II

Matthew olhava satisfeito pela janela uma bela nuvem cinzenta se formando. Poderia ser julgado como um filho cruel por desejar que a festa do jardim da sua mãe fosse cancelada devido a uma possível tempestade. Mas ele simplesmente estava esgotado das tentativas dela em casá-lo. Não era um homem contra casamento como a maioria dos seus amigos, apenas queria esperar o momento certo para tomar uma decisão tão importante. Simplesmente não se imaginava convivendo com uma mulher da qual um diálogo seria improvável por falta de assunto.

Conhecia todas as regras do jogo, mas ele sempre foi um pouco rebelde. Então sempre encontrava um jeito de ir contra elas. Por isso sua mãe vivia dizendo que os fios brancos surgindo em seus cabelos, eram culpa dele. Seu pai pouco dava importância para esses assuntos, porque fazia questão em dizer que tinha outro herdeiro caso ele não tivesse competência o suficiente para formar uma família. De certa maneira, aquilo o afetava de maneira muito negativa. A relação com seu pai não era muito boa.

Em algum momento, não sabia dizer exatamente quando, ambos se tornaram estranhos um para o outro. Em compensação, seu primo, Richard, virou a alegria dos olhos do duque. Muitos diriam que era ciúme da sua parte, mas aquele homem simplesmente era tolerável. Sua ambição, uma marca registrada, poderia ser reconhecida em qualquer diálogo, bastava ter um pouco de malícia e inteligência. Ou seja, poucos possuíam.

Seu sobrinho passou por ele correndo como se sua vida dependesse daquilo. Logo depois a babá apareceu correndo atrás desesperada para conseguir pegá-lo e não haver reclamações por parte da sua irmã. Caroline odiava quando deixavam Lionel correr livremente pela casa, porque sempre resultava em alguma peça frágil quebrada e uma criança chorando arrependida. Matthew adorava ter aquele tipo de distração pela casa.

Caroline tinha ficado viúva fazia um ano, seu marido dormiu e não acordou mais; aquilo a deixou traumatizada por meses. Ainda usava trajes de meio-luto, um lilás horroroso. Esperava que ela saísse daquela tristeza em breve e vivesse algo novo. Ele também se preocupava com seu sobrinho de quatro anos sem a presença do pai. Mas de alguma forma, tentava preencher aquele vazio na vida daquela criança que amava.

— Ele fugiu novamente da babá? — Caroline apareceu como um fantasma atrás dele. — Não aguento mais conversar com Lionel sobre essas atitudes dele.

— Lionel é apenas uma criança, Caroline, tenha um pouco mais de paciência.

— Por favor, o que sabe sobre crianças? — seus grandes olhos azuis o encararam com escárnio. — Nunca soube o que é uma responsabilidade de verdade, Matthew.

Matthew era muito tolerante com sua irmã, no entanto, quando ela dizia aquelas coisas para ele, sua mente trabalhava em mil respostas malcriadas para respondê-la. Mas, parecia que de alguma forma seu anjo da guarda segurava em seu ombro e dizia: ignore.

— Vou atrás deles.

Caroline saiu sem olhar para trás.

— Ah, Caroline, ainda vai me fazer perder a cabeça... — resmungou, olhando mais uma vez pela janela. — E para piorar, parece que o clima melhorou de maneira repentina.

Respirou fundo e desceu a escada rapidamente.

— Matthew querido! — sua mãe veio em sua direção cantarolando. — Daqui a pouco os convidados vão começar a chegar, quero aquele bom humor vindo de você.

Edith estava com um lindo vestido azul-bebê que realçava seus pequenos olhos azuis. Amava ver sua mãe deslumbrante, empolgada organizando coisas que a deixavam feliz. A dedicação dela era impressionante, um dia queria ter metade daquela qualidade.

— Não sei se posso prometer tal coisa, Vossa Graça. — respondeu ironicamente.

A duquesa cruzou os braços, parecendo bastante irritada.

— Seu pai conseguiu me deixar com raiva logo cedo, agora você?

