Encantada
— Tenho que confessar, eu estava esperando seu pai aparecer na porta com um machado — Justin disse assim que o carro começou a se mover.
Eu ri, terminando de ajeitar o cinto.
— Entendi o motivo de estar sorrindo então. Você parece mesmo suicida.
— Não posso negar que desfruto de um bom perigo.
E então não havia mais desculpas para evitar olhar para ele. Desde que abrira a porta do veículo para mim fiz o máximo que pude para não cair naqueles olhos pegajosos e nefastos, mais temerosa do que achava necessário. Mas, assim que o encarei, sufoquei com o ar em silêncio e comprovei que meu subconsciente estava bem mais a par da nocividade do que meu consciente.
— E como foi sua noite, Lia? — O modo como apertou os olhos nos cantos me fez congelar a expressão.
Não, ele não podia saber o que eu havia sonhado ou meus pensamentos antes de dormir, tentei repetir para mim mesma. Mas, e se ele pudesse ler meus olhos? Quanto minha expressão denunciava? E se... por algum absurdo da natureza, uma anomalia, ele pudesse ler pensamentos?
— Normal. Sonolenta. E a sua?
E por que raios conteria o sorrisinho daquele jeito de quem sabe de alguma coisa?
— Boa — então apertou mais as pálpebras e eu enrijeci — Por que está toda encolhida desse jeito, Lia? Tem medo de que eu ataque você ou algo assim? — Sua voz soou divertida e curiosa.
Atento às palavras, o motorista olhou imediatamente pelo retrovisor, os olhos escuros analisando rapidamente nós dois. Ele não queria ser cúmplice em crime nenhum.
— Eu não tenho medo de você — neguei rapidamente, bufando, a voz um pouco aguda. Na verdade, eu temia que ele se aproximasse e sentisse meu perfume. Xinguei Lara em pensamento de novo.
O motorista nos estudou mais uma vez.
Ele deitou a cabeça com uma expressão incrédula, mas não se aproximou.
— Tudo bem.
— Então.. você queria minha opinião em uma música? — Mudei o assunto, esperando demovê-lo daquela incógnita ao passo que tentei relaxar um pouco o corpo.
Justin descansou o queixo na mão, alisando-o.
— Ah sim, mas planejo te contar apenas quando chegarmos lá.
Revirei os olhos.
— Você adora fazer um suspense.
Ele sorriu abertamente.
— E você ama todos eles.
Fiz uma careta para o fato de que, no fundo, ele estava certo, e temendo que minha voz me entregasse, não tentei mentir. Limitei-me a virar o rosto para a janela, esperando me estabilizar para pensar em outra coisa a dizer — se é que era possível perto dele. Ouvi sua risadinha presunçosa.
— É provável que eu te sequestre o dia todo, Lia — a menção da palavra que remetia ilicitude mais uma olhadela do motorista desconfiado. Tive a impressão de que acelerou um pouco mais o carro — Espero que tenha falado sério sobre seu espaço na agenda para mim, essa música é muito especial e precisarei de um bom tempo para ela.
— Sorte sua que tenho talentos musicais secretos — tentei descontrair. Ele estava brincando com a minha curiosidade e eu não morderia a isca, embora por dentro me questionasse que tipo de música seria.
— Não duvido que tenha. Você sabe que agora vai ter que cantar para mim, não é?
Me repreendi pela idiotice, é lógico que ele quereria alguma coisa assim.
— É melhor para seus ouvidos que não.
Ele assentiu com convicção.
— Vou fazer você cantar para mim.
Gemi e joguei a cabeça para trás, frustrada, não duvidava da sua capacidade de influenciar minhas vontades. E não gostava muito disso.
O carro parou próximo a pista de pouso privada e tive certeza de que o motorista estava muito aliviado quando abrimos a porta para descer.
— Obrigado — Justin agradeceu sobre o ombro, sem ver como o rosto de pêssego do outro relaxara um pouco. Contudo, ele ainda parecia ansioso para ficar longe de nós dois.
Eu gostaria de explicar que Justin não era um criminoso, não no sentido que ele esperava, apenas roubava corações de mocinhas inocentes e indefesas, mas boa parte da minha mente estava voltada para o assombro de mais um voo. Bom, se ele segurasse minha mão talvez.... Assim que o Uber foi embora, tive visão do jatinho e estremeci. Merda. Uma arma de destruição em massa, era isso que aquele troço representava.
Sem aviso prévio, Justin pegou a ponta dos meus dedos, dando uma risadinha. Seu movimento despreocupado gerou uma reação desproporcional nos meus nervos já atacados. Sua mão estava quente e confortável apesar do ar ligeiramente gelado, o que tornava o contato mais agradável do que deveria.
— Não há nada a temer — então me puxou para o circulo dos seus braços.
Demorei um segundo, perplexa, para perceber que me abraçava sem que eu tivesse pedido e sem motivo aparente também. Eu senti cada parte do seu corpo que tocava o meu através das camadas de roupa, os braços entrelaçados na minha cintura pareciam exatamente feitos para minhas curvas. Pelo que me constava, aquela era terceira vez que me abraçava, e o segundo não contava muito porque fora pura falsidade no programa de televisão. Toda a comoção que meu causou então era justificável, mas não me permiti demonstrá-la. Infelizmente não havia muito que eu pudesse fazer sobre as batidas frenéticas do meu coração, ele poderia senti-las se prestasse atenção.
