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˖࣪ ❛ ABISMO
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CONHECI OKSANNA QUANDO a mãe dela a levava para a cantina quando ela ainda era criança. A velha era uma alcoólatra que não hesitaria em machucá-la para saciar sua sede de álcool e, quando o fez, vendeu-a por alguns drinques extras para os humanos imundos que matei quando iam machucá-la. Eu estava passando quando ouvi aquela mulher entregar Oksanna como se ela fosse um cachorro. Algum tempo depois, quando Oksanna já estava sob meus cuidados, também cuidei daquela velha e gostei muito.

— Eu salvei aquela menina de oito anos porque queria o sangue dela só para mim, mas quanto mais eu queria beber, mais complicado me parecia fazê-lo. Naqueles anos eu estava fugindo dos Volturi, eu estava sendo descuidado com meu modo de vida, eu apaguei meus rastros na Espanha, mas para eles não era suficiente então eles estavam me caçando eu tinha que perdê-los e foi na Albânia onde finalmente consegui me livrar do cachorrinho Demetri.

— Oksanna olhou para mim como se eu fosse seu herói e em parte eu era, eu a tranquei por algumas semanas e apenas a alimentei o suficiente para que ela não morresse. Quanto mais eu ficava sem matá-la, mais eu me preocupava com ela e me afeiçoava a ela, e assim se passaram dezoito anos. Eu me apaixonei por ela e ela por mim.

— Graças a um velho amigo da guarda soube que Demetri havia recomeçado sua busca, deixei Oksanna em uma cabana com comida suficiente para um ano sem saber que ela estava grávida. Eu me escondi com meus irmãos na Romênia e quando voltei para buscá-la para convertê-la de uma vez por todas, vi o túmulo improvisado que vocês fizeram para ela e devo agradecê-los.

— Enquanto estávamos vindo para cá, ouvi meus irmãos falarem sobre o clã deles, ouvi sobre o menino e tive minhas suspeitas, mas quando o vi correr em sua direção não tive dúvidas, ele é o mesmo que ela quando era menina, ela tem seus olhos.

Damian assistia incrédulo que o inferno que ele estava vivendo por causa dos Volturi ficou ainda pior, o cara na frente dele e Edward era o pai biológico de Alexander, Erick poderia pegar ele com a mão na cintura e ele não poderia fazer nada para impedi-lo. Seu olhar encontra o de Edward e ao contrário dele, ele não está derrotado, ele está furioso.

— Não há nada a ganhar mentindo, você sabia que ela estava grávida e a deixou no meio do nada. — diz ele enquanto encara o outro vampiro. — E então você ousa chamá-lo de 'filho'? Aquela mulher era magra, talvez seu corpo resistisse até Alex chegar, mas deixe-me dizer que ela já havia morrido muito antes, desde o dia em que você a deixou entregue ao seu destino.

Damian percebe a raiva de Erick com essas palavras e fica na frente de Edward, protegendo-o e olhando para o romeno com cautela.

— Nem pense nisso. — avisa o caçula e Erick revira os olhos.

— Eu quero conhecê-lo, ele tem o direito de saber sua origem. — os dois meninos Cullen ficam tensos ao ouvir aquela frase e quando estão prestes a dizer um 'Não' definitivo, Jasper Hale interrompe a conversa que estava acontecendo em escritório de Carlisle.

— Eleazar quer que todos estejam presentes, ele tem algo a compartilhar. — o loiro acalma o ambiente da sala. A verdade é que Jasper não estava se divertindo, estava cansado de tanta gente em casa, precisava de uma folga e ver Bonnie, mas isso parecia impossível naquele momento.

Uma vez na sala, com todas as testemunhas reunidas, Eleazar começa a falar: — Quando Aro quer alguém de um clã, não demora muito para ele encontrar evidências de que aquele clã cometeu um crime.

— Eu acho que ele já fez isso antes. — Damian aponta sentado ao lado de Leah.

— Sim, mas aconteceu muito raramente e por períodos muito longos entre eles. O último aconteceu há mais de setenta anos e nunca notei um padrão, até agora. — respondeu o primo de Denali, cruzando os braços.

— Parece que ele sempre perdoa uma pessoa se ele acha que ela está arrependida. — Carlisle interveio.

— E essa pessoa sempre tem uma habilidade e é convidada a fazer parte de sua guarda.