— Não é muito difícil meu pai deixar alguém com raiva. — deu de ombros. — Mas, tudo bem, mãe. Eu vou ser o melhor anfitrião que a senhora já conheceu. — um sorriso malicioso surgiu em seu rosto, muito involuntariamente. — Será maravilhoso!

— Deus me ajude! — levantou as mãos para cima.

— Fique calma, mamãe. — beijou a bochecha dela. — Sabe que não faria nada para estregar sua alegria.

— Eu sei, querido. Aliás, cuidado com sua irmã, ela acordou com o pior humor possível, está distribuindo grosseria com uma facilidade impressionante.

Matthew deu uma pequena gargalhada.

— Ah mãe, avisou um pouco tarde, fui atingido sem piedade por sua filhinha querida.

O mordomo se aproximou.

— Vossa Graça. — fez uma mesura, e virou-se para ele. — Milorde.

— Sim, Sr. Wilson. — sua mãe respondeu graciosamente.

— Os primeiros convidados chegaram.

— Que maravilha!

Matthew apenas deu um pequeno sorriso e rezou para não morrer de tédio.

Aos poucos, o jardim começou a ficar lotado de pessoas, e infelizmente, ele era uma das atrações principais. Todos queriam saber dele. Todos queriam estar com ele. Às vezes olhava para sua mãe tentando pedir ajuda, mas ela simplesmente o ignorava. Afinal, seu desejo para aquela temporada no campo, era seu casamento com alguma moça.

Penélope Potter se aproximou de maneira sorrateira com sua mãe. Ele simplesmente não suportava nenhuma das duas, então tinha que agir habilmente para ficar longe delas. Apostava que Caroline, por ser amiga de Penélope, a estava incentivando para que fizesse aquelas investidas. Lamentava muito pelas tentativas da irmã em querer casá-lo com uma mulher tão fútil. Porém, ambas se pareciam um pouco.

— Fugindo delas mais uma vez, senhor?

A pequena Lena Clark estava diante dele com um pequeno sorriso travesso no rosto. E não sabia explicar muito bem, mas ficou tão aliviado em vê-la.

— Eu disse que a senhorita era muito interessante. Mas devo salientar que é muito inteligente e observadora?

Ela ficou levemente ruborizada.

— Obrigada pelo elogio.

— O que está achando dessa tarde?

— Bem melhor que o baile. — olhou para o céu. — Achei que hoje cairia uma tempestade, no entanto, parece que o sol realmente quis reinar.

— Minha mãe ficou muito feliz que o sol resolveu reinar. — disse desgostoso.

Lena o olhou com divertimento.

— Oh, desejava a chuva? — seus olhos se estreitaram quando ele não disfarçou em nada que era aquilo mesmo. — Que filho malvado...

Olharam um para o outro e começaram a rir.

Riram tanto, que as pessoas ao redor começaram a olhar para eles om curiosidade.

Aquela tinha sido uma das suas gargalhadas mais sinceras em dias. Ao ponto que sua barriga começou a doer, e teve que respirar um pouco para voltar a sua compostura. Porém, ela ainda mão tinha parado de rir.

Matthew começou observá-la.

Seus olhos ficavam pequenos enquanto sorria, e aquilo era de uma beleza tão única. O vento que passava em seus cabelos castanhos, presos em um penteado que destacava seu rosto, a deixava ainda mais bela. Sua boca...

Balançou a cabeça em negativa.

Estava ficando maluco?

Agora, ela o olhava com curiosidade.

— Aconteceu alguma coisa? Parece estranho.

— Nada. — ofereceu um pequeno sorriso, apesar de achar que deve ter saído parecendo uma careta. — Apenas tive um leve devaneio.

Ela assentiu, pareceu não acreditar muito no que ele disse.

— Vou procurar minha mãe.

— E eu vou me esconder um pouco.

— Eu não faria diferente. — piscou um olho e sorriu. — Até breve, senhor.

— Matthew.

— Como?

— Quando estivermos sós, apenas Matthew.

— Lena.

Ele estava começando a ficar empolgado com Kent.

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