Depois, tive certeza que as notara assim que afundou o rosto na direção do meu pescoço. Minha pele se arrepiou em toda a sua extensão ao sentir a respiração dele. Achei que teria uma parada cardíaca quando ele suspirou.
— Hm.... — murmurou, suspirando outra vez. Tremi e imediatamente fiquei brava por isso, minhas mãos se fecharam em punhos nos seus ombros. Ele riu — Você quer mesmo ser minha namorada, não é, Lia?
Paralisei, o cérebro dando tela azul.
— O quê? — Guinchei.
Inspirou uma vez mais em meu pescoço antes que eu pudesse formular uma linha lógica de pensamento, tinha a sensação de que me tornava uma geleia nos braços dele, a mercê de sua misericórdia, ameaçada de extinção no mundo.
Ele se afastou sem me soltar, talvez percebesse que eu precisava de ajuda para me manter em pé, mas olhar seu rosto tão de perto daquele jeito mal podia ser considerado um ato de benevolência. Será que eu poderia me acostumar com a profundidade de seus olhos? E como seu cabelo podia brilhar tanto, altamente convidativo para minhas mãos?
Eu deveria ter percebido ao menos pelo sorriso soberbo suas próximas palavras:
— O perfume — explicou.
Tudo fez sentido então. O seu abraço repentino, a respiração em meu pescoço... Argh. Claro, o que mais seria?
LARA!!!!
Fechei a cara.
— Não posso usar um bom perfume agora? Não tenho motivo para não usá-lo só porque vou te ver.
Seus dentes faiscaram a mostra. Ele adorava mesmo me deixar irritada.
— Claro que não. Além de que te deixa ainda mais cheirosa. Se tornou uma fragrância muito melhor na sua pele.
Ruborizei, incapaz de conter meu próprio fluxo de sangue. Sinceramente!
— Você só diz isso para eu comprar mais. As vendedoras de loja sempre acham que as roupas caem muito bem no nosso corpo também — rebati.
Ele deu uma olhadinha para baixo, a fim de me varrer com os olhos. Nunca quis sumir com tanta intensidade na minha vida.
— Ah, mas eu duvido que alguma roupa não caia bem no seu corpo.
Constrangida o suficiente, empurrei seu peito com as mãos, afastando-me dele.
— Ugh, você não consegue se conter.
— Não consigo conter o quê? — Ele arqueou as sobrancelhas, forjando uma expressão de inocência fajuta.
Eu comecei a caminhar para o jatinho de uma vez, passando ao seu lado sem me virar.
— Está o tempo todo tentando me intimidar — grunhi.
— Eu intimido você? — Indagou contente.
Eu olhei feio para sua cara esperançosa e cheia de si. Ele levantou as mãos em rendição, embora gargalhasse. Aquela risada terrivelmente deliciosa. Esforcei-me muito para não sorrir.
— Tudo bem, sem intimidação.
Cruzei os braços, cética e ele sorriu .
— Primeiro as damas — disse, apontando para a escada pequena do jato.
Respirei fundo, não queria lhe dar mais motivos para rir de mim, então não hesitei, apesar de todos os meus instintos dizerem o contrário.
— Bom dia — cumprimentei o piloto através da porta aberta da cabine.
Ele se virou ligeiramente sobre o ombro para responder, um sorriso gentil nos lábios grossos que se destacavam em sua pele escura. O quepe azul escuro em sua cabeça contrastava com a camisa branca polida. Eu não podia imaginar por que alguém escolheria uma profissão como aquela sabendo que teria que pilotar aeronaves o dia todo com altos riscos de queda.
Isso deveria me trazer mais calma, se haviam pessoas dispostas a passar a vida toda naquelas máquinas, não deveria ser tão horrível quanto eu fazia parecer. A menos que eu me lembrasse sobre a existência de suicidas.
Eu me sentei na frente, dessa vez voltada para a cabine do piloto, assim poderia ver de imediato se ele saísse de lá aterrorizado para nos avisar que estávamos caindo. Com muita naturalidade, Justin se sentou ao meu lado e, após colocar o cinto, segurou a minha mão. Enrijeci. Fitei-o intrigada, sua expressão estava, de fato, suave. Como ele podia achar tão insignificante aquele tipo de contato? Percebendo que eu o olhava, deitou a cabeça com curiosidade.
— O que foi? — Perguntou.
Sim, super natural. Eu não me incomodava em segurar a mão dele, na verdade, gostava de forma surreal como elas se encaixavam perfeitamente, como a minha parecia tão delicada e protegida na sua. Então, não fazia sentido reclamar.
— Nada — balancei a cabeça.
Se ele quisesse, poderia segurá-la para sempre. E pensando bem, se oferecera mesmo em ser meu aquecedor... Cortei os pensamentos por aí. Impossibilitada de seguir as asas da minha imaginação, percebi quando o jato abandonou o chão e se lançou para cima, o leve ruído agudo reforçando seu funcionamento.
— Estou com uma ideia... — ele refletiu, pelo tom de voz parecia estar distante, mas seus olhos de mel estavam acomodados em meu rosto.
Como devia ser ter um reflexo tão divino como aquele no espelho? Não parecia justo com o restante da humanidade.
— Me conta — incentivei.
