Capítulo 18
Engolindo em seco, nosso jovem herói andou, pé ante pé, até a janelinha de vidro na porta da cozinha. Mesmo que o panico tomasse seus poros, dificultando sua respiração, ele se surpreendeu com a visão do que acontecia no salão da confeitaria e se permitiu aliviar parte da tensão de seu corpo.
Apenas parte do vidro da porta estava quebrada e ninguém adentrara a loja. Fora tão somente um ato de vandalismo realizado por jovens arruaceiros, muito comuns naquela região, Jake, podia, inclusive, escutar seus gritos afobados descendo a rua, se afastando do local.
Não demorou mais que alguns minutos para o choque passar e começar a amaldiçoar até a quinta geração daquele infratores, cuja imbecilidade ultrapassava os limites imagináveis, antes de começar a limpar todo aquele vidro espalhado pela loja inteira.
— Senhor P...Park? — Jake levou um pequeno susto antes de reconhecer aquela frágil vozinha que o chamava. — O senhor está bem?
— Oh, Bonnie! Que susto, menina! — Repreendeu ele, a jovem garotinha loura que sempre o ajudava carregar as compras do supermercado em troca de algum dinheiro para a família. — O que está fazendo na rua a essa hora, pequena?
—.Peço perdão, senhor Park, não foi a minha intenção assustá-lo. — Respondeu ela se encolhendo pelo frio do inverno. Também pudera, a pequena usava roupas de tecido tão fininho que seria milagre se a protegesse da mais leve brisa da primavera.
— Não respondeu uma pergunta, Boo... — Jake insistiu largando a vassoura de lado. — Não gostaria de entrar? Posso preparar uma caneca de chocolate enquanto conversamos...
Mas ela negou com veemencia a cabeça, no entanto seu olhar salivava com a ideia de algo tão saboroso e quentinho.
Jake conhecia bem esse olhar, por isso continuou a convidá-la.
— Sinto muito, senhor. — Respondeu finalmente a garota desviando o olhar para o chão. — Mas não tenho dinheiro para pagá-lo...
— Oh não Boo, estou convidando você, não precisa se preocupar. — Disse o mais velho com um aperto no coração. — É por conta da casa, entre...
— Tudo bem... — Respondeu tímida aceitando a mão de Jake que a guiou até a cozinha, onde se pôs a preparar duas xícaras quentinhas de chocolate.
— Então... por que não está em casa essa hora, anjo? — Jake questionou novamente ao entregar a caneca nas mãozinhas delicadas dela.
— Não tenho mais casa... — Confessou a pequena com um certo brilhinho de vergonha no olhar. — Mamãe foi embora quando o banco a tomou semana passada...
— Você está vagando por essas ruas geladas durante todo esse tempo? — erguntou seriamente e arfou quando recebeu a confirmação da menor. — Santa Cenourinha, Bonnie, você tem o que? 11 anos?
— Eu tenho 12, Senhor Park... — Suspirou. — E não é como se eu tivesse escolha...
— Sinto muito, pequena... Sei como se sente...
— Sabe?
— Infelizmente... — Falou pesaroso, contando sua triste história para a aquela linda criança, que a escutava com atenção.
— Então o Sunghoon te perdoou mesmo assim? — Perguntou espantada com a narrativa.
— E perdoaria mais um milhão de vezes. — Uma terceira voz se fez presente na cozinha, assustando Jake e Bonnie.
— Querido! Você deveria estar na cama! — Censurou Jake se levantando imediatamente para guiar seu amado, enrolado em um cobertor, até um banquinho ao redor da mesa.
— Você estava demorando, então desci para verificar, estavam tão entretidos na conversa que nem me escutaram chegar... —Explicou Sunghoon com sua voz alguns tons mais roucos que o normal por causa do resfriado.
— Oh, sinto muito, por atrapalhar vocês... — Bonnie se manifestou sentindo-se culpada. —Acho que é hora de ir...
— Você não precisa ir se não quiser. — Jake se pronunciou fazendo Bonnie parar seus movimentos. — Digo, não tem problema, não é, querido?
— Se você não a convidasse para ficar, eu mesmo o faria. — Respondeu Sunghoon sorrindo para a garotinha. — Você terá que dormir no sofá cama essa noite...
—.Podemos ligar para o Heeseung amanhã e pedir para trazer a antiga cama do Jungwon para cá amanhã. — Panejou Jake com um olhar sonhador. — Agora que ele está vivendo com Jay, não vai precisar dela...
— Isso então transformaremos o armazém em um quarto de verdade! — Concordou Sunghoon animado com as possibilidades.
— Heeseung pode nos indicar um bom advogado para ajeit...
— Esperem. — Bonnie interrompeu a conversa dos senhores Park's assim que saiu de seu transe. — Querem que eu fique?
— Se você concordar, é claro... — Jake disse se sentindo subitamente inseguro, apertando com força a mão do marido.
Segundos se passaram antes que resposta fosse finalmente dada a resposta de Bonnie com voz chorosa:
— Eu aceito...
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