— Então está claro que isso não é para Alex, é para você. — raciocina o lobisomem. — Damian, Edward, Alice e Jasper têm presentes, é óbvio que um deles está interessado nesse Aro.

Damian se vira para olhar para o marido dele e ele acena com a cabeça, chegando à mesma conclusão: — Isso é tudo por Alice, ela não tem ninguém como ela. — Edward expressa seu medo diante de todos.

— Foi por isso que ela foi embora, para nos proteger. — diz Jasper, chamando a atenção de Maria.

— E para que servem as testemunhas? — Emmett perguntou, encostado na estante, atrás de seu irmão Edward.

— Para espalhar a notícia de que a justiça foi feita. — diz Erick Volkov, sentado na sala com seus irmãos.

— Claro, depois que o clã ofensor é massacrado. — acrescenta Alistair com alguma zombaria.

Carmen e Tanya se consolam, enquanto Damian faz o mesmo com Leah, que fica arrepiada. O líder do clã egípcio faz gestos de querer partir, pelo que Edward deixa escapar a primeira coisa que lhe vem à mente: — E quem tem a certeza que ele vai parar aqui? Onde eles vão? Eles podem ir atrás de Benjamin, Zafrina ou Kate ou qualquer pessoa com um presente. O objetivo dele não é punir, é poder e ter joias ao seu lado, porque é assim que ele nos vê. Talvez Carlisle não peça para vocês lutarem, mas eu peço, pela minha família e pela de vocês, por seu estilo de vida.

Damian fica surpreso com a explosão de Edward e aparentemente ele não é o único, já que todos ficaram em silêncio. Leah Clearwater se encarrega de quebrá-lo e mostrar mais coragem do que todos ali reunidos ao declarar que ela vai lutar, e que o bando também.

— Estamos nisso, Edward. Somos uma família. — os Denali se levantam do assento, ao lado de Carmen.

— Não é a primeira vez que luto contra uma tirania. — acrescenta Garrett, sorrindo, Damian retribui o gesto.

— Eu me junto a vocês. — Benjamin acena com a cabeça enquanto seu criador protesta. — Farei o que é certo, Amon. Você pode escolher. Esta família é inocente e eles são extremamente talentosos. Agora entendo porque Aro está tão assustado.

Um a um, os líderes dos clãs e os nômades mostram seu apoio aos Cullen. Jasper olhou para sua criadora, Maria. A mulher suspira e revira os olhos: — Ok, já vivi o suficiente de qualquer maneira. Vamos nos divertir fodendo essas bundas velhas.

Os romenos ficaram afastados mas estavam muito atentos à conversa, é Erick quem toma a palavra para afirmar que eles também vão lutar.— Meus irmãos e eu também estamos dentro.

Edward franze os lábios em um rosnado de raiva, mas deixa passar.

— Vamos torcer para que não cheguemos a um confronto. — Alistair responde a Carlisle com um seco e pouco convencido. — Veremos.

Uma vez em casa, Damian estava segurando o corpo adormecido de Alex, que realmente estava perdido em um sonho, embora eles tivessem caminhado em velocidade humana e ele não tivesse acordado. Damian quer ir para o quarto do menino, mas é interrompido por Edward: — Me dê, eu pego. — Damian permanece parado, hesitando por um segundo para entregá-lo, mas aceita relutantemente. — Eu também sou o pai dele, deixe-me fazer isso.

Damian é surpreendido pela segunda vez naquele dia por Edward, desta vez por causa de seu tom de voz seco quando disse essas últimas palavras. O menino caminha silenciosamente pela sala, fixa o olhar na estante e percebe um detalhe imperceptível ao olho humano, um livro fora de ordem, 'Amor em Tempos de Cólera'.

Ele se aproxima rapidamente e na primeira folha encontra um nome junto com um endereço: 'J. Jenkins.' No verso da folha estavam escritas as seguintes palavras: Queime, não deixe Edward ler em sua mente.

— Alex já está na cama. — Edward aparece na sala e vê Damian distraidamente passando as mãos sobre o fogo.

— O que ele quer, Edward? — o menino pergunta, olhando para ele. — Qual é o seu preço para ficar? — Damian observa seu marido se aproximar dele. — Eu preciso que você me diga o que você viu em sua mente, você quer dizer a verdade a Alex?

Edward acena com a cabeça e segura Damian pelos ombros enquanto ele balança a cabeça repetidamente. — Ele só quer conhecê-lo, só isso. Ela não tem intenção de levá-lo embora, ela não o ama como você e eu. — o leitor de mentes agarra seu companheiro pelas bochechas. — Eu não vou deixar que ele o leve para longe de nós.