Ele estreitou os olhos. Hm, provavelmente ainda não confiava em mim. Antes que eu pudesse acrescentar que não precisava dizer nada, ele murmurou:
— Estou preocupado com sua estadia em San Diego — sua testa se franziu com aflição. Muito ator.
— Posso saber por quê?
— O quanto você viu de Los Angeles? Não acho que vocês venham o suficiente para cá.
Foi minha vez de apertar os olhos de desconfiança.
— Acho que não muita coisa — admiti hesitante.
Ele estalou a língua de desaprovação.
— Como pretende ir embora daqui a uma semana e meia se não viu nada do que temos a oferecer de melhor? A calçada da fama? A placa de Hollywood? Beverly Hills? O museu de Hollywood? A Disney? Universal? Six Flags? Me diz que pelo menos você tinha planos para esses últimos? — Arqueou a sobrancelha.
— Ah, sim, eu disse a eles que vamos ter que ir em um desses antes de ir embora.
Justin balançou a cabeça como se estivesse horrorizado com minha falta de preparação.
— Eu vim a trabalho, então não dava para ficar pensando em muita coisa e a duas horas da casa — desculpei-me.
Seus olhos ainda me julgavam.
— Bom — suspirou — vou ter que dar um jeito nisso. É claro que agora você pode percorrer essa distância em quinze minutos, então não será um problema. — Apontou com o queixo para a aeronave.
Arqueei as sobrancelhas, descrente.
— Você está falando sério?
— Estou. O que me diz de darmos uma passada em Venice Beach hoje a tarde? Entre as gravações? Podemos ir intercalando o trabalho com as programações. Amanhã pode ser a calçada da fama e a placa de Hollywood, sexta o museu, e depois um parque em cada dia — a empolgação com os planos fez seus olhos brilharem.
Ele provavelmente tinha um pé na vocação de turismo, já a animação que pairou sobre mim tinha mais a ver com poder desfrutar tanto de sua presença. Não podia imaginar nada melhor do que conhecer pontos turísticos de Los Angeles com ele.
— Não quer? — Perguntou diante da minha surpresa muda — Se for por causa do assédio, é claro que posso levar um segurança, é o que geralmente faço, minha equipe se sente mais a vontade assim quando vou a lugares com muita aglomeração. Eu também.
Eu não havia pensado nessa parte. Uma aparição tão pública assim. Ainda não sabia o teor das mensagens em minhas mídias sociais, mas, com certeza, uma coisa daquelas agravaria a situação. O que as pessoas pensariam? Como isso afetaria minha imagem? Talvez eu devesse consultar Fani antes de decidir.
Por outro lado, não parecia justo para mim. Eu queria ir. Não poderia haver uma consequência tão ruim assim. Pelo menos eu não conseguia pensar em nenhuma.
— Claro, por que não? — Perguntei retoricamente. Não era como se fôssemos andar de mãos dadas na beira da praia, afinal.
Olhei para nossas mãos ainda unidas, o dedão dele continuava a traçar uma rota tranquila nas costas da minha. A consciência do gesto deixou meu estômago um pouco mais inquieto e pensei que bem que eu queria andar de mãos dadas com ele na beira da praia. Quando levantei o olhar, flagrei-o me encarando, um sorrisinho repuxava o canto de sua boca. Num reflexo, parei de respirar.
— Eu realmente gosto da sua companhia — franziu o cenho, reflexivo, como se acabasse de chegar àquela conclusão — Isso é estranho?
Perdi foi tudo.
— Ah... não. Eu sou uma pessoa sensacional — brinquei, sem saber ao certo como responder àquela declaração. Ele disse mesmo que gostava da minha companhia ou eu estava delirando?
Ele alargou o sorriso de modo estonteante.
— Sim, estou vendo.
Tentei respirar e falei a primeira coisa que veio na minha cabeça antes que ele notasse o impacto que causava:
— Achei que ia me pedir uma prova como quando eu disse que era simpática.
Ele riu e passou a mão no cabelo, descontraído. Ridículo como ele fazia uma cena tão natural parecer um comercial de pasta de dentes.
— Percebi que você não trabalha muito bem com provas. Não deu uma primeira boa impressão no Robert, hein? Talvez você seja naturalmente ruim em primeiras impressões.
Fitei-o mal humorada, entendendo a mensagem subliminar de como nosso primeiro encontro havia sido ruim. Ele não podia me culpar por aquilo.
— Já pensou que isso pode ser culpa sua? Quando você não interfere eu pareço lidar muito bem com as pessoas — projetei os lábios num beicinho petulante.
Justin analisou minha expressão por um momento, grande parte da sua indecifrável, mas eu podia ver que estava se divertindo.
— Claro, eu te deixo nervosa — concordou simplesmente.
Meu queixo caiu de indignação. Lembrei-me da afirmação de Lara sobre ele me tirar do sério. Não podia estar tão claro assim que ele parecia ter um controle remoto em suas mãos ligado a mim!
— Não no sentido que você parece estar pensando — retruquei — Você é irritante, isso sim.
— Já pensou que você que é muito irritadiça?
Mostrei a língua.
— Olha quem fala, senhor eu-vou-te-processar e eu-vou-te-destruir-Giulia.
Ao invés de ficar bravo, ele riu, na verdade gargalhou, precisando colocar a outra mão na boca para abafar o riso. Claro, minha carreira era só uma piada para ele? Mas um segundo depois eu estava rindo junto, sem conseguir me conter. Mais um dom exagerado: ter uma risada altamente contagiosa.
