, mal acreditei no que vi. Ali, em minha testa, brilhava um símbolo que nunca havia estado lá antes: uma lua crescente entrelaçada com um sol, ambos em tons delicadamente rosados.

Minha respiração ficou presa na garganta. O que aquilo significava? E por que agora?

— O que você fez comigo...? — Ash murmurou atrás de mim, a voz baixa, quase quebrada, cheia de um misto de dor e confusão.

— Calado. — Minha voz saiu fria, mais dura do que eu pretendia. O símbolo em minha testa brilhou intensamente, e a luz foi tão poderosa que fez Ash se encolher onde estava, como se a força daquela simples palavra fosse um golpe físico. Ele ignorou completamente a dor em sua mão chamuscada, o medo e a submissão transparecendo em seu corpo tenso.

O ar ao nosso redor começou a pulsar com algo diferente — uma energia vibrante, espiritual, que parecia fazer cada molécula do ambiente estremecer. A atmosfera, pesada antes, agora se expandia com uma pressão crescente, como se o mundo ao meu redor estivesse prestes a explodir. Eu podia sentir aquela força convergindo, vindo em minha direção como uma onda prestes a me engolir.

Minha pele formigava, os pelos dos meus braços se arrepiando com a intensidade do poder invisível. Não havia como escapar, nem para onde correr. Eu era o centro de tudo isso, o epicentro de uma força que eu mal entendia, mas que me reconhecia de alguma forma. A energia, quente e pulsante, parecia envolver minha mente e meu corpo, alimentando o símbolo na minha testa, que ardia ainda mais forte com aquele brilho rosa-luminoso. Era como se eu estivesse conectado a algo muito maior, algo que eu ainda não compreendia, mas que já começava a me dominar.

Meus olhos se estreitaram, o mundo à minha volta parecia vacilar por um segundo, as fronteiras entre o físico e o espiritual desmoronando. Eu podia sentir as presenças ao meu redor, o medo no coração de Ash, o olhar atento do tigre e do cavalo, todos presos na mesma rede de poder que agora fluía para mim. Algo estava mudando, e eu não sabia se estava pronto para lidar com isso.

Respirei fundo, sentindo o peso do livro em minhas mãos, e me levantei do chão com um esforço silencioso. O ar ao meu redor parecia mais pesado agora, denso com uma energia que eu não compreendia completamente, mas que estava claramente lá.

— Parece que você acordou antes de mim — falei, minha voz soando mais controlada do que eu me sentia por dentro. Meus olhos encontraram os de Ash, que me observava com uma mistura de desconfiança e curiosidade. — O que você viu?

Ash hesitou por um momento, como se tentasse organizar as palavras antes de falar, sua respiração ainda pesada. — Nós caímos no chão... e quando aquele espírito das trevas avançou, sua testa brilhou — ele disse, com um toque de incredulidade na voz. — No instante seguinte, o espírito se desfez em fuligem. Como se fosse consumido por algo que eu não pude ver. — Seus olhos se estreitaram, fixando-se em mim com uma intensidade que me fez estremecer. — Agora, quero saber o que você realmente é.

A pergunta pairou no ar como uma faca afiada. Meu coração acelerou, mas eu mantive minha expressão neutra, tentando processar as implicações do que ele acabara de dizer. Minha testa brilhou? E eu destruí o espírito das trevas... sozinho? O símbolo da lua e do sol ainda queimava levemente em minha pele, como se estivesse vivo, pulsando em sincronia com o poder ao meu redor.

— Eu não sei — murmurei, com um toque de verdade amarga em minha voz. Eu sentia que algo em mim havia mudado, mas a resposta que Ash buscava, eu também não tinha. — Mas o que quer que isso seja... não é algo que escolhi.

Ash me olhava com uma mistura de ceticismo e medo, e eu me perguntei se, daqui para frente, seríamos mais aliados ou inimigos. A tensão entre nós era quase palpável, e no fundo, eu sabia que essa pergunta — "o que você realmente é?" — era algo que eu precisaria descobrir antes que a resposta me consumisse.

