Somos frutos de noites intensas de trocas de carícias, palavras obscenas e de grunhidos de satisfação. No entanto, nem sempre somos desejados. Existe sempre a possibilidade da rejeição. É de lamentar que tal aconteça, porque as vidas das inocentes crianças tornam-se numa grande incógnita e os desertores, à medida que o  tempo passa diante dos seus olhos, acabam por se arrepender do seu ato. São diversos os motivos que os levam a cometer tal atrocidade, mas nem todos servem como desculpa, uma vez que estes destruíram as vidas de pequenos diamantes. Eles irão viver perdidos no mundo das trevas, esperando que a felicidade os liberte dessa prisão.

Uns optam por esta atitude porque se recusam a aceitar a realidade. Revelam aquilo que mais ninguém vira: as suas inseguranças, medos, o seu egocentrismo, egoísmo e falta de responsabilidade. Por mais que estes fatores os intimidem, uma criança também é um ser humano, portanto também tem sentimentos. É certo que se pode tecer uma teia de mentiras, para enrolar o pequeno ser e protegê-lo a dura realidade. Ainda assim, vão sentir-se traídos, não só com o progenitor que os deixou, mas também com a outra pessoa que lhe ocultara todos estes factos durante vários anos. Acabam por se sentir como uma grande pedra no sapato e acreditam que não passam de anjos que em vez de serem considerados valiosos, são ignorados e magoados para onde quer que se dirijam.

Outros deixam a pessoa com quem se envolveram por não haver a mesma química que existira em tempos anteriores. Muitas vezes deixam apenas uma carta e partem sem deixar qualquer pista sobre o seu paradeiro. Eu penso que isto é um dos mais puros atos de cobardia. Deixar alguém sabendo que existe outra pessoa no meio que necessita de apoio, compreensão, amor e um pilar é simplesmente desumano. Estas pessoas acabam por voltar e tentam reconstruir aquilo que destruiram com uma estúpida atitude. Depois, acabam elas por ser rejeitadas e a sentir o peso da culpa nos seus ombros.