— Eu sou um pouco genioso às vezes, eu sei.
— Um pouco? Ah tá.
Então seus olhos ficaram penetrantes nos meus e ele segurou minha mão junto do seu coração.
— Me desculpe, Lia. Você não merecia esse tipo de tratamento — pediu com sinceridade, o sorrisinho no rosto parecia envergonhado agora.
Pensei em muitas coisas ao mesmo tempo para responder, inclusive "tem razão, então desiste do processo", mas, eu precisava ser paciente. Um passo de cada vez. Já tínhamos mais um progresso.
— Está perdoado... se não fizer de novo — alertei.
Ele arqueou a boca para baixo.
— Eu posso tentar, você precisa ter paciência comigo.
— Estou tendo há muitos anos — resmunguei.
— Vou te compensar.
Permaneci com a expressão intocável, mas por dentro foi acrescido mais um bastãozinho em minha felicidade. Outra vez, distraída por ele, eu mal notei a viagem, chegamos muito mais rápido do que eu esperava, e assim que nos levantamos eu tive o pensamento mais inusitado, gostaria que o tempo tivesse se estendido muito mais. Isso porque ele segurou minha mão durante todo o trajeto e de imediato me senti estranhamente incompleta sem esse toque tão reconfortante. Enquanto caminhávamos para fora, precisei entrelaçar meus próprios dedos para resistir ao impulso de resgatar eu mesma aquele vínculo.
A necessidade de ter contato físico constante com ele era errada, eu sabia, e totalmente inconveniente. O que seria de mim quando acabasse aquela anomalia temporal? De volta ao Brasil, levando como companheiras só minhas memórias? Não tinha como manter uma amizade forte com ele desse jeito. Como boa sofredora por antecipação, eu me deixei infectar por aquela gota venenosa de tristeza e o segui inquieta pela pista particular. A eminente separação aumentava a necessidade do toque e me forcei a deixar esses pensamentos isolados no canto da mente.
Distraí-me daquela bobagem quando paramos na frente do carro vermelho, que mais parecia outra aeronave. O símbolo na traseira me deu a dica.
— Uma Ferrari? — Eu me lembrava de fotos dele com aquele veículo, mas era ainda mais impressionante pessoalmente.
Para ser honesta, achei bem parecido com a Lamborghini, achatado como um carro de corrida, com duas portas apenas. Lara provavelmente me repreenderia por "desmerecer" os atributos particulares de cada um, depois surtaria por saber que eu havia andado nos dois na mesma semana. Eu também fiquei momentaneamente desnorteada, nunca pensei que sequer chegaria perto de uma Ferrari na vida inteira.
— Sim, vai dizer que também tem medo de Ferrari's? Precisa que eu segure sua mão enquanto estiver dirigindo também? — Brincou, já assumindo seu posto na porta do motorista.
Não vou mentir, por um segundo pensei em fingir com veemência que sim para que o fizesse. Revirei os olhos mais para mim do que para ele.
— Ah sim, claro — ironizei.
Justin piscou para mim antes de entrar e eu quase tive uma síncope. Precisei de um momento para me recuperar antes de o imitar. Os bancos pretos reforçavam a ideia de não ser um carro real, o formato exato das cadeiras de gamers. Diferente da Lamborghini, o console daquela Ferrari tem menos botões, menos máquina, mais carro.
— Lia, conheça a menina dos meus olhos — Justin passou a mão no painel, de fato seus olhos de mel brilhavam de orgulho.
— É um prazer te conhecer, menina dos seus dele. Espero que ele seja mais gentil com você do que é com pessoas — dei umas batidinhas no painel.
Ele me jogou um olhar entediado e eu ri.
— Só por essa afronta não te mostrarei mais nenhuma prévia — murmurou ligando o carro.
Arregalei os olhos, abismada.
— Você não faria isso comigo, Justin Bieber.
— Ah eu faria sim — e já estávamos em movimento, ele analisava os retrovisores ao dar a ré — Não sou gentil com pessoas.
— Mas você me prometeu que compensaria toda minha paciência — lembrei-o.
Ele entortou o canto da boca ao reconhecer meu cheque mate e eu sorri triunfante.
— Tudo bem. Uma só.
Eu me acomodei no assento e bati palminhas, contente. Justin me olhou de rabo de olho e desfez a careta, complacente ao ligar o som. Ele selecionou a música no celular quando parou na cancela, e voltou a movimentar o carro após começar a tocar. O toque "artificial" vinha acompanhado de um compasso que tiquetaqueava feito um relógio.
— I close my eyes, I take it slow . Lay on down and let me rest my soul — a melodia até ali, com seus altos e baixos me lembrou de algum modo música country.
Ele projetou os lábios num beicinho enquanto balançava a cabeça no ritmo, apreciando o som. Então começou a fazer segunda voz naquele sonido manhoso magistral. Eu só consegui ficar encarando de boca aberta. Para o pré refrão, utilizou o falsete, terminando de esfaquear meu coração. Poxa, Justin, não fica ruim nunca?
O refrão se baseava quase inteiro no toque instrumental e ele batucou no volante, sorrindo para mim, um pai orgulhoso de seus filhos.
— O que acha?