— Eu não acredito nisso... — Ash murmurou, sua voz tremendo com uma mistura de medo e espanto. — As únicas pessoas capazes de aniquilar um espírito com tanta energia espiritual são os monarcas espirituais. — O rosto dele empalideceu à medida que me encarava, o olhar fixo em mim como se estivesse diante de algo incompreensível. — Você... é filho de um deles?

Meu olhar se endureceu instantaneamente, e a raiva borbulhou dentro de mim, intensa e silenciosa. Ash percebeu o erro e se calou imediatamente, sua boca se fechando enquanto dava um passo hesitante para trás. O ar ao nosso redor parecia ficar ainda mais denso.

— Eu não sou filho de nenhum deles — declarei, minha voz carregada de uma firmeza que não deixava espaço para dúvidas. A ideia de ser ligado àqueles monarcas espirituais, que governavam com tanto poder e mistério, me causava repulsa. Eu sabia quem eu era — ou pelo menos, pensava saber. — Mas agora não temos tempo para discutir isso. Precisamos ir até onde os monarcas estão... e onde meus amigos também estão.

Ajoelhei-me ao lado do tigre e do cavalo, sentindo a suavidade do pelo sob meus dedos enquanto fazia cafuné em suas cabeças. Era uma maneira de me reconectar com eles, de trazer de volta uma pequena sensação de normalidade em meio ao caos que nos cercava. Ambos os animais pareciam compreender, seus olhos brilhando com uma lealdade inabalável, prontos para seguir em frente.

— Podem me mostrar o caminho até o reino de Scrapbooks? — pedi com um tom mais suave, mas ainda carregado de urgência. — Da maneira mais secreta possível. Não podemos ser vistos.

O tigre e o cavalo pareciam trocar um olhar entre si, como se estivessem discutindo silenciosamente a melhor rota. Meu coração estava acelerado, a sensação de que algo maior e mais sombrio estava nos esperando logo adiante me deixava inquieto. E, embora eu tivesse medo do que encontraria no reino de Scrapbooks, sabia que não poderia hesitar. Os monarcas espirituais detinham as respostas — e meus amigos precisavam de mim agora mais do que nunca.

***************************

O tigre avançou pela floresta com passos silenciosos, o cavalo logo atrás, e eu os segui de perto, sentindo o peso crescente da escuridão ao nosso redor. As árvores se erguiam como sombras gigantescas, seus galhos entrelaçados formando uma espécie de cúpula sobre nossas cabeças, bloqueando a luz da lua. A cada passo, o ar ficava mais denso, carregado com uma energia inquietante, como se a própria floresta estivesse viva, observando-nos.

Ash seguia logo atrás de mim, seu olhar nervoso constantemente varrendo a área. Ele ainda estava em choque, talvez mais assustado do que nunca após o que tinha visto. Eu podia sentir o peso do que estava por vir em cada fibra do meu corpo, mas não havia tempo para hesitação. Precisávamos chegar ao reino de Scrapbooks antes que mais espíritos ou seres sombrios aparecessem.

— Estamos perto da fronteira — sussurrou Ash, quebrando o silêncio que nos envolvia. — Mas essa área é conhecida por ser... perigosa.

Antes que pudesse responder, um barulho abafado, como um rosnado profundo, ecoou entre as árvores. Parei instantaneamente, o coração disparando no peito, e estendi a mão para o tigre, que imediatamente enrijeceu, seus músculos tensos sob a pelagem. O cavalo também parou, levantando a cabeça, as orelhas em alerta.

— Algo está vindo — murmurei, mal conseguindo controlar a adrenalina que começava a correr pelas minhas veias.

