Naquela noite eu levei Charlotte para casa, e em seguida fui ao dormitório. Ela parecia bem pensativa enquanto dançávamos, então decidi por dar um espaço para ela. Não sabia ao certo como falar quando ela ficava assim. Até porque Charlotte era bem comunicativa e tinha a língua um tanto solta.

Passei parte da noite em claro, pensando em como conquistaria aquela fêmea. Queria sim, amarra-la na cama, mas conhecendo o pouco de Charlotte, era capaz dela por a casa abaixo apenas com palavras. Agora, entendia de fato o cuidado que os outros machos tinham por suas fêmeas humanas. Sempre tentando ser o mais gentil e calmo possível.

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Ao amanhecer o dia, eu já tinha algumas chamadas de Trisha no celular, não sabia o que ela queria, mas ja fazia tanto tempo que me pedia para comparecer ao centro médico que não tive como ignorar novamente. Levantei rapidamente e tomei um banho, vesti roupas leves já que fazia calor, e eu pretendia visitar Lotte assim que possível. Tomei um café rápido e desci as escadas do dormitório pulando de dois em dois degraus. Ansioso? Não. Mas, quanto logo soubesse o que Trisha Queria, mais rápido estaria batendo na porta do minha fêmea.

Não demorou muito para estar no centro médico, Bestial e Junny saiam de lá sorridentes, acompanhados do pequeno filhote. Parei por alguns segundos para observa-los, era exatamente isso que eu queria, uma família. Pus as mãos nos bolsos e caminhei para dentro, cumprimentando Destiny que conversava com uma das enfermeiras.

- Trisha deve estar no laboratório, junto a Ella. A fêmea de Fire. Eu te levo até lá. - ele apontou para a frente, enquanto caminhava ao meu lado pelo corredor branco e sem fim do local.

- Aconteceu alguma coisa? - questionei enquanto andávamos.

- Não que eu saiba. Ela só esta desesperada para falar com você, as duas estão, para falar a verdade. - me respondeu, abrindo a porta do laboratório para que eu pudesse entrar.

- Light! Finalmente resolveu nos favorecer com sua presença. - Trisha comentou, parecendo um pouco cansada. Ella estava sentada em um dos bancos do balcão, seu olhar se ergueu encontrando o meu e ela soltou um sorriso gentil, retribuí.

- Precisamos conversar com você, algo sério. - Ella falou, descendo do banco e se apoiando nele, ficando ainda menor na minha visão. Não conseguia entender o que ela poderia querer comigo. Nunca demonstrei interesse em participar da guarda ou qualquer coisa assim.

— Eu estou aqui. Podem falar. – comecei ansioso, escondendo as mãos nos bolsos da calça, olhando para as duas alternadamente.

— Não quer se sentar?– perguntou Trisha. Seria algo assim tão ruim? Ella olhou para Trisha repreensiva, como se Nao quisesse que a médica acabasse por me assustar.

— Light, já pensou que poderia ter irmãos?– Ella foi quem se pronunciou, direta. Parei um pouco para pensar na sua pergunta.

— Como assim? Sei que Fury e Darkness são irmãos... Mas, não. Nunca pensei em ter um irmão de sangue espécie. – fui sincero, ela não abalou o olhar, apenas assentiu e logo me lançou um rato sorriso.

— E um irmão humano? – questionou novamente. A pergunta me pegou tão desprevenido que foi impossível não encarar as duas como se elas estivessem falando que o sol era quadrado.

— Isso não pode ser possível... Fomos criados em laboratório... E ter irmãos é extremamente raro... E...– eu tentava mais me convencer que isso era impossível, do que convencê-las de que estavam falando algo fora do comum.

— Isso é sim. Porque você não foi criado em laboratório. Você foi geneticamente modificado quando era um bebê, recém nascido. – explicou Trisha dessa vez, me entregando alguna papéis, que seriam os originais da minha criação, ou algo que se assemelhasse isso.

— En... Então eu tenho um irmão? – questionei esperançoso. Eu não tinha ninguém, a não ser Lucca e Jaded, Meus melhores amigos.

— Uma irmã, na verdade... E dois sobrinhos travessos. — Ella fechou levemente os olhos e uma lágrima escorreu de um deles, mas em seus lábios estava um sorriso aberto e convidativo.

— A Ella é a sua irmã, Light. – Trisha confirmou a fala de Ella.

Me aproximei devagar, nunca tive essa oportunidade. Deixei que o cheiro por baixo do empregnado pelo Fire se distânciasse, e senti ali algo que se chocava com um cheiro profundo meu também. Não exitei em abraça-la, apertei um pouco seu corpo contra o meu e deixei que lágrimas caíssem dos meus olhos. Ela retribuiu o abraço, me apertando também com sua pouca força.

— Minha irmã... – eu sussurrei, logo lhe soltando. – O Fire já sabe? – questionei, o meu cheiro ia ficar nela por causa do abraço, e das lágrimas em seu ombro, e eu não queria uma confusão com o Fire.

— Ele sabe... Não se preocupem com isso... Maninho. – ela fechou a mão em punho e encostou no meu ombro, com um sorriso agora sapeca nos lábios.

— Eu acho que... Nunca vou esquecer dessa cena...– Trisha Estava com Alguns lenços, logo nos ofereceu. Ela também chorava e sorria com aquela cena.

Hoje, eu acordei sabendo que se não tivesse uma companheira, viveria sozinho. E agora, descubro que tenho uma irmã e sobrinhos. Eu não imaginava que poderia ficar tão feliz, em questão de horas.

— Quer passar a noite em minha casa? Conhecer seus sobrinhos... O que acha? Eu estou voltando agora para a Reserva. – assenti. Depois, contaria tudo a Charlotte, e a levaria para conhecer minha família.