Resolvi brincar com ele. Fechei a boca e mordi o lábio.
— Hmmmmm — olhei para cima, fingindo ponderar.
Seus olhos foram ficando mais arregalados conforme eu fazia suspense e eu ri.
— É lógico que está maravilhosa, Justin, você ainda duvida?
Ele me retribuiu com o sorriso de covinhas.
— Bom, sua expressão antes parecia receptiva, mas não consigo apostar muito quando se trata de você. Parece um campo minado.
Eu ri, concordando com a cabeça.
— Não posso refutar isso. Mas realmente, parece ser uma música para o hit.
Ele torceu a boca, refletindo.
— Hmm, ainda preciso pensar sobre ela. Mas é isso para você, por hoje é só, além da canção que vai opinar — ele mudou o som para uma rádio qualquer de pop.
Fiz uma careta para ele, longe de me dar por satisfeita. Contudo, poucos segundos depois ele cantarolava Let it go do James Bay, um bônus que quase compensava não ouvir uma música nova. Eu não sabia que precisava ouvir Justin Bieber cantando James Bay até ouvir Justin Bieber cantando James Bay. Sua interpretação da música a deixava mais tocante do que era e eu fechei os olhos para concentrar minha atenção inteira na audição. Eu nunca me cansaria da voz dele.
Também chegamos rápido no estúdio, não achei o fato muito ruim dessa vez já que não seria privada de sua voz melodiosa amaciando meus ouvidos por muito tempo. E melhor ainda, eu poderia ver mais uma vez seu processo divino de produção. Me escondi atrás de suas costas ao passar pela porta, temendo o que Josh pensaria por eu estar ali de novo. Ele se desviou do seu computador ao nos notar entrar e sorriu gentilmente.
— Bem vindos de volta.
Eu acenei timidamente de onde estava, murmurando um "bom dia".
— Vou direto ao piano, Josh. Pode ser?
Piano?! Meus olhos saltaram. Mais um privilégio que eu não esperava ser contemplada, a felicidade era maior por saber que produziria uma música em um dos meus instrumentos preferidos. Mordi a língua para não verbalizar meu surto.
— Você quem manda.
Justin olhou para trás a fim de piscar para mim e apontar com a cabeça para segui-lo até a outra sala. Foi assaltada por uma breve falta de ar, nada impossível de lidar. No outro cômodo, nada havia mudado muito, a fruteira fora reabastecida e ao lado dela eu podia ver uma caixa rosa de donuts do "California Dunuts". Ele se dirigiu exatamente para lá, tomou a caixa nas mãos, abriu e me estendeu.
— Vários de chocolate para você — anunciou satisfeito, como alguém que dá uma notícia sabendo que é boa.
Haviam vários pares de doces ali, sem dúvida alguns de chocolate, chocolate com morango, M&M's, chocolate branco, e me chamando mais atenção pela aparência, um deles tinha a cara de um panda feita com pedaços de bolacha em cima do creme branco.
— Que fofo! — Exclamei num reflexo, então vi seu sorrisinho convencido — O panda, não você.
Ele riu.
— Claro, apesar de não ter sido o panda a comprar Donuts para te agradar. Sirva-se, Lia.
Eu o olhei cética por um instante, ele havia comprado os doces para mim? Era mais provável que estivesse brincando. Sua expressão ingênua não me convencia muito. De qualquer forma, eu realmente estava mais feliz ao pegar um guardanapo da mesa e apanhar o Donut de M&M's, mais ainda ao dar a primeira mordida. O chocolate parecia agir feito droga em meu sangue, trazendo um relaxamento imediato. O sabor da massa do donut também não ficava muito atrás, o recheio de creme e as bolinhas de M&M's tornavam a mistura mais especial. Foi paixão a primeira mordida.
Justin pegou um de cereais de bolinha coloridos e partiu para o piano de cauda preto. Fui praticamente compelida a ir atrás dele, ansiosa. Depois de dar duas mordidas grandes, ele colocou o doce em cima do tampo e se sentou no banquinho preto, passou uma mão na outra para tirar os farelos antes de colocar os dedos nas teclas.
— Pegue um banquinho para se sentar aqui ao meu lado — convidou, indicando com o queixo três os banquinhos redondos brancos enfileirados na parede.
O obedeci sem questionar, não tive dificuldades em erguê-lo do chão com uma mão só. Parei do seu lado esquerdo, a três passos de distância para não atrapalhá-lo, mas não consegui ficar tão longe por falta de força de vontade mesmo. Ele dedilhou no piano, o som limpo ecoando no espaço a nossa volta como magia.
— Eu estava pensando em algo mais ou menos assim... — depois de uma segunda volta, cantarolou com os lábios cerrados, entoando a melodia sem letra. E mesmo sem as palavras, já foi capaz de tocar meu coração. Seria uma bem emotiva. Ai, lágrimas, aguentem firme — Você é uma pessoa religiosa, Lia? Aparenta ser.
Fiquei quase confusa pela mudança de foco, mas ele não parou de tocar, o mesmo dedilhar cadente, acrescentando ou alterando uma tecla aqui e ali. Uma música de fundo bem intimista.
— Hm, sim, sou, por que aparento ser? — Olhei para baixo, checando se estava usando um dos meus crucifixos naquele dia. Não estava.
— Seus olhos — sorriu de lado —, suas palavras, seu jeito de agir. Eu vejo Jesus nos seus trejeitos.