De repente, do meio das sombras, surgiram figuras distorcidas, bestas com olhos brilhantes, suas presenças envoltas em névoa negra. Cães de caça monstruosos, maiores do que qualquer animal comum, com presas afiadas e patas grossas que batiam no chão com um peso ameaçador. Eles nos cercaram rapidamente, seus olhares fixos em mim, como se pudessem sentir o poder que carregava.

O primeiro ataque foi rápido. Um dos cães avançou com uma velocidade assustadora, suas mandíbulas prontas para me atingir. Com um movimento rápido, o tigre saltou na frente, suas garras afiadas rasgando o ar enquanto ele se chocava contra a besta, emitindo um rugido ensurdecedor.

Eu senti o poder pulsar dentro de mim, o símbolo na minha testa queimando como se estivesse vivo. As criaturas não estavam apenas atrás de nós — estavam atrás de mim, atrás do que eu me tornara.

— Corra! — gritei para Ash, que hesitou por um segundo antes de disparar em direção a uma pequena abertura entre as árvores. O cavalo o seguiu de perto, suas patas batendo contra o chão com força.

Outro cão monstruoso avançou, desta vez mirando o tigre, que lutava para se defender. Sabia que precisava agir rápido. Sentindo a energia se acumular em minhas mãos, invoquei o "Espírito da Terra", e o chão sob meus pés começou a tremer violentamente. Raízes espessas e retorcidas brotaram do solo como serpentes, envolvendo as patas dos cães, imobilizando-os momentaneamente.

— Isso deve nos dar algum tempo! — murmurei, sentindo o suor escorrer pelo meu rosto. No entanto, sabia que isso não os manteria afastados por muito tempo. As raízes estavam se partindo, e os cães já começavam a se soltar.

Eu sabia que o verdadeiro perigo ainda estava por vir.

As raízes seguraram os cães apenas por um breve momento, suas forças monstruosas já as rompendo enquanto seus rosnados ecoavam pelas árvores. O chão ainda tremia com a energia que invoquei, mas eu podia sentir o tempo se esgotando, como areia escapando entre meus dedos. O tigre rosnou ao meu lado, sua respiração pesada enquanto se preparava para o próximo ataque, os olhos fixos nos monstros que nos cercavam.

Ash, que havia corrido na direção das árvores, parou por um momento, olhando para trás com desespero nos olhos. Ele sabia que fugir sozinho não adiantaria. Eu também sabia. Aqueles cães de caça monstruosos não eram comuns. Eles caçavam por instinto, mas, acima de tudo, eram guiados por algo maior — algo que talvez estivesse me seguindo desde o início.

— Não podemos vencer todos eles! — Ash gritou, sua voz vacilante com o pânico, enquanto as raízes finalmente se desfaziam sob o peso das criaturas.

Eu sabia que ele estava certo. Não tínhamos chance de derrotar todos aqueles monstros naquelas condições. Precisávamos de uma estratégia.

— Confie em mim — murmurei para o tigre e o cavalo, e eles pareceram entender, prontos para o meu próximo comando.

Estendi as mãos novamente, invocando o poder do símbolo em minha testa. A energia espiritual em meu corpo se intensificou, ardendo como fogo, e o chão começou a tremer ainda mais forte. Eu sentia a terra respondendo ao meu chamado, mas dessa vez, eu precisava mais do que raízes e tremores. Precisava de algo que nos desse tempo para escapar.

— Terra, proteja-nos! — murmurei, com os dentes cerrados, e o chão sob os pés dos cães de caça começou a ceder, como se a floresta inteira estivesse desmoronando.

Com um rugido profundo, a terra se abriu, formando uma fenda larga e escura, sugando três dos monstros para suas profundezas. Os rosnados deles ficaram abafados enquanto caíam, e por um breve momento, havia esperança.

— Agora! — gritei para Ash, correndo em sua direção. O tigre e o cavalo seguiram rapidamente, e conseguimos passar pela abertura entre as árvores, fugindo das criaturas que ainda restavam.

