Yes

"Cara" - senhorita Moniz, disse calmamente tocando meu ombro - "Preciso te levar ao ambulatório."

Eu assenti e sai correndo, mas não para o ambulatório. Ouvi Megan, chamando-me, mas não parei ate chegar a sala do diretor. Bati na porta desesperadamente, e não esperei ele dizer que poderia entrar.

Quando adentrei o local, ele estendeu os braços e eu o abracei e deixei-me chorar.

"Eu não... Eu não queria... Machuca-la." - falei, ou pelo menos tentei falar. Senhor Thomas, me abraçou mais forte e passou a mão em minhas costas.

"Shhh! Esta tudo bem, Cara." - a voz dele é tao familiar e faz com que eu fique um pouco mais calma.

"Thomas?" - a voz da Senhorita Moniz, me fez virar para a porta

"Entre" - o diretor disse e fechou a porta, assim que a mulher entrou. Me sentei no sofá de couro marrom de frente a janela.

Apoiei meus cotovelos em meus joelhos e deixei minha cabeça pender em minhas mãos, enquanto as lagrimas caiam sobre o carpete da sala.

"Denise a provocou" - Senhorita Moniz disse. Nao esperava que ela estivesse me protegendo. - "Disse coisas horríveis sobre o que aconteceu e Cara, acabou dando-lhe alguns socos."

Senhor Thomas, disse algo como "já era de se esperar". Senhorita Moniz, continuava falando com ele, sobre os problemas que eu teria por ter batido na garota.

"Quero que dê isso a Denise. E peça para Carey" - sua secretaria -, "ligar para os pais dela."

"O que é isso?" - a mulher perguntou e levantei minha cabeça para olhar o que era também.

Ela balançava um papel branco no ar.

"Uma advertencia." - o senhor disse e eu suspirei

"Nao pode fazer isso com ela, senhor" - falei secando meus olhos com as costas da mão.

"Posso e vou. Não é a primeira vez, que escuto reclamações, sobre as provocações dela contra você, ou contra qualquer um. Nao à estou advertindo apenas pelo que ela fez a você, mas pelo que fez a Megan, também e as outros."

Balancei a cabeça em negação e me levantei, caminhando pela sala.

"Entregue a ela, Laura."

"Quem é Laura?" - perguntei parando e olhando para os dois adultos ali. Senhorita Moniz, levantou a mao e deu um pequeno sorriso.

Virei as costas a eles e continuei caminhando pela sala. Me dirigi até uma estante de livros, um porta retrato de três pessoas sorrindo, chamou minha atenção. Peguei-o e olhei. Meus pais, estavam abraçando Tomas e os três sorriam. Pareciam tao jovens, tao... tao vivos!

Segurei as lagrimas novamente e senti uma mão em meu ombro esquerdo.

"Nós tínhamos 25/26 anos. Foi dois anos depois da formatura da faculdade. E um ano antes de você nascer."

"Sinto falta deles."

"Eu também, Cara." - ele tirou o porta retrato das minhas mãos, colocou de volta na estante e me puxou para o abraçar

"Você é o mais próximo que tenho de família."

"Eu sei, Ca." - ele beijou minha testa e dei um pequeno sorriso, pelo apelido que ele sempre costumava usar - "Aliás, eu sou seu padrinho. Minha obrigação e meu prazer, é cuidar de você se algo acontecesse a eles."

Concordei e o apertei mais uma vez antes de o soltar.

"Quero que vá para casa e fique por la ate terça-feira. Tentarei resolver os problemas por aqui."

Limpei meus olhos mais uma vez antes de sair da sala. Caminhei pelos corredores vazios e fui ate o banheiro, para lavar minhas mãos. Assim, que terminei fui para o estacionamento aberto.

"Cara, espera!" - Harry estava correndo ate mim, segurando meus pertences.

Apressei meus passos ate meu carro, mas não fui rápida o suficiente. Ele estava parado na minha frente, ofegante. Ele colocou a mão nos joelhos, para tentar recuperar o fôlego. Quando já estava bem, levantou-se e olhou em meus olhos. A cor neles, estava mais viva.

"Você esta bem?" - ele perguntou preocupado. Concordei e me afastei dele. - "Por favor, Cara." - ele disse caminhando atras de mim

"Devia me deixar em paz." - falei destravando meu carro.

"Eu preciso te ajudar." - ele disse antes de fechar a porta. Ele bateu na janela, algumas vezes e eu a abaixei relutantemente

"Por que acha que pode? Você sabe o que aconteceu com meus pais. Devia ficar longe de mim"

"Nao foi você, porra!" - ele disse passando as mãos pelo cabelo e o puxando para trás - Eu sei que não.

"Como pode ter tanta certeza? Você, nem ao menos me conhece."