Fui incapaz de deixar de sorrir. Aquele com certeza era e é o melhor elogio que eu poderia receber na vida. Jesus é simplesmente amor, e refletir a Sua Imagem sempre fora minha meta. Independentemente de acreditar ou não, ninguém podia negar que Ele é o mais puro símbolo de esperança, paz e bondade. E eu sempre O amaria mais do que qualquer outra coisa. Ganhei meu dia todo.
— Você não sabe como isso me fez bem. É a coisa mais linda que alguém já me disse. Obrigada.
O sorriso se espalhou por todo o seu rosto.
— Estou apenas sendo sincero. Mas então, penso que você vai me entender. Você sabe, Lia, sabe o que eu fiz, uma parte ao menos, o que eu estava vivendo. Talvez não saiba que isso não era suficiente para me preencher, eu não estava feliz. Alguns dias era difícil levantar da minha cama, e todas as coisas pareciam exigir de mim uma força sobrenatural. Eu não via conforto em ninguém, não sabia ser o conforto de ninguém. Foi um período muito — ele carregou a voz, enfatizando as palavras — muito difícil para mim. Meus seguranças chegavam a entrar no meu quarto para checar meus pulsos — ele balançou a cabeça, tentando expulsar de si as lembranças ruins e tão recentes que pareciam irradiar uma dor profunda, a qual me atingia mais do que as minhas próprias dores — Eu tomei todas as atitudes erradas, buscando um caminho, um propósito — suspirou, e pareceu reabastecer suas forças — quando na verdade eu já tinha um que acabei negligenciando. Você provavelmente deve saber que eu sempre fui cristão, mas precisei ser preso para compreender o que me faltava por minha própria culpa. Deus. Ele é meu propósito.
E como se as palavras fossem sua introdução, ele trouxe a letra para a canção que fluía ininterrupta do piano, fechando os olhos:
— I put my heart into Your hands, learn the lessons You teach. No matter what, wherever I am, You're not hard to reach. And You've given me the best gift that I've ever known, You give me purpose everyday. You give me purpose in every way.
Ele finalizou por ali, embora certamente aqueles versos parecessem ser apenas o meio da música. Eu literalmente não conseguia ver o motivo. Limpei rápido meus olhos antes que ele visse os vestígios do estrago, contudo, é claro que meu sistema resolvera acordar as glândulas lacrimais para valer. Eu não devia esperar que fosse diferente depois de um depoimento daqueles. Além de ser uma pessoa naturalmente empática, o sofrimento dele sempre me afetava.
— Ei, você está chorando? Por que? — Indagou angustiado, imediatamente segurando minha mão livre, o resto do meu donut estava parcialmente esquecido na mão esquerda já que não dava para comer através do bolo que surgira em minha garganta.
Respirei fundo, tentando me acalmar de novo.
— Eu sinto muito que tenha passado por isso — murmurei com a voz ridiculamente fraca, olhava para nossas mãos, sem condições de encarar seu rosto — Eu já imaginava que não estava feliz, mas é difícil escutar que estava tão ruim assim. É um grande contentamento para mim saber que se encontrou, eu orei muito por você, nunca pedi nada com tanta veemência para Deus quanto seu bem estar. Quer dizer, você está bem agora, não é? — Preocupei-me de repente, procurando seus olhos.
Ele me fitava com muita concentração, mas a expressão se aliviou um pouco diante da minha pergunta.
— Sim, estou. Um dia de cada vez. Agora tenho minha base, meu foco, sei o que eu preciso, o que eu sou.
Eu assenti, apreendendo as palavras, era como se eu pudesse respirar de novo. Mais uma vez, sem avisar, seus braços passaram ao meu redor, me unindo em partes ao corpo dele. Repousei minha mão de donut no meu colo, o mais longe possível de suas roupas.
— Você é minha fã mesmo, não é? — Murmurou alisando num ritmo constante as minhas costas.
Com a cabeça enfiada em seu peito, eu conseguia sentir muito mais concentrado seu perfume, seu calor me envolvia, e todo esse combo me ajudou a me centrar no presente de novo. Ele estava bem agora, era o que importava. Encolhida como estava, passei a mão livre novamente no rosto.
— Claro que sou, você ainda não acredita?
Ele riu em meus cabelos e beijou o topo da minha cabeça. Eu nunca entendi muito por que as pessoas chamam abraços de casa até estar ali no círculo dos seus braços. Fechei os olhos para apreciar o conforto. Justin parecia meu casulo, despertava a curiosa sensação de proteção. Sempre imaginei como seus abraços eram maravilhosos e literalmente sonhei por anos com isso. Minha mente foi duramente contrastada com a realidade. É muito melhor do que eu poderia prever.
— O que você achou da música? Eu tenho que definir a melodia direito e a letra também. Só tenho isso por enquanto.
— Eu amei, de verdade. Vai ser perfeito se você deixar apenas no piano e a sua voz, tenho certeza que todos os fãs vão chorar também.
Justin produziu um ruído cômico na garganta.
— Todas as vezes que te pergunto o que achou você diz que gostou. Será que posso confiar nisso? — embora o tom fosse descontraído, tive a impressão de captar um resquício de acidez no fundo.
Ele estava achando que eu só tentava agradá-lo?
