Nightmares and Supermarkets
Eu dirigi feito uma louca para poder chegar em casa logo. Eu repetia mentalmente "relaxe, Cara. Faltam poucos dias para acabar! Daí você estará livre para sair daqui."
Assim que cheguei ao meu apartamento, desci do carro e subi as escadas correndo. Minha sorte era que, não havia porteiro no prédio e nenhum outro vizinho. Havia um apartamento vazio, pronto para ser alugado, mas, quem gostaria de morar perto de uma "assassina"? Ninguém oras. Entrei em casa, tirei meus coturnos e deixei na entrada da porta. Desabotoei a calça e fui em direção a meu quarto, tirando-a. Por fim retirei minha blusa, ficando apenas de calcinha e sutiã.
Caminhei até o banheiro e olhei-me no espelho. Eu devia ter emagrecido uns cinco quilos, minhas costelas estavam quase visíveis e aquilo me deixou incomodada. Porque, antigamente eu costumava ser mais forte, não um graveto humano. Joguei uma água no rosto e peguei uma t-shirt larga que estava pendurada no box do banheiro.
Vesti e deitei em minha cama. Antes de pegar no sono, coloquei meu celular para despertar, às 17 horas. Por fim adormeci.
Eu estava na porta de uma velha casa de madeira. Uma pequena escadaria dava para a entrada, subi rápido e empurrei a porta de leve. Um pequeno rangido fez assim que ela se abriu, torci para que ninguém estivesse ali. Após perceber que não havia sinal de ninguém no interior da habitação, entrei.
Estava tudo vazio. Nenhum móvel se quer. Tudo muito escuro. Andei esbarrando nas paredes até encontrar o interruptor.
Quando o encontrei, liguei a chave para cima e uma luz amarelada, se acendeu. Ao mesmo tempo ouve uma pequena explosão. O cômodo onde estava começou a pegar fogo, e eu comecei a correr em direção a escada que dava para o segundo andar. Sentei no quarto degrau, tapei meus ouvidos com as mãos e coloquei minha cabeça sobre os joelhos esperando que aquilo acabasse logo.
O som das chamas queimando o piso de madeira cessaram, isso fez com que eu levantasse a cabeça para ver. Agora havia apenas a escada no meio do, nada. O fundo estava completamente branco, como se tudo tivesse desaparecido.
Ouvi alguém dizer "Cara" em algum lugar. E eu reconhecia aquela voz, onde quer que fosse. Mamãe. Olhei ao redor para ver se encontrava alguém, mas estava completamente sozinha. Chamei-a. "Aqui em cima, querida!", ouvi a voz do meu pai. Olhei para cima e os dois estavam no topo da escada, de mãos dadas, sorrindo para mim.
Retribui o sorriso e lágrimas tomaram conta dos meus olhos. Subi os degraus o mais rápido que eu pude, e cada vez que eu subia um degrau, tinha a sensação de que outro surgia a cima de mim. Minhas pernas começaram a ficar doloridas, devido a correria, e era em vão apoiar no corrimão.
Faltavam apenas dois andares para me aproximar deles, quando tudo ficou escuro e uma luz se acendeu de repente. Eu estava algemada, usando uma roupa toda bege. Várias pessoas encaravam-me de cara feia. E eu só ouvia minha condenação. Quando a juíza bateu o martelo, e eu senti as mãos do chefe de Polícia nas minhas costas, acordei sobressaltada.
Meu celular tocava incessantemente. Assim que o encontrei, desliguei-o e me sentei na cama. Respirei fundo e me espreguicei. Quando me coloquei de pé, senti uma forte tontura e voltei a me sentar. Bem, aquilo era novidade!
Pouco tempo depois, voltei a me sentir melhor. Deve ter sido apenas uma queda de pressão, o melhor seria comer algo. Caminhei em direção a cozinha e abri a geladeira. Nada. Vazia. Apenas uma garrafa com água. Não havia nada nos armários também. Bufei, porque sabia que teria de ir ao mercado.
Voltei para meu quarto e troquei-me. Vesti um jeans rasgado, um cropped branco e uma sapatilha preta. Fui ao banheiro e pentei meu cabelo para trás. Peguei minha carteira, meu celular, fones de ouvido e as chaves do carro.
Não tardou muito para chegar ao local. Estacionei, tranquei o carro e peguei um carrinho. Aquele gesto, fez-me lembrar de quando era criança e meu pai vinha fazer compras e eu o acompanhava. Ele sempre deixava-me entrar no carrinho de compras. Segurei o choro antes de adentrar o local.
Target, já ouviram falar? Então, tem tudo aqui. Tipo, tudo mesmo. Decidi que iria à sessão de cereais e guloseimas. Assim que a encontrei, enchi meu carrinho de sucrilhos, chocolate, bolachas e biscoitos. Depois fui para a sessão de bebidas. Peguei um engradado de energético e ia em direção as latinhas de Coca-Cola, quando o carrinho de alguém bateu no meu.
"Que inferno! Você não olha por onde anda babaca?" - perguntei e quando terminei olhei para a pessoa
"Hm, perdoe-me." - ele disse olhando para mim sério. Era o mesmo rapaz de hoje mais cedo no estacionamento do Colégio.
Eu apenas revirei os olhos e sai, indo em direção aos caixas. A mulher que me atendeu tinha um piercing no septo e um cabelo vermelho de doer à alma. Ela mascava o chiclete com a boca aberta. Aquilo deixava-me nervosa. Quando ela terminou de passar as compras, disse com uma voz esganiçada.
"Deu $75,50. Dinheiro ou cartão?" - ela olhou-me por cima daqueles cílios que mais pareciam pernas de aranha, pela quantidade de mascara aplicada
Tirei da carteira uma nota de $100 e entreguei a ela. Ela voltou para mim $24, e eu fiquei esperando os cinquenta centavos.
- Não tenho moeda, pode voltar o troco com balinha? - ela disse fazendo uma bola com o chiclete.
Estourei a bola com a unha e o chiclete saiu da boca dela.
- Eu não me recordo de ter lhe pagado com balinha. Certo? - falei e o rapaz que encontrei mais cedo, estava atrás de mim rindo.
Lancei a ele um olhar de desprezo, e ele não baixou a cabeça como os outros faziam. Apenas ficou olhando-me com um sorriso travesso nos lábios.
Eu não ia ficar ali discutindo por conta de uma moeda. Então peguei as sacolas, coloquei dentro do carrinho e fui para meu carro.
O que foi um saco, pois eu não encontrava-o naquele estacionamento lotado. E para melhorar minha vida, começou a chover. Corri com o carrinho cheio de sacolas pelo estacionamento, apertando o alarme do carro pela chave, para ver se o encontrava. Não demorou muito para eu ir ao encontro dele. Enquanto colocava as compras no porta malas, ouvi uma risadinha. Olhei para o lado e o rapaz da escola estava olhando-me com as mãos dentro dos bolsos da jaqueta.
Mesmo no escuro era possível ver seus olhos focando-me. Terminei de guardar tudo e fui em direção a porta do motorista. Em momento algum lhe dei atenção. Ele passou ao lado da minha janela, montou em uma bicicleta e antes de sair piscou o olho para mim.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top