"Nos falamos poucas vezes, no jardim de infância e fiz um trabalho contigo na sétima serie. Mas, eu sempre te observei. Sempre muito inteligente, gentil, prestativa a todos. Você nunca, nunca, faria nada de ruim, com ninguém. Muito menos com seus pais.Nao vejo como."

Ele me olhou e eu o encarava assustada.

"Alguém armou tudo aquilo e você sabe disso. Eu tenho acesso aos arquivos e não ha muita coisa neles. O caso foi dado como encerrado, sem que houvesse nenhuma investigação."

Dei partida.

"Cara!" - ele disse abrindo a porta do meu carro e tirando a chave da ignição

"Mas que merda, Styles. Devolve a minha chave."

Ele colocou no bolso da frente e quando desci do carro ele segurou em meus braços. O toque dele era quente e confortável, e não me afastei. Aquilo me surpreendeu. Eu sempre me afastou a qualquer toque.

"Quero te ajudar. Sei que anda procurando algumas coisas que levem até o que houve a eles. Eu vi você em frente a casa que morava, com eles."

"Co-como você me viu? Anda me perseguindo?" - olhei para ele assustada

"Nao, porra, não" - ele disse retirando as mãos de meus braços, e suspirei pela falta de contato entre nós - "Meu pai mora próximo a sua antiga casa. Fui visita-lo e vi que estava lá, parada de frente a nova casa, olhando-a, como se pudesse voltar no tempo, e tentasse entender como tudo aconteceu."

Ele piscou algumas vezes envergonhado e continuou.

"E foi ai, que tive a certeza de que poderia lhe ajudar."- ele parou de falar, quando gotinhas de chuva caíram em nossas cabeças - "Eu adoraria lhe contar as coisas que eu sei, Cara. Estou lhe pedindo, pela milésima vez, por favor?" - ele disse pegando minha mão que estava ao lado do meu corpo.

"Harry" - comecei - "você precisa entender o quão difícil é para mim, deixar alguém se aproximar. Eu me mantenho quieta e na minha, por quatro anos. E aumentei ainda mais essa distancia com as pessoas, a dois anos atras, quando voltei a esta escola."

"Olha, eu sei. Na verdade, eu não sei como se sente nem nada disso, pois o que aconteceu com voz foi fodido" - ele disse e fiz uma careta pela expressão que ele usou - "Desculpe, é apenas um costume." - ele deu um sorriso de lado e uma de suas covinhas apareceu em sua bochecha - "Podemos pelo menos tentar?"

Respirei fundo e o encarei novamente, a procura de algum sinal qualquer, que me mostrasse que ele estava brincando comigo ou fazendo algum tipo de joguinho, junto ao restante do Time de Futebol Americano do colégio (a qual ele pertencia). Mas, ele estava serio. Seu cenho estava franzido e os olhos semicerrados, a espera de uma resposta minha. Eu estava cansada de ficar sozinha o tempo todo, ele foi o único que persistiu em me fazer falar. Sei que Megan, também tentou, mas eu vi como as pessoas olhavam para ela, quando se aproximava de mim. Não queria que ninguém fizesse mal ou falasse algo de ruim dela. Do mesmo modo, como não quero que ninguém pense mal de Harry.

Ele apertou minha mão mais uma vez, como se para me lembrar que ele ainda estava ali a espera. Bufei e concordei com a cabeça.

"Tenho um mês, antes de ir embora, Styles."

Ele abriu um sorriso enorme e balançou a cabeça diversas vezes concordando. Ambos estávamos já encharcados, devido a estarmos parados como dois idiotas na chuva.

"Quando podemos começar?" - ele perguntou animadamente

"Eu estou "suspensa" " - fiz as aspas no ar - "até terça-feira. Quando eu voltar, podemos ver isso okay?"

"Sim, claro. Maravilha" - ele disse ainda sorrindo.Um sorriso que parecia que rasgaria seu rosto a qualquer momento. Se eu fosse uma menina qualquer andando pelo estacionamento da escola, e o visse sorrindo daquela forma, pensaria que ele é totalmente retardado. "Ou se apaixonaria por ele" meu subconsciente rebateu.

"Preciso ir." - disse entrando no carro - "Quer carona?" - perguntei esperando esperançosamente que sua resposta fosse "não"

"Eu estou bem, obrigada" - ele respondeu, e me senti aliviada - "Até mais, Cara."

"Até" - liguei o carro e engatei a ré, quando ele bateu mais uma vez na janela. - "O que?" - perguntei rispidamente e me arrependi assim que o fiz. Ele deu uma risadinha e entregou-me um papel.

"Outro bilhete, Styles? Nao cansa disso?" - perguntei retirando o papel de seus dedos e o colocando no banco do carona

"Acostume-se, linda" - ele disse. Franzi o nariz com o elogio, revirei os olhos e sai do estacionamento o mais rapido que pude.

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