Perigoso

 Aquela era a melhor experiência da minha vida inteira. Meu subconsciente me avisava que eu tinha uma lista ótima de experiências, e parecia um exagero subi-la ao topo assim. Mas, a maioria dos meus pensamentos apenas se deslumbrava com a ideia, eu sentia tanta emoção correr por minhas veias que parecia demais para lidar. Meu corpo não sabia como reagir. Talvez eu fosse desmaiar dali a pouco.

Justin colocou a mão nas minhas costas para me guiar enquanto me conduzia na frente daquela espécie de casa longa com janelas brancas e paredes vermelhas, havia uma abertura no solo na extremidade esquerda, um lance de escadas para baixo. Ele parecia ter adivinhado minha necessidade de apoio. Seu toque era reconfortante, mas ao mesmo tempo me deixava mais eletrizada. Eu sentia que meus olhos saltavam das órbitas quando ele abriu a porta dupla de vidro. Um grande corredor branco se estendia a nossa frente. Diversas caixas pretas empilhadas estavam nos cantos, junto com algumas mesas curiosas permeadas por luzes. O teto era cheio de lâmpadas redondas, separadas em poucos centímetros umas das outras, o chão recoberto por aquele material cinza confortável e silencioso. Perguntei-me se era esse o intuito, de manter nossos passos com o menor ruído possível.

Ignoramos as primeiras portas, após as letras douradas que formavam as palavras Henson Studios Justin empurrou a porta dupla preta, havia um pequeno corredor com mais duas entradas à esquerda e mais uma porta preta a frente, Justin empurrou mais essa e apontou para que eu entrasse, muito presunçoso. Precisei colocar as mãos na boca por precaução ao sentir um grito histérico fanático escalar minha garganta.

— Bem vinda a minha batcaverna, Lia.

Eu não havia me preparado para aquilo, mesmo com o tempo que tivemos no carro até definitivamente chegar ali. Aquele não era qualquer estúdio. Era o estúdio em que ele produzia suas músicas, que gravara as duas obras de arte que havia me mostrado naquele dia. Era como se eu houvesse aberto uma porta pitoresca e entrado em meu sonho no fim do arco-íris. Era ali que a magia acontecia.

O cômodo não era muito grande, um tamanho razoável, oval, as paredes pareciam revestidas por madeira. Vários equipamentos estavam instalados em cada canto, uma versão diferente das mesas que eu vira no corredor anterior. Vários botões enfeitavam as superfícies, luzes coloridas piscavam das máquinas. Me parecia muito a central de uma nave espacial. A maior das mesas se concentrava na frente, quase tomando todo aquele canto, uma mesa de som gigante e complexa, um computador empoleirava-se nela, e fuçando nele estava um homem de óculos branco, moletom rosa, barba e bigode castanhos, orelhas um pouco pontudas. A parede na sua frente era revestida de vidro no meio, dando visão a outro espaço, onde estava o microfone.

— Lia, esse é o Josh, meu produtor — Justin disse quando o homem nos olhou.

Que ótimo, mais um Josh. Quando nomeei meu personagem de Josh não imaginei que o nome seria tão comum assim por ali. Será que a frequência era a mesma dos nomes Lucas, João e Matheus no Brasil? Que atire a primeira pedra quem não conhece um Lucas — ou quinhentos.

Apressei-me para estender minha mão a ele. Josh se levantou e abriu um sorriso muito simpático.

— Muito prazer, Josh — lutei para não gaguejar, desestruturada como estava.

— O prazer é todo meu, Lia.

— O nome dela é Julia — Justin pontuou de imediato, formando aquele beicinho para melhorar a pronúncia do meu nome.

— Ah — Josh se apressou em se corrigir — Julia.

Pensei em dizer que não me importava que usasse o apelido dado por Justin, mas não pareceu assim tão necessário. Deixei meus olhos explorarem um pouco mais e acabei identificando diversas caixas de som espalhadas, no centro três daqueles equipamentos estavam um do lado do outro, equilibrando um tampão de madeira que portava a fruteira. E no fundo, uma abertura na parede, pintada de preto, com um assento estofado embutido da mesma cor, lâmpadas redondas acima, como as do corredor.

— Eu quero mostrar para ela nossa gravação de hoje. — Justin falou, pegando uma maçã e jogando entre as mãos — Quer alguma coisa, Lia? Pode pegar.

Eu descartei preocupações com as mãos e olhei ansiosa para Josh, esperando que ele não desaprovasse minha presença ali, eu queria MUITO ficar. Mal havia acreditado quando Justin me disse que queria que eu o acompanhasse ao estúdio para me apresentar a música que estava trabalhando. "Mais ou menos sobre nosso assunto". Fiquei extremamente curiosa, no fundo me questionando se ele havia mesmo escrito "Juliah", uma música que me acusasse de oportunista e coisas assim.