O som de patas pesadas e resfolegares continuava atrás de nós, mas a floresta densa começava a trabalhar a nosso favor. As árvores altas e o terreno irregular dificultavam o avanço dos monstros, e eu sabia que, se mantivéssemos o ritmo, poderíamos alcançar algum lugar seguro.

Minha respiração estava descompassada, e o cansaço começava a pesar em meus músculos. O poder que eu usava não era infinito, e cada vez que o invocava, sentia uma parte de mim se desgastar. Mas não podia parar. Não enquanto meus amigos estivessem em perigo, não enquanto Scrapbooks estivesse tão perto e tão longe ao mesmo tempo.

— Eles ainda estão vindo! — Ash gritou, virando-se para me olhar, seus olhos arregalados.

Eu podia ouvir os monstros rosnando e quebrando galhos atrás de nós. O tigre estava se esforçando para correr ao meu lado, e o cavalo já mostrava sinais de cansaço. Precisávamos de uma saída rápida, ou seríamos pegos.

— Vamos, só mais um pouco! — gritei, tentando motivar a mim mesmo e a todos ao meu redor.

Foi então que, no meio da floresta, uma figura surgiu à nossa frente. A princípio, não consegui distingui-la completamente, mas ela parecia brilhar levemente, como se estivesse envolta em uma luz espiritual. Meu coração disparou com a incerteza. Não sabia se era mais um inimigo ou se, por algum milagre, tínhamos encontrado ajuda.

— Quem está aí? — perguntei, meu tom firme, mas hesitante.

A figura deu um passo à frente, e então eu a vi com clareza. Era um homem alto, com roupas ornamentadas e uma aura de poder inegável. Seus olhos brilhavam com um verde intenso, e havia uma coroa espiritual, quase invisível, pairando sobre sua cabeça. Ele parecia intocável, como se fosse parte do próprio tecido do mundo.

— Vocês estão sendo caçados — disse ele, sua voz suave, mas cheia de autoridade. — E agora que chegaram tão perto, não podem mais fugir.

O coração apertou no meu peito. Ele era um dos monarcas espirituais. E estávamos diretamente no caminho dele.

— Meu rei... — Ash disse, sua voz cheia de reverência e temor. Mas o rei nem sequer o olhou, sua atenção estava inteiramente focada em mim. Ele se movia com uma calma quase inquietante, seus passos eram silenciosos, como se a própria terra se curvasse sob seus pés para facilitar sua passagem. Meu instinto imediato foi dar um passo para trás, o coração acelerando no peito.

Eu podia sentir o peso de sua presença, a aura de poder que o rodeava parecia pressionar o ar ao meu redor, tornando cada respiração mais difícil. Seus olhos verdes brilhavam com uma intensidade fria, avaliando-me com uma curiosidade silenciosa, como se pudesse ver através de mim, lendo cada segredo que eu tentava esconder.

— Quem... quem é você? — perguntei, minha voz trêmula, mas eu tentei manter a firmeza. O símbolo em minha testa ainda pulsava, embora mais fraco agora, e senti a energia espiritual dentro de mim se agitar, como se estivesse se preparando para algo inevitável.

O rei parou à minha frente, a poucos passos de distância. Ele era muito mais alto do que eu imaginava de perto, e sua presença era opressora. Seu olhar penetrante me analisava, e uma leve curva surgiu em seus lábios, como se tivesse acabado de descobrir algo interessante.

— Você não sabe quem sou? — Ele falou com uma voz suave, mas carregada de autoridade. — Sou um dos monarcas espirituais, aquele que reina sobre os segredos da terra e dos espíritos. — Seus olhos brilharam mais intensamente por um momento. — E você, garoto, carrega algo que não compreende.

Meu corpo enrijeceu com suas palavras. Eu sabia que havia algo diferente em mim, mas ouvir isso de um dos monarcas espirituais tornava tudo ainda mais real. Eu não era apenas alguém comum envolvido em algo maior — havia algo mais, algo que ele podia ver e que eu ainda não compreendia completamente.