— A culpa não é minha se você só produz material de qualidade, e eu até dei uma sugestão dessa vez. Quando alguma coisa ficar ruim eu te conto. O que é muito difícil porque sua voz torna qualquer melodia perfeita — confessei quase emburrada.
— Hmm — o sorriso em sua voz havia voltado — também gosto da sua voz, Lia. O que me lembra que você ia cantar para mim.
Seu corpo arqueou para trás, percebi que ele tentava me olhar. Sabiamente, me inclinei para a frente, recusando-me a deixá-lo fazer seu jogo hipnótico.
— Não tenho que fazer nada. A gente não tinha que trabalhar na letra da sua música? Josh vai ficar com raiva — blefei parcialmente, eu não sabia nada sobre escrever músicas.
Ele riu, mas parou de se afastar.
— Podemos terminar, e quando tivermos um bom progresso, você vai cantar ela comigo — decidiu, pouco se importando com minha opinião sobre.
Grunhi e ele me apertou mais forte, depois depositou outro beijo em meus cabelos e se afastou. Muito simplesmente, de um dia para o outro, havíamos nos tornado melhores amigos. Não que eu estivesse reclamando, mas a rapidez das informações me deixava tonta. Funguei e limpei meu rosto a última vez para restaurar minha dignidade. Justin estava me olhando, crítico.
— O quê? — Passei a mão embaixo do nariz e os dedos nos olhos para garantir que não havia nenhuma nojeira a vista. Não senti nada fora do comum.
Ele balançou a cabeça com um sorrisinho.
— Obrigado pelas orações, Lia, Tenho certeza que foram essenciais e me mantiveram forte. Você é mesmo especial — ele estendeu a mão e afagou minha bochecha de leve, quase como se limpasse uma sujeira do meu rosto, mas foi o suficiente para meu coração parar de bater — Vamos lá.
Justin deu mais uma mordida em seu donut, e agindo mecanicamente o imitei, desnorteada com os últimos acontecimentos. Foi como eu previ, fui mais uma observadora do que agente da ação, ele resgatou um caderno surrado de capa mole de cima da cauda do piano, o lápis já estava lá dentro marcando uma página. E então, mesmo diante dos meus olhos invasivos, ele se compenetrou no próprio mundo produtivo. Eu não conseguia escrever com pessoas encarando meu trabalho assim, mas ele já devia estar acostumado a ser assistido. Documentários e derivados.
Ele cantarolava, testando as palavras e frases, melodias e efeitos vocais. Franzia a testa, arregalava os olhos, arqueava as sobrancelhas e fazia beicinhos inconscientemente. Vez ou outra me perguntava o sinônimo de alguma palavra para rimar, minha opinião sobre a elevação do tom, alongar a nota ou uma parada brusca? Algumas coisas eram muito difíceis de escolher, mas eu dizia qualquer coisa para que não perdesse a linha criativa. Depois, ele fazia algumas notas no piano, dedilhava alguma coisa, experimentava com o verso, e voltava ao início do ciclo. Tentei me manter invisível ali, só me deixando notar quando ele me solicitava.
Mesmo assim, eu nunca me cansaria, poderia vê-lo naquele estado por horas, dias, anos e ainda estaria encantada. Havia algo de especial naquela música que tornava tudo ainda mais deslumbrante. Ele estava depositando todo seu coração nela, eu podia garantir, motivo pelo qual eu fiquei extremamente emotiva o tempo inteiro. Tão orgulhosa, tão sentida. Mas não deixei que ele visse as gotículas de água que às vezes escapuliam dos meus olhos. Senti-me ansiosa para que o restante dos fãs tivessem oportunidade pra ouvir, seria uma bomba e tanto para o fandom.
Não parecia ter passado muito tempo quando ele suspirou.
— Então vamos ver — após ligar o gravador do seu celular, ele começou a tocar a música toda, o progresso que havia feito até o momento.
Eu coloquei as duas mãos na boca para ficar completamente em silêncio, sem atrapalhá-lo com meus soluços e coisas assim. Garanto que eu tentei, mas foi impossível não chorar, sentada ali do lado dele, vendo-o despejar toda a sua vulnerabilidade nas teclas do piano e na tessitura da voz. De olhos fechados e cenho franzido, ele movimentava o corpo com o ritmo da música, se inclinando para o piano, balançando a cabeça, como parte verdadeira da canção.
Quando ele tocou a última tecla e desligou o gravador, sua boca arqueou para baixo.
— Uau — murmurou impressionado consigo mesmo, não de modo arrogante e convencido.
Justin olhou para mim a fim de uma segunda opinião quando eu limpava meus olhos de novo. Ele riu ao constatar meu estado.
— Você é mais emotiva do que eu pensava.
— Não sou — menti — É culpa sua. Ficou espetacular, Justin.
Um sorrisinho brincou na ponta dos seus lábios.
— Vamos mostrar para o Josh.
Pegamos mais um donut antes de voltar a outra sala e eu vi os olhos castanhos de Josh assumirem um arrebatamento gradual ao transcorrer da música. Ele alisou sua barba algumas vezes enquanto se balançava na cadeira de rodinhas, exprimindo palavras deslumbradas de tempos em tempos.
— Acho que quero chamá-la de Purpose — ele olhou para mim conspirador.
Obriguei meus olhos úmidos outra vez a se controlarem e sorri para ele.