Claro que depois de nossa conversa eu esperava que ele tivesse um pouco mais de ética, mas, talvez por isso me quisesse ali, para ter minha opinião sobre ela. "Você acha que te xinguei muito? Quer tirar alguma coisa? E se eu tornasse a crítica mais velada?". Ele é mesmo imprevisível. Então, era minha obrigação acompanhá-lo.

Mas, embora relutasse para admitir a mim mesma, minha principal motivação para ir ao estúdio fora a boa e velha adoração que eu tenho por seu talento musical. Uma oportunidade imperdível, e provavelmente a única na vida inteira. Para mim, Justin Bieber é a pessoa mais relevante na indústria da música, seria praticamente um crime me esquivar de presenciar aquele evento paradisíaco. Quase valia a pena perder a chance de publicar meu livro naquele país.

Não é para tanto, Júlia, foco.

— Magnífico, Jb, vamos seguir aquela ordem ou...

— Quero ir para I'll Show You. Pode ser?

Soltei um pouquinho do ar porque eu realmente esperava que a música tivesse meu nome. Mas não tê-lo no título não significava que eu estava livre. Esfreguei as mãos geladas.

— Você quem manda. — Josh se sentou outra vez, voltando a atenção ao computador.

— Fique aqui, Lia. Pegue a cadeira se quiser sentar mais perto do vidro ou se quiser ficar no sofá também, você escolhe — deu de ombros, apontando para os móveis.

Assenti com mais energia do que o necessário. Será que meu coração estava audível?

O canto de sua boca se ergueu para um sorriso amável e depois ele saiu pela porta que entramos, só para aparecer do outro lado do vidro em questão de segundos. Devia ter usado uma das portas do corredor pequeno.

— Pegue a cadeira, L... Julia, posso te mostrar as coisas aqui no painel se sentar ao meu lado.

Eu busquei a cadeira giratória no canto para me posicionar ao lado dele.

— Não me importo que me chame de Lia, se quiser — murmurei.

Ele se limitou a sorrir, mas sem olhar na minha direção, ocupado com os botões que mexia. Eu poderia perguntar, mas minha atenção se voltou para o vidro, vendo Justin colocar fones de ouvido. Atrás dele as paredes pareciam revestidas de tapetes variados. Curioso. Justin agora tinha uma folha de papel na mão, e se balançava enquanto mexia os lábios. Me remexi, inquieta para ouvir o que cantava, ávida.

— Muito bem, agora vou soltar o som para ele aqui... Vê?

Olhei bem de relance, sem conseguir desviar os olhos por muito tempo dele.

— Podemos, Jb?

— Pode soltar, Josh. Estou pronto.

Justin captou meu olhar e piscou para mim. Tive a impressão de que se não estivesse sentada cairia dura no chão, feito fruto maduro. Aquele sedutorzinho duma figa.

— Podemos ouvir o que ele está ouvindo ou só a voz dele, veja — me explicou. Ele soltou o som dentro da cabine e fora também, a introdução era curta, apenas um efeito marcante. Então Justin cantou, compenetrado na letra..

— My life is a movie and everyone's watching...

A acústica, como esperado e devido, era ótima ali. Seu timbre preencheu todo o espaço, me abraçando, e pareceu dominar todos os meus sentidos. Era como se ele fizesse carinho em meus ouvidos, adentrando meus tímpanos e descendo todo o canal até chegar no coração e aquecê-lo. Meus olhos arderam. Mordi a boca.

— Agora vou deixar só a voz pra gente — apertou um botão, então só havia sua voz aveludada soando nas caixas de som .

— So let's get to the good part and passed all the non-sense...

— Meu Deus, ele é.... ridiculamente incrível — grasnei, não exatamente conversando com o homem ao meu lado, eu precisava apenas desabafar aquilo.

Josh riu.

— Ele é mesmo.

De novo — Justin pediu de repente.

— E perfeccionista demais. Você vai ver, às vezes gastamos horas numa mesma estrofe. Acomode-se, Julia — segredou, antes de voltar a faixa.

E, ao que parece, exatamente como ele anunciara, Justin repetia incansavelmente os versos, as vezes estrofes prontas inteiras. Eu fui escutando as palavras em busca do seu significado — e alguma acusação também, confesso. O sentido central se baseava nas pessoas não saberem quem ele é, esquecerem que ele é humano e que ele mostrará seu verdadeiro "eu". Partiu meu coração ao meio. A única parte que me preocupou em talvez ser uma indireta para mim foi "você age como se me conhecesse, mas nunca me conhecerá".

Claro que eu podia estar sendo apenas egocêntrica, não devia ser sobre mim exatamente, mas às pessoas num geral. Ele não me levara ali para me atacar, só reforçar o que havia me dito, o quanto estava sendo difícil para ele, o quanto se sentia mal por tudo aquilo e se meu livro o incomodava tanto assim... Será que eu devia mesmo...

Balancei a cabeça, reorganizando meus pensamentos. A história não lhe faria mal algum, eu fora muito genérica em seus problemas, é tudo muito fantasioso, o ponto central é o romance. Quando ele lesse, perceberia que estava sendo exagerado.