— Não! — Damian se liberta do aperto de Edward e fica histérico. — Eu quero que ele vá embora, ele não adiciona ou subtrai nada do nosso lado, eu já tenho o suficiente sabendo que provavelmente não sairemos vivos dessa luta. Não posso suportá-lo perto do meu Alexander. Fui eu quem o segurou pela primeira vez, fui eu que expliquei a ele que ele não é um monstro quando ele acreditava nisso, sou eu quem tem que dizer a ele todas as noites que não há nada de errado em ele ser diferente e serei eu quem dará a vida por ele se for preciso. Ninguém sabe o que estou sentindo!

— Nem mesmo eu? — Edward pergunta e Damian balança a cabeça, seu rosto contorcido de dor. — Desde que tudo isso começou, você apenas me afastou e tratou como se fosse de alguma forma minha culpa. Estou fazendo tudo por você, pelo Alex e por mim, vocês dois são minha razão de existir, vocês são minha família e são a única coisa que preciso. Eu te amo, Damian, e te amo tanto que dói no fundo da minha alma que você não se apoie em meu ombro para buscar conforto.

Damian se afasta de Edward e cai no sofá em derrota. — Eu me sinto tão frustrado, desde que sou um vampiro, nunca me senti tão fraco quanto antes. Quero ser forte o suficiente para proteger quem amo e não sou, me sinto uma porra de uma criança assustada.

Edward caminha até o menino e senta ao lado dele. — Damian, você é mais corajoso e mais forte do que todos nós juntos. Olha o que você conseguiu, nós temos uma família e um filho, é algo que eu nunca tinha imaginado e você tornou isso possível.— Edward pegou a mão dele onde estava sua aliança de casamento. — Você tem a falsa ideia de que todo mundo te vê como um cachorrinho assustado quando é o contrário, quando me vem a mente só consigo imaginar você como um leão furioso. — Damian sorri para isso e aperta a mão de Edward. — Tudo bem se você estiver com medo, meu amor... Mas eu imploro, não me afaste.

— Eu não quero te sobrecarregar. — ele desiste cansado. Damian pega o rosto contraído de seu companheiro nas mãos e bate na testa dele. — Eu não fiz isso com o objetivo de te machucar, você sabe que eu cortaria meu braço primeiro antes de te causar dor. — e o menino quis dizer isso. Edward estava totalmente vulnerável diante dele e isso estava causando a ele o mais opressivo dos males. Damian estava se sentindo uma merda. — Eu tentei nos dar um pouco de espaço, eu não quero sobrecarregá-lo com minha ansiedade, eu só... Eu não quero desapontá-lo.

— O que para você é um espaço prudente para mim tem parecido um abismo. — Edward também segura o rosto do vampiro. — E você nunca poderia me decepcionar, eu sei quem você é e você sabe quem eu sou. Eu só quero estar com você e que você esteja em meus braços e eu nos seus.

Damian cumpre seus desejos subindo em seu colo, montando nele. — Eu fui um verdadeiro idiota com você. — ele o pega pelo pescoço enquanto Edward o faz pelos lados. — Sinto muito, sou um idiota.

Edward sorri e aquele gesto característico dele faz os joelhos de Damian tremerem. — Todos nós temos nosso estágio de ser um idiota.

O garoto beijou os lábios do vampiro, as mãos de ambos percorriam o corpo do outro e antes que as coisas mudassem para uma situação mais íntima, um pensamento fugaz passou pela cabeça do vampiro curandeiro e interrompeu os beijos ansiosos de Edward.

— Alex tem o direito de saber de onde ele veio, certo? — Edward fez uma careta ao entender o relacionamento que Damian estava fazendo em sua cabeça ao colocar Alexander em seu lugar quase um ano atrás, quando os Cullens esconderam dele a verdade sobre seu relacionamento com a mãe humana doente. — Não sou de negar isso, você estaria cometendo um erro do qual já foi vítima.

— Eu apoiarei o que você decidir, querido. Não fico muito confortável imaginando aquele cara na mesma sala que o Alex, tem algumas coisas bem sombrias na cabeça dele, mas acho que você está certo em deixar nosso filho saber de onde ele vem, principalmente por causa da mãe dele que era uma boa mulher na época. Agora, por favor, fique em meus braços, só assim eu sei que tudo ficará bem.

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