— É um excelente material, irmão. Vamos trabalhar nela imediatamente.
Justin estreitou os olhos, refletindo.
— Vou precisar do Poo Bear e do Scooter para dar seguimento, quero que eles ajudem nessa — enquanto falava ele já digitava em seu celular, aproximou-o da boca e deduzi que fosse gravar um áudio — Poo Bear, irmão, você pode vir para o estúdio hoje a tarde? Preciso da sua ajuda — uma pausa para selecionar mais alguma coisa na tela — Yo, Scott, tenho que te mostrar uma coisa, venha para o estúdio a tarde, por favor?
Hm, eu não achava que Scooter fosse aprovar minha presença ali, imaginei se Justin já estava pensando em me levar embora e me deprimi com a ideia. Por mais que eu fosse ficar deslocada e amuada com a presença de Poo Bear e Scooter, também não estava pronta para me despedir. Quase como se meus pensamentos o chamassem, Justin me encarou com expectativa.
— Vamos almoçar agora? Em Venice Beach? Vou chamar o Patrick.
O modo como seus olhos claros e ardentes piscavam para mim não me deixava pensar com muita clareza. A única coisa que se passava em minha cabeça era como eu odiaria decepcioná-lo agora.
— Hã, sim, vamos.
— Quer ir, Josh? — Justin se virou para o mesmo.
Josh não tirou a atenção do computador enquanto respondia.
— Ah, não, obrigado. Aproveitem vocês dois.
— Não vou demorar tanto assim. Até daqui a pouco — eles fizeram um toque de mão e convergimos para a porta enquanto eu falava um "tchau" por cima do ombro. Justin voltara a digitar no celular quando me disse — Patrick vai nos encontrar lá, tudo bem? Só vamos descer do carro quando ele estiver na nossa porta.
Eu não prestara tanta atenção no nome quando ele falara da primeira vez, mas pelo contexto supus que devia ser o segurança. A informação deu o gatilho que eu precisava, afinal, qual era a necessidade de um segurança? Público. Pessoas aglomeradas. Possíveis fotos e gravações. Rumores. Redes sociais. Um nervosismo medonho embrulhou meu estômago. Eu deveria mesmo falar com Fani sobre isso.
— Ah, tudo bem — apanhei o celular no bolso, mas não havia nem destravado a tela quando ele colocou uma mão na minha cintura.
— O que foi? Não quer mais ir? — Ele havia parado de andar, me avaliando em dúvida.
— Hm... Não é isso, eu só não sei se... Você acha que vai ficar tudo bem? Não é ruim aparecer comigo assim? Não sei, as pessoas falam e... — dei de ombros, sem querer continuar enumerando motivos para não dar uma volta com ele. Eu queria ir, só havia dito alguma coisa por pura responsabilidade (e medo).
— Hmm...— ele virou de lado, de modo que pudesse ficar de frente para mim, sua mão que ainda estava na minha cintura, o que me deixava muito inquieta por sinal, me incentivou a fazer o mesmo. Assim, Justin sustentou meu olhar como um hipnotizador profissional — Não vejo problema algum em aparecer em público com meus amigos e não me importo muito com suposições alheias. Você também não deveria — ele estendeu a mão para tocar meu cabelo, num movimento lento colocou a parte da frente atrás da minha orelha, vergonhosamente notei o engasgo brutal do meu coração — Vamos ficar bem e vai ser divertido. Vou cuidar de você — ele deu um sorrisinho contido pitoresco, mal dava para acreditar que causava tanto estrago — Você confia em mim? — sua voz soou muito ardente e convincente.
Mesmo sem saber que o faria, eu assenti, tão confusa que não saberia meu próprio nome naquele segundo. Devia ser crime fazer aquele tipo de coisa, seu nível de persuasão passava do aceitável.
— Que bom. Podemos ir então? — o sorriso se ampliou.
Mais um movimento positivo de cabeça e eu guardei o celular no bolso, sem nem ao menos saber por que ele estava na minha mão.
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A cara de pau de aparecer aqui agora está grande.Olá, pessoas mais lindas do Brasil!!!!Me desculpem demorar kakaak foi difícil fazer esse sair, por questões de tempo e inspiração, eu espero de verdade que vocês gostem e se divirtam com essa leitura. Eu fiquei toda emotiva por algumas partes e sabemos o motivo. E em outras dei risada pois esse Justin é muito cara de pau também
Obrigada pela leitura, por acompanharem, pelos comentários. Me motivam muito! (me deem estrelinhas eu amo)ALIÁS, o que vocês esperam para essa praia? KAKAKAKAKAKAKKAKAKAKAK Eu espero voltar mais cedo para poder contar a vocês o que vem por aí. Se protejam do corona e até a próxima!
ps: se quiserem ver minha cara feia e me dar uma moralzinha, eu gravei um cover com minha irmã e meu cunhado da música Vejo Enfim a Luz Brilhar (sou mt rendida) vai estar no link externo (adivinhem quem sou euuu)
ps2: mais das minhas previsões, descobri o Finneas há algumas semanas e botei a música dele na nossa playlist -> pouco tempo depois Justin lança Lonely, que o Finneas ajudou a produzir (a melodia é a cara dele demaaaais). Minha conexão com o Justin está S E N S A C I O N A L, DEUS SE FOR UM SINAL SUA FILHA ESTÁ PRONTA
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