Aquela era sua intenção desde o início? Me deixar de guarda baixa me trazendo ao estúdio para que eu questionasse minhas ações? Estava me manipulando? Apertei os olhos para sua carinha ingênua atrás do microfone, repetindo o refrão, completamente envolvido na música, parecia, de maneira literal, viajar entre as notas.

Bem, por outro lado, eu lhe pedira para ler minha história, então ele também podia jogar suas cartas, me mostrar seu lado. A música era sua arma, como o era minha escrita para mim. De qualquer forma, por mais perigoso que pudesse ser à minha sanidade mental, eu estava gostando de ser manipulada.

Fiz uma careta para minhas conclusões. E já se apresentavam os primeiros sinais de dano cerebral...

Naquele momento os olhos de Justin voaram para mim e ele imitou minha careta.

— Tem razão, Lia, está ruim. De novo, Josh.

Eu ergui as mãos de súbito.

— Não! Não está, não era isso, está ótimo! — Garanti energeticamente.

Ele revirou os olhos.

— De novo, Josh — repetiu com um sorriso afetado. Podia ter visto o rubor em meu rosto àquela distância? Merda.

Tentei evitar reações negativas motivadas por meus próprios pensamentos para não induzi-lo ao erro de novo. Aos meus ouvidos, ele praticamente não cometia erros, mas observei ele e Josh encontrarem melhorias para o que já estava perfeito na minha opinião. E quando eu achava que haviam terminado, Josh anunciou.

— Vamos para a segunda voz?

E assim eles recomeçaram a música para ponderar os melhores momentos de fazer a segunda voz, qual tonalidade, força, acabamento...E eu absorvia tudo com muito interesse, ainda sem acreditar que estava ali., cada segundo valorizado ao extremo. Justin passou ao nosso lado para ver o andamento com Josh antes de continuar nas melhorias.

— E então? O que está achando? Entediada? — Perguntou-me com expectativa.

— Não acho que eu poderia ficar entediada aqui, é... simplesmente fascinante — respondi com sinceridade.

Seu sorriso de covinhas apareceu.

— E a música, o que achou? — Essa perguntada foi levada com mais seriedade, minha resposta parecia ter grande valor. Isso queria dizer que eu estava certa sobre aquela linha ser sobre mim?

— É incrível, Justin, eu amei. Tenho certeza de que vai ser ótima.

Seus dentes brilharam para mim.

— Skrillex produziu a melodia, ele veio aqui no outro dia.

Ante que eu pensasse em responder meu celular vibrou exigente em minhas mãos. O som da chamada estava silenciado, mas o simples vibrar do aparelho me assustou. O visor anunciava uma chamada de vídeo do Danilo. Ele podia esperar. Desliguei.

— Que incrível, Skrillex é o cara das músicas eletrônicas, não é?

— Sim, ele é. Temos trabalhado em algumas coisas juntos. Esse ano vai ser incrível, você está preparada? — Empurrou meu ombro com o seu, radiante.

— Já está sendo.

Em dúvida se eu usara de ironia, ele deu uma risadinha. Mas, apesar de certas controvérsias, eu estava sendo sincera. Quase explodia de felicidade naquele exato momento. Josh estava repassando a gravação, eles se balançavam com o ritmo da música, atentos aos detalhes. Eu me segurava para não bater palmas a cada segundo. Então Danilo ligou outra vez e eu desliguei. O que podia ser tão urgente para interromper aquele momento? Se ele precisasse de ajuda eu não podia fazer muito do outro lado do oceano, faria mais sentido ligar para Isis.

Ele insistiu em ligar e eu não atendi. Abri as mensagens para pedir que esperasse e ele parecia ter tido a mesma ideia que eu.

"Júlia, atende, AGORA."

Se podia me mandar mensagem daquela forma não estava morrendo.

"Estou ocupada, Danilo, ligo depois."

Eu tinha certeza de que a mensagem havia chegado para ele, aliás havia o sinal de visualização, mas a peste me chamou de novo. Respirei fundo e apontei para o celular ao me virar ao Justin.

— Eu preciso atender uma ligação, já volto.

— Claro, pode usar aquela porta se quiser — ele apontou para nossa direita, onde havia uma porta de madeira.

Tomei o caminho indicado e acabei num cômodo mais amplo. Os móveis se baseavam em um piano de cauda preto, uma bateria, um sofá bege e — eu deveria ter previsto aquela — uma mesa de ping pong. Sorri, sua obsessão por ping pong é um fato conhecido entre os fãs. Ali o carpete era de madeira. Tentei me posicionar em um lugar não muito revelador para atender a chamada. Não queria que ele soubesse onde eu estava naquele momento, não queria perguntas inconvenientes enquanto não estava sozinha pelo menos. Escolhi o sofá, que ficava de costas para uma parede. Bem simples, o mais sofisticado naquele enquadramento era a planta.