— Eu não sou como você. Não sou filho de nenhum monarca espiritual, não sou parte desse mundo. — Minhas palavras saíram mais rápidas do que eu queria, mas mantive o olhar firme. — Só quero encontrar meus amigos e sair daqui.

O monarca ergueu uma sobrancelha, como se estivesse surpreso com minha resposta, mas o sorriso em seus lábios se alargou levemente. Ele deu mais um passo à frente, me forçando a recuar mais um pouco.

— Talvez não seja filho de um monarca, mas... algo em você carrega o toque dos reinos espirituais. — Ele inclinou a cabeça, seus olhos verdes estudando cada detalhe do símbolo em minha testa. — Esse símbolo... pertence aos deuses antigos. Algo muito além dos monarcas. E, por isso, você é mais importante do que imagina.

As palavras dele ecoaram dentro de mim, e uma sensação de pavor cresceu em meu peito. Não apenas pelos espíritos, não apenas pelos monstros que nos perseguiam... mas porque, de repente, senti que havia sido arrastado para algo muito maior, algo que nem o rei poderia controlar completamente.

— Eu... não quero essa responsabilidade — murmurei, quase como um sussurro, enquanto a realidade do que estava acontecendo começava a se instalar.

O rei se aproximou mais, seus olhos verdes ainda fixos em mim.

— Infelizmente, garoto, nem sempre temos escolha.

O monarca estendeu a mão em minha direção, seus dedos prestes a me tocar, e uma sensação avassaladora de perigo tomou conta de mim. Cada instinto gritava que eu precisava fugir, me afastar de sua presença sufocante.

— Me deixa em paz! — gritei, com toda a força que encontrei em meu peito. O símbolo em minha testa brilhou intensamente, irradiando uma luz tão forte que o próprio ar pareceu vibrar com a energia espiritual. O monarca recuou bruscamente, como se tivesse sido empurrado por uma força invisível, seus olhos arregalados de surpresa.

Aproveitei o momento de hesitação dele. Sem pensar duas vezes, agarrei a mão de Ash, que ainda estava paralisado pelo medo, e puxei-o com força.

— Vamos! — gritei, minha voz desesperada.

Corremos através da floresta, meus pés mal tocando o chão enquanto o som de nossos passos ecoava pelas árvores. Podia sentir o peso da presença do monarca atrás de nós, mas ele não nos seguia diretamente. Parecia que a força do símbolo o havia mantido afastado, pelo menos por enquanto.

Foi então que avistei uma barreira à nossa frente, um campo de energia opaco que se estendia entre as árvores, como uma parede invisível de pura força espiritual. Meu coração disparou ainda mais, e sabia que não tínhamos escolha. Precisávamos ultrapassar aquela barreira ou seríamos pegos.

Sem hesitar, aumentei a velocidade, puxando Ash com mais força. — Segure firme! — gritei para ele, enquanto nos preparávamos para o salto.

Com um impulso desesperado, pulei, o corpo inteiro se lançando no ar. Senti a energia da barreira nos envolver por um momento, como se o tempo tivesse diminuído ao nosso redor. Por um instante, pensei que não conseguiríamos atravessar, que seríamos jogados de volta. Mas o símbolo na minha testa brilhou novamente, e senti a barreira ceder, permitindo nossa passagem.

Aterrissamos do outro lado, rolando pelo chão coberto de folhas. Eu me levantei rapidamente, ofegante, meu corpo tremendo com a adrenalina. Ash estava ao meu lado, ainda em choque, mas vivo.

— Conseguimos... — murmurei, olhando ao redor. O monarca havia ficado para trás, do outro lado da barreira. Por enquanto, estávamos a salvo. Mas eu sabia que aquilo não acabaria tão facilmente.

O reino de Scrapbooks estava mais perto, mas também os perigos que nos aguardavam lá dentro.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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