— O que é tão urgente assim, meu filho?! — Atendi exasperada.

Ôh-Ôh, ele já estava com sua cara de desconfiança maliciosa.

— Onde você está, Júlia?

— Nos Estados Unidos, dã.

Qual era a motivação da pergunta? Meus pais teriam me denunciado aos meus amigos? Eu havia lhes contado que depois do almoço daria uma volta com Justin, porque não havíamos acabado nosso assunto, para não se preocuparem. Não cheguei a especificar que viríamos a Los Angeles, temendo uma retaliação. Aliás, eu não estava atenta às horas e ainda havia a viagem de volta a San Diego para considerar, assim que desligasse precisaria checar isso.

Mais uma questão pintou em minha mente: onde estava a Isis?

Danilo estreitou os olhos para mim.

— Eu digo o lugar específico, tonta. Qual parte do país?

— Será que isso é da sua conta?

Ao contrário do esperado, ele deu um sorrisinho de vitória com minha ofensiva.

— Você está com ele, não é, Julinha?

— E se estivesse?

Ele arqueou a sobrancelha e virou seu notebook para mim. Apertei um pouco os olhos para conseguir ler através dos pixels. Um site de fofoca havia postado uma foto minha entrando com Justin no estúdio. Engasguei com a saliva. Havia me esquecido que os paparazzis não saiam do pé dele e andavam como uma sombra atrás de qualquer novidade. Quando e se minha família visse aquela matéria...

E eu queria que a mídia soubesse que estávamos andando juntos? Isso não seria ruim para mim? Bom, não era eu que o estava processando...

— Hm, e daí?

Ele me encarou, ficando quase sério.

— Ju, eu só quero garantir que estamos seguindo o plano. Você está fazendo com que ele seja seu amiguinho para acabar com o processo, certo? Ou é ele quem está usando dessa estratégia e você está caindo? Não sei dizer porque você não nos contou mais nada. Quem convidou quem?

O fato de ter quase pensado em desistir do processo me obrigou a conter a cara de culpada.

Naquele momento Justin apareceu na porta, entrando com hesitação. Ah merda, sim, tudo o que eu precisava. Ainda bem que ele não entendia português.

— Danilo, vai ficar tudo bem, estamos tentando entrar em um acordo. Eu até já consegui convencê-lo de ler minha história, tenho o controle por aqui.

Ele passou a mão no rosto e subiu para o cabelo, agitando-o. Suspirou.

— Não sei por quê não estou comprando muito essa história... Ai, Júlia, você é muito boazinha e as pessoas usam disso para se aproveitar de você. Será que vou precisar ir aí te proteger?! Lembre-se de manter a firmeza.

Revirei os olhos. Justin já estava na metade do caminho para o sofá.

— Eu sei me cuidar. Você vai ver que vai ficar tudo bem. Preciso desligar agora, conversamos depois?

— Ele está te chamando para fazer o que agora? — Questionou com sua expressão sugestiva.

— Também te amo, Danilo. Até mais tarde — desliguei antes que ele pudesse jogar mais acusações e aproveitei para ver a hora. 18:30 p.m.

Saltei do sofá, se levaria mais ou menos duas horas para chegar a San Diego, eu deveria partir imediatamente.

— Era o seu namorado? — Justin perguntou com muita ingenuidade.

— Não. Já te falei que não namoro — respondi rápido, intrigada com sua suposição.

— Não é porque não namora que não pode ter casos românticos — destacou, como se estivesse sendo muito esperto — Era seu atual affair? Vocês pareciam aborrecidos. Ele está com ciúmes de mim? — perguntou esperançoso, parecia achar uma satisfação sombria com a ideia.

— Não, não e não, Justin, lamento não poder encher seu ego dessa forma.

Seus olhos se estreitaram para mim.

— Sei.

Suspirei. O que havia de errado com a minha palavra para ninguém confiar mais em mim?

— E eu vou precisar ir embora agora. Já está tarde, a viagem de volta é longa.

Já havia uma mensagem de Lara de vinte minutos atrás.

"E aí, Ju, não volta mais? Onde você está? Estamos um pouco preocupados"

Respondi da forma mais vaga possível, que estava bem e dali a pouco estava em casa. Dali a pouco vulgo duas horas. Ai, eu estava encrencada.

— Não se preocupe com a hora, tenho uma forma mais rápida de chegarmos lá — deu de ombros.

— Voando? — ironizei.

Mas ele assentiu.

— O quê?

Um sorriso cresceu em seu rosto.

— Eu tenho meus meios — se inclinou sobre a mesa do centro e pegou uma maçã na fruteira — me perguntei se eles guardavam todas aquelas frutas antes de irem embora —, dessa vez ele deu uma dentada nela — Pegue alguma coisa, Lia.

Eu podia fazer a modesta e ignorar a oferta, mas já estava mesmo ficando com fome, e o cacho de uva parecia me atrair muito.

— Tudo bem, mas eu realmente preciso ir embora — falei antes de colocar duas uvas na boca.

Ele passou por mim e se sentou no sofá, completamente relaxado.

— Você sabia que não é aconselhável comer andando? Dá indigestão.

Deitei a cabeça e arqueei as sobrancelhas, impaciente.

— Isso é um sequestro? Preciso decidir se devo ligar para a polícia.

Ele deu uma risadinha e bateu a mão no sofá ao seu lado me convidando a sentar ali.

— Consigo te levar em 15 minutos para lá, Lia, a partir do momento que sairmos. Tenho um jato particular, me auto presenteei no natal.

Eu engoli a uva com ruído. Nem conseguia imaginar uma quantidade tão grande de dinheiro para comprar um jato particular. Justin notou meu choque e ampliou o sorriso.

— Uma das minhas melhores aquisições. Facilita a vida. Você deveria saber sobre ele, postei no Instagram.

Realmente precisei me sentar.

— Imagino que sim. E desculpa não ter um inventário mental dos seus bens.

Ele mordeu a boca, tentando não sorrir. Pela resposta dos meus hormônios, era melhor ter sorrido. Costumes velhos que são difíceis de extinguir.

— Te perdoo se me responder com sinceridade a próxima pergunta.

Terminei de mastigar com satisfação minha fruta preferida e fiz uma careta para ele.

— O que é dessa vez? Qual é o meu filme preferido?

Ele fez um muxoxo.

— Não, já sei que é Crepúsculo. A pergunte é: qual é sua cor favorita?

Revirei os olhos, mas ele deu uma risadinha.

— É brincadeira. Quero saber o que você achou da letra da música. Muito dramática? Vitimismo demais? — Ele me olhou com atenção, esperando minha resposta.

Fiquei feliz que não precisasse responder que minha cor favorita também é roxo ou ele sem dúvidas ficaria se gabando por achar que minha escolha era absoluta influência sua. Para ser completamente honesta, roxo e preto. A pergunta alternativa era fácil demais.

— Não achei muito dramática. Achei muito autêntica. Uma coisa que a sociedade precisa ouvir, para ver se param de te enxergar como um robô musical.

— Robô musical — repetiu com humor. Sorri em resposta — Você é sempre muito sincera comigo, Lia, sinto isso. Vou acreditar em você.

Levantei um dedo para reforçar.

— Sim, não se esqueça disso.

Ele sabia aonde eu queria chegar e bufou baixinho. Terminou sua maçã com mais uma dentada enorme e jogou o que restara no lixo ali perto como se fizesse uma cesta. Claro que ele acertou. Sua mira sempre fora muito invejada por mim. Depois suspirou, arriando os ombros como se estivesse exausto.

— É tão difícil ser tão bom em tudo o tempo inteiro — reclamou com falsa modéstia.

Dei um empurrão em seu ombro como censura e seu riso inocente me fez sorrir. Quando ele ria daquele jeito dava vontade de niná-lo. Nunca entendi muito bem como ele conseguia ter aqueles traços infantis adoráveis e transitar tão facilmente para um homem maduro sedutor que faz os ovários explodirem. Um equilíbrio perfeito que o deixava muito perigoso. Como que para confirmar meus pensamentos, ele mordeu a boca — qual a necessidade?! — antes de dizer naquela voz grave e rouca — novamente, qual a necessidade?! —:

— O que foi, Lia?

Eu precisei pigarrear para desobstruir minha garganta, e esperava que aquilo também servisse para o nó em meu cérebro.

— Nada. Eu acho que... a... — me calei, espantada quando ele segurou meu queixo.

Perdi o ritmo cardíaco, meu coração parecia ter se esquecido de como era sua batida habitual, lutava para não me deixar na mão. Justin virou meu rosto ligeiramente para a direita, analisando minuciosamente como um cientista, depois para a esquerda, com o mesmo olhar investigador. Comprimiu os lábios.

— É interessante ver o rubor na sua pele chocolate. Fica tão nítido como se fosse blush. Sua cor naturalmente já brilha, Lia, deve ser bom ter nascido com um rosto assim.

O prazer cresceu em seus olhos quando meu rosto esquentou mais sob sua mão. Eu estava paralisada, de novo feito um animal esperando o bote. E se ele queria falar de beleza de nascença, bastava se olhar no espelho.

— Eu... hã... na verdade, tenho diversos problemas. Tem uma... mancha aqui na testa da espinha que ganhei semana passada — gaguejei.

Seus olhos subiram para minha testa e ele arqueou levemente a sobrancelha.

— Pelo menos uma prova de que você é real.

Humpf — bufei, sem ter certeza de que conseguiria formular uma frase coerente com seu rosto tão perto do meu. Eu estava completamente desconcertada com sua proximidade e atenção. Não era justo, ele ainda devia estar tentando me fazer desmaiar.

Justin é muito orgulhoso, ele só se daria por satisfeito quando atingisse seu objetivo. E ele não estava muito longe dele. Travei a mandíbula e forcei minha respiração a continuar constante. Nesse momento seus olhos foram diretamente para os meus, perdi a marcha na caixa torácica outra vez. Eu podia ver traços de diversão e alguma emoção escondida em sua íris de mel.

— Te incomoda que eu fique tão perto assim, Lia? — o hálito quente dele soprou em meu rosto. Parecia algum tipo de pó mágico ou gás que faz as pessoas desmaiarem, pois imediatamente me senti mais tonta. Ele parecia saber que eu não tinha condições de responder, continuou — Qual será a explicação de ficarmos tão desconfortáveis com a proximidade? — apertou os olhos, interessado. No caso dele, não parecia nada desconfortável.

Meu pescoço estava rígido, a tensão já se espalhava por meus ombros.

— Instintos.... animais, eu acho — sussurrei, antes de saber que pronunciaria alguma coisa.

— Hmm... — ele desceu a mão do meu queixo bem devagar até a base do meu pescoço, arrepiando toda parte que tocava. Contive um espasmo — Eu vi uma pesquisa uma vez que, se duas pessoas se olharem por quatro minutos, se apaixonam. Em dois minutos, ficam apavoradas. Você já está apavorada?

Sim, me cagando nas calças. Eu sentia impulsos vergonhosos e pensamentos que não repetiria nem para mim mesma. Quase doía fisicamente me manter quieta como estava. Fiz um esforço descomunal para franzir a testa sem que mexesse outra parte do corpo. Demorei um instante para dizer o que eu queria, seu perfume forte e maravilhoso infestava meu cérebro:

— Você quer que eu me apaixone por você? — planejei que a frase saísse crítica e fluente, mas me pareceu mais de um gatinho amedrontado, como se eu fosse subordinada às suas vontades, temendo a próxima tarefa a ser realizada.

O canto de sua boca se repuxou com maldade e eu concluí que sim. Ele havia me prometido alguns dias atrás que me destruiria, aquilo podia muito bem fazer parte dos seus planos para o meu fim épico. Para falar a verdade, eu me sentia mesmo muito fraca naquele instante, empurrando com as duas mãos um prédio de 30 andares que desabaria em cima de mim. Parecia uma causa perdida lutar tanto se obviamente o prédio era mais forte do que eu. Mas nunca fui de cair sem resistir até o fim das minhas forças. E não seria diferente ali.

Só não sabia quanto mais de força me restava. Precisava encontrar de novo aquele ódio que me tomara no começo da tarde, capaz de me fazer desejar socar seu rostinho perfeito.

Meu arsenal foi consideravelmente atacado quando sua expressão ficou mais grave e a sua mão livre voltou a tornar cativo meu queixo, o toque firme transformou meu corpo em massa de modelar nas suas mãos, ele poderia fazer qualquer coisa comigo sem encontrar muita resistência — ou nenhuma resistência. Pior ainda, eu suspeitava que não queria resistir.

Se eu tivesse capacidade de falar de novo, imploraria para acabar com aquela tortura.

Então, fui salva pelo gongo — assim minha sanidade, até aquele momento aprisionada no canto mais distante da minha mente, insistiu em entender. Meu celular tocou outra vez, e estávamos num silêncio tão absoluto que seu vibrar foi alto o suficiente para me fazer tremer. Eu resgatei o aparelho do meu bolso, conseguindo respirar quando Justin me libertou para fazê-lo. Minha respiração estava um pouco mais rápida do que o normal, o que me constrangeu completamente. Atendi sem prestar atenção no nome que o visor denunciava, atrapalhada ao extremo, recuperando o controle de mim mesma.

— Alô? — Atendi sufocada.

— Júlia? — Reconheci a voz de Lara, vagamente desconfiada com meu tom.

— Ei, oi — murmurei, ainda confusa.

— Está tudo bem?

— Hã, sim — eu estava olhando para os meus pés, lutando para me alienar do calor que podia sentir emanar do corpo ao meu lado — e você?

Bem... — respondeu hesitante —, você não vai voltar? Nosso pai está prestes a chamar a polícia aqui. Já são sete horas e... você sabe, não confiamos muito nele... eu acho — havia algum sentimento prevalecendo em sua fala agitada, mas eu não conseguia identificar.

— Ah! Sim — levantei do sofá rápido demais e me arrependi no mesmo momento, devia ter previsto que estaria sem equilíbrio. Justin segurou meu cotovelo ao me perceber oscilar. A mão dele estava pegando fogo ou era eu? Lhe dei um sorrisinho de gratidão sem olhar muito bem para ele e me libertei quando estável —, eu vou agora. Estava... as coisas... conversamos... já estou quase em casa.

Idiota, idiota, idiota. Eu não prestava para formular uma frase!

Tudo bem — agora eu podia perceber que quase ria —. Por favor, Ju, venha logo.

— Sim, já estou quase aí. Vinte minutos.

Nos despedimos rapidamente e eu me virei para ele, evitando olhá-lo diretamente.

— Se você falou sério sobre aquele jato, agora é o momento. Meu pai vai colocar a polícia atrás de você.

— Claro. Vamos lá, eu te levo, o jato está aqui perto. Chegamos lá em minutos — ele parecia apreciar a possibilidade do meu pai mandar a polícia me buscar. Não o bastante para me sequestrar, eu esperava.

Na verdade, quão ruim seria se ele me sequestrasse....

ARGH, JÚLIA! Sinceramente!

Então pensei em uma coisa que finalmente fez com que eu o olhasse, os olhos arregalados.

— Você quer dizer nós dois? E quem vai pilotar? Você?

Ele deu um sorriso radiante.

— Eu não sou bom em tudo? — e antes que eu pudesse enfartar, desmentiu com uma risada — Tem pilotos de plantão lá. Relaxe. Vamos nos despedir de Josh.

Eu o segui em silêncio, analisando como a criatura ainda parecia muito a vontade, inabalável, enquanto eu mal me lembrava como andava. A bem da verdade, ele não só andava como parecia capaz de saltitar. Claro, Justin era mesmo o mestre da sedução, de brincar com coraçõezinhos sensíveis. Fechei a cara, pois eu não era sensível.

— Josh, vou levar a Lia embora, daqui a pouco volto para continuarmos, tudo bem? — Justin fez um toque de mãos com ele.

Eles trabalhariam pela noite? Senti-me idiota pela surpresa, não era novidade que Justin passava a noite no estúdio as vezes.

— Claro. Estarei aqui. Tchau, Julia, volte sempre!

Me despedi dele com um aceno rápido enquanto seguíamos para a porta. Planejei ficar em silêncio o tempo todo, aborrecida em como eu havia demonstrado fraqueza diante dele. Eu nunca fora aquele tipo de pessoa. Cadê seu coração de rocha, Júlia? Não comece essa palhaçada justo agora!

— Josh foi uma verdadeira descoberta. Ele me entende muito, às vezes conversamos pelos olhos até. Sabe quando você tem tanta intimidade com a pessoa que se compreendem com um breve olhar? — Ele me olhou, esperando-me assentir para continuar — Ele também é apaixonado pelo trabalho, não se importa de passar a noite aqui, às vezes.... — ele falou e falou com verdadeira empolgação sobre as peripécias que os dois realizavam juntos, e de repente, me esqueci de minhas reclamações, focada em seus relatos.

Justin parecia muito confortável em me contar seus feitos no estúdio, muito mais solto comigo do que já estivera antes. Suspeito que eu teria conseguido arrancar a data da estreia do álbum, se ele já tivesse uma em mente. Ele queria fazer um álbum com sua cara, um desabafo de todo esse período que esteve fora. Me disse que já tinha algumas letras prontas e algumas gravações também.

— É difícil eu realmente me afastar da música. É o meu trabalho, mas também meu hobby. Componho e toco instrumentos o tempo inteiro. Gosto muito de cantar. Eu nasci pra isso.

Não tinha como não concordar com isso. Acabei concluindo também que poderia ouvi-lo por horas falando sobre qualquer assunto que fosse. Parece que ele não era apenas um músico muito talentoso, Justin Bieber é sinônimo de talento, em qualquer coisa que se propunha a fazer. Seja para conversar, respirar, até mesmo piscar... Eu prestei muita atenção em todos esses movimentos, como se agora fosse minha vez de fazer uma pesquisa científica. O que ele tinha que o tornava tão extraordinário? Como podia ser assim?

De fato em poucos minutos estávamos na pista com seu jato particular. Não era a única aeronave no pátio, haviam três. A dela era a branca, média, com seis janelinhas redondas. Eu engoli em seco quando o piloto nos cumprimentou e desceu a escada para que pudéssemos subir. Não que eu tivesse medo de altura, só de cair com uma aeronave mortal em espiral de encontro ao chão a muitos metros do chão. É claro que Justin percebeu minha hesitação e me estendeu a mão com um sorrisinho.

— Você sabia que são mais frequentes acidentes de carros do que de aviões?

— Bom, mas a taxa de sobrevivência é maior de carro, eu imagino.

Ele riu, não descartou minha preocupação, e alcançou minha mão, puxando-me para dentro do jatinho. Não resisti, tropeçando pelas escadas. Por baixo da camada de medo, outros tipos de nervos se agitaram. E além de todo surto, pensei em como era insano estar entrando em um jato particular. Mais inacreditável ainda: o seu jato particular. Lá dentro, as poltronas e paredes eram bege, a porta de madeira lá atrás devia ser o banheiro. Os assentos mesclavam suas posições, duas fileiras, uma poltrona de frente para a outra perpendiculares a janela, depois uma dupla que se encostava à parede. Não contei, mas com um breve olhar sabia que cabia pelo menos dez pessoas ali.

Nos sentamos nas primeiras poltronas. Eu não sabia se era pior sentar de frente para ele ou ao seu lado. Mas concluí que estaria numa distância maior se ficasse de frente. Ele abriu a janela redonda do seu lado, e eu nem me movi para imitá-lo. A aeronave foi ligada, um movimento muito sutil abaixo de mim. Cruzei as mãos geladas no colo, bem apoiada no encosto, o cinto afivelado.

Justin riu da minha expressão e se levantou.

— Não... — eu tentei protestar enquanto ele se mudava para o assento ao meu lado.

— Me dê suas mãos, Lia — ignorou-me.

Como não fiz movimento algum, depois de colocar o próprio cinto, tomou minhas mãos nas suas muito delicadamente. Ele abriu seu sorriso de covinhas ao notar o suor e a temperatura baixa que emanava delas.

— Podemos falar sobre a contradição de uma amante de brinquedos radicais que teme grandes alturas? — com a cabeça encostada em sua poltrona e voltada em minha direção, ele estava um pouco perto demais, não como tinha estado antes, mas ainda o bastante para que eu pudesse captar todos os seus detalhes.

Para não sofrer mais do que o esperado, mantive o olhar reto.

— Bom... é diferente. Os brinquedos não são tão altos assim e parecem mais seguros.

Ele deu uma risadinha.

— Mais seguros? Qual lógica é essa?

— Eu não disse que tinha lógica — retruquei, estressada.

Seu mãos acariciavam as minhas ininterruptamente para me acalmar. Aos poucos ele estava sim conseguindo desviar minha atenção. Mas talvez o nervosismo da morte fosse melhor do que aquele.

— Posso me acostumar com isso — murmurou baixinho.

Contrariando minha própria regra, eu me virei para ele, curiosa com o tom de sua voz. Ele sorriu ao ver meus olhos.

— Com isso o quê?

Seus olhos lampejaram para nossas mãos.

— Em ser um aquecedor. Quer que eu seja seu aquecedor particular? — arqueou a sobrancelha, seus traços proeminentes indicavam a malícia no duplo sentido.

Fiz uma careta pra ele, mas meu corpo reagiu de outra forma. Traidor.

— Você é tão idiota o tempo todo mesmo?

— Posso ser o que você quiser — piscou.

Argh, ódio. Ele não podia deixar meu pobre coração em paz?

— Sim, aposto que sim — respondi com ironia.

Ele sorriu.

— Quer ser minha amiga, Lia? Acho que seremos bons amigos.

— Hã, se você não achar que quero me aproveitar de você, sim podemos ser.

Justin deu sua risadinha.

— Já está uma pouco cansativo demais tentarmos nos odiar, não acha? Já ficou claro que não conseguimos — apertou um pouco mais minhas mãos. A pressão subiu pela minha corrente sanguínea e desceu até alcançar o estômago.

— Tudo bem. Amigos — concordei.

Senti a satisfação preencher meu peito. Havíamos feito muitas evoluções naquele dia, mesmo que houvéssemos começado com o pé esquerdo. Evoluções até demais, talvez. Justin sempre estivera na minha vida, ele só não sabia disso. Agora eu também parecia estar na dele. Torci para que não estivesse falando da boca para fora, porque eu realmente acreditara na sinceridade de suas palavras. Tudo o que eu sempre quis foi sua amizade, e não consegui evitar minha imaginação de pintar um futuro muito promissor de camaradagem.

Bom, agora eu não só queria sua amizade. Precisava dela. E se ele não cumprisse com sua palavra, o odiaria por me dar aquela esperança.

— Viu? Já estamos em pleno voo.

Desacreditei de suas palavras, eu mal havia notado.

— Quer olhar? — ele se inclinou para a janela.

— Não! — Neguei imediatamente, segurando seu braço estendido e puxando-o para o meu colo.

Nosso toque agora era quase natural, como se fizesse todo sentido que mantivéssemos um contato físico frequente. Mais do que isso, eu ansiava por aquilo, me deixava muito mais calma, em certo aspecto.

Ótimo.

Ele se encostou de novo, risonho.

— Me conte então, Lia, quais são seus planos futuros? Planeja ficar mais quanto tempo aqui?


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Ai, ai, ai. O que dizer desses dois que eu já amo com meu coração inteiro? Ver os dois tentando entender a faísca que a gente já captou que existe e saber lidar com ela está ÓTIMO. 

Vocês acham que eles aguentam por muito mais tempo? O que o Justin está fazendo com a pobrezinha?

Aliás, seria meu sonho ver o Justin no estúdio? Pf, Deus, nunca te pedi nada (demais)

Momento de youtuber: não esqueçam de me dar uma estrelinha e me contar o que acharam. 

Vou deixar minha playlist de inspiração pra Litigious no link externo (adicionei músicas lindinhasss). 

Obrigada por tudo, meninas!! Se protejam do corona e até a próxima <3 

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